S. JOÃO PAULO II, MAGNO (8)
SAMEIRO – 1982 -2022
15 de Maio
… E milhares de bandeiras
branco-amarelas continuavam a adejar com frenesim! E mais ainda quando a voz
forte, convicta e convincente de S. João Paulo II Magno se elevava em
determinadas passagens que sublinhavam o quanto lhe era querido o que estava a
dizer. Inolvidável.
Neste dia memorável, o Santo
Padre quis passar uma mensagem que já não tinha nada de novo no seu pontificado
e se manteve assim sem alteração: o futuro do Homem passa pela Família e
pela defesa da vida humana.
Nesse mesmo dia, no Porto, dirigindo-se aos trabalhadores reunidos para
escutarem a mensagem que lhes queria dirigir, S. João Paulo II , retomando o
tema da Família: « Não deixeis que o
trabalho desagregue a vida familiar. Não deixeis que certo estilo de vida
separe ao pais dos filhos. Não permitais que a vossa casa seja apenas um local
para tomar refeições e para descansar! Sede vós os educadores dos vossos
filhos!» . Com estas palavras convocou os trabalhadores presentes e todo o
mundo que iria ler esta mensagem para recolocar sempre a Família no centro das
preocupações familiares e humanas. E foi
peremptório: “ Não deixeis”,” Não permitais” que são verdadeiros apelos
à intervenção pública contra a falta de liberdade de serem os pais a decidirem
o tipo de educação para os seus filhos. Esta convocatória é, sobretudo, um
apelo veemente contra a apatia generalizada de uma grande parte dos cristãos
que imperava e impera, hoje, com muito maior força e visibilidade. Portugal
asfixia com a total falta de liberdade educativa. Esta não é um privilégio para
ricos . A nossa situação educativa é mente e profunda anti-democrática.
Voltando ao Sameiro, ao ponto 9. da notabilíssima homilia que então
proferiu disse o Papa:« Servindo-se da
colaboração criadora dos pais, Deus-Pai quer repetir mais uma vez o seu
chamamento a um novo descendente do género humano. Quer chamá-lo também a ele
para que se torne “ co-herdeiro da promessa de Deus » e a partir para a “ Terra” que foi “ Prometida” em Jesus
Cristo a todos os homens.» É o momento de eu perguntar se então, dia 15 de
Maio de 1982, e hoje, os pais têm a noção de que são co-herdeiros da promessa
de Deus, como o referiu o Papa… E do que tal significa para e no acolhimento
dos filhos e no desempenho educativo de cada um dos filhos que Deus lhes dá.
« Embora existam hoje
dificuldades na obra educativa, os pais cristãos devem, com confiança e
coragem, formar os filhos para os valores essenciais da vida humana, sem nunca
perder de vista que, sendo responsáveis
pela igreja doméstica do seu lar, são
chamados a edificar a grande Igreja nos filhos ( cf. Familiaris consortio,38)
». Mais uma vez, uma convocatória dirigida aos pais para serem eles os
primeiros e principais educadores dos seus filhos, também no âmbito da formação
religiosa que não é só a preparação para os chamados “ sacramentos sociais” como o Baptismo a que se dá mais valor à festa profana
ou o Matrimónio com o cortejo de todo o
“ arraial” associado e que não faz parte nem caracteriza este nem aquele sacramento.
O Papa insistia, sempre com voz firme e forte,
para o papel dos pais na educação integral da sua prole, sem esquecer a
componente de serem construtores da “ igreja doméstica” que é cada lar e que é
parte essencial e fundamental da Igreja.
As grandes preocupações do Papa S. João Paulo II Magno, no Sameiro,
antes e depois desta visita pastoral, fortemente estruturada na Família e na
vida humana, pautaram-se primordialmente nos grandes e nunca discutíveis “
valores não negociáveis”: o valor e
imensa dignidade de toda a VIDA HUMANA,
desde a concepção até à morte natural; a Família como unidade estruturante da
sociedade e a liberdade que os pais devem ter para educar, de acordo com os
valores que estruturam a sua vida, os seus filhos. Até à sua morte, o Papa da
Vida e da Família, S. João Paulo II Magno, nunca desfaleceu nesta luta pelo
futuro da humanidade, cujos alicerces estão, hoje, mais do que em 1982,
fortemente abalados e combatidos ferozmente por todos os que querem demolir a
nossa civilização. Estes querem uma nova arquitectura, disforme, para a Família
e, por isso, atacam a dignidade desta e de toda a vida humana e querem usurpar a
liberdade de educar que os pais devem usufruir sem qualquer tipo de
constrangimentos com a finalidade de “ construir um homem novo” com que
sonharam ( e sonham) os marxistas e que
tão bem estamos a sentir no nosso mundo dominado pelo pensamento woke e com a
chamada “ Teoria do Género”.
(Continua)
Carlos Aguiar Gomes
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