terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

SILERE 78

 

    SILERE NON POSSUM

         (Não me posso calar – Sto Agostinho)

          Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”

                                     (Alexandre Soljenitsyne)

 

              

                  

 

 

                Carta aos meus amigos – nº 78        

                         BRAGA , 22 – FEVEREIRO - 2024

 

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PAX

 

 

 

Já demos conta onde estamos e para onde vamos?

O Ocidente vive uma das suas maiores crises civilizacionais de sempre.  Sem dúvida que podemos comparar este desastre ao colapso do Império Romano. Não há instituição fundamental que já não esteja, abalada, adulterada e desfigurada. Naquele , no Império Romano, a Igreja era o “ esteio” firme. Hoje deixou de o ser. Triste dizê-lo e escrevê-lo mas é a realidade que todos os dias nos traz mais um sinal de colapso.   

   Não escapa o Indivíduo, a Pessoa Humana, sobretudo com a intrusão agressiva e intolerante da “ Teoria do Género”, o transhumanismo e com a concretização do pensamento woke mesmo em pessoas de onde não se esperava.

   A Família, estrutura social, cultural, espiritual e económica natural, anterior a qualquer Estado, vive a sua destruição advogada massivamente e implementada pela legislação. Somos “ bombardeados” a toda a hora com ideias que já desfizeram aquela na sua constituição e missão, perante a complacência e anuência dos decisores de todo o tipo e o silêncio cobarde da maioria.

   A Educação cumpre muito bem não só a apropriação das crianças e jovens a quem incute as mentiras mais descaradas como se ocupa ditatorialmente, em áreas vitais para a estruturação do ser pessoa, mentiras e falsas teorias anti-científicas e anti-naturais que apresenta como indiscutíveis sem que os pais reajam ou, se reagem, são poucos.

   A Igreja Católica … bem, basta estar minimamente atento ao que os media dizem. E ver os resultados. Passam a ideia falsa de que quem não acredita no chamado “ espírito” do II Concílio do Vaticano, como o verdadeiro nascimento da Igreja. Quem ousa pensar diferente, não pode ser incluído incluindo-se tudo. Este é um miserável “ conservador” que tem de ser banido e perseguido. Fazem-se as mais extravagantes experiências. Escrevem-se textos delirantes em perfeita contradição com as “ fontes” da Igreja e dos seus princípios. Em nome do “ espírito” do dito Concílio promovem-se leituras que não encontramos nem nos textos sagrados nem nos do II Concílio Vaticano. Perseguem-se ferozmente os católicos (leigos e consagrados), sobretudo jovens que nunca viveram antes do Concílio, por causa do Rito de celebração da Santa Missa e que gostam, apreciam e rezam sinceramente com a forma anterior da celebração. Ensinam-se princípios absolutamente contrários ao Catecismo da Igreja Católica (posterior ao Concílio), por exemplo no domínio da sexualidade ou da Família.

  Recentemente saíram notícias que nos deveriam por em questão como e o que se transmite sobre as verdades da Fé:

1.      «uma maioria dos franceses não crê em Deus. À questão “ Pessoalmente, acredita em Deus?», 51 % responderam “Não” . ( dados do IFOP para a Asociação dos jornalistas de informação sobre religiões ( 23 de Setembro 23).

2.      «Para a maioria dos alemães, a religião não tem qualquer importância a nível pessoal. Para 61% não é “ importante” ou “ absolutamente nada importante». ( Fundação Diálogo para a Paz). Verifica-se, neste país como noutros aliás, um abandono massivo dos crentes da Igreja Católica.

3.      «Espanha deixa de ser católica: já há mais ateus e não crentes do que católicos praticantes» ( da comunicação social espanhola).

4.      Todas as semanas são vendidas e encerradas igrejas e conventos por toda a Europa, por estarem vazias e sem fiéis ou religiosos. Empiricamente, posso afirmar que o número de católicos portugueses que vai à Missa ao Domingo não cessa de diminuir.

Desconheço os dados do que se passa em Portugal. Creio que a situação não será muito diferente, com a agravante da falta de cultura religiosa dominante generalizada.

