SILERE NON POSSUM
(Não me posso calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.” (Alexandre
Soljenitsyne)
Carta aos meus
amigos – nº 20
BRAGA , 12- Janeiro- 2023
+
PAX
«Para
que o mal triunfe, só é preciso que os homens bons não façam nada» ( Edmund
Burke, político irlandês )
Todos os meus amigos e outras
pessoas que se dão ao trabalho de me ler não concordando comigo, o que é
saudável, sabem que não costumo dizer /escrever as minhas palavras usando
sentido “ cinzento”. Sou, e espero morrer assim, de causas. E esforço-me por
ser claro. Costumo definir-me como um “ interventor social” e reconheço que o
sou há muitas, muitas décadas. E que causas abracei e abraço com firmeza e de
onde não tenciono sair?
Tenho para mim que, entre
outras, há causas pelas quais merece dar a vida, são os PRINCÍPIOS INEGOCIÁVEIS:
1.
Defesa da vida humana , da concepção até à
morte natural – logicamente dos direitos humanos dos quais o primeiro,
fundamental e estruturante da sociedade, é o DIREITO À VIDA.
2.
Defesa
da Família como ela foi sempre constituída: Homem+ Mulher ( + filhos), unidos
livre e responsavelmente, “ colados” pelo Amor ( Ágape), ( com “ cola” que não
coarcta a liberdade individual) e em que se prezam e amam os ascendentes e
descendentes, como uma árvore que possui imensas raízes, um tronco e muitos
ramos abertos ao futuro;
3.
Defesa da liberdade de os pais educarem os
seus filhos de acordo com os seus valores, sem peias impostas por Estados
totalitários. Tal comporta a liberdade de escolha do projecto educativo que só
a liberdade de escolha de escola que melhor corresponda a àquele paradigma, em
igualdade total de acesso, sem discriminação entre pobres e ricos ou entre pais
mais ou menos cultos ou pais crentes ou descrentes. O Estado não é proprietário
das crianças e jovens. Nem os Pais, mas é a estes e só a estes que compete serem os educadores dos filhos
por direito natural e não pelo Estado imbuído por qualquer ideologia mais em
moda ( comunista, fascista ou woke, o último totalitarismo a aparecer).
4.
A defesa intransigente da liberdade de
pensar e de exprimir como se entender o pensamento de cada um desde que não se
atropelem os direitos fundamentais no convívio comunitário. Logo todo o “
cancelamento” ao exercício de liberdade de expressão são altamente condenáveis
e lesivos da dignidade humana. E com esta teoria , que avança todos os dias,
perante a complacência de todos os cidadãos livres e, mais grave, com o
silêncio promotor de quem detém o poder ( económico, espiritual, político,
etc.) .
A
nossa situação nestes pontos que acabei de referir é dramática e põe em jogo o
futuro .Vejamos, caros Amigos-leitores:
1.
Liberalizou-se o aborto como um processo
capciosamente chamado de “ saúde sexual e reprodutiva”, quando se trata, de
forma indubitável, de um assassínio de um ser humano absolutamente indefeso,
independentemente do estadio do seu desenvolvimento intra-uterino. Onde está a
defesa dos Direitos Humanos numa sociedade hedonista que não respeita os mais
frágeis entre os frágeis? Frágeis entre os frágeis atirados para o lixo dos
hospitais! Podemos ficar calados? Podemos ficar indiferentes a este genocídio
generalizado? Que sociedade é esta? Que futuro vai ter quando elimina, descarta
para o lixo, os mais débeis e indefesos?...
E ainda nos falam em “ Inverno demográfico”
aqueles que o promovem desenfreadamente! E se não basta-se a agressão contra os
nascituros, agora, implementam-se todas as medidas para matar a pedido com
insistência em legalizar a eutanásia, que é o
ápice do ataque à vida humana fragilizada!
2.
