S.
JOÃO PAULO II, MAGNO ( 1)
SAMEIRO – 1982 -2022
15 de Maio
15 de Maio de 1982. Não foi ontem nem há 40
anos no Sameiro.
15 de Maio de 1982 é hoje, no Sameiro, em
Braga e em todo o mundo. Tentarei explicar este desatino cronológico.
Nesse dia, que pode ser hoje, e peço que o
entendam assim, S. João Paulo II, Magno, fez uma visita pastoral a Braga, ao
Sameiro, onde o esperavam milhares de cristãos, muitos deles pernoitaram ao
relento a noite antecedente. Eu estive lá com a minha Mulher e os quatro dos
nossos filhos entre eles um que nasceria em Setembro.
Apesar do
grande atraso na chegada do Santo Padre
que as condições atmosféricas explicaram, ninguém arredou pé.
Não havia sono, nem fome nem sede. O nosso foco estava na
expectativa de ver aquele Papa que tinha o dom de galvanizar quem o via, lia e
ouvia. Firme na afirmação da Fé,sem contemporizar nem usar palavras dúbias com
interpretação flexível ou ao sabor do “ politicamente correcto”.
Quando o helicóptero, finalmente, pousou,
foi o delírio. E todos cantávamos o hino que o nosso músico, excelente entre os
excelentes, cónego Manuel Faria, compôs para aclamar o Papa: “ João Paulo II / Pastor universal/
Bem-vindo, bem-vindo a Portugal”! Simples, belo e facilmente
cantado. As palmas, os gritos de aclamação e os cânticos faziam “ estremecer” o
monte Sameiro, palco do mundo e para o mundo naquele dia. No Sameiro, seus
acessos e nos ramos das árvores não havia mais espaço livre. Uma multidão em
delírio aclamou aquele que é hoje S. João Paulo II, Magno. Naquele dia Braga
era , de facto, a ROMA PORTUGUESA.
Tive o imerecido privilégio de segurar o
báculo do Papa durante toda a Missa ( excepto quando passava para o Papa!).
Estive, pois muito perto mas não tive a coragem de me ajoelhar e beijar-Lhe o
anel como vi fazer, num instante que passou como uma faísca, o doutíssimo
cónego Doutor Avelino de Jesus Costa que furando toda a segurança , em
segundos, beijou o anel do “ Pescador”. Retenho esta imagem que não apago da
minha memória e lamento-me de não ter feito o mesmo.
Senti, pela segunda vez na minha vida, que a
Igreja é Universal e que tem Pedro presente na pessoa do Papa. Para os meus
leitores mais curiosos que gostariam de saber quando foi a primeira vez, direi
que foi em 1969, em Lausane ( Suiça) num congresso de leigos e em que éramos
mais de 5000 cristãos de 22 países dos quatro continentes – mais de metade
tinha menos de 25 anos – e quando aquela assembleia cantou o Credo III, em
uníssono, o que hoje seria impossível, as lágrimas correram-me pelo rosto
abaixo de comoção e, foi nesse momento, que
senti emocionalmente que a Igreja era de facto Universal o que
teoricamente sabia. Pessoas de várias línguas afirmavam a fé comum em comum com
os mesmos sentimentos e na mesma língua. Nunca mais esqueci aquela Missa e a
vergonha das minhas lágrimas.
Voltando a 15 de Maio de 1982, para o que me
proponho fazer que é escrever uma série de artigos sobre esse acontecimento
maior que foi a homilia do Santo Padre. De tudo o que se cantou e sentiu, o
mais brilhante e actual que nesse dia ocorreu, foi a fabulosa homilia de S.
João Paulo II, Magno, sobre a Família. E o curioso é que em 1994, o dia 15 de
Maio foi declarado pela Assembleia Geral da ONU como o DIA INTERNACIONAL DA
FAMÍLIA, como já o tenho referido inúmeras vezes em escritos que vou publicando
ou palestras que fui fazendo ao longo da minha já longa vida. Não acredito em
acasos mas acho curiosa esta coincidência.
Não sendo nem pretendendo ser exegeta ou
teólogo não ousarei trilhar caminhos
dessas áreas. Procurarei, isso sim, dar o meu modesto contributo para sublinhar
os aspectos relevantes dessa magistral ( foi feita por um grande Mestre)
homilia que anda esquecida e que não perdeu actualidade e frescura. Até nem sei
se nos nossos dias ela se tornou ainda mais viva e de premente leitura. S. João
Paulo II, Magno, deixou-nos, aos que em 15 de Maio de 1982 estiveram no Sameiro
e aos homens de boa vontade de hoje um vademecum, um guia e uma convocatória para a defesa dos direitos da
família.
Caro leitor: se puder, leia ou releia essa
homilia sem demora e constate a sua actualidade.
Carlos Aguiar Gomes
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