 Entretanto (escrevo ou não escrevo?) … sim, vou dizer o que me vai na alma como católico pecador que todos os dias se esforça por ser menos pecador. Vivo nestes tempos numa profunda desilusão, desencanto e numa tristeza indizível. Já aqui o escrevi, e agora repito, que, por exemplo, quanto à Santa Missa, reconheço a total validade do Ordo Missae de Paulo VI e só quero que seja bem celebrado ( em português ou latim), sem invenções e acrescentos ou supressões. Reconheço a total validade do Ordo Missae de S. Pio V, nele fui criado até aos meus 19 anos, gerou inúmeros santos e foi celebrada em todas as latitudes e com povos de todas as línguas ( não seria assim tão abominável e merecedor de proibições odiosas hoje), sobretudo, estou muito grato ao saudoso Papa Bento XVI com a publicação do Motu Próprio Summorum Pontificum, afrontosamente anulado ( na realidade não foi anulado, simplesmente vigorosamente limitado o seu uso), ainda em vida do seu autor pelo Papa Francisco e sem respeito nenhum pelos católicos sinceros que preferem este rito e cujo número não cessa de aumentar… É isto promover sinodalidade e inclusividade? Mas, caros Amigos-leitores, entretanto já surgiu aceleradamente um novo Ordo: abençoam-se pares homoafectivos, transexuais podem ser padrinhos em Baptizados e, espanto dos espantos e escândalo entre os escândalos, fazem-se funerais “ católicos” de transexuais ateus. Não estou a inventar! Na Catedral de Nova Iorque, de S. Patrício, “ Cecilia” Gentili, um argentino que aos 26 anos emigrou para os EUA, traficou drogas, mudou de género e, por isso, passou a “Cecilia”. O seu funeral foi … a apoteose da loucura e do sacrilégio. Deram-se acção de graças à “ puta”, à “ mãe das putas”, à santa, ao travesti e até se cantou “ Ave Cecilia”!!!. Segundo os media esta Catedral construída por católicos irlandeses para católicos e seu culto, em que se mantém, parecia um verdadeiro bordel “ rasca”, cheio de plumas esvoaçantes, lantejoulas, mamas postiças que” saíam” das roupas extravagantes, tacões de sapatos que dariam vertigens a uma mulher normal…Tudo muito e exuberantemente carnavalesco neste novo “ Ordo” trans, início, creio bem, de um novo rito que vai, devagarinho, substituir o actual ( já se decoram igrejas , programas pastorais, altares e paramentos litúrgicos com as cores LGBTQI+). Entretanto, perseguem-se e insultam-se (indietristas!) católicos que querem rezar segundo o chamado “ Vetus Ordo” ou Forma Extraordinária da Missa. Aliás, para a implementação do Trans Ordo, Fiducia supplicans já deu o “ ponta pé “de partida!   

  Será assim que se contraria a tendência crescente de abandono da crença e prática religiosa?

Não aguento ficar calado! Quem se sente incomodado com o que aqui escrevo nestas Cartas, não as leiam e, por favor, enviem um mail dizendo que as dispensam ou não querem receber mais. Obedecerei cegamente, mas ninguém me pode impedir de usar a Liberdade que Deus me deu e de que me há-de pedir contas do uso que faço dela. Não me cancelarão! Lanço aqui o desafio a alguns leitores que acham que o que escrevo está errado ou é fundamentalista: digam que não querem receber estas minhas Cartas. Continuarei fiel, com muito esforço, às promessas do meu Baptismo e isso é que me importa. No Juízo Final, em que creio firmemente, serei eu o julgado pelo que escrevo e pelo caminho que sigo. Ninguém será, podem crer, julgado por mim.

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes

 


UM GRITO DA IGREJA CATÓLICA DA UCRÂNIA

 

Fundação AIS - Departamento de Informação

Anexos11:24 (há 5 horas)
para Fundação

https://fundacao-ais.pt/wp-content/uploads/2024/02/noticia-wp-15.jpgUCRÂNIA:

“A situação na linha da frente é pior do que o purgatório”, diz Núncio Apostólico à Fundação AIS

 

  • Lisboa, 27 de Fevereiro de 2024 | PA

 

Assinalou-se no sábado, dia 24, o segundo aniversário da invasão da Ucrânia. Numa conferência organizada pela Fundação AIS Internacional, o Núncio Apostólico neste país, Arcebispo Visvaldas Kulbokas, traçou um retrato terrível do sofrimento deste povo. “Estamos a perder centenas de vidas todos os dias”, disse, alertando para a situação extremamente difícil das populações, especialmente as que se encontram nas regiões onde a guerra mais se faz sentir. Um alerta secundado também pelo líder da Igreja Greco-Católica na Ucrânia, D. Sviatoslav Shevchuk.

 

“A Ucrânia está a viver a sua própria Via Sacra.” A frase, de Regina Lynch, presidente executiva internacional da Fundação AIS, sintetizou o que foi dito na conferência, dia 14 de Fevereiro, que juntou, on-line, dois dos principais rostos da Igreja deste país invadido pelas tropas russas faz hoje precisamente 732 dias: o Arcebispo Sviatoslav Shevchuk, e o Núncio Apostólico, D. Visvaldas Kulbokas. Ambos fizeram o retrato de um país que precisa urgentemente de ser auxiliado para superar o drama da violência da guerra.

