SILERE NON POSSUM
(Não me posso calar – Sto Agostinho)
“Para
destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (
Alexandre Soljenitsyne)
Carta aos meus
amigos – nº 7
BRAGA – 13 de
Outubro de 2022
+
PAX
Caros Amigos:
« …. Quero recordar a crise da memória e herança
cristãs, acompanhada por uma espécie de agnosticismo prático e indiferentismo
religioso, fazendo com que muitos
europeus dêem a impressão de viver sem
substracto espiritual e como herdeiros que delapidaram o património que lhes
foi entregue pela história….» ( S. João Paulo II
Magno , in “, Ecclesia in Europa”, nº 7).
Em 28 de Junho de 2003, o grande Papa S.
João Paulo II Magno, assinava a Exortação Apostólica Pós-Sinodal « A Igreja na Europa» na qual analisou a
situação do continente outrora cristão e irradiante do cristianismo para todo o
mundo e propunha linhas de acção para a Igreja que está na Europa. Nesta
Exortação Apostólica, que mantém todo o seu frescor e vigor, talvez ainda mais
actual do que em 2003, o Papa fez múltiplas exortações e muitos apelos para que
os europeus não se afundem mais na amnésia colectiva e indiferentismo religioso
em que mergulharam e foram mergulhados. É impressionante como as novas jovens
gerações ignoram o passado da sua família e da sua Pátria ou os fundamentos da
Fé que construiu a sua idiossincrasia espiritual e cultural!
Desde há décadas que se desenvolvem
sistematicamente processos de memoricídio nas escolas, nas famílias cada vez
mais destroçadas e divididas e os media não se cansam de “ bater” nesta
campanha de “ cancelamento” da nossa memória colectiva.
Quantas páginas da História são objecto de “
desconstrução”/ apagamento e tornadas páginas em branco só por que “ alguém”
acha que não são politicamente correctas?
Nos santos e heróis que fizeram este Portugal,
nossa Pátria, nossa casa e casa dos nossos antepassados quem ousa falar?
… Até a nossa língua sofre maus tratos
tolerados ou, pior, incentivados!
De facto vivemos um tempo de “ amnésia
colectiva”.
Um provérbio africano diz: “ Se não sabes para onde vais, ao menos lembra-te de onde
vens! “.
Chegamos a um ponto em que já poucos sabem
de onde vimos como família ou como sociedade. E tantos não sabem para onde vão!
Nas árvores a que cortam as raízes tudo morre , das raízes mais profundas até
às folhas mais altas da copa. Assim, como podemos preparar o futuro se deixamos
que nos cortem as raízes, as raízes da nossa família e da sociedade em estamos
integrados?
Sem raízes, nenhuma árvore sobrevive e
resiste às intempéries. Facilmente os ventos derrubam e arrastam as árvores
e, assim, ficam condenadas à morte. Connosco, humanos, sucede o mesmo. Perdemos
o “norte” e vamos arrastados por simples brisas que nos descolam do nosso chão,
da nossa terra ou da nossa família. É a morte da nossa memória. Assistimos,
tantas vezes indiferentes, a um verdadeiro memoricídio. E este é fatalmente
mortífero das comunidades humanas.
Conhecer as nossas raízes e defende-las não é
para nostálgicos do passado!
Conhecer as nossas raízes, respeitá-las e defende-las é caminhar para um amanhã consistente.
Perante tantos ataques à nossa memória
familiar e comunitária, temos de reagir sem medos nem receios. Pessoalmente “
não posso calar”!
SILERE NON
POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes, 13.X. 22
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