«Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e nos encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à sua morte natural.»
SILERE NON POSSUM
(Não me posso
calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.” (Alexandre
Soljenitsyne)
Carta aos meus
amigos – nº 38
BRAGA , 18 –
Maio - 2023
+
PAX
Desde
1975, pelo menos, que travo uma luta
pelo DIREITO À VIDA, contra o Aborto, nomeadamente. Frequentemente sinto-me
fatigado e repetitivo. Há tantos anos, em artigos, em palestras, debates, conferências ou programas de rádio a dizer o
mesmo: a vida humana começa na concepção, um facto científico e que antes desta
não há vida humana mas células humanas (o óvulo e o espermatozoide) mas que a
junção destas forma um ser uno , único e irrepetível e que tem o direito
primeiro e fundamental de o deixarem viver. É esta uma verdade científica e negá-la
é uma mentira e uma recusa obscurantista que a ignorância ou preconceitos
ideológicos defendem. Sei, tenho a certeza, que a Ciência está do meu lado e de
todos os que, como eu, e somos muitos, a defender esta verdade da Biologia.
Se estou
cansado, e é um facto, sinto-me espicaçado a “ voltar à carga” na defesa dos
mais débeis entre os débeis, todas as vezes que os defensores da chacina
intra-uterina dos bebés por nascer, que são muitos e dispõem de meios poderosos
ao seu dispor, se manifestam em todo o lado, dos Parlamentos aos jornais e
revistas ou outros meios de comunicação. Se eles se repetem , sem novidades,
incansavelmente, por que razão eu deveria ficar calado e , também esgrimir
argumentos a favor da vida humana e ainda por cima com a Ciência do meu lado,
mesmo que de cada vez que o faço, me repita: a VIDA HUMANA começa precisamente
na concepção e defender a sua “ interrupção” é uma mentira infame, pois uma
vida interrompida morre e não volta à vida.
Os “
descontinuadores” da vida humana ou defensores do Aborto ( também da
Eutanásia!) não se fatigam de se repetirem, usando sempre os mesmos argumentos.
Como posso claudicar perante esta “ guerra” contra o Direito à Vida mesmo, tal
como outros, correr o risco de me repetir?
Assim, nesta
Carta, três dias depois de celebrarmos o DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA ( 15 de
Maio), berço da humanidade e tão atacada neste momento histórico da nossa
civilização, irei divulgar um extracto de uma Nota Pastoral dos Bispos de
Espanha sobre a Lei do Aborto neste país e a posição do Tribunal Constitucional
sobre a constitucionalidade de ser considerado um direito constitucional
espanhol o “ Direito ao Aborto” ( 9 de Fevereiro de 2023), apoiando a
construção de um novo paradigma civilizacional “ desconstruindo” o naturalmente
vigente de que a Vida Humana começa na concepção.
Face à nova
posição do dito Tribunal Constitucional, os Bispos espanhóis escreveram:
« … Defendemos a dignidade de cada pessoa
humana, criada à imagem e semelhança de Deus, independentemente da sua idade,
raça, estado de saúde.
1. Só
se poderia afirmar o direito ao aborto no caso de o embrião ou o feto não
fossem nada; mas, o não nascido não é uma coisa, é um ser humano. Assim,
qualificar como direito a eliminação de modo voluntário da vida de um ser
humano inocente é sempre moralmente mal. Com esta lei, o ser humano nos
primeiros momentos da sua existência é um verdadeiro sem papéis, candidato à expulsão do ventre materno.
2. Queremos
reiterar o nosso apoio incondicional às mulheres que sofrem as consequências de
uma gravidez não desejada, oferecendo-lhes a ajuda eficaz da Igreja, através de
tantos programas e associações, recordando-lhes que a morte do filho que trazem
no ventre nunca é a solução para os seus problemas.
3. Recordamos
outra vez que com esta lei os direitos e obrigações do pai do não nascido ficam
inibidos e censurados.
4. Lembramos
que, com resoluções como esta que acaba de ser aprovada, o “ direito” deixa de o ser porque não está já
fundamentado solidamente na inviolável dignidade da pessoa, mas submetido à
vontade do mais forte. Deste modo a democracia, malgrado as suas regras, segue
um caminho de totalitarismo fundamental (S. João Paulo II, in “ Evangelium
vitae”,nº20).
5. Convidamos
os profissionais de saúde a exercerem o seu direito à objecção de consciência,
já que “leis” deste tipo não só não criam nenhuma obrigação de consciência,
mas, pelo contrário, estabelecem uma grave e precisa obrigação de se lhes opor
mediante a objecção de consciência ( id. nº 73) .
6. Animamos
todos os membros do povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade a recusar
qualquer atentado contra a vida, seja trabalhando com valentia e criatividade
por instaurar a tão necessária cultura da vida. Seria muito grave ficarmos de braços cruzados pensando que já
nada se pode fazer.
Que Santa Maria, Mãe da Vida,
guie os nossos passos e os encha de vigor para promover a dignidade da pessia
humana, desde a sua concepção até à morte natural.»
Firmes, claros e precisos, os Bispos espanhóis também não se sentiram
repetitivos e cansados de afirmar o que já têm feito em inúmeras ocasiões o que acabei de transcrever. Deram-me ânimo
para me repetir pela enésima vez. E não continuarei calado. E repetirei as
vezes que forem necessárias o que é a verdade e denunciar o crime mesmo quando
a “lei” o não reconheça como tal.
Na realidade, nem tudo o que é legal é moral!
«Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e os encha de
vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à
morte natural.»
Não me posso calar!
SILERE NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes
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