 

A conferência, organizada pela AIS Internacional, veio sublinhar também a importância de mais uma Campanha global que a fundação pontifícia está a promover em favor da Igreja e do sofrido povo ucraniano e que, nesta Quaresma, irá mobilizar todos os 23 secretariados da instituição, Portugal incluído.

 

Desde que começou a invasão, a 24 de Fevereiro de 2022, já perderam a vida milhares de soldados e, segundo algumas estimativas, mais de 10 mil civis. Calcula-se ainda que cerca de 10 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, as aldeias, vilas e cidades onde viviam. São deslocados da guerra dentro de fronteiras, ou pessoas que vivem agora como refugiados noutros países.

Mas há também muitas outras vítimas. Os que ficaram mutilados – segundo dados da ONU, há mais de 20 mil civis feridos –, os traumatizados, as crianças que foram raptadas e estão na Rússia, os desaparecidos em combate. Situações trágicas que enlutam o quotidiano de todo um povo. Há mulheres jovens que não sabem, por exemplo, o que aconteceu aos seus maridos, mobilizados para a frente de guerra. Elas desconhecem se eles estão vivos ou se caíram em combate. Não sabem se são viúvas ou não.

 

“UM PAÍS A VIVER A VIA SACRA”

 

A Ucrânia está hoje, de facto, numa verdadeira encruzilhada, pois é um país que continua a lutar nas trincheiras pela sua liberdade, mas, por outro lado, trava também uma batalha essencial pela sobrevivência das famílias. E é aqui, junto das pessoas, principalmente das que estão em maior necessidade, que entra a Igreja. Neste país, “que está a viver a sua própria Via Sacra”, como lembrou Regina Lynch, torna-se imperioso auxiliar os sacerdotes e as religiosas que, todos os dias, são sinal da solidariedade inesgotável da Igreja. E é isso que, desde o primeiro momento, desde o primeiro dia da invasão, a Fundação AIS tem estado a fazer. Sinal da renovação deste compromisso, este ano, a fundação pontifícia promove a nível global nesta Quaresma uma nova campanha em favor da Ucrânia. O país está em guerra, já se sabe, mas há um combate imenso que se trava fora dos holofotes mediáticos, que não inclui bombardeamentos nem avanços e recuos de soldados. É o combate pela defesa das pessoas, das vítimas directas da violência. “O futuro da Ucrânia e da Igreja depende da forma como formos capazes de responder a esta necessidade de superar o trauma da guerra. Este trauma já afectou o coração da sociedade ucraniana: a família.”

 

D. Sviatoslav Shevchuk explicou por que fala em trauma. “Hoje, temos de lidar com novos grupos de famílias, as famílias dos que foram mortos, as famílias dos que ficaram gravemente feridos, mas também as famílias dos que estão desaparecidos”, afirmou. E avançou com alguns números. “Segundo a Ucrânia, cerca de 20 mil crianças foram raptadas”, lembrou, acrescentando que também há cerca de “35 mil pessoas desaparecidas em combate”. Tudo isto permite-lhe afirmar que “a vida destas famílias é uma tortura constante”. Há inúmeras histórias que atestam esta realidade que afecta milhares de famílias. O arcebispo contou o caso de uma mulher de 23 anos, mãe de dois filhos. “Ela perguntou-me um dia: ‘Sou viúva? Devo rezar pelo meu marido como alguém que está vivo ou morto?’ De cada vez que temos trocas de prisioneiros e os seus maridos não regressam, o seu luto é renovado, pelo que é uma tortura física e psicológica constante para cada família”, contou o prelado na conferência organizada pela Fundação AIS Internacional.

 

UMA ATENÇÃO ESPECIAL PARA AS FAMÍLIAS

 

Neste momento, na Ucrânia, praticamente todas as pessoas precisam de algum tipo de ajuda. A Igreja tem uma atenção muito especial, por exemplo, sobre os que estiveram em cativeiro e foram, entretanto, libertados. O Núncio Apostólico referiu esta questão. “Quando falamos com as pessoas que regressam à Ucrânia, elas descrevem as condições horríveis em que foram mantidas, especialmente os militares. Alguns não conseguem sequer falar, de tão traumatizados que estão.” Todos eles precisam de sere apoiados, mas também as suas famílias que têm de aprender a lidar com quem viveu experiências muito duras. Por tudo isto, pode afirmar-se que a família é uma das principais vítimas desta guerra no coração da Europa. Segundo estes dois responsáveis da Igreja, o Arcebispo-mor da Igreja Greco-Católica Ucraniana e o Núncio Apostólico, ou seja, o embaixador do Vaticano, é fundamental encarar este problema. “Actualmente, a maioria das famílias vive separada, porque os homens estão no exército e as mulheres que têm filhos deixaram as suas cidades, ou mesmo o país”, explicou D. Sviatoslav.

