domingo, 1 de outubro de 2023

SILERE 57

 

«Aquilo de que mais precisamos neste momento da história é de homens que, por meio de uma fé iluminada e vivida, tornem Deus credível neste mundo. O testemunho negativo de cristãos que falavam de Deus e viviam contra Ele ensombrou a imagem de Deus e abriu a porta à incredulidade. Precisamos de homens que mantenham o olhar voltado para Deus e aí aprendam a verdadeira humanidade. (…) Só através de homens tocados por Deus, Deus pode voltar para junto dos homens.»
(Joseph Ratzinger, Subiaco, 1 de Abril de 2005)

 

      SILERE NON POSSUM

            (Não me posso calar – Sto Agostinho)

             Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

 

                    

 

 

 

                    Carta aos meus amigos – nº 57         

                             

                             BRAGA , 28 - SETEMBRO - 2023

 

 

 

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PAX

    «Só através de homens tocados por Deus, Deus pode voltar para junto dos homens.», assim se exprimiu o Cardeal Joseph Ratzinger,depois Papa Bento XVI, com a clareza que lhe era intrínseca, sem deixar dúvidas a ninguém. O Homem, sobre tudo o Homem das geografias da cultura da morte, o Ocidente – o “ lugar” onde o Sol morre – “ matou “ Deus , afastou-se Dele. Nem quer ouvir falar que Ele existe. Não se deixa tocar por Deus, não O ouve nem escuta. A sociedade da abundância tornou-se a sociedade anorética de Deus.

  A propósito desta crise nunca vista na já longa história da humanidade, que se sente, vê e ouve por todo o lado., um amigo enviou-me um “ livrinho” de um santo do século V, que não conhecia e já li várias vezes tal é a força da verdade que transmite. Estou a referir-me ao COMMONITORIUM de S. Vicente de Lérins e que tem sido abusivamente citado mas adulterado por quem tinha a obrigação de o citar correctamente. Por que é que S. Vicente de Lérins escreve este seu pequeno-gigante trabalho, pois a sua explicação serve-me (nos) hoje “ como uma luva”, numa época de fortíssima perturbação na transmissão da Fé. Cito, : « … Posta minha confiança no Senhor, desejo, pois, iniciar a obra que me insta, cuja finalidade é colocar por escrito tudo o que nos foi transmitido pelos nossos pais e que temos recebido em depósito…». Ora , S. Vicente de Lérins, neste pequeníssimo apontamento, refere duas centralidades: “ … o que nos foi transmitido pelos nossos pais…” e  …. temos recebido em depósito…”. Isto é, receber, guardando sem alterar, o que foi transmitido pelos antecessores na transmissão da Fé. Não deixa espaço para modificações ao sabor dos tempos, das modas ou para tornar a “ depósito da Fé” simpático e adaptado ao mundo ou, como hoje se diz, “ politicamente correcto”. E este  Padre da Igreja , vai mais longe, corajosamente, dizendo: “ Todo o cristão que queira desmascarar as intrigas dos hereges que brotam ao nosso redor, as suas armadilhas e manter-se íntegro e incólume numa fé incontaminada, deve, com a ajuda de Deus, apetrechar  a sua fé de duas maneiras:

- com a autoridade da lei divina  antes de tudo

- e com a Tradição ( nota do autor desta Carta: não é conservadorismo!) da Igreja Católica.”

   Como é actual o pensamento contido nesta pequena obra de S. Vicente de Lérins, Padre da Igreja!

   

    Quando grandes e imutáveis leis da Igreja, que remontam ao seu Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo, estão sistematicamente a ser alteradas, como estamos a assistir hoje um pouco por todo o lado, creio que nos reconforta “ regressar” aos Padres da Igreja como S. Vicente de Lérins! Caros Amigos-leitores, já se deram conta de como se estão a difundir erros doutrinais dentro de alguns sectores da Igreja? … Até há os querem alterar o Catecismo da Igreja Católica e interpretar as Sagradas Escrituras ao seu modo!

   Depois do II Concílio do Vaticano, falou-se muito da necessidade de “ refontalizar” a Igreja. Ora, talvez este desejo seja mais actual do que nunca: regressar às fontes, a Sagrada Escritura e a Tradição viva que chegou até nós. Por isso faz bem à nossa saúde espiritual reler os Padres da Igreja. S. Tomás de Aquino, S. Bernardo, S. Vicente de Lérins e tantos outros como Sto Agostinho ou Sto Ambrósio ou S. Gregório Magno. Face aos erros que se já espalharam e “ viralizaram” larguíssimos sectores da Igreja, temos de ser firmes amando o pecador e combatendo tenazmente, o pecado que nos é apresentado como fazendo parte do nosso património ( basta não andar muito distraído!).

   Aos que estavam presentes no século V, tempo de S. Vicente de Lérins, e que andavam espalhando os erros, aquele Padre da Igreja disse: “ Charlatães e sedutores , revolucionam famílias inteiras , ensinando o que não convém, com o fim de adquirir uma vil ganância…” Como hoje estas palavras são actuais! Abundam os charlatães da Fé , mesmo e sobretudo intramuros. Estamos expostos aos erros. Queremos, também nós, abraçá-los? O “ depósito da Fé” está contaminado e estamos ameaçados de sermos contaminados. A pandemia do erro grassa por todo o mundo, salvo raras excepções que são perseguidas por quem tem a obrigação de estar vigilante e actuante.

  E S. Vicente de Lérins , afirma:

  «E certamente que é uma grande prova ver um homem sumamente amado e respeitado , que de repente se põe a introduzir ocultamente erros perniciosos. Tanto mais quanto que não existe possibilidade de descobrir imediatamente esse erro…» ( S. Vicente de Lérins). E estamos cheios desses homens , muitos deles em posições chave . Estaremos atentos e vigilantes? Sabemos para onde nos estão a conduzir?

   Como posso calar perante os erros que me circundam?

SILERE NON POSSUM

Carlos Aguiar Gomes

 

 

 

 

 

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