“Possa o seu sacrifício ser um apelo ao
respeito e ao amor a todos. Eram filhos desta terra e permanecem nos nossos
corações”.
SILERE NON POSSUM
(Não me posso calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.” (Alexandre
Soljenitsyne)
Carta aos meus
amigos – nº 21
BRAGA , 19-
Janeiro- 2023
+
PAX
A família Ulma
Em
Markova, uma aldeia da Polónia, condado de County de Lancut, distrito de
Rzeszow, viveu
uma família, a família Ulma: Pai – Jósef Ulma, Mãe – Viktoria Niemcczk e seus
sete filhos ( um deles ainda no ventre materno) – dos seis nascidos, o mais
velho com oito anos e o sexto de ano e meio, Stanislawa, Barbara, Wladyslawa, Franciszka,
Maria, e Antoni .
Esta família vivia da agricultura e da apicultura. Católicos militantes. O pai,
Josef, era um membro activo do Círculo da Juventude Católica da aldeia.
Tudo corria bem na pobreza da sua vida e na riqueza militantemente
activa da sua Fé, com os seus filhos, crianças de tenra idade.
A Polónia vivia esmagada pelas tropas e espiões nazis. Markova não era
excepção. Como não era excepção, muitos católicos davam guarida a judeus
escorraçados pela malvadez e crueldade de uma das ideologias profundamente diabólicas que surgiram no século XX, o
nazismo.
Os Ulma, como bons católicos, coerentes com a sua Fé, deram refúgio a 8
judeus perseguidos. Esconderam-nos e alimentaram-nos o melhor que podiam
sabendo os riscos que corriam. Porém, um dia, o dia 24 de Março de 1944, por
informação de um vil espião, tropas nazis invadiram a casa dos Ulma, e
descobrindo os 8 judeus, mataram-nos com um tiro na nuca. Josef e Viktoria, de
imediato, foram igualmente assassinados. Assim, com rapidez, 3 Ulma foram
eliminados: o pai, Josef, a Mãe – Viktoria e o bebé que tinha direito à vida.
Perante o choro e gritos dos seus seis filhos apavorados, estes foram , também,
assassinados. Este “ espectáculo” macabro e brutal, foi observado pela
população de Markova, obrigada a assistir a tão horrendo massacre devidamente
admoestados para não imitarem os Ulma pois o seu destino seria o mesmo.
Esta família
vai ser beatificada por ódio à Fé pois foi por Caridade e de grande coerência com a sua Fé, que
acolheram os 8 judeus que deram origem a 9 mártires da Fé. Creio que será a
primeira vez que um não nascido será beatificado pois também ele, um ser humano
não nascido, foi vítima do ódio, mesmo que, formalmente não tenha sido
baptizado mas que o teria sido. Este bebé teve aquilo a que chamarei Baptismo de
sangue. Tal como os “ Santos Inocentes” massacrados a mando de Herodes.
Os futuros Beatos Ulma serão 9!
Esta família, graças à sua
imolação na defesa de não cristãos, mas Pessoas perseguidas vilmente, pela sua
raça, em 13 de Setembro de 1955 passou a integrar a lista designada como “
JUSTOS ENTRE AS NAÇÕES no MEMORIAL DO HOLOCAUSTO” e em 2003 a Igreja
abriu o processo para a sua canonização que irá acontecer brevemente pois já
foi avalizada pelo Papa em Dezembro de 2022.
“POSSA
O SEU SACRIFÍCIO SER UM APELO AO RESPEITO E AO AMOR. ERAM FILHOS DESTA TERRA E
PERMANECEM NOS NOSSOS CORAÇÕES”. Esta é a frase que foi gravada em
Markova em memória desta família.
Esta beatificação , a mim,
sensibiliza-me muito. Na realidade, para salvar oito judeus, uma família , que
sabia os riscos que corria, foi massacrada e, um dos filhos, o que ainda não
tinha nascido, mas que recebeu o “ Baptismo de sangue” e , assim, massacrado
dentro do útero materno, ao lado do seu Pai e irmãos. Lembro, a propósito deste
bebé por nascer, todas as crianças assassinadas por aborto no nosso país e em
todo o mundo, que, tenho a certeza, estarão no céu “ ao lado” dos mártires com
o “ Baptismo de sangue”, a rezar pela suas Mães e todos os cúmplices no seu
assassínio: pai, médicos, enfermeiros, legisladores, patrocinadores do aborto,
curiosas e por todos os que directa ou indirectamente foram coniventes na sua
morte.
Como deveria ser divulgado o
exemplo martirial desta família polaca, os Ulma, nestes tempos de assassínio em
massa de nascituros! E tempos de egoísmo. De individualismo desenfreado também.
Pergunto-me se hoje, haveria famílias “ Ulma” para dar a vida por outras
pessoas perseguidas… e nas circunstâncias em que aquela família mártir estava
com crianças pequenas e outra para nascer…
SILERE NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes
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