terça-feira, 5 de agosto de 2025

Reflexão sobre a Fé e a Vocação

Hoje em dia estamos até mesmo um pouco mal acostumados com a letargia da Fé, sendo que esta muitas vezes nos é apresentada como um fator social pró-forma para preencher uma lacuna da vida das pessoas — uma Fé que se apresenta de forma bastante diluída em um mundo bastante morno ou já bastante frio com relação à grandeza da revelação divina e da ação do Espírito Santo no mundo.

Se a Fé muitas vezes nos é apresentada como um "calmante", tendemos a não ter maiores anseios, maiores adesões, até mesmo maiores questões ao que nos revela a Fé, diminuindo-a diante de nós e diminuindo-nos diante dela.

A adesão a Cristo deve ser pensada de maneira ousada e nos requer um empenho total, a tempo ou a contratempo, em momento oportuno ou inoportuno, mas deve ser total e buscar humildemente o sentido de tal adesão e aceitação e, a partir disso, iluminados pela conversão que o Espírito de Deus nos propicia, caminharmos livres e decididos na estrada da Igreja.

E, de um ambiente ao outro, a leitura do prólogo da Regra dos Cavaleiros de Santa Maria me foi um golpe — um golpe de espada — em um momento em que o ambiente nos despertava muitas vezes à leveza da Fé, sendo esta quase sempre insuportável de ser sustentada.

Por isso, compartilho com os que aqui passarem este trecho que foi o começo do meu caminho na MSM:

> "Cristão que te preparas para ler esta Regra, liberta por um instante o teu espírito das preocupações terrestres, e mergulha o teu olhar no mistério de Deus. É nas perspectivas divinas que és convidado a escolher um novo gênero de vida, caracterizado pela fidelidade absoluta ao Senhor. Porque este livro não interessa somente à tua inteligência, mas também à tua vontade, o teu corpo, os teus atos. Se aceitas o programa que ele te propõe, ser-te-á preciso tornares-te um outro homem, um cavaleiro pronto a sustentar duros combates pela honra de Deus, decidido a construir um mundo cristão conforme ao desígnio divino. Se temes o esforço e procuras a tua própria tranquilidade, se aceitas sem revolta o reino da mediocridade, da hipocrisia e do vício, este livro não é para ti: fecha-o e continua na tua falsa paz. Se não, recolhe-te, e escuta."

Na terra, Deus nos chama mais para os desafios do que para a satisfação de nossos desejos. Esta é a troca que fizemos, para que a vontade de Deus e seus desígnios sejam amorosamente assumidos e que os nossos desejos e vontades sejam cuidadosamente tratados a fim de mais e melhor servir à vontade de Jesus Cristo, Nosso Senhor, sempre seguros nas mãos de Santa Maria.

Mas ainda nem é fácil pensar e seguir isso; parece haver um embate constante entre o homem velho e o homem novo. O homem velho, quando ameaçado de ser abandonado, parece propor-se a lutar com audácia; se não nos faz morrer, acaba por tornar o homem novo melhor.

Assim, caminhamos diante de tal propósito; às vezes nos é o caso de baixar a cabeça e pensar "será que consigo?", "será que posso?". A estas perguntas o tempo nos dirá a resposta, mas a verdade é que o chamado a esta vocação me parece tanto ou mais insistente do que as minhas limitações e fraquezas.

Estou de pé, cuidando para não cair.

Salvai-nos em Cristo, ó Santíssima Virgem Maria!

Pax et Fides!

Eu, João, o menor dos cavaleiros de Santa Maria.

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