segunda-feira, 23 de junho de 2025

 

O Profeta Elias no Monte Carmelo e o alerta espiritual para o nosso tempo


O mundo antigo está longe de estar enterrado. Apesar da nossa era tecnológica e científica, os velhos deuses parecem reaparecer — não sob estátuas de pedra, mas por meio de ideologias e práticas que, muitas vezes, cultivam a morte, o ego absoluto e a destruição da ordem natural. O culto a Baal, deus cananeu da fertilidade e da tempestade, foi severamente condenado pelos profetas bíblicos, em especial Elias, que o enfrentou no Monte Carmelo com coragem e fé. Terá esse episódio algo a dizer-nos hoje? Estará Baal, sob novos nomes, a regressar ao mundo moderno?

Quem foi o Profeta Elias?

Elias (do hebraico Eliyahu, que significa “O Senhor é o meu Deus”) foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento. Viveu no século IX a.C., no Reino do Norte de Israel, durante o reinado de Acab e Jezabel. Foi enviado por Deus num tempo de grande apostasia, quando Israel abandonava a aliança com o Senhor para seguir falsos deuses, sobretudo Baal e Aserá.

Homem de oração, austeridade e coragem, Elias é recordado não apenas pelos seus milagres, mas pela sua fidelidade absoluta a Deus, mesmo diante de perseguições. Viveu a maior parte do tempo em retiro, no deserto ou em locais isolados, e foi alimentado milagrosamente por corvos e por uma viúva em Sarepta. Segundo a tradição bíblica, não morreu: foi arrebatado ao céu num carro de fogo (2 Reis 2,11), o que o tornou símbolo escatológico da vinda do Messias. No Novo Testamento, Elias aparece com Moisés na Transfiguração de Jesus e é considerado uma prefiguração de João Batista.

O contexto do confronto no Monte Carmelo

O episódio do Monte Carmelo (1 Reis 18) ocorre num tempo de grave decadência espiritual em Israel. O rei Acab, influenciado pela sua esposa fenícia Jezabel, introduziu o culto a Baal e Aserá, promovendo o sincretismo e afastando o povo do Deus de Israel (YHWH). Elias surge então como uma voz solitária mas fiel, chamando o povo ao arrependimento.

O desafio no Monte Carmelo

Elias propôs uma prova decisiva: cada lado ofereceria um sacrifício, mas sem acender fogo. O Deus que respondesse com fogo do céu seria reconhecido como o verdadeiro. Os 450 profetas de Baal clamaram, dançaram, mutilaram-se — tudo em vão. Elias, com simplicidade, reconstruiu o altar do Senhor, encharcou o sacrifício com água e orou. Deus respondeu com fogo que consumiu o altar inteiro, e o povo caiu por terra, exclamando: “O Senhor é Deus!”.

Significado espiritual

O episódio simboliza muito mais do que uma competição religiosa. Elias representa a coragem profética, a fidelidade inabalável ao Deus único e o combate à corrupção espiritual. Jezabel, por outro lado, personifica a aliança entre poder político e idolatria, a perversão da moral e o domínio estrangeiro sobre o coração do povo. A vitória no Carmelo foi, sobretudo, uma restauração da aliança espiritual com Deus.

Atualidade e paralelos contemporâneos

Hoje, os deuses mudaram de nome, mas os sacrifícios persistem. Que dizer das nações que legalizam o aborto como um direito absoluto? Da eutanásia promovida como solução final? Das guerras orquestradas por interesses obscuros? Tudo isto nos recorda os sacrifícios humanos oferecidos a Baal e Moloque. Sob o manto da “liberdade” ou da “ciência”, muitos voltaram a oferecer os mais fracos no altar do poder e do prazer.

Assistimos ao renascimento simbólico de Baal também através de movimentos que glorificam o caos, a inversão da ordem natural, e até mesmo o culto a Saturno — identificado por muitos autores antigos como uma forma do mesmo Baal. Por detrás da fachada cultural ou filosófica, há frequentemente uma rebelião espiritual contra Deus e contra a vida.


O Monte Carmelo não é apenas uma memória do passado — é um apelo ao presente. Elias convida-nos, hoje como ontem, a escolher a quem queremos servir. Devemos ter a coragem de enfrentar os falsos deuses do nosso tempo, mesmo que isso nos torne vozes solitárias. A vitória de Elias mostra que Deus responde ao clamor sincero dos fiéis e que o fogo do céu ainda pode descer quando se defende a verdade, a vida e a justiça.

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