terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Silere nº 20

 

                                           SILERE NON POSSUM

            (Não me posso calar – Sto Agostinho)

   Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

                 

                          Carta aos meus amigos – nº 20

                           

                         

                               BRAGA , 12- Janeiro- 2023

 

 

 

 

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PAX                                                                                     

                                   

«Para que o mal triunfe, só é preciso que os homens bons não façam nada» ( Edmund Burke, político irlandês ) 

 

 

   Todos os meus amigos e outras pessoas que se dão ao trabalho de me ler não concordando comigo, o que é saudável, sabem que não costumo dizer /escrever as minhas palavras usando sentido “ cinzento”. Sou, e espero morrer assim, de causas. E esforço-me por ser claro. Costumo definir-me como um “ interventor social” e reconheço que o sou há muitas, muitas décadas. E que causas abracei e abraço com firmeza e de onde não tenciono sair?

   Tenho para mim que, entre outras, há causas pelas quais merece dar a vida, são os PRINCÍPIOS INEGOCIÁVEIS:

1.       Defesa da vida humana , da concepção até à morte natural – logicamente dos direitos humanos dos quais o primeiro, fundamental e estruturante da sociedade, é o DIREITO À VIDA.

2.        Defesa da Família como ela foi sempre constituída: Homem+ Mulher ( + filhos), unidos livre e responsavelmente, “ colados” pelo Amor ( Ágape), ( com “ cola” que não coarcta a liberdade individual) e em que se prezam e amam os ascendentes e descendentes, como uma árvore que possui imensas raízes, um tronco e muitos ramos abertos ao futuro;

3.       Defesa da liberdade de os pais educarem os seus filhos de acordo com os seus valores, sem peias impostas por Estados totalitários. Tal comporta a liberdade de escolha do projecto educativo que só a liberdade de escolha de escola que melhor corresponda a àquele paradigma, em igualdade total de acesso, sem discriminação entre pobres e ricos ou entre pais mais ou menos cultos ou pais crentes ou descrentes. O Estado não é proprietário das crianças e jovens. Nem os Pais, mas é a estes e só a  estes que compete serem os educadores dos filhos por direito natural e não pelo Estado imbuído por qualquer ideologia mais em moda ( comunista, fascista ou woke, o último totalitarismo a aparecer).

4.       A defesa intransigente da liberdade de pensar e de exprimir como se entender o pensamento de cada um desde que não se atropelem os direitos fundamentais no convívio comunitário. Logo todo o “ cancelamento” ao exercício de liberdade de expressão são altamente condenáveis e lesivos da dignidade humana. E com esta teoria , que avança todos os dias, perante a complacência de todos os cidadãos livres e, mais grave, com o silêncio promotor de quem detém o poder ( económico, espiritual, político, etc.) .

   A nossa situação nestes pontos que acabei de referir é dramática e põe em jogo o futuro .Vejamos, caros Amigos-leitores:

1.          Liberalizou-se o aborto como um processo capciosamente chamado de “ saúde sexual e reprodutiva”, quando se trata, de forma indubitável, de um assassínio de um ser humano absolutamente indefeso, independentemente do estadio do seu desenvolvimento intra-uterino. Onde está a defesa dos Direitos Humanos numa sociedade hedonista que não respeita os mais frágeis entre os frágeis? Frágeis entre os frágeis atirados para o lixo dos hospitais! Podemos ficar calados? Podemos ficar indiferentes a este genocídio generalizado? Que sociedade é esta? Que futuro vai ter quando elimina, descarta para o lixo, os mais débeis e indefesos?...

        E ainda nos falam em “ Inverno demográfico” aqueles que o promovem desenfreadamente! E se não basta-se a agressão contra os nascituros, agora, implementam-se todas as medidas para matar a pedido com insistência em legalizar a eutanásia, que é o  ápice do ataque à vida humana fragilizada!