 

As estatísticas que traduzem esta situação são também assustadoras. “Em 2023, tivemos 170 mil novas famílias, mas houve 120 mil divórcios. Estes são os números mais elevados de divórcios na história da Ucrânia independente. Ajudar estas pessoas é um grande desafio para a nossa Igreja. Muitas vezes, não se pode fazer nada, a não ser estar presente, chorar com eles, segurar a mão dessa mulher ou desse soldado que está a sofrer… Este é o maior desafio pastoral para mim e para a Igreja de hoje”, acrescentou o Arcebispo, líder da maior Igreja de rito oriental em comunhão com Roma.

 

UMA IGREJA NA CLANDESTINIDADE

 

As necessidades são constantes num país em guerra como a Ucrânia. Para a Igreja é fundamental estar presente onde o povo mais sofre, mais precisa de ajuda. “Para as pessoas no estrangeiro é difícil imaginar o que se está a passar aqui”, alertou o Núncio Apostólico. “A situação na linha da frente é pior do que o purgatório, há muitas pessoas a quem não temos qualquer possibilidade de chegar, nem sequer de dar comida ou água”, acrescentou D. Visvaldas Kulbokas. E há também desafios concretos que se colocam à Igreja, nomeadamente o de estar presente nos territórios ocupados pelas tropas russas. O Arcebispo Shevchuk diz que, nesses lugares, a Igreja Greco-Católica Ucraniana [IGCU] foi obrigada a passar à clandestinidade. “Não há mais padres católicos nessa parte da Ucrânia. Recebemos informações de que, em Donetsk, o nosso povo ia à igreja rezar todos os domingos, mesmo sem o padre, mas a igreja foi confiscada e as portas estão fechadas. Nas zonas ocupadas da região de Zaporizhzhia, as autoridades russas emitiram um decreto especial que proíbe a existência da IGCU e confiscaram as nossas propriedades, pelo que as pessoas rezam em casa e, se puderem, seguem os nossos serviços litúrgicos online.”

 

Isto implica um risco enorme para todos os sacerdotes que estão nestas zonas. Alguns, acabam mesmo detidos. Foi o caso dos padres Ivan Levitskyi e Bohdan Heleta, presos em Novembro de 2022. “Estão vivos ou estão mortos? Desde a sua detenção, não temos qualquer informação”, disse o Arcebispo. Neste cenário tão duro, o papel da Igreja, dos sacerdotes, das religiosas agiganta-se na mesma proporção das dificuldades das populações. Algumas das tarefas prioritárias da Igreja passam pelo apoio psicológico aos traumatizados da guerra, mas também à assistência urgente, diária, aos cerca de sete milhões de ucranianos que estão a sofrer já de escassez de alimentos, especialmente os que se encontram mais próximos da linha da frente. Até agora, a ajuda internacional tem permitido fazer verdadeiros milagres. Mas ninguém pode dizer como vai ser daqui a algum tempo. “Durante o ano passado, conseguimos resistir à maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial”, diz D. Sviatoslav Shevtchuk. Mas agora, diz, tudo pode estar a mudar. “A primeira euforia da assistência humanitária à Ucrânia está a diminuir, pelo que temos de desenvolver a nossa própria logística para ajudar os necessitados”, afirma, de forma realista, o arcebispo.

 

A AJUDA DA FUNDAÇÃO AIS

 

Esta constatação de D. Sviatoslav, vem dar relevo ao trabalho desempenhado pela Fundação AIS nestes dois anos de guerra, assinalados no sábado, 24 de Fevereiro. Desde esse dia, a AIS tem procurado assegurar um apoio de rectaguarda que se tem mostrado essencial para que a Igreja possa continuar a desempenhar o seu papel insubstituível junto das populações da Ucrânia.

Nos últimos dois anos, a Ucrânia foi mesmo o país que mais beneficiou da ajuda da Fundação AIS a nível internacional. Foram apoiados  mais de 600 projectos, incluindo o financiamento da construção de 11 centros de auxílio psicológico e espiritual, bem como o pagamento de campos de férias para as crianças mais afectadas pelos combates, a compra de veículos para que padres e religiosas possam exercer o seu ministério pastoral, e até o fornecimento de sistemas de aquecimento e fornos para que instituições geridas pela Igreja possam ajudar os ucranianos a suportar os Invernos rigorosos em que as temperaturas chegam a ultrapassar os vinte graus negativos.

