quinta-feira, 3 de novembro de 2022

SILERE NON POSSUM nº 10

 

   SILERE NON POSSUM

                     (Não me posso calar – Sto Agostinho)

Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” ( Alexandre Soljenitsyne)

 

 

                Carta aos meus amigos – nº 10

 

                      BRAGA – 3 de NOVEMBRO de 2022

 

 

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PAX

 

Caros Amigos:

 

 

«Nosso Senhor Jesus Cristo constituiu os guias e mestres do mundo e os dispensadores dos seus divinos mistérios e mandou-lhes também que brilhassem como lâmpadas e iluminassem não só o país dos judeus mas tudo o que está debaixo do sol, todos os homens do mundo e habitantes da terra. É pois verdadeiro quem diz: Ninguém tome para si esta honra, mas quem foi chamado por Deus. Foi, de facto, Nosso Senhor Jesus Cristo que chamou a este excelso apostolado alguns dos seus discípulos de preferência a todos os demais.» (S. Cirilo de Alexandria – séc. V)

 

 

  Face aos escândalos que têm passado constantemente nos media relativos a maus exemplos de sacerdotes católicos, muitos fiéis sentem-se escandalizados, e com razão, e não raros abandonam as promessas do seu Baptismo. Infelizmente gastamos mais tempo a criticar e, até, a generalizar estes crimes, do que a rezar pelos Sacerdotes.

  Há algumas décadas atrás, em todas as igrejas, à entrada, estava afixado um cartaz que dizia, mais ou menos, isto: «REZEMOS PARA QUE HAJA MUITOS E SANTOS SACERDOTES». Passou de moda rezar pela santidade dos Sacerdotes e pelo seu número. Falhámos. Por falta de Fé? Ou achamos que é supérfluo! Perdemos: perdeu a Igreja, o conjunto dos baptizados. E o Inimigo, presente em massa nos media, aproveita esta nossa traição e incongruência!

  Como tão bem escreveu S. Cirilo de Alexandria: «( Jesus)e mandou-lhes também que brilhassem como lâmpadas e iluminassem não só o país dos judeus mas tudo o que está debaixo do sol, todos os homens do mundo e habitantes da terra. É a grande função sacerdotal: cada Sacerdote (e leigo!) deve ser lâmpada acesa, sempre, para brilhar e iluminar todos os povos do mundo. Mas para brilhar e iluminar, cada Sacerdote tem de ter fonte de energia: a oração. Mais do que fazer obras, planos de pastoral, reuniões, pede-se ao Sacerdote que prioritariamente se « alimente» na oração para brilhar e iluminar o povo de Deus.

  Rezar não é perder tempo! Tal como quem toma as refeições diariamente e várias vezes, a ORAÇÃO tem de ritmar e ser prioridade do quotidiano dos Sacerdotes e dos leigos. Mas os Sacerdotes, que devem ser lucernas acesas na escuridão dos dias que passam, só podem iluminar se forem « alimentados» pela oração. Uma mente ocupada na oração não tem tempo  para pecar. O mesmo para os leigos sempre tão prontos a criticar as fragilidades dos Sacerdotes e sem preocupação de ver as suas fragilidades que podem ser estímulo para as faltas dos nossos Sacerdotes.

  Quando leio ou oiço casos mais ou menos graves, nem sempre verosímeis, de Sacerdotes de quem se fala, tantas vezes com tanto comprazimento, vem-me ao pensamento a nossa falta de oração pelos Sacerdotes para que tenham força para resistir às tentações do demónio que, como leão, nos ronda procurando devorar-nos ( cf 1ª Carta de S. Pedro).

  Precisamos de Sacerdotes - lucernas, lâmpadas, alimentadas pelo azeite das nossas orações e, obviamente, pelas suas. Só assim brilharão. Só assim diminuirão os escândalos entre os Sacerdotes e os leigos que, esquecemos tantas vezes, cometem os mesmos crimes até no seio da sua própria família.

  Não será tempo de lançarmos campanhas consistentes e comunitárias a pedir ao Senhor que chama alguns para o Sacerdócio, também para o matrimónio, no sentido de cada um ser lâmpada que ilumine e brilhe neste mundo mergulhado em trevas? Sim, este é o tempo que urge aproveitar. Precisamos de luzeiros que brilhem e iluminem os dias que passam escuros.

SILERE NON POSSUM!

 

Carlos Aguiar Gomes, 3 de Novembro de 2022

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