BENTO XVI : UM PREFÁCIO de leitura
indispensável
A
Editora do Patriarcado de Moscovo ( Igreja Ortodoxa ) acaba de editar, em russo
, o XI volume da Opera Omnia ( de todos
os trabalhos ) do Papa Emérito Bento XVI. Por esta edição se pode imaginar o
enorme prestígio de que goza este fabuloso Papa junto da Igreja Ortodoxa.
Bento
XVI, com o espírito profundamente beneditino que sempre o caracterizou, fez um
Prefácio para este volume, que um amigo fez o favor de me enviar já traduzido
,e que me encantou plenamente. Assim
quero partilhá-lo com quem tem a paciência de me ler. A riqueza do texto é
demasiado importante para que não seja divulgado ao máximo.
Aqui
fica, pois, o citado Prefácio e deixo os votos aos meus leitores de que tenham
igual proveito que eu tive ao lê-lo.
Sugiro que depois de uma primeira leitura, tornem a reler este magnífico texto:
“ A nada se dê prioridade senão ao Culto Divino. Com estas
palavras São Bento estabelece na regra de vida que criou a absoluta prioridade
do Culto Divino em relação a todas as restantes actividades da vida monástica
(ponto 43,3). Este facto não era óbvio nem mesmo para a vida monástica, pois
para os monges era essencial o trabalho científico e agrícola, áreas em que
podiam, certamente, surgir urgências que podiam fazê-las parecer mais
importantes que a liturgia. Perante tudo isto, São Bento coloca a prioridade na
liturgia, realçando inequivocamente a prioridade do próprio Deus na nossa vida:
“Na hora do Ofício Divino, mal se oiça o sinal, deixa-se tudo o que se tiver em
mãos e corresponda-se ao chamamento com a máxima solicitude” (43,1).
Na consciência dos homens de hoje as coisas de Deus e
em particular a liturgia não surgem como um assunto urgente. Há urgência para
todo o tipo de coisas, mas a causa de Deus não parece que o seja alguma vez.
Pode-se dizer, com justiça, que a vida monástica é diferente da vida dos homens
que estão no mundo – mas ainda assim a prioridade de Deus, que esquecemos, vale
em ambos os casos. Se Deus já não é importante, então alteramos os critérios
para estabelecer o que é importante. Quando o homem coloca Deus numa das suas
gavetas, está a colocar-se sob condicionalismos que o fazem escravos de coisas
materiais e que são, portanto, opostas à sua dignidade.
Nos anos que sucederam o Concílio Vaticano II voltei a
tomar consciência da prioridade de Deus e da Liturgia Divina. O mal-entendido
que se difundiu abundantemente na Igreja Católica, relativamente à reforma
litúrgica, levou a que se pusesse sempre em primeiro plano o aspecto da
instrução, da criatividade e actividade pessoal. A actividade dos homens fez
que quase ficasse esquecida a presença de Deus. Nesta situação (em que nos encontramos)
fica cada vez mais claro que a existência da Igreja vive da justa celebração da
liturgia e que, portanto, a Igreja está em perigo quando o primado de Deus não
surge na liturgia e, daí, na vida.
A causa mais profunda da crise que se abateu sobre a
Igreja está no ocultar a prioridade de Deus na liturgia. Tudo isto levou a
dedicar-me ao tema da liturgia com mais afinco que no passado porque sabia que
o verdadeiro renovamento da liturgia é uma condição fundamental para o
renovamento da Igreja. Foi desta convicção que nasceram os estudos que estão
agrupados agora no presente volume XI da Opera Omnia. No fundo, ainda
que com todas as diferenças existentes, a essência da liturgia no Oriente e no
Ocidente é única e a mesma. Assim espero que este livro possa ajudar também os
cristãos da Rússia a compreender melhor e de uma nova forma o grande dom que
nos é dado na Santa Liturgia. ( Trad. de S.P. )
Que quem leu este extraordinário texto, não
tenha dado por perdido o tempo. Além disso, bem gostaria
que muita coisa mudasse na Liturgia , sobretudo na Missa, e que Deus fosse , de
facto , o centro para Quem todos se
devem voltar. Se voltassem a “ orientar”.
“A causa mais
profunda da crise que se abateu sobre a Igreja está no ocultar a prioridade de
Deus na liturgia”, repescando palavras de Bento XVI. “Nada antepor ao amor de Cristo” – RB 4,
21
“Nada antepor ao amor de
Cristo” – RB 4, 21
Carlos
Aguiar Gomes antepor ao amor de Cristo” – RB 4, 21
(
O autor não acata o chamado AO )
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