SILERE NON POSSUM
(Não me posso
calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.”
Carta aos meus amigos – nº 78
BRAGA , 22 – FEVEREIRO - 2024
+
PAX
Já demos conta onde estamos e para onde vamos?
O Ocidente vive uma das suas maiores crises civilizacionais de sempre. Sem dúvida que podemos comparar este desastre
ao colapso do Império Romano. Não há instituição fundamental que já não esteja,
abalada, adulterada e desfigurada. Naquele , no Império Romano, a Igreja era o
“ esteio” firme. Hoje deixou de o ser. Triste dizê-lo e escrevê-lo mas é a
realidade que todos os dias nos traz mais um sinal de colapso.
Não escapa o Indivíduo, a Pessoa
Humana, sobretudo com a intrusão agressiva e intolerante da “ Teoria do
Género”, o transhumanismo e com a concretização do pensamento woke mesmo em
pessoas de onde não se esperava.
A Família, estrutura social,
cultural, espiritual e económica natural, anterior a qualquer Estado, vive a
sua destruição advogada massivamente e implementada pela legislação. Somos “
bombardeados” a toda a hora com ideias que já desfizeram aquela na sua
constituição e missão, perante a complacência e anuência dos decisores de todo
o tipo e o silêncio cobarde da maioria.
A Educação cumpre muito bem não
só a apropriação das crianças e jovens a quem incute as mentiras mais
descaradas como se ocupa ditatorialmente, em áreas vitais para a estruturação
do ser pessoa, mentiras e falsas teorias anti-científicas e anti-naturais que
apresenta como indiscutíveis sem que os pais reajam ou, se reagem, são poucos.
A Igreja Católica … bem, basta
estar minimamente atento ao que os media dizem. E ver os resultados. Passam a
ideia falsa de que quem não acredita no chamado “ espírito” do II Concílio do
Vaticano, como o verdadeiro nascimento da Igreja. Quem ousa pensar diferente,
não pode ser incluído incluindo-se tudo. Este é um miserável “ conservador” que
tem de ser banido e perseguido. Fazem-se as mais extravagantes experiências.
Escrevem-se textos delirantes em perfeita contradição com as “ fontes” da
Igreja e dos seus princípios. Em nome do “ espírito” do dito Concílio
promovem-se leituras que não encontramos nem nos textos sagrados nem nos do II
Concílio Vaticano. Perseguem-se ferozmente os católicos (leigos e consagrados),
sobretudo jovens que nunca viveram antes do Concílio, por causa do Rito de
celebração da Santa Missa e que gostam, apreciam e rezam sinceramente com a
forma anterior da celebração. Ensinam-se princípios absolutamente contrários ao
Catecismo da Igreja Católica (posterior ao Concílio), por exemplo no domínio da
sexualidade ou da Família.
Recentemente saíram notícias que
nos deveriam por em questão como e o que se transmite sobre as verdades da Fé:
1.
«uma maioria dos franceses não crê em
Deus. À questão “ Pessoalmente, acredita em Deus?», 51 % responderam “Não”
. ( dados do IFOP para a Asociação dos jornalistas de informação sobre
religiões ( 23 de Setembro 23).
2.
«Para a maioria dos alemães, a
religião não tem qualquer importância a nível pessoal. Para 61% não é “
importante” ou “ absolutamente nada importante». ( Fundação Diálogo
para a Paz). Verifica-se, neste país como noutros aliás, um abandono massivo
dos crentes da Igreja Católica.
3.
«Espanha deixa de ser católica: já há
mais ateus e não crentes do que católicos praticantes» ( da comunicação social
espanhola).
4.
Todas as semanas são vendidas e
encerradas igrejas e conventos por toda a Europa, por estarem vazias e sem
fiéis ou religiosos. Empiricamente, posso afirmar que o número de católicos
portugueses que vai à Missa ao Domingo não cessa de diminuir.
