quinta-feira, 21 de setembro de 2023

SILERE 56

 «CRISTO ACOLHE TODOS MAS NÃO ACOLHE TUDO!»  (Papa BENTO XVI)

  

SILERE NON POSSUM
(Não me posso calar – Sto Agostinho)

Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”
(Alexandre Soljenitsyne)

 

Carta aos meus amigos – nº 56

  

BRAGA, 21 - SETEMBRO - 2023

 

+

PAX

 

Recebo todas as semanas a Newsletter do Observatório Cardeal Van Thuân, sobre Doutrina Social da Igreja.

O Cardeal Van Thuân era um cardeal vietnamita que sofreu durante décadas os horrores de uma prisão do Vietname comunista. Em sua homenagem e memória foi fundado este Observatório, dirigido por um Bispo italiano, Mons. Crepaldi, que foi Bispo de Trieste. Frequentemente, este prelado publica artigos ou faz comunicações sobre DSI (Doutrina Social da Igreja), sempre actuais e de uma grande oportunidade. A penúltima Newsletter que recebi (11.IX.23) traz extractos da comunicação que fez ao “Congresso de Assis” - (9 e 10 de Setembro).

Quero partilhar com os meus Amigos-leitores, algumas passagens importantíssimas, a meu ver, do citado Prelado, no Congresso que referi.

1.   «É necessário recuperar a convicção que o cristianismo e a Igreja intervenham directamente na vida social, não para substituir-se a outras competências distintas e legítimas, mas para orientar toda a vida pública para a sua verdadeira finalidade última, que é a transcendência.»

Este é um princípio da DSI que, desde Leão XIII, na “Rerum novarum” e que se plasmou numa frase-ideia fundamental e que tem vindo a perder força por incúria e desinteresse dos cristãos descrianisados deste tempo: «ANIMAR CRISTÃMENTE A ORDEM TEMPORAL». Insuflar o cristianismo em todas as realidades temporais: políticas, económicas, culturais, etc. Dar ao mundo a força renovadora da Justiça, da Equidade, da Liberdade, da Paz e do Amor. Não impondo. Propondo esse “oxigénio” para tornar um mundo mais humanizado. Ora, infelizmente, assistimos a uma «ANIMAÇÃO TEMPORAL DA ORDEM CRISTû. Quando os cristãos devem estar como tal, sem complexos, na “Ordem temporal”, com alegria e determinação, com respeito para com outros modos de pensar e de agir, assistimos, a cristãos envergonhados de o ser nos diferentes areópagos do mundo, escondendo-se nos templos e agindo no exterior como se não fossem baptizados e colaborando com a sua “apostasia no temporal” com os princípios que se opõem vigorosamente ao Cristianismo! Há uma espécie de comportamento esquizofrénico e incoerente entre os cristãos. Um exemplo: como pode um cristão dar o seu voto a movimentos/partidos políticos que investem tudo na legalização/liberalização do Aborto ou da Eutanásia? Não estarão estes cristãos a negar-se e a negar a sua Fé? Não sentirão que estão num modo de vida contraditório entre o seu crer e o agir? Algo não “bate certo”. Por acaso, já gastaram algum tempo a reflectir sobre a sua incongruência de vida?

2.    Mons. Crepaldi, recordou nesta conferência, e a propósito do tema geral deste Congresso, uma frase actualíssima do grande Papa BENTO XVI, que será Doutor da Igreja (talvez só daqui a alguns séculos!):

«CRISTO ACOLHE A TODOS MAS NÃO ACOLHE TUDO»

(“Cristo accoglie tutti ma non accoglie tutto”)

Sim, a Igreja acolhe, e deve acolher todos, santos e pecadores, mas não pode acolher, aceitar, o pecado, os pecados. Temos consciência do que esta frase implica para uma pastoral e vida pública dos cristãos no seu quotidiano, no seu meio de lazer ou de trabalho? Ou esquecemo-nos da ordem de Jesus à pecadora: «Vai, os teus pecados estão perdoados mas não voltes a pecar!». A Misericórdia não é sinónimo de aceitação do mal. Nem a Misericórdia é incompatível com a Justiça! Continuo com Mons. Crepaldi: «Isto tudo deve, de facto, ser avaliado à luz de quanto a Igreja tem a dizer do que lhe é próprio e de único na “praça pública”. Como é triste ver «a quantidade de realidades católicas que fazem sua a Agenda da ONU para 2030».

Usando uma expressão de Mons. Crepaldi, o ser-se católico, hoje revela «“uma certa liquidez” no ser católico na sociedade, num activismo grande e frenético, mas improdutivo. O agnosticismo católico está na base do esquecimento dos “princípios não negociáveis de que falava Bento XVI.»

3.  «Façamos frente a uma convergência operativa muito coerente dos muitos centros do poder. Nenhum âmbito pode ficar de fora.»

Mons. Crepaldi lança-nos este desafio com uma pergunta:

 «… a esta pressão coerente e coesa que quer a destruição da natureza e do sobrenatural, os católicos, leigos e homens da Igreja, adaptam-se ou tentam opor-se?»

Face a esta pergunta do Bispo Emérito de Trieste, não me posso, não quero nem devo ficar calado!

 

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.

um tempo para falar e outro para calar.” II

  “Há um tempo para falar e outro para calar.”                                                         II        Passou o vendaval d...