sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

SILERE 74

         


                       Sim, Deus vive nos Países Baixos!  

 

   SILERE NON POSSUM

         (Não me posso calar – Sto Agostinho)

          “Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”

                                     (Alexandre Soljenitsyne)

 

              

                    Carta aos meus amigos – nº 74        

                         BRAGA , 25– Janeiro - 2024

 

 

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PAX

 

 

Tinha pensado não voltar ao tema da minha última Carta. Mudei de opinião pois um facto positivo, vindo de onde menos se espera, “ obrigou-me” a mudar.

A Holanda, agora Países Baixos, do ponto de vista de costumes e religião, tinha e tem  sido abalada por uma tremenda hecatombe  cujos efeitos estão muito bem descritos e comentados pelo Cardeal Eijk, Bispo de Utreque, no livro da capa desta minha Carta. Este Cardeal, ousou, contar a verdade no livro « DIO VIVE IN OLANDA», na tradução italiana que tenho desde há talvez dois anos, que explica o estado de ruína a que chegou este país no concernente à Fé e prática religiosa desde o II Concílio do Vaticano. O catolicismo, outrora vigoroso e missionário, está quase o zero. São centenas as igrejas católicas vendidas. A extinção de paróquias é já uma constante acelerada por falta de fiéis. A prática dos sacramentos baixou assustadoramente. O pouco clero que subsiste, está velho. O número de católicos baixa, e muito todos os anos. Esta é a realidade que nem todos querem ver. Esta é a realidade que certas mentes ditas católicas elogiam.

Há uns 30 anos, fui com minha Mulher, convidado para um Congresso da Pastoral Familiar promovida pelos Bispos daquele país pelo Cardeal Alfonso Trujillo, nosso caro amigo, Presidente do Conselho Pontifício para a Família da época. Esta reunião, a meu ver, foi um verdadeiro desastre, a todos os níveis, excepto o da boa organização. Muito poucos participantes e comunicações lastimáveis. Contrariamente ao costume, o Cardeal Trujillo esteve durante todo o congresso e participou em todas as actividades. Numa das sessões, presidida por uma Professora de uma Universidade Católica, em que estivemos, minha Mulher e eu, a dita senhora disse tanto dislate, relativamente às questões da Família, que no debate, não resisti e em francês disse-lhe o quanto discordava do que ela tinha proferido, sobretudo ao advogar o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo. E tive o cuidado de só usar argumentos de natureza científica. Obviamente que se gerou uma discussão acesa entre a conferencista e eu. Não chegámos a acordo. No final, os poucos holandeses presentes vieram felicitar-me e eu perguntei aos primeiros qual a razão de me agradecerem a minha intervenção e todos disseram que foi  pela coragem que tive! Fiquei perplexo sobretudo quando todos me disseram o mesmo: «Nós pensamos assim, mas já não ousamos nem nos é permitido exprimir essa posição!». Entre as pessoas que me felicitara, a última, era um rapaz que se apresentou como holandês e seminarista em França. Agradecendo a todos manifestei a minha perplexidade face ao que me diziam. O jovem seminarista perguntou-me se me tinha apercebido que, enquanto eu falava, a conferencista dialogou com ele. Disse-lhe que sim, mas, como falavam holandês, não tinha captado o teor daquela conversa. Fiquei siderado quando ele me disse, resumindo, que a Professora lhe tinha dito, em jeito de remate:« O tipo é da extrema direita!». Ora toma Carlos, disse de mim para mim! Defender o casamento entre pessoas de sexos diferentes é ser da extrema-direita. Por alto, narrei este triste e lamentável episódio já velho de talvez 30 anos. Sabia que era, sobretudo, da Holanda, com o seu célebre Catecismo Holandês, e tantos teólogos de vanguarda, que se estavam a difundir as mais perversas interpretações do catolicismo.(Nota: a comunhão na mão começou aqui e até chegou a haver máquinas para distribuir as Sagradas Espécies!).

Depois de ler o livro do Cardeal Eijk a que já me referi, pensei que nunca mais veria uma boa notícia do catolicismo deste país. Graças a Deus enganei-me rotundamente.

Quanto à Declaração “Fiducia supplicans” têm sido inúmeras as Conferências Episcopais que se lhe têm oposto vigorosamente com  inúmeros Bispos e Leigos e sobre estas posições calam-se os media!

A Conferência Episcopal Portuguesa decidiu apoiar “ Fiducia supplicans”.

A Conferência Episcopal dos Países Baixos… decidiu opor-se-lhe! Esperava tudo menos esta reacção sensata, coerente com a nossa Fé e fiel ao que sempre foi o ensinamento da Igreja Católica por parte uma Igreja local em derrapagem acelerada há muitos anos! Um comunicado emitido pela Conferência Episcopal dos Países Baixos não autoriza bençãos nem orações para pares que possam interpretar-se como aprovação de estilo de vida em contradição com o ensinamento moral da Igreja Católica. Já em 2022 o Cardeal Eijk pediu à Santa Sé que proibisse os Bispos belgas (flamengos) de conferirem bênçãos a pares homossexuais para as quais até fizeram um ritual apropriado, pois tal contradiz radicalmente o ensinamento de sempre da Igreja e, mais recentemente, de uma sentença da Ex- Congregação para a Doutrina da Fé, ante- Cardeal Tucho.

Afinal, há ainda bom senso e sentido de fidelidade aos ensinamentos da Igreja e que não podemos alterar mesmo sendo cada vez menos mas mais “ politicamente incorrectos”. Um bom exemplo que nos chegou dos Países Baixos onde os católicos são cada vez menos e a tentação dos Bispos poderia ser ir na corrente. Mas não. Preferiram a sã doutrina.

Posso manter- me calado e não manifestar a minha alegria? Este facto alimenta a minha esperança.

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes

 

  

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