 

Toda esta ajuda é para continuar. Esse compromisso foi assegurado por Regina Lynch, a presidente executiva internacional da Fundação AIS. Logo no início da conferência, a responsável disse que, “com tantos conflitos e agitação em todo o mundo, corremos o risco real de a Ucrânia ser esquecida, à medida que a atenção mundial se desloca para a próxima crise.” Mas, assegurou, isso não vai acontecer.

“Na AIS, estamos determinados a que isso não aconteça, e esta é uma das razões pelas quais estamos a promover a Campanha da Quaresma deste ano para chamar a atenção para a situação na Ucrânia”, acrescentou Regina Lynch. Uma Campanha que vai mobilizar todos os 23 secretariados da instituição em todo o mundo, incluindo, claro, Portugal.

 

 

Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

 

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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

SILERE 77

 

A LIBERDADE ASSUSTA QUANDO SE PERDEU O HÁBITO DE A USAR ( Robert Schuman)

    

 

     SILERE NON POSSUM

         (Não me posso calar – Sto Agostinho)

          Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”

                                     (Alexandre Soljenitsyne)

 

              

                  

 

 

                Carta aos meus amigos – nº 77        

                         BRAGA , 15 – FEVEREIRO - 2024

 

 

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PAX

 

 

 

Portugal tem medo da Liberdade? Então não vamos comemorar 50 anos do “ 25 de Abril”? … Mas temos medo e de que modo! Por exemplo? Quando não somos capazes de nos mobilizar pela Liberdade de Educar por parte dos Pais. Continuamos a ter um Ensino tendencialmente e efectivamente estatista. Esta Liberdade humana, exarada na Declaração Universal dos Direitos do Homem e até na nossa Constituição, é desprezada no nosso país. E pelos pais!

Em pleno período eleitoral, que tenho acompanhado com algum cuidado, já ouvi e vi debater muito sobre o Ensino, carreira docente e outras coisas afins mas muito pouco sobre o exercício da liberdade de educar. E há opções para todos os gostos. Porém, não vi (estarei distraído?) que se tenha defendido a Liberdade de escolha de escola por parte dos Pais e Encarregados de Educação em IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS com insistência e clareza. Não posso deixar de lamentar.

No suplemento LUZ, de 9 de Fevereiro corrente, do semanário “ NASCER do SOL”, Inês Teotónio Pereira, num acutilante artigo – “ A IDEOLOGIA E OS COLÉGIOS” – faz uma defesa muito bem estruturada da Liberdade de Educar que não existe em Portugal para todos os cidadãos.

Escreve, no citado artigo a autora: Ideologia na educação levou à criação de um sistema perverso: quanto pior é a escola pública maior é a fuga para os privados. Mas só podem “ fugir” os que têm dinheiro, o que é uma discriminação intolerável! Tanto mais intolerável quanto mais os políticos passam a vida e o tempo a “ falazar” sobre uma “ sociedade inclusiva” que chega ao extremo prático de obrigar à aplicação da ideologia do Género e do Cancelamento como doutrina oficial do Estado que fazem lembrar o nazismo e o comunismo.

Esta “ guerra cultural” travo-a há mais de cinco décadas e já não tenho novas ideias ou argumentos novos. Recordo que, acabado de vir da Guiné ( 1972), onde durante dois anos cumpri o Serviço Militar Obrigatório, a primeira palestra que fiz, no Porto, foi precisamente, sobre este tema. Que mais terei a acrescentar? Repetir-me pois a situação não só não melhorou como se afunda cada vez mais! Dizia Voltaire: “ Menti, menti, que da mentira algo há-de ficar!”. Creio que o mesmo se aplica à verdade, sobretudo quando esta faz parte do Direito Natural, como é o caso vertente: os pais são os primeiros e principais educadores dos seus filhos e o Estado tem um papel subsidiário e colaborar com os pais no exercício desse direito e não a substituí-los. O estado só deveria criar as condições de liberdade de opção como o faz noutros campos como os media. Que direito têm os políticos de decidir como educar as novas gerações?

Infelizmente, não tenho assistido a movimentos de massa a lutar pela LIBERDADE DE EDUCAR, mau sintoma que se manifesta nesta Democracia doente.

Nunca deveríamos deixar que o Estado se substitua aos pais neste campo que é o de preparar um futuro mais livre e plural. Criança não é frango de aviário nem truta de aquário!

