“Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas,
pensa em Maria, invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se
afaste de teu coração”. ( S. Bernardo)
SILERE NON POSSUM
(Não me posso
calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.”
Carta aos meus amigos – nº 67
BRAGA , 7 - DEZEMBRO- 2023
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PAX
Portugal, uma das nações mais antigas do
mundo, vive a primeira semana de Dezembro,de 1 a 8, sob o signo da Pátria: a
recuperação da sua já velha independência (1640) e a proclamação da sua Rainha
perpétua (1646), Nossa Senhora sob a invocação da Sua Imaculada Conceição. E as
duas datas estão intimamente ligadas pelo sentimento de gratidão eterna pela
recuperação da sua independência e de amor indefectível pela sua Rainha coroada
para sempre pelo Rei da Restauração. São factos que não podem deixar de
acompanhar a nossa portugalidade, o nosso orgulho de sermos portugueses, sem
menosprezo por outros povos e culturas. Fazem parte da nossa identidade que não
podemos deixar esquecer ou minimizar a sua importância pois correríamos o risco
de perdermos o nosso ADN. Não podemos perder a nossa memória colectiva!
Bem sei, caros Amigos-leitores, que o
território que viria a ser Portugal já era cristão antes de o ser, sobretudo a
Norte, e teve a ajuda para se definir como Nação dos cristãos e de Bispos como
Dom João Peculiar. Também sabemos todos que desde o início do nosso país, este
era profundamente mariano, basta ver que muitos santuários marianos, na sua
origem, são anteriores ao nascimento de Portugal e a sua origem perde-se na
noite dos tempos. Muitos remetem-nos, pela tradição oral imemorial, para a “
ermação” causada pela invasão dos “ mouros”. Quantos santuários marianos,
segundo essa tradição memorável, teriam começado pela “ aparição” de uma imagem
de Nossa Senhora achada numa gruta por pastores, que ali estava escondida,
talvez desde a invasão destrutiva e persecutório dos muçulmanos? Lembro, por
exemplo, o santuário de Nossa Senhora da Abadia (Amares) ou o de Nossa Senhora
da Lapa (Sernancelhe). E os meus Amigos-leitores conhecem muitos mais casos
semelhantes que povoam montes e montanhas de Portugal! Todos estes santuários
continuam a ser locais vivos de devoção. Obviamente que não posso, não quero
nem devo deixar de referir a Basílica da Senhora do Sameiro honrada com o
privilégio de ter uma “ Rosa de Ouro” (
condecoração pontifícia)e ter sido visitada, em 15 de Maio de 1982, por S. João
Paulo II Magno.
Recordo o que todos sabem: à entrada das
cidades e vilas de Portugal, foram colocadas, no século XVII, lápides em que
estava escrito em latim o juramento de defender a Imaculada Conceição, uma
determinação, de 30 de Junho de 1654, lembrando a todos que em 1646 havia sido
tomada a resolução pelo Rei e Cortes Gerais de eleger Nossa Senhora da
Conceição como Rainha de Portugal. Infelizmente,
muitas destas lápides foral destruídas. São poucas as que ainda estão “ in
loco”, É exemplo a lápide que está no Largo da Senhora da Oliveira, na parede
da antiga Câmara Municipal e que é bem visível e legível. Também, na
Universidade de Coimbra, os estudantes eram obrigados a prestar juramento de
defender a Conceição Imaculada de Maria, mesmo com o preço da sua vida e a que
a república pôs fim. Tantas outras curiosidades marianas concepcionistas os
meus Amigos-leitores conhecem e que me abstenho de enumerar para não ser
fastidioso, como a fundação, pela portuguesa Sta Beatriz da Silva, da Ordem contemplativa
das concepcionistas.
Até há poucos anos, muitas meninas eram
baptizadas com o nome “ Maria da Conceição” e quem não conhecia o cântico
patriótico-mariano:” Salvé Nobre Padroeira” que multidões, novos e velhos,
entoavam em festas marianas e que, infelizmente se esqueceu!
Aqui há uns anos escrevi a letra de um hino
de louvor à Imaculada Conceição e que um bom amigo (Dr. Manuel Cardoso)
belissimamente musicou. Correm-me as lágrimas ao ouvi-lo. Aqui o deixo:
E, caros Amigos-leitores, deixem-me
contar-lhes um segredo: trago sempre comigo uma medalha de Imaculada por
devoção e recordação idêntica à que dois sacerdotes ofereceram a minha Avó
materna como agradecimento por esta lhes dado guarida aquando da implantação da
república e em sua casa se esconderam alguns dias antes de fugirem, com se
fossem malfeitores, para Espanha, perseguidos pelo ódio republicano contra a
Igreja. Tenho um grande amor a esta medalha que me ofereceu minha Mulher
sabendo o enorme gosto que aquele sacramental me dava! E, já que estou a desvendar
segredos meus, digo-vos, caros Amigos-leitores, que na cabeceira da minha cama,
do meu lado, tenho um velho quadro da Imaculada com roupagens de seda azul e
que muito amo.
O solar da Padroeira, afirma-se e com razão,
é Vila Viçosa. Mas, o coração de todos os portugueses católicos é aí que têm o
Seu verdadeiro solar mariano.” Enquanto houver portugueses!”
Não posso calar o amor para com a Theotokos
na Sua Imaculada Conceição. Sou católico. E português! Sou português-católico.
Ou católico-português?
“ Salve, nobre padroeira!”
SILERE NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes
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