Dia dos Avós: Fui ao funeral de uma Avó.
Não era a minha Avó, mas tinham sido amigas. Não conheci o Avô dos seus netos mas dizem que era muito amigo do meu Avô. Em todo o caso, foram dois casais unidos por uma grande cumplicidade e confio que, no colo materno de Deus, agora os quatro intercedem pelas famílias que construiram.
A Dona Ló do Álvaro (ou Ló do Supermercado) mais do que mulher era uma Senhora, mais do que senhora era uma Dama, mais do que dama era uma instituição! Do alto dos seus 92 anos, não deixava de testemunhar o quanto vale a pena ter um coração generoso, ser justo e trabalhador. Da última vez que a encontrei (quase tão pequenina quanto a cadeira em que se sentava) no café de um dos seus filhos, contou-me que a sua segurança e refúgio sempre tinha sido o Coração de Jesus, durante os altos e baixos da vida. Os seus modelos eram a Beata Alexandrina e os Apóstolos; o seu grande amor era Jesus no sacrário.
Se pudesse enviar um recado, ter-lhe-ia pedido que beijasse os meus avós por mim outra vez e lhes dissesse que os amo. Ontem, havia flores na porta fechada do supermercado (há já muitos anos gerido por uma filha) e hoje a igreja paroquial encheu-se de netos e bisnetos, para além de vizinhos e amigos de todas as gerações. A profecia era oportunamente do livro de Josué, filho de Sirac:
«
Celebremos os louvores dos homens ilustres, dos nossos antepassados através das gerações.
Foram homens virtuosos e as suas obras não foram esquecidas.
Na sua descendência permanece a excelente herança que deles nasceu.
Os seus filhos são fiéis à aliança e, graças a eles, também os filhos dos seus filhos.
A sua descendência permanece para sempre e jamais se apagará a sua memória.
Os seus corpos repousam em paz e o seu nome vive através das gerações.
Os povos proclamam a sua sabedoria e a assembleia canta os seus louvores.
»
Lembrei-me de tudo quanto ouvi dizer sobre o Álvaro do supermercado, que eu nunca conheci. Lembrei-me também de muitos Avós de quem me despedi naquela igreja, incluindo os meus. Lembrei-me ainda daqueles que, sem família biológica, tinham uma descendência adotiva numerosa, pelo bem que espalharam. Quando o próprio Reitor fez silêncio porque a emoção lhe dificultava continuar a homilia, ressoaram na minha memória os versos do Salmo 32:
«Eis que o pensamento do Senhor vela pelos que o temem, por aqueles que esperam na sua misericórdia, para libertar da morte as suas almas e os alimentar no tempo de fome.»
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