quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

SILERE 67

 

         


“Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se afaste de teu coração”. ( S. Bernardo)

    SILERE NON POSSUM

         (Não me posso calar – Sto Agostinho)

          Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”

                                     (Alexandre Soljenitsyne)

 

                Carta aos meus amigos – nº 67         

                        

                         BRAGA , 7 -  DEZEMBRO- 2023

 

  +

PAX

 

 

    Portugal, uma das nações mais antigas do mundo, vive a primeira semana de Dezembro,de 1 a 8, sob o signo da Pátria: a recuperação da sua já velha independência (1640) e a proclamação da sua Rainha perpétua (1646), Nossa Senhora sob a invocação da Sua Imaculada Conceição. E as duas datas estão intimamente ligadas pelo sentimento de gratidão eterna pela recuperação da sua independência e de amor indefectível pela sua Rainha coroada para sempre pelo Rei da Restauração. São factos que não podem deixar de acompanhar a nossa portugalidade, o nosso orgulho de sermos portugueses, sem menosprezo por outros povos e culturas. Fazem parte da nossa identidade que não podemos deixar esquecer ou minimizar a sua importância pois correríamos o risco de perdermos o nosso ADN. Não podemos perder a nossa memória colectiva!

   Bem sei, caros Amigos-leitores, que o território que viria a ser Portugal já era cristão antes de o ser, sobretudo a Norte, e teve a ajuda para se definir como Nação dos cristãos e de Bispos como Dom João Peculiar. Também sabemos todos que desde o início do nosso país, este era profundamente mariano, basta ver que muitos santuários marianos, na sua origem, são anteriores ao nascimento de Portugal e a sua origem perde-se na noite dos tempos. Muitos remetem-nos, pela tradição oral imemorial, para a “ ermação” causada pela invasão dos “ mouros”. Quantos santuários marianos, segundo essa tradição memorável, teriam começado pela “ aparição” de uma imagem de Nossa Senhora achada numa gruta por pastores, que ali estava escondida, talvez desde a invasão destrutiva e persecutório dos muçulmanos? Lembro, por exemplo, o santuário de Nossa Senhora da Abadia (Amares) ou o de Nossa Senhora da Lapa (Sernancelhe). E os meus Amigos-leitores conhecem muitos mais casos semelhantes que povoam montes e montanhas de Portugal! Todos estes santuários continuam a ser locais vivos de devoção. Obviamente que não posso, não quero nem devo deixar de referir a Basílica da Senhora do Sameiro honrada com o privilégio de ter uma “ Rosa de Ouro”  ( condecoração pontifícia)e ter sido visitada, em 15 de Maio de 1982, por S. João Paulo II Magno.

  Recordo o que todos sabem: à entrada das cidades e vilas de Portugal, foram colocadas, no século XVII, lápides em que estava escrito em latim o juramento de defender a Imaculada Conceição, uma determinação, de 30 de Junho de 1654, lembrando a todos que em 1646 havia sido tomada a resolução pelo Rei e Cortes Gerais de eleger Nossa Senhora da Conceição como Rainha de Portugal.  Infelizmente, muitas destas lápides foral destruídas. São poucas as que ainda estão “ in loco”, É exemplo a lápide que está no Largo da Senhora da Oliveira, na parede da antiga Câmara Municipal e que é bem visível e legível. Também, na Universidade de Coimbra, os estudantes eram obrigados a prestar juramento de defender a Conceição Imaculada de Maria, mesmo com o preço da sua vida e a que a república pôs fim. Tantas outras curiosidades marianas concepcionistas os meus Amigos-leitores conhecem e que me abstenho de enumerar para não ser fastidioso, como a fundação, pela portuguesa Sta Beatriz da Silva, da Ordem contemplativa das concepcionistas.

   Até há poucos anos, muitas meninas eram baptizadas com o nome “ Maria da Conceição” e quem não conhecia o cântico patriótico-mariano:” Salvé Nobre Padroeira” que multidões, novos e velhos, entoavam em festas marianas e que, infelizmente se esqueceu!

    Aqui há uns anos escrevi a letra de um hino de louvor à Imaculada Conceição e que um bom amigo (Dr. Manuel Cardoso) belissimamente musicou. Correm-me as lágrimas ao ouvi-lo. Aqui o deixo:

  E, caros Amigos-leitores, deixem-me contar-lhes um segredo: trago sempre comigo uma medalha de Imaculada por devoção e recordação idêntica à que dois sacerdotes ofereceram a minha Avó materna como agradecimento por esta lhes dado guarida aquando da implantação da república e em sua casa se esconderam alguns dias antes de fugirem, com se fossem malfeitores, para Espanha, perseguidos pelo ódio republicano contra a Igreja. Tenho um grande amor a esta medalha que me ofereceu minha Mulher sabendo o enorme gosto que aquele sacramental me dava! E, já que estou a desvendar segredos meus, digo-vos, caros Amigos-leitores, que na cabeceira da minha cama, do meu lado, tenho um velho quadro da Imaculada com roupagens de seda azul e que muito amo.

  O solar da Padroeira, afirma-se e com razão, é Vila Viçosa. Mas, o coração de todos os portugueses católicos é aí que têm o Seu verdadeiro solar mariano.” Enquanto houver portugueses!”

  Não posso calar o amor para com a Theotokos na Sua Imaculada Conceição. Sou católico. E português! Sou português-católico. Ou católico-português?

  “ Salve, nobre padroeira!”

 

  SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes

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