«…Nos 50 anos de celebração
da Democracia, o país espera poder voltar a sonhar com a liberdade, mas também
com a dignidade das condições de vida, do bem-estar e da realização pessoal.
Esperamos que 2024 nos traga essa oportunidade» (Adalberto Campos Fernandes, Ex-Ministro da Saúde in Nascer do Sol,
29.XII.23)
SILERE NON POSSUM
(Não me posso
calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.”
Carta aos meus
amigos – nº 71
BRAGA , 4 – Janeiro - 2024
+
PAX
Desejo aos meus
Amigos-leitores tudo de Bom, Bem e Belo para este ano que agora acaba de se
iniciar. Que a Santa Mãe de Deus, a THEOTOKOS, a todos abençoe e guie neste
mundo conturbado e caótico.
Costumo definir-me como um “
interventor social”. De facto desde a minha meninice que fui educado para estar
atento activamente para o mundo da pobreza e da exclusão. Estou profundamente
grato a meus pais que sempre, pelo exemplo, me educaram nesse sentido. Os
Amigos-leitores que me conhecem, sabem que é verdade que me tenho empenhado
socialmente. Há muitos anos que foco a minha atenção-acção para os chamados «
valores inegociáveis» e todo o tempo livre que fui tendo dediquei-o e dedico a
estas causas: Defesa da vida humana, da concepção até à morte natural – defesa e
promoção da Família, baseada na união livre e responsável entre Homem e Mulher
e aberta à transmissão da vida – Liberdade de os pais terem a liberdade de
poder escolher, sem qualquer penalização, o tipo de educação desejam dar aos
seus filhos. Nos últimos anos, acrescentei a defesa da Pessoa Humana, criada
por Deus, para a complementaridade, como Homem e Mulher.
Não ando distraído pelo que se
passa na «polis» apesar de não fazer política partidária, o que não significa
que tenha as minhas opções bem definidas e assentes nos valores que acima
referi. E não tenciono mudar, não por casmurrice de velho, mas por convicção
profunda!
Assim, como vamos ter eleições
legislativas, entre outras, manifesto nesta Carta algumas das minhas enormes
preocupações e que me impelem a estar muito atento ao que as diferentes forças
partidárias me irão “ oferecer” no cardápio eleitoral como promessas que,
espero, cumpram respeitando os eleitores e respeitando-se a elas próprias.
1. Ando muito preocupado, há muitos anos, com
a Instrução e Educação (“ coisas” diferentes!) que se oferecem aos mais novos.
Ando profundamente desiludido e revoltado com o que se passa neste item
político. Além do caos em que mergulhou o país, minando o futuro, na chamada
Educação, com os maus tratos aos docentes como se estes fossem inúteis e um
bando de malfeitores preguiçosos. A sensação que tenho é a de que o “ povo”
odeia a classe docente. Desrespeita-a. Desautoriza-a. Olha para ela como um
mal que se deveria dispensar ou, pior, só deveria servir para aturar os “
meninos” malcriados (são todos híper-activos!) e suportarem todos os vexames a
que estes , e o poder político, os submetem e de que não se podem defender.
Neste item, como me revolta a falta de liberdade de os pais poderem escolher,
sem pagar duas vezes, a instrução dos seus filhos e complementarem a função
educativa parental ( onde está o Princípio da Subsidiariedade?). Portugal,
nesta área política, é uma verdadeira ditadura em que um ministério, em
Lisboa, decide tudo e sobre tudo, tendo o cuidado de sobrecarregar os docentes
com inutilidades nefelibatas. Os meus Amigos-leitores sabem, e os pais não
reagem, como se impôs a chamada “ Teoria do Género” nas escolas, ditas
públicas, de que as últimas medidas impostas por Lisboa são bem um dos muitos
exemplos. … E depois afirma-se despudoradamente e mentirosamente que o ensino
privado, residual, é só para os ricos. Esquecendo-se o castigo que o Estado
prepotente e autoritário, que não é pessoa de bem, inflige a quem, tantas vezes
com tanto sacrifício, escolhe o ensino não estatal pois, como todos sabem, o
estatal está num estado lastimoso e lastimável. Preocupa-me a tirania vigente e
sem vontade de mudar pelos eleitores em que se encontra o Ensino em Portugal.
