sábado, 26 de setembro de 2020

Arcebispo de Mossul na lista ao Prémio Sahkarov

 Arcebispo de Mossul na lista ao Prémio Sahkarov pela defesa dos cristãos durante a invasão jihadista

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Fundação AIS - Departamento de Informação

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IRAQUE: Arcebispo de Mossul na lista ao Prémio Sahkarov pela defesa dos cristãos durante a invasão jihadistaIRAQUE:

Arcebispo de Mossul na lista ao Prémio Sahkarov pela defesa dos cristãos durante a invasão jihadista

Lisboa, 23 de Setembro de 2020 | PA

 

O Arcebispo de Mossul, D. Najeeb Moussa Michaeel, é um dos nomes propostos pelo Parlamento Europeu para a atribuição do Prémio Sahkarov deste ano. O prelado teve um papel determinante na salvaguarda de preciosos manuscritos que se encontravam nesta cidade onde a 29 de Junho de 2014 o líder do Daesh haveria de proclamar o ‘Califado’ jihadista.

Foram tempos de medo com milhares de cristãos em fuga perante as ameaças mais sinistras. Entre os que abandonaram a cidade estava o dominicano Najeeb Moussa. O actual Arcebispo de Mossul conseguiu colocar em segurança cerca de 1300 manuscritos que são um testemunho eloquente da cultura cristã no Iraque.

D. Najeeb, que agora o Parlamento Europeu pretende homenagear e que foi indicado como um dos possíveis nomes para a atribuição do prestigiado Prémio Sahkarov, iria regressar à cidade em 2019, onde celebrou a Páscoa, já como arcebispo caldeu. Para a comunidade cristã, mesmo os que ainda não conseguiram regressar a casa, a possível atribuição do Prémio Sahkarov a D. Najeeb será muito relevante. Ele, de alguma forma, representa toda a comunidade que foi escorraçada das suas terras por um dos mais sanguinários grupos terroristas de que há memória.

O próprio Parlamento Europeu justifica o nome do Arcebispo de Mossul como um dos cinco finalistas para o prémio deste ano pelo seu papel na defesa dos cristãos e na salvaguarda dos preciosíssimos manuscritos que datam do século XIII ao século XIX. D. Najeeb Moussa Michaeel “garantiu a evacuação dos cristãos, sírios e caldeus para o Curdistão iraquiano e salvaguardou mais de 800 manuscritos históricos”, pode ler-se na nota biográfica sobre os candidatos ao Prémio Sahkarov.

Numa entrevista em 2018 à Fundação AIS, como director do Centro Digital dos Manuscritos do Oriente, em Erbil, Najeeb Michaeel contou como se deu o ataque dos jihadistas e como decidiu salvar os documentos.

“Mesmo antes do ISIS [ou Daesh] ter chegado e ocupado a nossa terra, o nosso mosteiro, senti que algo muito grave nos ia acontecer, especialmente em Qaraqosh, na Planície de Nínive. Por isso, decidi colocar todas estas colecções, muitos tipos de colecções, no camião grande e levá-las da Planície de Nínive e Mossul para Erbil, no Curdistão. É muito importante para nós salvar a nossa herança e salvaguardá-la para as gerações futuras.”

Nessa entrevista, o actual Arcebispo de Mossul explicava que a comunidade cristã iraquiana é muito antiga, tem dois mil anos de existência. “Temos muitas gramáticas e dicionários dos sécs. XII e XIII, principalmente em aramaico, a língua de Jesus Cristo. É a nossa língua mãe. Temos orgulho em conservá-los e também muitas coleções muçulmanas do Corão, do Hadiz, do Alfiya lbn Malik. E também alguns manuscritos yazidis.”

Todos os manuscritos que foram postos a salvo são património da humanidade. “Quando pego num manuscrito – disse ainda Najeeb Michaeel à Fundação AIS – penso nas muitas centenas, talvez milhares, de alunos que o terão utilizado. Prepararam a madeira, a pele, o papel, tudo, e rezaram por ele durante mais de mil anos. Quantos olhos, quantas bocas, quantas mãos não o terão tocado e usado até agora. É por isso que é tão importante conservá-lo e mantê-lo na nossa antiga comunidade…”

Além do Arcebispo de Mossul, são também candidatos ao Prémio Sahkarov deste ano, entre outros, a oposição democrática na Bielorrússia e activistas ambientais hondurenhos.

Prémio Sakharov para a liberdade de consciência, no valor de 50 mil euros, procura honrar a memória do dissidente soviético e cientista Andreu Sahkarov. Estabelecido em 1988 pelo Parlamento Europeu, este prémio já consagrou figuras como Nelson Mandela, da África do Sul, em 1988; Xanana Gusmão, de Timor-Leste, em 1999; D. Zacarias Kamwenho, de Angola, em 2001; a oposição democrática da Venezuela, em 2017; e, no ano passado, a Ilham Tohti, defensor dos direitos humanos uigur, professor de economia e defensor dos direitos desta minoria na China.

 

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