Se a
Família é a base de toda a sociedade, desde sempre, e desde sempre baseada na
relação entre masculino – o homem – e o feminino – a mulher, esta sociedade em
que vivemos impõe-nos outras “ família-visões” ( neologismo!) que não passam da deificação do
erotismo estéril e do escárnio e perseguição de quem ousa defender o que nos
ensina a Biologia sobre a natureza do Homo
sapiens , em nome daquilo que chamam de progresso societal que luta contra
o que chamam de sociedade “ machista”, “ patriarcal”, “ sexista” e outras
designações insultuosas. Uma Teoria do Género, construção social baseada em
emoções e adulterando os dados da Biologia, vai-se impondo perante a nossa
indiferença ou, o que é pior, o nosso entendimento como uma “ brincadeira” de
extremistas e fanáticos demolidores da própria Pessoa Humana que levanta sorrisos
idiotas por parte de quem deveria ter um
raciocínio minimamente esclarecido. Tristes tempos. Na realidade, a indiferença
de quem tem a obrigação de agir combatendo o erro, faz progredir o Mal tanto
mais quanto maior for a indiferença daqueles!
3.
Outro
campo onde se ataca a sociedade onde ainda nos deixam viver, é o ataque
ditatorial, nazi-facista- comunista contra a liberdade de educar por parte dos
pais. Não vivemos num Estado plural e promotor da Liberdade mas num Estado que
se arroga um direito que não tem, o de
ser ele o “ Grande Educador do Povo”, à semelhança dos maiores tiranos do
século XX: Hitler, Estaline e seus seguidores na URSS e em muitas outras
realidades nacionais ou Mao Tsé Tung na China e onde ainda hoje vigora o seu
pensamento no concernente à liberdade de educar. Como é possível, num Estado
que se designa como democrático, ser o Estado a determinar, contra a sua
Constituição, a planificação do ensino em Portugal? Os pais que optem por
outros paradigmas educativos, que é seu direito, terão de pagar o ensino do
Estado que não usam e o Privado que têm o direito de usar, ver-se-ão
penalizados e descriminados, contrariando o pluralismo que se imporia respeitar
e promover a bem da Liberdade. Ou até perseguidos em tribunal por defenderem os
seus direitos de pais como os primeiros, principais e insubstituíveis
educadores dos seus filhos. Infelizmente, por causa da nossa inércia e
indiferença, esta mundivisão da Pessoa Humana, vai progredindo a passos
acelerados. O futuro, que são as crianças e jovens, está ameaçada pois aqueles
estão a ser educados pelo Estado prepotente, totalitário e modelador do
pensamento e agir das crianças e jovens, por decisores políticos autocratas.
Como escreveu S. João Paulo II Magno, na Exortação Apostólica “ Familiaris
consortio”, de 23 de Novembro de 1983, documento que , mais do que nunca, não perdeu o seu interesse, actualidade e o vigor:
«… o Estado não pode nem deve subtrair às
famílias tarefas que elas podem desenvolver perfeitamente sós ou livremente
associadas, mas deve positivamente favorecer e quanto possível solicitar a sua
iniciativa responsável.» ( F.c. nº 45). É o princípio da
subsidiariedade que está em jogo e… ameaçado ou, mesmo, atacado. O Estado, qual
salteador, roubou às famílias aquele que é o seu direito/dever primordial: o de
poderem escolher o tipo de educação a dar aos filhos de acordo com os seus
valores espirituais ou culturais.
De facto, «Para que o mal triunfe, só é
preciso que os homens bons não façam nada». É esta
a bem triste realidade que nos circunda e abafa destruindo a malha que
tece a Família por desleixo e incúria dos cidadãos e das famílias. O silêncio
nestes casos como noutros é um cúmplice criminoso. Bem como a passividade ou o
desinteresse em lutar por estas causas estruturantes de uma sociedade livre põe
em risco a Liberdade.
SILERE NON
POSSUM!
Carlos Aguiar
Gomes, Braga ,12.Janeiro.2023
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