Esta é uma das minhas grandes preocupações e já me induziram em quem NÃO IREI
VOTAR.
2. Outra das minhas enormíssimas preocupações
como eleitor (votei sempre!) tem a ver com o estado deplorável e assustador a
que chegou o estado da Saúde prestado pelo Estado omnipotente, omnisciente,
omnipresente e inimigo militante da liberdade de escolha. Entendo que o chamado
Serviço Nacional de Saúde deveria ser antes o Sistema Nacional de Saúde que
englobaria todos os sistemas privados, do Terceiro Sector e do Estado em
cooperação leal e ao serviço da Saúde em Portugal. Só ideologia estalinista
combate esta sã cooperação que só beneficiaria o cidadão. Será que ando
enganado, e vivemos em ditadura soviética?
3. Que preocupação me causam as Forças Armadas
e de Segurança! Desvalorizadas. Mal vistas pelos media e pela população em
geral.Com material obsoleto e instalações degradadas e com falta gritante de pessoal.
É o resultado do fim do Serviço Militar Obrigatório (a Suiça tem-no e não é nem
nunca foi um Estado belicista) e de mentalidade “ pacifista” e sinistro-chique
que domina os auto-intitulados “ intelectuais” que os media promovem e os “
comentarólogos”, presentes a tempo e a destempo em todos os meios de
comunicação social, defendem em nome da … sua opinião.
Quero dizer que fiz, durante 3 (três) anos o
meu Serviço Militar Obrigatório dois dos quais na Guiné.
4. Ah! E o que se passa com a Justiça!... Sobretudo
quando são os poderosos que estão “ na berlinda”… Preocupa-me que se levem anos
atrás de anos até à prescrição de tantos e tantos casos. Não quero ouvir falar
em promessas falsas de que “ agora ´é que vamos mudar” se … tudo já tem cabelos
brancos devido ao desinteresse do poder político que tem dominado o nosso
panorama da governação.
5. Num país ao abandono (Portugal não é só
Lisboa!), com milhares de casas em ruína ou “ esquecidas” como não há
verdadeiras e eficazes políticas de habitação que tornem todos os cidadãos
capazes de ter uma casa digna desse nome?
6. E como me preocupa a ausência de
verdadeiras políticas de saúde mental que sirvam tantos dos nossos concidadãos,
sobretudo muitos dos que vivem na rua na mendicidade!
O quadro que
esbocei é bem triste desta realidade que vejo todos os dias, mas é um quadro
incompleto. Não abordei a situação dos imensos cidadãos abandonados e sozinhos
nos hospitais ou em casas degradadas e sem um mínimo de conforto e de amparo!
7. …
Mas legisla-se de acordo com a nossa vontade de eleitores ou de acordo com
agendas mais ou menos secretas de que alguns partidos são porta-vozes? Eu penso
nisto e fico … desmotivado para ir
votar. Mas vou, se Deus quiser.
Vou votar! … Mas quero fazê- lo
conscientemente e abomino ser aldrabado por “ tipos” bem falantes que só têm um
objectivo: chegar ao poder (não para o serviço dos portugueses) com os seus
amigos e apaniguados. Como acho deplorável ouvir dizer aos políticos que “ a
minha consciência não me pesa!” mas não dizem o mesmo dos … bolsos. Sim, graças
a Deus ainda há políticos sérios. As excepções confirmam a regra!
A minha
condição de “ interventor social”, preocupado com o “ bem comum”, com os
princípios da Solidariedade e da Subsidiariedade, não me deixa ficar “ mudo e
quedo” dizendo mal de tudo e de todos. Continuarei assim e não me calarei.
Posso ficar
indiferente perante o descalabro em que está o meu país?
SILERE NON
POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes
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