Que Democracia é esta que, entre outros campos,  obriga a pagar os impostos que pagam (muito mal) o ensino público de que nem todos usufruem e optar pelo ensino privado/cooperativo pagando outra vez aqueles que , no seu direito, fazem outra opção? Está mal este país, também neste campo, um campo de futuro. Os nossos eleitores têm consciência deste abuso cometido pelo Estado de ser e assumir-se abusivamente de ser o educador das crianças e jovens?

Como disse um dos pais fundadores da Europa moderna, Robert Schuman:

«A Liberdade assusta quando se perdeu o hábito de a usar».

Nunca me calei sobre este tema. A Liberdade não me assusta nem nunca me assustou. Nunca perdi o hábito de a usar!

… E não é agora que me vou calar.

 

SILERE NON POSSUM!

 

Carlos Aguiar Gomes

 

 

sábado, 10 de fevereiro de 2024

VIOLÊNCIA NO HAITI

 

Fundação AIS - Departamento de Informação

Anexossexta, 9/02, 11:21 (há 1 dia)
para Fundação

https://fundacao-ais.pt/wp-content/uploads/2024/02/noticia-wp-6.jpgHAITI:

“Há violência nas ruas, tiroteios, barricadas”, descreve religiosa francesa que acolhe mais de 2500 crianças

 

  • Lisboa, 09 de Fevereiro de 2024 | PA

 

A Irmã Paësie Phillipe vive há cerca de 25 anos num bairro que é a maior favela de Port-au-Prince, a capital do Haiti. A sua missão principal é cuidar de 2500 crianças de rua, protegê-las, alimentá-las, educá-las. Um dia destes, o telefone da religiosa francesa tocou. Do outro lado da linha estava o Papa Francisco. A irmã confessa que ficou emocionada. Escutou o Santo Padre a agradecer e a incentivar o seu trabalho. Mas o que mais a surpreendeu, diz, foi a voz do Papa. “Senti uma grande doçura e bondade…”

 

O rapto no dia 19 de Janeiro, numa movimentada rua da capital do Haiti, de 6 religiosas da Congregação de Sant’Ana, chamou a atenção do mundo para a violência descontrolada que se vive neste país das Caraíbas. A libertação das irmãs e de duas pessoas que as acompanhavam, cinco dias mais tarde, não fez esquecer a situação de risco em que se encontram os elementos da Igreja no Haiti e muito especialmente na cidade de Port-au-Prince, a capital.

 

É preciso coragem, talvez mesmo alguma ousadia para alguém voluntariamente continuar a sua missão neste país que tem alguns dos bairros, das favelas mais perigosas do mundo. Mas é aí que vive e trabalha a Irmã Paësie Phillipe. Há 25 anos que esta religiosa francesa enfrenta o medo procurando resgatar das ruas e da miséria crianças, centenas de crianças. A sua missão é notável e ganhou notoriedade quando recebeu um telefonema muito especial.

 

Eram 13 horas de sábado, dia 3 de Fevereiro. Do outro lado da linha estava o Papa Francisco. A irmã confessa que ficou emocionada. Ela escutou o Santo Padre a agradecer e a incentivar o seu trabalho. Mas o que mais a surpreendeu, diz, foi a voz do Papa.

 

Senti uma grande doçura e bondade”, relatou, mais tarde, ao Vatican News. “Foi uma grande surpresa para mim. Quando meu telefone tocou, obviamente não esperava que fosse o Santo Padre. Ele deu-me uma mensagem de incentivo e agradeceu a minha presença junto das crianças. Assegurou-me as suas orações, o que realmente me emocionou”, disse a irmã. “É claro que imediatamente compartilhei a notícia com a minha comunidade, a minha equipa e alguns dos meninos. Isso trouxe alegria e esperança para muitas outras pessoas, porque a mensagem não era apenas para mim, era realmente um gesto para com as crianças e os mais pobres do Haiti”, acrescentou.

 

VIVER NAS FAVELAS NO MEIO DOS GANGUES

 

A irmã francesa tem-se dedicado de alma e coração às crianças desfavorecidas, aos meninos e meninas de rua da capital do Haiti. Em 2017, ela criou a “Famille Kizito”, uma estrutura que permite resgatar estas crianças a uma vida quase inevitável de pobreza e marginalidade através da educação. A irmã conseguiu criar algumas escolas que funcionam em alguns dos bairros da capital do Haiti que são verdadeiras favelas. É o caso de Petite-Goâve, Village de Dieu, e, muito especialmente, Cité Soleil, famosa pela violência presente em quase todas as ruas, todas as esquinas.

