domingo, 7 de janeiro de 2024

SILERE 71

 

«…Nos 50 anos de celebração da Democracia, o país espera poder voltar a sonhar com a liberdade, mas também com a dignidade das condições de vida, do bem-estar e da realização pessoal. Esperamos que 2024 nos traga essa oportunidade» (Adalberto Campos Fernandes, Ex-Ministro da Saúde in Nascer do Sol, 29.XII.23)    

 

 

    SILERE NON POSSUM

         (Não me posso calar – Sto Agostinho)

          Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”

                                     (Alexandre Soljenitsyne)

 

              

 

 

     Carta aos meus amigos – nº 71        

                         BRAGA , 4 – Janeiro - 2024

 

 

 

  +

PAX

 

 

    Desejo aos meus Amigos-leitores tudo de Bom, Bem e Belo para este ano que agora acaba de se iniciar. Que a Santa Mãe de Deus, a THEOTOKOS, a todos abençoe e guie neste mundo conturbado e caótico.

    Costumo definir-me como um “ interventor social”. De facto desde a minha meninice que fui educado para estar atento activamente para o mundo da pobreza e da exclusão. Estou profundamente grato a meus pais que sempre, pelo exemplo, me educaram nesse sentido. Os Amigos-leitores que me conhecem, sabem que é verdade que me tenho empenhado socialmente. Há muitos anos que foco a minha atenção-acção para os chamados « valores inegociáveis» e todo o tempo livre que fui tendo dediquei-o e dedico a estas causas: Defesa da vida humana, da concepção até à morte natural – defesa e promoção da Família, baseada na união livre e responsável entre Homem e Mulher e aberta à transmissão da vida – Liberdade de os pais terem a liberdade de poder escolher, sem qualquer penalização, o tipo de educação desejam dar aos seus filhos. Nos últimos anos, acrescentei a defesa da Pessoa Humana, criada por Deus, para a complementaridade, como Homem e Mulher.

   Não ando distraído pelo que se passa na «polis» apesar de não fazer política partidária, o que não significa que tenha as minhas opções bem definidas e assentes nos valores que acima referi. E não tenciono mudar, não por casmurrice de velho, mas por convicção profunda!

   Assim, como vamos ter eleições legislativas, entre outras, manifesto nesta Carta algumas das minhas enormes preocupações e que me impelem a estar muito atento ao que as diferentes forças partidárias me irão “ oferecer” no cardápio eleitoral como promessas que, espero, cumpram respeitando os eleitores e respeitando-se a elas próprias.

1.       Ando muito preocupado, há muitos anos, com a Instrução e Educação (“ coisas” diferentes!) que se oferecem aos mais novos. Ando profundamente desiludido e revoltado com o que se passa neste item político. Além do caos em que mergulhou o país, minando o futuro, na chamada Educação, com os maus tratos aos docentes como se estes fossem inúteis e um bando de malfeitores preguiçosos. A sensação que tenho é a de que o “ povo” odeia a classe docente. Desrespeita-a. Desautoriza-a. Olha para ela como um mal que se deveria dispensar ou, pior, só deveria servir para aturar os “ meninos” malcriados (são todos híper-activos!) e suportarem todos os vexames a que estes , e o poder político, os submetem e de que não se podem defender. Neste item, como me revolta a falta de liberdade de os pais poderem escolher, sem pagar duas vezes, a instrução dos seus filhos e complementarem a função educativa parental ( onde está o Princípio da Subsidiariedade?). Portugal, nesta área política, é uma verdadeira ditadura em que um ministério, em Lisboa, decide tudo e sobre tudo, tendo o cuidado de sobrecarregar os docentes com inutilidades nefelibatas. Os meus Amigos-leitores sabem, e os pais não reagem, como se impôs a chamada “ Teoria do Género” nas escolas, ditas públicas, de que as últimas medidas impostas por Lisboa são bem um dos muitos exemplos. … E depois afirma-se despudoradamente e mentirosamente que o ensino privado, residual, é só para os ricos. Esquecendo-se o castigo que o Estado prepotente e autoritário, que não é pessoa de bem, inflige a quem, tantas vezes com tanto sacrifício, escolhe o ensino não estatal pois, como todos sabem, o estatal está num estado lastimoso e lastimável. Preocupa-me a tirania vigente e sem vontade de mudar pelos eleitores em que se encontra o Ensino em Portugal. Esta é uma das minhas grandes preocupações e já me induziram em quem NÃO IREI VOTAR.

