terça-feira, 24 de outubro de 2023

Uma viagem ao Peru, quase uma epopeia, a terras do fim Uma viagem ao Peru, quase uma epopeia, a terras do fim do mundo… Verdadeiros heróisdo mundo… Verdadeiros heróis

 Uma viagem ao Peru, quase uma epopeia, a terras do fim do mundo…

Verdadeiros heróis

Num país pobre onde muitas comunidades vivem em regiões remotas, de

difícil acesso, e onde há uma grande falta de sacerdotes, os leigos

desempenham um papel essencial. Por isso, eles são, a par dos

missionários, “verdadeiros heróis”. Luis Vildoso, responsável de projectos

da Fundação AIS para a América Latina, esteve de visita ao Peru e a

viagem que fez, a terras quase do fim do mundo, revelou-se uma

verdadeira epopeia…

Luis Vildoso, responsável de projectos da Fundação AIS para a América Latina, esteve

recentemente em visita de trabalho ao Peru e fez questão de ir a alguns dos lugares

mais esquecidos deste país, onde a Igreja está presente junto dos mais pobres e

necessitados. Foi uma viagem dura, quase uma epopeia. “Atravessámos a selva

amazónica, subimos até 5.000 metros acima do nível do mar na Cordilheira dos Andes,

e entrámos no deserto. Estivemos em ‘solo sagrado’, como o Papa Francisco lhe

chama”, explicou Vildoso. Em todos os lugares, foi possível encontrar a presença da

Igreja. Por vezes, os padres ou as religiosas eram mesmo os únicos que estavam junto

dos mais pobres e necessitados. Um relatório do Banco Mundial, publicado em Abril

deste ano, comprova que sete em cada dez peruanos são pobres ou estão em risco de

cair na pobreza. Isto diz muito do que Vildoso encontrou na viagem a este país situado

no sul do continente americano. “A Igreja está presente onde nenhuma outra

instituição está. A Igreja desempenhou um papel fundamental na evangelização na

Amazónia peruana, no sul dos Andes e em algumas áreas da periferia urbana; dedica-

se a evangelizar e atender às necessidades materiais e espirituais do povo. Estou

convencido de que esses padres e missionários veem o rosto de Jesus reflectido

naquelas pessoas, que têm muita sede de Deus”, diz Luis Vildoso. E esta presença

ganha um significado especial precisamente nas regiões onde, pelas suas

características, estão mais longe dos centros de decisão, estão nas periferias da

sociedade.

Arriscar a vida na missão

É o caso da Amazónia. E foi aí, em lugares distantes, longe do conforto das cidades,

longe de tudo, que o responsável de projectos da Fundação AIS encontrou alguns dos

“verdadeiros heróis” da Igreja: os leigos. Na ausência de padres ou de irmãs, são eles

que asseguram o essencial da vida comunitária. “Durante a nossa viagem foi muito

bom ver na Amazónia como os leigos são animadores na Igreja. Eles são os verdadeiros

heróis, são os guardiões da fé em cada comunidade, porque quase não há padres nem

religiosas. São os leigos que celebram a liturgia da palavra, por exemplo, e manifestam

com alegria a sua fé para que o seu povo não a perca”, explica Luis Vildoso. Mas não


são só os leigos os heróis da Igreja no Peru. Os padres, os missionários e as religiosas

desempenham um trabalho notável por vezes em condições tão difíceis, a ponto de

chegarem a arriscar a própria vida. “Penso também nos missionários, entre os quais se

encontram vários estrangeiros nos lugares mais remotos. Foi uma experiência que,

sem dúvida, guardo no coração. Mas, ao mesmo tempo, vê-se como é difícil a missão.

São pessoas que arriscam a vida, porque em algumas estradas, como a rota de Sandia,

na Prelatura de Huancané, há um grande precipício ao lado da estrada e muitos

caminhos não são pavimentados. Os missionários viajam longas distâncias e enfrentam

intempéries. Atravessam o nevoeiro, expõem-se ao sol e ao frio da serra. São

condições muito extremas que eles estão dispostos a viver para servir e cuidar dos

mais necessitados.” Perante este retrato de um país onde falta quase tudo em tantos

lugares, é imperioso apoiar a formação do clero que desempenha um papel

fundamental na promoção social neste país marcado pela desigualdade e pobreza. “Foi

muito bom descobrir que em lugares como a Prelatura de Huancané, a congregação

das Missionárias de Jesus Verbo e Vítima administra e distribui algumas publicações da

AIS como a ‘Bíblia para Crianças’, o ‘Eu Creio’ e o ‘YouCat’. Essas religiosas, por

exemplo, utilizam-nas para o acompanhamento espiritual da população.” Foram dias

cansativos de uma viagem que ficou inesquecível. Em terras quase do fim do mundo,

há pessoas simples que, por se dedicaram apenas aos outros, são verdadeiros heróis…

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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