 

A irmã descreve como é a vida nestas favelas que são também, de certa forma, a sua casa. “Os gangues tornaram-se cada vez mais poderosos e não se encontram somente nos bairros pobres, mas em praticamente todos os bairros da capital e também em várias cidades do interior. Portanto, as pessoas realmente vivem com medo de serem atacadas a qualquer momento. Quando um gangue invade um bairro, todos têm de se salvar. Vemos pessoas a correr, com os seus filhos. As casas são incendiadas e isso paralisa completamente as actividades do país”, diz a irmã ao Vatican News. “E como as pessoas mais pobres vivem o dia-a-dia dependendo dos mercados, quando a situação piora, quando há violência nas ruas, tiroteios, barricadas, os mercados não podem funcionar. Isso aumenta muito a pobreza e a fome”, acrescenta. 

 

A situação é constante. O rapto recente das seis religiosas foi um sinal de que ninguém está salvo no Haiti, de quem ninguém está acima dos bandidos que, de armas na mão, impõem as suas leis, as suas regras. “Quase todas as semanas novos bairros são invadidos e sempre que é assim milhares de pessoas precisam de fugir e, muitas vezes, não podem voltar para suas casas.” A insegurança é constante. As pessoas acolhem-se umas às outras como podem, partilhando os quartos, às vezes são 10 pessoas num mesmo quarto…. “É realmente complicado… Actualmente, vemos pessoas a dormir na rua com os seus filhos, algo que não existia antes em Port-au-Prince”, reconhece a religiosa francesa.

 

A CERTEZA DE DEUS NO MEIO DA VIOLÊNCIA

 

O rapto das seis religiosas em Janeiro em Port-au-Prince, e depois, no início de Fevereiro, o telefonema do Papa à Irmã Paësie Phillipe trouxeram o Haiti para a ribalta do mundo mas sublinhando, em simultâneo, o trabalho imprescindível e heroico da Igreja junto das populações mais expostas à violência e à pobreza. Que seria das crianças de rua da cidade de Port-au-Prince sem esse trabalho, sem a dedicação da Irmã Paëse? “Estariam realmente abandonadas à própria sorte e à pobreza”, reconhece a religiosa francesa. “O que aconteceria com elas? Só o Senhor sabe. Mas, há alguns dias, algumas mães disseram-me: ‘Irmã, se a senhora não estivesse connosco, estaríamos todos mortos’. Acho que estavam a exagerar um pouco, mas é isso que elas pensam, é isso que elas expressam. Às vezes até me pergunto como as pessoas conseguem sobreviver durante vários dias sem comer e privando-se de absolutamente tudo. O Senhor está presente. Acho que a resposta é esta: Ele está presente para elas. Ele pode estar presente por meu intermédio ou de alguma outra forma. Mas Ele nunca abandona os Seus filhos”, diz a Irmã Paësie Phillipe.

 

 

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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

SILERE 76

 

«AS TRÊS AUTORAS DEMONSTRAM O SEXISMO,O ELITISMO E O RACISMO QUE REINAM, SEGUNDO ELAS, NA DISCIPLINA  (Matemática)» ( in LE MONDE, 31.I. 24, pág. 6)    

 

 

     SILERE NON POSSUM

         (Não me posso calar – Sto Agostinho)

          Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”

                                     (Alexandre Soljenitsyne)

 

              

                  

 

 

                Carta aos meus amigos – nº 76        

                         BRAGA , 8 – FEVEREIRO - 2024

 

 

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PAX

 

 

Estive para terminar estas minhas Cartas semanais que já passam de 75. Porquê? Porque me parece um trabalho inútil, salvo as reacções positivas e animadoras de alguns leitores a quem agradeço vivamente. Tenho a sensação de que a maioria dos mais de 100 envios nem sequer são abertos. Mas., por enquanto, sou teimoso. Creio firmemente que, como remo contra a maré dominante e avassaladora, sei que  posso incomodar alguns leitores que não estão para se “ chatear” e, creio mesmo, que alguns pensarão que sou um pobre indietrista obcecado pelos “ princípios inegociáveis” a que agora associo a loucura perigosa da chamada “ Teoria do Género” e pelo Cancelamento em marcha acelerada. Outros destinatários, até concordarão, mas temem e tremem de se manifestarem com a minha avaliação da situação social, cultural e religiosa, não sei se estou a perder o meu tempo, que já não será muito, e que deveria ocupar de outra maneira mais fútil. Aliás, se não há Inferno ou, melhor, estará vazio (o Diabo já saiu do Inferno e anda por aí à solta. Bem dizia Leão XIII!) tudo me pode ser permitido. Como eu começo a compreender muitos jovens pelo seu desinteresse pela causas que acima referi e pela religião.

