sábado, 12 de março de 2022

12 de Março - dia de S. Gregório Magno, Beneditino, Papa e Doutor da Igreja

 


 

                                                                S. GREGÓRIO MAGNO

 

Quem entra na cripta da Basílica de S. Bento da Porta Aberta, encontra à sua esquerda, uma formosa e estilizada estátua em bronze de S. Gregório Magno. Obra do escultor António Barroso Pacheco, de Cabeceiras de Basto, falecido vai fazer 10 anos em 30 de Dezembro p.f.. Esta estátua procura assinalar a importância para o conhecimento de S. Bento de Núrsia, o nosso S. Bento da Porta Aberta mas também da sua obra extraordinária que o foi de tal modo que mereceu ser conhecido pelo cognome de Magno, Grande.

Mas, quem foi este santo, S. Gregório Magno?

Nascido cerca de 540, ainda em vida de S. Bento, seria da família Anicia, a que pertenceria, igualmente, S. Bento. Foram seus pais, Sta Sílvia e Gordiano.

 S. Gregório Magno foi eleito Papa em 3 de setembro de 590 e morreu como Sumo Pontífice em 12 de Março de 604, provavelmente de gota. Está sepultado em S. Pedro.

A sua obra foi notável, como monge, como Papa, como escritor (Doutor da Igreja) e como mediador político.

Da sua preciosa herança, deve destacar-se a primeira biografia de S. Bento, incluída no “ Livro dos Diálogos  II“ e que chegou até nós em sucessivas edições em múltiplas línguas e a compilação do canto litúrgico, o canto oficial da Igreja ainda hoje, o chamado «Canto Gregoriano», cuja designação nos remete para a agente compilador, o Papa S. Gregório Magno, ainda que se acredite que não teria composto música. Só esta colectânea, fundamental para o estudo da música ocidental e para uma verdadeira espiritualidade pela e com a música, chegaria para tornar famoso S. Gregório Magno. Diz-se que, ao ditar esta colecção de cânticos litúrgicos, o escriva, Paulo, Diácono, teria visto uma pomba, o Espírito Santo, pousada sobre um dos ombros de S. Gregório Magno a ditar-lhe ao ouvido o que aquele deveria escrever, querendo com esta simbólica chamar a atenção para a natureza espiritual deste canto litúrgico, tão mal tratado nos nossos dias.

S. Gregório Magno foi monge beneditino. Fascinado pela vida do Santo de Núrsia, S. Bento, escreveu, cerca de 593, quase 50 anos após a morte ( 547) do nosso Santo Pai e Padroeiro da Europa, de uma forma muito didáctica, sobre a forma de diálogo, a vida daquele santo. Esta encontra-se no segundo livro de “ Vida e Milagres dos Padres de Itália”, com o nome de “ Vida e Milagres do Venerável Bento.Segundo  Dom Gabriel de Sousa (*) e todos os historiadores de S. Bento, “ pôde colher informações directas de monges qualificados que viveram na companhia de S. Bento, e tem o cuidado de nos dizer quem foram: Constantino, sucessor imediato do Santo no governo abacial de Montecassino ( fundado por S. Bento talvez em 529 (**): Simplício, terceiro abade do mesmo arquicenóbio; Valentiniano, abade do mosteiro lateranense de S. Pancrácio, em Roma, onde se tinham refugiado os monges cassinenses fugidos à invasão dos Longobardos ( 577 ); e Honorato, abade de Subiaco, único destes quatro discípulos de S. Bento ainda vivo à data de redacção dos Diálogos.” É por isso que ele, S. Gregório Magno, nos acolhe na entrada da cripta da Basílica de S. Bento da Porta Aberta, como a recordar-nos que o que hoje sabemos de S. Bento se deve à sua admiração pelo Santo de Núrsia. António Pacheco, o escultor a quem devemos esta representação escultórica, soube-nos transmitir, no despojamento de linhas, o carácter de S. Gregório Magno, vincadamente beneditino.

Carlos Aguiar Gomes

(*) – Sousa, Dom Gabriel –“ São Bento – Patriarca dos Monges e Pai da Europa”,Ed. Ora et Labora, Mosteiro de Singeverga, 1980, pág 13)

(**) _ O mosteiro de Montecassino foi destruído e reconstruído várias vezes: a 1ª vez pelos Longobardos em 577, reconstruído no dealbar do século VIII ( 717, por Petronax e Willibaldo), a 2ª vez pelos muçulmanos em 844, foi incendiado e saqueado; a 3ª vez pelos normandos em 1030 , a 4ª vez, em 1349, por um terramoto e a 5ª,  em 1944, com o bombardeamento dos Aliados que arrasou o Mosteiro ( em 24.X.1964, Paulo VI sagrou o templo restaurado, altura em que proclamou S. Bento Padroeiro da Europa). Foi sempre reconstruído e, hoje, continua vivo e grande centro de peregrinação beneditina. Neste mosteiro vive o Abade Primaz.

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