Em 1968, o Papa Paulo VI escrevia a encíclica Humanae Vitae, que serviu como uma resposta da Igreja ao decadente período histórico — a data de sua publicação coincide com o período das revoluções estudantis, principalmente com a de maio de 1968, que repercutiram no festival de Woodstock. Esses movimentos são a culminância do que já havia sido gestado na escola de Frankfurt. — em que a objetificação do homem, a dessacralização do sagrado e a decadência da moralidade são o denominador comum.
É frequente pintarem a Humanae Vitae somente como “a encíclica que trata da regulação da natalidade”. Entretanto, essa visão reducionista tira de cena o essencial: a encíclica não quer tratar da regulação, ela quer tratar da propagação da vida humana. O cerne da encíclica é a reta cooperação do homem no milagre da vida. E essa questão não é nenhuma “virada” no ensinamento da Santa Igreja, mas a reafirmação da reta doutrina de sempre. Quando o papa promulga a encíclica, ele simplesmente continua dizendo, em alto e bom som, o que a Igreja sempre ensinou. Portanto, os conflitos de aceitação que ela gerou não dizem respeito à própria encíclica e seu conteúdo, mas à falta de fé das pessoas.
A Humanae Vitae foi mal recebida porque, já naquele período, havia um problema de fé. E a fé é uma realidade que, quem perde, não nota que perdeu. Por isso não é estranho notar que muitos dos que rejeitam os ensinamentos da Igreja sobre a reta sexualidade humana, a dignidade da vida familiar, por exemplo, são católicos que frequentam os bancos das nossas Igrejas e as pastorais paroquiais cotidianamente.
Tanto é que, nos meios ditos católicos, não é raro ouvir comentários sobre famílias que lançam mão de métodos contraceptivos — lembrando que todo método contraceptivo é reprovado pela Igreja, inclusive o Billings, se usado com finalidade contraceptiva — usando de falidos argumentos como: “queremos esperar para dar um futuro melhor para nossos filhos”, “não podemos ter muitos filhos em um mundo como este, onde há guerras, fome, violência desenfreada”. No fim das contas, o que se vê é apenas a avareza. Querem “juntar dinheiro” para dar um futuro aos filhos que poderão chegar. Mas que futuro os pais darão se estes filhos não existem? Que futuro darão aos filhos que não nascem?
Se o problema é a fome, as guerras, as dificuldades, por que, em vez de usarem da inteligência para o maléfico controle de natalidade, não a utilizam para melhorar o mundo, diminuir a fome, a violência e as guerras? Não utilizam porque o argumento é falacioso!
A real verdade sobre o uso dos métodos contraceptivos é que o homem chegou ao ponto da animalidade. Faz-se a castração (ainda que momentânea, como no caso dos contraceptivos) porque já não são mais capazes de se abster do sexo. Bem verdade, dizer que se “animalizaram” é injusto com os animais, que compreendem (pela natureza) que o fim último da relação sexual é a continuação da vida.
Quando Papa Paulo VI fala da união sexual, ele deixa claro a finalidade natural dela: a propagação da vida humana. Quando o sexo está desassociado dessa sua finalidade, condena à morte toda a sociedade. A mentalidade contraceptiva condena o homem à sua própria extinção. Disso entendemos que o maior perigo para os nossos filhos não é a guerra, a fome, a peste. O perigo real é impedir que vejam o céu, porque o dom da vida lhes foi tolhido pela mesquinhez, pela ganância, pela gigante avareza.
Mesmo usando pouco a inteligência, qualquer pessoa nota que a primeira consequência dos anticoncepcionais — e aqui causando revolta em muitos que se dizem católicos — é a infidelidade matrimonial. Isto porque, antigamente, quando se falava em relação sexual, falava-se em compromisso. Nas entrelinhas estava que aquelas pessoas se amavam, que gostariam de ter uma aliança, um vínculo duradouro. Hoje não é mais assim. O que impede um homem ou uma mulher de terem relações sexuais fora do casamento? Nada! Não há mais a noção de fidelidade; tudo é provisoriedade.
A segunda consequência — e não menos importante — é a manipulação objetificada do outro. Quando o anticoncepcional está em jogo, o outro é apenas minha fonte de prazer, nunca meu oásis de fidelidade.
Enquanto católicos, precisamos exorcizar de nosso meio não apenas esses males já citados, mas também as malditas laqueaduras e vasectomias espirituais. A prática espiritual precisa nos libertar dessa esterilidade na fé. É preciso ser fecundo! O que a Igreja nos ensina nunca pode ser para nós um peso, mas uma experiência do que será pleno no céu. Deus nos chama à fidelidade terrena porque deseja que possuamos a felicidade eterna, porque “aquele que for fiel até o fim será salvo”. (cf. Mt 24, 13).
Autor: Josimar Rodrigues
MSM Brasil
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