Mas, caros amigos-leitores, os que me leem, em 2022, li, com o máximo espanto, um livro muito interessante mas altamente “ politicamente incorrecto” e que recomendo, por isso, vivamente: “ WOKISME – La France sera-t-elle contaminé?), le Anne Toulouse, uma autora franco-americana ( Ed. Rocher, 2022). E o que li e me deixou… espantado? Aqui vai:

“ Démanteler le racisme dans l`enseignement des mathématiques” ( Desmantelar o racismo no ensino da matemática ) ( o.c. pág.41). O leitor leu bem? Ou pôs a dúvida do que leu como eu que parei e li várias vezes para perceber se tinha lido bem. Era verdade. Constava de um Manifesto  que teve larga difusão nos USA e … apoio. Apoios de vários “ investigadores universitários !!! Americanos. Este Manifesto acusa, sobretudo, a …. Aritmética de racismo! Ensinar a contar, fazer contas e outros cálculos, agora são promoção do racismo. Se não andam loucos e nos querem enlouquecer, parecem. Mas vamos adiante e na mesma linha. Anne Toulouse, na obra citada, que li na versão francesa, tinha este subtítulo: “ A França será contaminada?”. Ora bem, por norma não leio o “ Le Monde”, um diário esquerdista francês de grande tiragem. Um dia destes comprei o número de 31 de Janeiro p.p. por causa do título mais em destaque, no cimo da 1ª página e que me despertou a curiosidade: «Água mineral: prática engana em grande escala» que li com bastante interesse e, depois folheei o dito jornal e … “ bati” com os olhos na análise de um livro em que o analista titulava assim a sua crítica: “ Les maths au prisme des feministes” ou seja : “A Matemática sob o fogo das feministas” em tradução livre. Esta análise é do livro que se chama assim: « Les filles , avenir des mathématiques» de que são autoras as investigadoras Clémence Perronnet , Claire Marc e Olga Paris-Romaskevich – CMM Editions e custa 24 euros. Estas criaturas, “ sábias” investigadoras, concluem que o ensino da Matemática é bem o exemplo da “dominação patriarcal, elitista e racista  que mantém a maioria da população à distância». Ora veja bem, caro Amigo – leitor, a Matemática é patriarcal, elitista e racista! Eu, que estudei Matemática até acabar o meu Curso, os meus filhos estudaram todos Matemática (o meu filho mais velho é um dos grandes matemáticos vivos) e os meus netos (excepto um que tem 5 anos mas já sabe muito de Matemática!) todos têm estudado Matemática e uma das netas é aluna de 20, nunca me apercebi que esta ciência fosse patriarcal, elitista e racista! Isto é de loucos e mostra bem o estado mental e disruptivo da maioria das mentes que dirigem o “ pensamento” actual! O que acho ridículo nestes insultos à Matemática! Então, chamarem-lhe racista!!! Se Anne Toulouse temia pela contaminação da França por esta loucura, o que já acontece, esperemos por brevemente lermos coisas semelhantes em Portugal onde os nossos alunos, segundo o último relatório do PISA, estão bem lá no fundo a tudo e também a Matemática, talvez porque será «racista, elitista e sexista». Pobres professores de Matemática que não sigam a chamada Teoria do Género e do wokismo em voga e comecem a pensar no que devem eliminar do seu ensino por ser racista, elitista e sexista. Provavelmente, terão de começar pelos nomes do algarismos: uma, umo, ume; quatro, quatra, quatre; cinco, cinca, cinque; etc . Um quadrado passará a quadrada e quadrade.O cálculo de uma Raiz quadrada, terá de ser eliminado mas antes chamar-lhe-ão “ raiz quadrado e quadrade”. Os nomes das cores terão que passar a ser neutros. Nada de triângulos brancos ou vermelhos e por aí fora. Ou os quadrados não podem ter 4 lados iguais por ter sido assim que os nossos pais nos ensinaram e isso é … patriarcalismo. Dos gráficos devem banir-se as linhas a preto, mais visíveis, por serem racistas! A esfera não pode ser redonda por manifestar representação de ódio aos gordos, gordas e gordes. Caros professores de Matemática, não transformem as vossas aulas em “discursos de ódio” e trabalhos elitistas, sexistas e racistas. Não dá para rir! É futuro já presente hoje.

 Estaremos no manicómio colectivo? Pelo menos, a loucura anda à solta!

Como me posso calar perante tanto despautério?

 

SILERE NON POSSUM!

 

Carlos Aguiar Gomes

 

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