2.        Outra das minhas enormíssimas preocupações como eleitor (votei sempre!) tem a ver com o estado deplorável e assustador a que chegou o estado da Saúde prestado pelo Estado omnipotente, omnisciente, omnipresente e inimigo militante da liberdade de escolha. Entendo que o chamado Serviço Nacional de Saúde deveria ser antes o Sistema Nacional de Saúde que englobaria todos os sistemas privados, do Terceiro Sector e do Estado em cooperação leal e ao serviço da Saúde em Portugal. Só ideologia estalinista combate esta sã cooperação que só beneficiaria o cidadão. Será que ando enganado, e vivemos em ditadura soviética?

3.       Que preocupação me causam as Forças Armadas e de Segurança! Desvalorizadas. Mal vistas pelos media e pela população em geral.Com material obsoleto e instalações degradadas e com falta gritante de pessoal. É o resultado do fim do Serviço Militar Obrigatório (a Suiça tem-no e não é nem nunca foi um Estado belicista) e de mentalidade “ pacifista” e sinistro-chique que domina os auto-intitulados “ intelectuais” que os media promovem e os “ comentarólogos”, presentes a tempo e a destempo em todos os meios de comunicação social, defendem em nome da … sua opinião.

   Quero dizer que fiz, durante 3 (três) anos o meu Serviço Militar Obrigatório dois dos quais na Guiné.

4.       Ah! E o que se passa com a Justiça!... Sobretudo quando são os poderosos que estão “ na berlinda”… Preocupa-me que se levem anos atrás de anos até à prescrição de tantos e tantos casos. Não quero ouvir falar em promessas falsas de que “ agora ´é que vamos mudar” se … tudo já tem cabelos brancos devido ao desinteresse do poder político que tem dominado o nosso panorama da governação.

5.       Num país ao abandono (Portugal não é só Lisboa!), com milhares de casas em ruína ou “ esquecidas” como não há verdadeiras e eficazes políticas de habitação que tornem todos os cidadãos capazes de ter uma casa digna desse nome?

6.       E como me preocupa a ausência de verdadeiras políticas de saúde mental que sirvam tantos dos nossos concidadãos, sobretudo muitos dos que vivem na rua na mendicidade!

O quadro que esbocei é bem triste desta realidade que vejo todos os dias, mas é um quadro incompleto. Não abordei a situação dos imensos cidadãos abandonados e sozinhos nos hospitais ou em casas degradadas e sem um mínimo de conforto e de amparo!

7.        … Mas legisla-se de acordo com a nossa vontade de eleitores ou de acordo com agendas mais ou menos secretas de que alguns partidos são porta-vozes? Eu penso nisto e fico … desmotivado para  ir votar. Mas vou, se Deus quiser.

Vou votar! … Mas quero fazê- lo conscientemente e abomino ser aldrabado por “ tipos” bem falantes que só têm um objectivo: chegar ao poder (não para o serviço dos portugueses) com os seus amigos e apaniguados. Como acho deplorável ouvir dizer aos políticos que “ a minha consciência não me pesa!” mas não dizem o mesmo dos … bolsos. Sim, graças a Deus ainda há políticos sérios. As excepções confirmam a regra!

A minha condição de “ interventor social”, preocupado com o “ bem comum”, com os princípios da Solidariedade e da Subsidiariedade, não me deixa ficar “ mudo e quedo” dizendo mal de tudo e de todos. Continuarei assim e não me calarei.

Posso ficar indiferente perante o descalabro em que está o meu país?

 

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes

 

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