sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

"Há imensas pessoas a fugir das suas aldeias"

 "Há imensas pessoas a fugir das suas aldeias", denuncia padre comboniano referindo-se à violência no Kivu Norte

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ACN Portugal - Dep. Informação

11:41 (há 3 horas)
para ACN

R.D. CONGO:

“Há imensas pessoas a fugir das suas aldeias”, denuncia padre comboniano referindo-se à violência no Kivu Norte

 

  •  Lisboa, 10 de Janeiro de 2025 | Paulo Aido

 

As festividades de Natal foram um tempo difícil, de angústia mesmo para as populações da região do Kivu Norte, na República Democrática do Congo, e que têm sido sobressaltadas constantemente pela violência de grupos armados que actuam nesta zona junto à fronteira com o Ruanda. Quem o diz é o Padre comboniano Marcelo Oliveira. Numa mensagem enviada para a Fundação AIS, o sacerdote acusa os países vizinhos de instigarem toda esta violência e de nem sequer terem respeitado o período de Natal…

 

Foi um Natal em sobressalto para as populações da província do Kivu Norte, no leste da República Democrática do Congo, junto à fronteira com o Ruanda. Esta região continua a ser palco de violência extrema por parte de vários grupos armados e o Padre Marcelo Oliveira, em missão há vários anos neste país, denuncia esta situação, fala em populações em fuga e até em massacres. 

 

“Há imensas pessoas que estão a fugir das suas aldeias, aldeias que se tornam [lugares] fantasma e que impedem as pessoas de ter o necessário”, diz o comboniano português.

Numa mensagem enviada para a Fundação AIS em Lisboa, o sacerdote aponta o dedo especialmente a um destes grupos, o M23, que actua supostamente com o apoio do governo ruandês, de acordo com diversas fontes. Este grupo – diz o padre Marcelo – “continua a massacrar, a torturar pessoas que andam foragidas de um lado e do outro”. O sacerdote lembra os esforços do presidente de Angola que tem procurado um acordo de paz entre os seus homólogos da República Democrática do Congo e do Ruanda, mas sem resultado. Exemplo disso, a cimeira tripartida prevista para Luanda para 15 de Dezembro ficou sem efeito porque o Ruanda se recusou a participar. Para o Padre Marcelo Oliveira, isto significou uma atitude intencional. “Esse encontro que deveria ter tido lugar dia 15 de Dezembro foi anulado porque o Ruanda não quis participar deliberadamente. Procura sempre razões para não participar e assim fazer com que a guerra possa continuar indefinidamente.”

 

NATAL CARREGADO DE ANGÚSTIA

 

E sem haver um acordo, a guerra tem prosseguido e todos os dias há notícias de pessoas em fuga, de crianças e mulheres maltratadas, de ataques por vezes de extrema gravidade. Um sobressalto permanente que nem foi interrompido na época Natal, normalmente um tempo que é sinónimo de paz. “O Natal é normalmente a festa da tranquilidade, da paz, da alegria, da fraternidade, da família, mas, para estas populações, [foi] um momento extremamente difícil, de angústia de não saber onde ficar, de andar foragido, de andar assustado com toda esta agitação, que é fruto da falta de vontade da política, de poder mudar a situação. Não da parte do povo, mas sobretudo da parte do Ruanda que continua a querer massacrar a população do Congo para se apoderar das terras e assim poder roubar tudo o que são riquezas naturais deste país.” O fracasso diplomático que o Padre Marcelo refere significa, na prática, que as populações vão continuar expostas à actuação, por vezes extremamente violenta, de vários grupos armados. Calcula-se que mais de 1,7 milhões de pessoas vivem deslocadas somente na província do Kivu Norte. Em todo o país, mais de 7 milhões de congoleses foram obrigados a deixar as suas casas devido a confrontos armados.

 

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