quinta-feira, 12 de maio de 2022

S. JOÃO PAULO II, MAGNO (8) SAMEIRO – 1982 -2022

                                              S. JOÃO PAULO II, MAGNO (8)

                                                 SAMEIRO – 1982 -2022

                                                          15 de Maio

 … E milhares de bandeiras branco-amarelas continuavam a adejar com frenesim! E mais ainda quando a voz forte, convicta e convincente de S. João Paulo II Magno se elevava em determinadas passagens que sublinhavam o quanto lhe era querido o que estava a dizer. Inolvidável.

   Neste dia memorável, o Santo Padre quis passar uma mensagem que já não tinha nada de novo no seu pontificado e se manteve assim sem alteração: o futuro do Homem passa pela Família e pela defesa da vida humana.

 

Nesse mesmo dia, no Porto, dirigindo-se aos trabalhadores reunidos para escutarem a mensagem que lhes queria dirigir, S. João Paulo II , retomando o tema da Família: « Não deixeis que o trabalho desagregue a vida familiar. Não deixeis que certo estilo de vida separe ao pais dos filhos. Não permitais que a vossa casa seja apenas um local para tomar refeições e para descansar! Sede vós os educadores dos vossos filhos!» . Com estas palavras convocou os trabalhadores presentes e todo o mundo que iria ler esta mensagem para recolocar sempre a Família no centro das preocupações familiares e  humanas. E foi peremptório: “ Não deixeis”,” Não permitais” que são verdadeiros apelos à intervenção pública contra a falta de liberdade de serem os pais a decidirem o tipo de educação para os seus filhos. Esta convocatória é, sobretudo, um apelo veemente contra a apatia generalizada de uma grande parte dos cristãos que imperava e impera, hoje, com muito maior força e visibilidade. Portugal asfixia com a total falta de liberdade educativa. Esta não é um privilégio para ricos . A nossa situação educativa é mente e profunda anti-democrática.

 

Voltando ao Sameiro, ao ponto 9. da notabilíssima homilia que então proferiu disse o Papa:« Servindo-se da colaboração criadora dos pais, Deus-Pai quer repetir mais uma vez o seu chamamento a um novo descendente do género humano. Quer chamá-lo também a ele para que se torne “ co-herdeiro da promessa de Deus » e a partir  para a “ Terra” que foi “ Prometida” em Jesus Cristo a todos os homens.» É o momento de eu perguntar se então, dia 15 de Maio de 1982, e hoje, os pais têm a noção de que são co-herdeiros da promessa de Deus, como o referiu o Papa… E do que tal significa para e no acolhimento dos filhos e no desempenho educativo de cada um dos filhos que Deus lhes dá.

« Embora existam hoje dificuldades na obra educativa, os pais cristãos devem, com confiança e coragem, formar os filhos para os valores essenciais da vida humana, sem nunca perder de vista  que, sendo responsáveis pela igreja  doméstica do seu lar, são chamados a edificar a grande Igreja nos filhos ( cf. Familiaris consortio,38)  ». Mais uma vez, uma convocatória dirigida aos pais para serem eles os primeiros e principais educadores dos seus filhos, também no âmbito da formação religiosa que não é só a preparação para os chamados  “ sacramentos sociais” como o Baptismo  a que se dá mais valor à festa profana ou  o Matrimónio com o cortejo de todo o “ arraial” associado e que não faz parte nem caracteriza este nem  aquele sacramento.

 

  O Papa insistia, sempre com voz firme e forte, para o papel dos pais na educação integral da sua prole, sem esquecer a componente de serem construtores da “ igreja doméstica” que é cada lar e que é parte essencial e fundamental da Igreja.

As grandes preocupações do Papa S. João Paulo II Magno, no Sameiro, antes e depois desta visita pastoral, fortemente estruturada na Família e na vida humana, pautaram-se primordialmente nos grandes e nunca discutíveis “ valores não negociáveis”:  o valor e imensa dignidade de toda a  VIDA HUMANA, desde a concepção até à morte natural; a Família como unidade estruturante da sociedade e a liberdade que os pais devem ter para educar, de acordo com os valores que estruturam a sua vida, os seus filhos. Até à sua morte, o Papa da Vida e da Família, S. João Paulo II Magno, nunca desfaleceu nesta luta pelo futuro da humanidade, cujos alicerces estão, hoje, mais do que em 1982, fortemente abalados e combatidos ferozmente por todos os que querem demolir a nossa civilização. Estes querem uma nova arquitectura, disforme, para a Família e, por isso, atacam a dignidade desta e  de toda a vida humana e querem usurpar a liberdade de educar que os pais devem usufruir sem qualquer tipo de constrangimentos com a finalidade de “ construir um homem novo” com que sonharam ( e sonham) os marxistas  e que tão bem estamos a sentir no nosso mundo dominado pelo pensamento woke e com a chamada “ Teoria do Género”.

 

(Continua)

Carlos Aguiar Gomes

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