SILERE NON POSSUM
(Não me posso calar – Sto Agostinho)
“Para
destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (
Alexandre Soljenitsyne)
Carta aos meus
amigos – nº 9
BRAGA – 27 de
Outubro de 2022
+
PAX
Caros
Amigos:
Fez
dia 23 de Novembro de 2021, 62 anos um “ Decreto” da Sagrada Penitenciaria, do
Vaticano (AAS 51 – 921) que já caiu no esquecimento ou que de todo nunca foi
conhecido e divulgado. Contudo, e sobretudo nestes nossos dias de dissolução da
Família pela destruição do vínculo do matrimónio promovido e recusado, este
Decreto é de uma actualidade pastoral fabulosa.
O Papa, “ no sentido de encorajar o amor
conjugal e a fidelidade, sobretudo nestes tempos quando os direitos natural e
divino da vida matrimonial sofrem ataques frequentes e infelizes”, já assim o
sentia e pressentia o Papa que, em boa hora, convocou o II Concílio do
Vaticano, concedeu “ Indulgência Parcial” a todos os casais que uma ou mais
vezes por dia beijem a sua aliança ( não o chamado anel de casamento cujo
significado é diferente) ou a do seu
cônjuge , e simultaneamente rezem uma curta jaculatória, espontânea ou não, que
os faça recordar e viver o espírito da aliança que trocaram no dia do seu
casamento, em que o noivo deu à noiva uma aliança e vice-versa.
“É preciso que os cônjuges descubram o
sentido da aliança que trazem no dedo todos os dias, beijá-la todos os dias,
prometendo um ao outro o respeito, a honestidade de hábitos, a santa paciência
do perdão mútuo nas pequenas faltas. E que olhem para esta aliança que carregam
como vínculo de indissolubilidade em que os filhos que Deus lhes deu aprendam a
crescer nas virtudes sagradas que agradam a Deus e alegram Jesus, e que mais
tarde alegram a própria família, que assim saberá ser testemunha de como
vivemos como cristãos e como seremos felizes vencendo juntos as grandes
dificuldades da vida todos os dias.” ( Cf. Aleteia, 16.X.21).
Não seria um gesto a divulgar?
Não seria muito mais significativo sugerir o
beijo das respectivas alianças após a bênção e imposição recíproca das mesmas
do que o beijo trocado tantas vezes não passando de uma exibição vazia de um
amor já tão poluído?
Na realidade, a aliança tem um significado
sobre o qual pensamos pouco. E tendemos a substituir esta palavra por anel que
nos conduz a uma prisão descartável como qualquer outra peça de adorno dos
dedos. A aliança tem e terá de ter o significado do compromisso de um noivo
para com o outro, diante de Deus, representado pelo Sacerdote, tal como a
aliança, simbolizado no arco iris que Deus fez aparecer para significar a Sua
compromisso estabelecido com o povo de Israel a que Deus é fiel e indissolúvel
da mesma.
Assim, a aliança conjugal, remete-nos para a
indissolubilidade da aliança de Deus com Israel e recorda aos cônjuges, que a
deverão trazer sempre, o carácter indissolúvel do matrimónio e, obviamente,
recorda-nos e convida-nos à fidelidade mútua.
Deixo, pois estas propostas:
1. Digamos ALIANÇA e não anel de casamento.
2. Beijemos aquela, a que trazemos e a que traz o
nosso cônjuge.
3. Introduzamos o costume de os noivos começarem
este gesto de amor logo no dia em que casam. Não custa nada. Não dói. É um
gesto cheio de beleza significante.
Carlos
Aguiar Gomes
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