Desconheço os dados do que se passa
em Portugal. Creio que a situação não será muito diferente, com a agravante da
falta de cultura religiosa dominante generalizada.
Entretanto (escrevo ou não escrevo?) … sim,
vou dizer o que me vai na alma como católico pecador que todos os dias se
esforça por ser menos pecador. Vivo nestes tempos numa profunda desilusão,
desencanto e numa tristeza indizível. Já aqui o escrevi, e agora repito, que,
por exemplo, quanto à Santa Missa, reconheço a total validade do Ordo Missae de
Paulo VI e só quero que seja bem celebrado ( em português ou latim), sem
invenções e acrescentos ou supressões. Reconheço a total validade do Ordo
Missae de S. Pio V, nele fui criado até aos meus 19 anos, gerou inúmeros santos
e foi celebrada em todas as latitudes e com povos de todas as línguas ( não
seria assim tão abominável e merecedor de proibições odiosas hoje), sobretudo,
estou muito grato ao saudoso Papa Bento XVI com a publicação do Motu Próprio
Summorum Pontificum, afrontosamente anulado ( na realidade não foi anulado,
simplesmente vigorosamente limitado o seu uso), ainda em vida do seu autor pelo
Papa Francisco e sem respeito nenhum pelos católicos
sinceros que preferem este rito e cujo número não cessa de aumentar… É isto
promover sinodalidade e inclusividade? Mas, caros Amigos-leitores,
entretanto já surgiu aceleradamente um novo Ordo: abençoam-se pares
homoafectivos, transexuais podem ser padrinhos em Baptizados e, espanto dos
espantos e escândalo entre os escândalos, fazem-se funerais “ católicos” de
transexuais ateus. Não estou a inventar! Na Catedral de Nova Iorque, de S.
Patrício, “ Cecilia” Gentili, um argentino que aos 26 anos emigrou para os EUA,
traficou drogas, mudou de género e, por isso, passou a “Cecilia”. O seu funeral
foi … a apoteose da loucura e do sacrilégio. Deram-se acção de graças à “
puta”, à “ mãe das putas”, à santa, ao travesti e até se cantou “ Ave
Cecilia”!!!. Segundo os media esta Catedral construída por católicos irlandeses
para católicos e seu culto, em que se mantém, parecia um verdadeiro bordel “
rasca”, cheio de plumas esvoaçantes, lantejoulas, mamas postiças que” saíam”
das roupas extravagantes, tacões de sapatos que dariam vertigens a uma mulher
normal…Tudo muito e exuberantemente carnavalesco neste novo “ Ordo” trans,
início, creio bem, de um novo rito que vai, devagarinho, substituir o actual (
já se decoram igrejas , programas pastorais, altares e paramentos litúrgicos
com as cores LGBTQI+). Entretanto, perseguem-se e insultam-se (indietristas!)
católicos que querem rezar segundo o chamado “ Vetus Ordo” ou Forma
Extraordinária da Missa. Aliás, para a implementação do Trans Ordo, Fiducia
supplicans já deu o “ ponta pé “de partida!
Será assim que se contraria a
tendência crescente de abandono da crença e prática religiosa?
Não aguento ficar calado! Quem se
sente incomodado com o que aqui escrevo nestas Cartas, não as leiam e, por favor,
enviem um mail dizendo que as dispensam ou não querem receber mais. Obedecerei
cegamente, mas ninguém me pode impedir de usar a Liberdade que Deus me deu e de
que me há-de pedir contas do uso que faço dela. Não me cancelarão! Lanço aqui o
desafio a alguns leitores que acham que o que escrevo está errado ou é
fundamentalista: digam que não querem receber estas minhas Cartas. Continuarei
fiel, com muito esforço, às promessas do meu Baptismo e isso é que me importa.
No Juízo Final, em que creio firmemente, serei eu o julgado pelo que escrevo e
pelo caminho que sigo. Ninguém será, podem crer, julgado por mim.
SILERE NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes
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