quinta-feira, 14 de setembro de 2023

SILERE 55


OS BEATOS ULMA 

«Que essa família polaca, que representou um raio de luz na escuridão da II Guerra Mundial, seja para todos nós um modelo a ser imitado no ímpeto do bem e no serviço a quem mais precisa.»
(Papa Francisco -10.9.23)


SILERE NON POSSUM

(Não me posso calar 
– Sto Agostinho)

             Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)


Carta aos meus amigos – nº 55

BRAGA, 14 - SETEMBRO - 2023

+

PAX

 

«… Estas testemunhas, particularmente as que enfrentaram a prova do martírio, são um sinal eloquente e grandioso que somos chamados a contemplar e a imitar. Atestam-nos a vitalidade da Igreja; apresentam-se como luz para a Igreja e a humanidade, porque nas trevas, fizeram brilhar a luz de Cristo: pertencendo a diversas confissões cristãs, resplandecem igualmente como sinal de esperança no caminho ecuménico, na certeza de que o seu sangue” é também linfa de unidade para a Igreja»
(S. João Paulo II, Magno, in ECCLESIA IN EUROPA, nº 13).

A propósito da recente beatificação da família ULMA (10.Set.23), efeméride que eleva aos altares, pela primeira vez na História da Igreja, uma família completa: Pais e filhos, um deles ainda não nascido, recordei-me de reler pela enésima vez a notabilíssima e sempre actual Exortação Apostólica Pós-Sinodal ECCLESIA IN EUROPA (28 de Julho de 2003, no 25.º ano do pontificado do Papa Magno, S. João Paulo II e que completou este ano 20 anos). A família Ulma, martirizada por acolher e esconder judeus perseguidos por um dos regimes mais satânicos que medraram na Europa no século XX, o nazismo, ao lado do comunismo.

O século XX europeu e não só! (É bom não se esquecer a China, o Camboja, a Espanha republicana, etc) criou e acarinhou regimes ferozmente anti-cristãos (ou acristãos?) e que ainda tem seguidores saudosistas do terror hediondo que espalharam onde vingaram!

Em Markova, localidade polaca onde vivia a família Ulma de camponeses e crentes fervorosos eram conhecidos pelos “samaritanos” de Markova! Humildes, mas ricos da sua Fé que viviam sinceramente e a que nunca renunciaram, mesmo perante o pelotão de fuzilamento nazi, em 24 de Março de 1944. Ambos, Jósef e Wiktoria Ulma, eram cristãos militantes sem nunca deixar de trabalhar no campo e em ofícios afins. Além disso, eram cristãos (in)formados e activos culturalmente na sua aldeia,

nomeadamente no teatro. Tiveram 7 filhos (Stasia, Basia, Wladzio, Franús, Antos, Marysia e o sétimo, ainda não nascido não lhe tinha sido atribuído nome).

«Sem nunca ter pronunciado uma palavra, hoje o pequeno Beato clama ao mundo moderno para que acolha, ame e proteja a vida, especialmente a dos indefesos e marginalizados, desde o momento da concepção até a morte natural. É a sua voz inocente que quer mexer nas consciências de uma sociedade onde o aborto, a eutanásia e o desprezo pela vida, vista como um fardo e não como um dom.», assim falou o Cardeal Semeraro, na Missa da Beatificação ocorrida dia 10 pp, referindo-se ao Beato não nascido e massacrado com os seus pais e irmãos. Sim, caros Amigos-leitores, esta Família humilde mas profundamente crente é bem um exemplo para estes tempos de indiferença e de profundo egoísmo. Jósef e Wiktoria sabiam bem os riscos que corriam e fariam correr a seus filhos ao esconder judeus perseguidos pelo feroz e inumano nazismo na sua casa. Ousaram cumprir a lei do Amor e por amor a Deus e aos seus irmãos judeus foram fuzilados sem dó nem piedade. Mais um exemplo da barbárie de um regime ateu e carregado de ódio.

Os Beatos Ulma são bem um exemplo na luta pela vida, pelo direito à vida, desde os seus primeiros instantes até à morte natural. A morte dos Ulma é um acto do mais elevado heroísmo!

Parafraseando S. João Paulo II Magno, na acima citada Exortação Apostólica, também ele polaco e perseguido pelos nazis e comunistas: (esta família) é «um sinal eloquente e grandioso que somos chamados a contemplar e a imitar» e «apresentam-se como luz para a Igreja e a humanidade, porque nas trevas, fizeram brilhar a luz de Cristo…».

Os Beatos Ulma são verdadeiras lucernas a iluminar as trevas em que estamos mergulhados! Trevas onde reinam o ódio, a guerra, a indiferença, a egolatria e de onde se retirou Deus.

Como disse o Cardeal Semeraro, em Markova, dia 10 deste mês, perante uma multidão de cristãos e de judeus «a intercessão dos novos Beatos e seu testemunho de caridade evangélica encoraja todos os homens de boa vontade a tornarem-se pacificadores».

O exemplo dos Ulma é de celebrar para nunca se esquecer! Assim, o Parlamento polaco, proclamou o ano de 2024, 80.º aniversário do massacre da Família Ulma, como o “ANO ULMA”, para ser comemorar em todo país. Feliz o povo que recorda, com orgulho, os seus maiores e os Ulma foram maiores entre os maiores polacos e europeus que perderam a sua memória e que procuram por todos os meios apagar a sua história.

Poderia ficar calado perante este acto realizado pela Igreja reconhecendo a santidade de vida e morte pelo martírio dos Ulma?

Não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes

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