quinta-feira, 11 de julho de 2024

BENTO XVI : UM PREFÁCIO de leitura indispensável

 

                                         BENTO XVI : UM PREFÁCIO de leitura indispensável

 

A Editora do Patriarcado de Moscovo ( Igreja Ortodoxa ) acaba de editar, em russo ,  o XI volume da Opera Omnia ( de todos os trabalhos ) do Papa Emérito Bento XVI. Por esta edição se pode imaginar o enorme prestígio de que goza este fabuloso Papa junto da Igreja Ortodoxa.

Bento XVI, com o espírito profundamente beneditino que sempre o caracterizou, fez um Prefácio para este volume, que um amigo fez o favor de me enviar já traduzido ,e  que me encantou plenamente. Assim quero partilhá-lo com quem tem a paciência de me ler. A riqueza do texto é demasiado importante para que não seja divulgado ao máximo.

Aqui fica, pois, o citado Prefácio e deixo os votos aos meus leitores de que tenham igual proveito que eu tive ao  lê-lo. Sugiro que depois de uma primeira leitura, tornem a reler este magnífico texto:

 

“ A nada se dê prioridade senão ao Culto Divino. Com estas palavras São Bento estabelece na regra de vida que criou a absoluta prioridade do Culto Divino em relação a todas as restantes actividades da vida monástica (ponto 43,3). Este facto não era óbvio nem mesmo para a vida monástica, pois para os monges era essencial o trabalho científico e agrícola, áreas em que podiam, certamente, surgir urgências que podiam fazê-las parecer mais importantes que a liturgia. Perante tudo isto, São Bento coloca a prioridade na liturgia, realçando inequivocamente a prioridade do próprio Deus na nossa vida: “Na hora do Ofício Divino, mal se oiça o sinal, deixa-se tudo o que se tiver em mãos e corresponda-se ao chamamento com a máxima solicitude” (43,1). 

 

Na consciência dos homens de hoje as coisas de Deus e em particular a liturgia não surgem como um assunto urgente. Há urgência para todo o tipo de coisas, mas a causa de Deus não parece que o seja alguma vez. Pode-se dizer, com justiça, que a vida monástica é diferente da vida dos homens que estão no mundo – mas ainda assim a prioridade de Deus, que esquecemos, vale em ambos os casos. Se Deus já não é importante, então alteramos os critérios para estabelecer o que é importante. Quando o homem coloca Deus numa das suas gavetas, está a colocar-se sob condicionalismos que o fazem escravos de coisas materiais e que são, portanto, opostas à sua dignidade. 

 

Nos anos que sucederam o Concílio Vaticano II voltei a tomar consciência da prioridade de Deus e da Liturgia Divina. O mal-entendido que se difundiu abundantemente na Igreja Católica, relativamente à reforma litúrgica, levou a que se pusesse sempre em primeiro plano o aspecto da instrução, da criatividade e actividade pessoal. A actividade dos homens fez que quase ficasse esquecida a presença de Deus. Nesta situação (em que nos encontramos) fica cada vez mais claro que a existência da Igreja vive da justa celebração da liturgia e que, portanto, a Igreja está em perigo quando o primado de Deus não surge na liturgia e, daí, na vida.

 

A causa mais profunda da crise que se abateu sobre a Igreja está no ocultar a prioridade de Deus na liturgia. Tudo isto levou a dedicar-me ao tema da liturgia com mais afinco que no passado porque sabia que o verdadeiro renovamento da liturgia é uma condição fundamental para o renovamento da Igreja. Foi desta convicção que nasceram os estudos que estão agrupados agora no presente volume XI da Opera Omnia. No fundo, ainda que com todas as diferenças existentes, a essência da liturgia no Oriente e no Ocidente é única e a mesma. Assim espero que este livro possa ajudar também os cristãos da Rússia a compreender melhor e de uma nova forma o grande dom que nos é dado na Santa Liturgia. ( Trad. de S.P. )

 

 Que quem leu este extraordinário texto, não tenha  dado  por perdido o tempo. Além disso, bem gostaria que muita coisa mudasse na Liturgia , sobretudo na Missa, e que Deus fosse , de facto ,  o centro para Quem todos se devem voltar. Se voltassem a “ orientar”.

 

 “A causa mais profunda da crise que se abateu sobre a Igreja está no ocultar a prioridade de Deus na liturgia”, repescando palavras de Bento XVI.  “Nada antepor ao amor de Cristo” – RB 4, 21

“Nada antepor ao amor de Cristo” – RB 4, 21

Carlos Aguiar Gomes antepor ao amor de Cristo” – RB 4, 21

( O autor não acata o chamado AO )

 

 

 

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