2.       Se a Família é a base de toda a sociedade, desde sempre, e desde sempre baseada na relação entre masculino – o homem – e o feminino – a mulher, esta sociedade em que vivemos impõe-nos outras “ família-visões”  ( neologismo!) que não passam da deificação do erotismo estéril e do escárnio e perseguição de quem ousa defender o que nos ensina a Biologia sobre a natureza do Homo sapiens , em nome daquilo que chamam de progresso societal que luta contra o que chamam de sociedade “ machista”, “ patriarcal”, “ sexista” e outras designações insultuosas. Uma Teoria do Género, construção social baseada em emoções e adulterando os dados da Biologia, vai-se impondo perante a nossa indiferença ou, o que é pior, o nosso entendimento como uma “ brincadeira” de extremistas e fanáticos demolidores da própria Pessoa Humana que levanta sorrisos idiotas por parte de quem deveria ter  um raciocínio minimamente esclarecido. Tristes tempos. Na realidade, a indiferença de quem tem a obrigação de agir combatendo o erro, faz progredir o Mal tanto mais quanto maior for a indiferença daqueles!

3.       Outro campo onde se ataca a sociedade onde ainda nos deixam viver, é o ataque ditatorial, nazi-facista- comunista contra a liberdade de educar por parte dos pais. Não vivemos num Estado plural e promotor da Liberdade mas num Estado que se arroga um direito que não tem, o  de ser ele o “ Grande Educador do Povo”, à semelhança dos maiores tiranos do século XX: Hitler, Estaline e seus seguidores na URSS e em muitas outras realidades nacionais ou Mao Tsé Tung na China e onde ainda hoje vigora o seu pensamento no concernente à liberdade de educar. Como é possível, num Estado que se designa como democrático, ser o Estado a determinar, contra a sua Constituição, a planificação do ensino em Portugal? Os pais que optem por outros paradigmas educativos, que é seu direito, terão de pagar o ensino do Estado que não usam e o Privado que têm o direito de usar, ver-se-ão penalizados e descriminados, contrariando o pluralismo que se imporia respeitar e promover a bem da Liberdade. Ou até perseguidos em tribunal por defenderem os seus direitos de pais como os primeiros, principais e insubstituíveis educadores dos seus filhos. Infelizmente, por causa da nossa inércia e indiferença, esta mundivisão da Pessoa Humana, vai progredindo a passos acelerados. O futuro, que são as crianças e jovens, está ameaçada pois aqueles estão a ser educados pelo Estado prepotente, totalitário e modelador do pensamento e agir das crianças e jovens, por decisores políticos autocratas. Como escreveu S. João Paulo II Magno, na Exortação Apostólica “ Familiaris consortio”, de 23 de Novembro de 1983, documento que , mais do que nunca, não  perdeu o seu interesse, actualidade  e o vigor:

«… o Estado não pode nem deve subtrair às famílias tarefas que elas podem desenvolver perfeitamente sós ou livremente associadas, mas deve positivamente favorecer e quanto possível solicitar a sua iniciativa responsável.» ( F.c. nº 45). É o princípio da subsidiariedade que está em jogo e… ameaçado ou, mesmo, atacado. O Estado, qual salteador, roubou às famílias aquele que é o seu direito/dever primordial: o de poderem escolher o tipo de educação a dar aos filhos de acordo com os seus valores espirituais ou culturais.

   De facto, «Para que o mal triunfe, só é preciso que os homens bons não façam nada». É esta a bem triste realidade que nos circunda e abafa destruindo a malha que tece a Família por desleixo e incúria dos cidadãos e das famílias. O silêncio nestes casos como noutros é um cúmplice criminoso. Bem como a passividade ou o desinteresse em lutar por estas causas estruturantes de uma sociedade livre põe em risco a Liberdade.

 

SILERE NON POSSUM!

 

 

Carlos Aguiar Gomes, Braga ,12.Janeiro.2023

                

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