PELOS ABANDONADOS
ENTRE OS ABANDONADOS: os DALITS
LEMBREMO-LOS NO 2º DOMINGO DE NOVEMBRO
Apesar da Constituição da União Indiana ter abolido o terrível e
desumano sistema de castas, estas continuam a existir , de facto, na Índia do
século XXI.
A casta mais inferior são os DALITS. Associam-se estas pessoas à fome,
ao sofrimento, à exclusão social mais horrível, à miséria mais radical. São os
intocáveis. Não têm direitos. Não têm nada. Resta-lhes estender a mão a uma
sociedade que os exclui de tudo.
Os trabalhos mais violentos, sujos e desprotegidos são os únicos que
podem exercer. São os dalits que limpam, sem qualquer protecção ou cuidados
sanitários, os esgotos mais imundos, sobretudo da capital deste grande país.
São muitos os dalits que morrem nestes trabalhos sem qualquer protecção deixando a família ainda mais pobre. São
muitos os dalits que morrem ao longo do ano não se sabendo, na realidade,
quantos, porque são excluídos, e, por isso, não entram nas estatísticas
oficiais. Calcula-se que em cada cinco dias morre nos trabalhos em esgotos um
dalit .
Sem direitos, os dalits são 60% dos cristãos da Índia e, por isso, além
de rejeitados pela sociedade são igualmente vítimas de perseguição por motivos
religiosos. Os dalits são duplamente marginalizados. Podemos, por isso, ficar
indiferentes, quanto a esta espécie de racismo e de exclusão social ?
Na passada Quaresma, a Fundação Pontifícia AJUDA À IGREJA QUE SOFRE,
lançou , a nível mundial, uma campanha de sensibilização da opinião pública
sobre a situação dos dalits. « A defesa dos intocáveis é também uma prioridade
para a Igreja na Índia” ( AIS). O Conselho Nacional de Igrejas da Índia e a
Igreja Católica, resolveram que o segundo domingo de Novembro passaria a ser
celebrado como o “ DIA DE LIBERTAÇÃO DOS DALITS”.
Esta proposta deve ser uma prioridade para todos nós. Que cada um de
nós se sinta um dalit!
Assim, tomo a liberdade de convidar todas as comunidades cristãs a
assinalarem esta data pelos dalits. Que ninguém nem nenhuma comunidade fique
indiferente. Comecemos já a preparar esta celebração. Aliás, para quem é da
Arquidiocese de Braga, pode de tomar esta iniciativa inscrevendo-a no ponto 1
do Programa Pastoral da Arquidiocese para 2018/19 ( “ Participação activa e
criativa), sobretudo quando lá se refere : “ Há novos caminhos a seguir com
ousadia e paciência”. Colaborar na libertação dos dalits é um caminho que não
podemos ignorar. Ou, no ponto 6 titulado : “ Alargar os horizontes da missão”.
Alargá-los sem medo, abraçando, sobretudo pessoas que estão nas margens das
nossas preocupações e da nossa abundância. Não há fronteiras nem longe nem
perto quando conhecemos situações que deveriam envergonhar toda a humanidade.
Os dalits moram, ou melhor, devem morar na nossa casa, connosco e com eles
partilharmos a nossa existência. Por cada dalit que morre afogado ou intoxicado
nos esgotos da Índia uma parte de nós deveria sentir-se morrer na cumplicidade
do nosso silêncio cobarde e burguês.
Carlos Aguiar Gomes
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