segunda-feira, 26 de julho de 2021

TRÊS CAMINHOS PARA O FRACASSO

 

                                        TRÊS CAMINHOS PARA O FRACASSO

 

 

«Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que se ignora.»(São Beda, o Venerável)

 

 

 

  Fui “ roubar” o título deste artigo a um autor,de que já aqui, neste Boletim, foi referido, um monge beneditino: S. Beda, o Venerável, um monge beneditino, como já referi,  que viveu no que é actualmente a Inglaterra entre os séculos VII e VIII e que é o autor da primeira História dos anglos, dos ingleses.

   A citada frase encerra um grande ensinamento para todos nós, solteiros, casados leigos os religiosos.

   Na vida de uma Família , os pais que não ensinam o que sabem de bem e de bom aos filhos, são egoístas, maus pais e educadores que o são por direito Natural.

Os pais que abandonam a educação dos seus filhos ao Estado e não lutam pelo seu direito primário, que é o de serem os primeiros e principais educadores dos seus filhos, não cumprem a sua grande missão de educadores. Nunca, mas mesmo nunca, devemos esquecer que estes são os primeiros educadores dos seus filhos. O Estado, posterior à instituição familiar, não pode nem deve substituir-se aos pais. Aquele deve limitar-se a oferecer todas as condições de liberdade de ensino, nunca assumir a condição de educador, e muito menos arrogar-se o direito, que não tem, de educador das crianças e jovens e só entrar em acção quando os pais abandonam a prol e esta fica desamparada. Veja-se a prepotência ditatorial, inqualificável, que o nosso Estado exerce nas escolas públicas impondo ideologias e como tem reagido ao exercício educador do casal Mesquita Guimarães, de Famalicão.

  … Assim, os pais que não ensinam os seus filhos correm sérios riscos de fracasso.

   Na nossa vida quotidiana o não praticar o que se ensina, é outro caminho para o fracasso sejamos pais, professores ou padres. As crianças e os jovens, muitas vezes parecendo que não estão atentos ao que os mais velhos ensinam e ao modo como vivem, podemos ter a certeza que, como escreveu S. Beda, o Doctor Anglorum, que teremos o fracasso como educadores. O nosso povo, sábio no seu conhecimento empírico, costuma dizer:” Olha para o que eu faço e não para o que eu digo”. Na realidade, o esforço de consonância entre o dizer e o fazer é fundamental. As crianças e os jovens, muitas vezes não o parecendo, estão muito atentas ao modo como os adultos agem perante aquilo que lhes dizem.

… Assim, os educadores, pais, professores ou sacerdotes, terão de saber e praticar a coerência entre as palavras que proferem e os actos que praticam no processo educativo que é “ atmosférico” e, por isso, deverá fazer parte dos diversos ecossistemas por onde passam os mais novos. Também, neste caso, estão os que exercem o serviço político! (Creio que o descrédito e desinteresse vigentes perante os políticos e a política se deve em grande parte à brutal dissonância entre o seu discurso e o seu agir dos seus agentes).

  Finalmente, e seguido a máxima de S. Beda, o Venerável, é de facto, caminho para o fracasso, não perguntarmos o que ignoramos. E todos nós somos tão ignorantes! Há tanta coisa que desconhecemos, de que temos dúvidas e incertezas!... Ninguém é enciclopédico nem o “ Dr. Google”. Perguntar a quem sabe mais (e correctamente )sobre temas que não conhecemos só nos enobrece e enriquece. Perante uma pergunta de um filho ou qualquer outro jovem,  a nossa atitude , se não sabemos a resposta correcta ou temos dúvidas só pode ser” Não sei, mas vou informar-me para te dar a resposta certa à tua questão”. A criança ou jovem que coloca uma dúvida tem o direito a ser satisfeito na sua curiosidade de forma correcta e tão rápida quanto possível. Os educadores têm o dever de responder “ a tempo e horas” pois só assim ganha a confiança dos adultos e perceberão, os jovens, que ninguém sabe tudo mas que tudo deve ter uma resposta. Este é um grande desafio para os pais que frequentemente são “ bombardeados” com perguntas que os filhos lhes colocam!

   Para terminar e segundo S. Beda, há três caminhos para o fracasso:

1º Não ensinar o que se sabe;

2º Não praticar  que se ensina;

  Não perguntar o que se ignora!

 

Carlos Aguiar Gomes

   

 

 

                                                                                                                                                                                            

domingo, 25 de julho de 2021

L'appel des Saints Jacques et Jean (d’après St. Jean Chrysostome)

Aussitôt, laissant leurs filets, ils le suivirent (Mt 4,20)


Observe la foi et l'obéissance des disciples. Car c'est au beau milieu de leur travail (et vous savez combien la pêche est gourmande en occupation !), qu'ils entendirent l'appel de Jésus. Ils ne différèrent pas, ils n'hésitèrent pas, ils ne dirent pas : "Rentrons à la maison pour parler à nos proches !" Non, ils quittèrent tout et le suivirent comme Élisée fit avec Élie (1R 19,20). Telle est l'obéissance que le Christ exige de nous, sans que le moindre retard interfère, même si les nécessités les plus urgentes nous pressent. C'est pourquoi, quand un autre de ses disciples s'approcha pour demander s'il pouvait aller ensevelir son père, même cela, il ne le lui laissa pas faire (Mt 8,21-22) : il montrait ainsi qu'avant toute chose, ce qu'il faut, c'est le suivre.  

La promesse qu'il leur faisait, objectes-tu, était très grande ? Pour cette raison, précisément, je les admire vivement : alors qu'ils n'avaient vu encore aucun miracle, ils crurent à une si grande promesse et renoncèrent à tout pour le suivre ! C'est que les paroles par lesquelles ils avaient été pris comme à la pêche, ils crurent qu'avec elles, ils pourraient en pêcher d'autres. 

(Homélies sur l'Évangile selon Matthieu, XIV, 2 [PG 57,219] In : St Jean Chrysostome. Trop occupé pour t'occuper de ta vie ? Le guide au quotidien d'un Père de l'Église. Paris : Les Éditions du Cerf. 2015. p.72-73) 

OS SONHOS, A MEMÓRIA E A ORAÇÃO DOS AVÓS!...

 OS SONHOS, A MEMÓRIA E A ORAÇÃO DOS AVÓS!...

Muitas pessoas já celebram o Dia dos Avós em 26 de julho de cada ano, dia litúrgico de Santa Ana e São Joaquim, avós maternos de Jesus. Com o Santo Padre, saudamos todos os avôs e avós, cada idoso e cada idosa, pedindo ao Senhor para todos eles a graça da alegria e da paz, em saúde e bom acolhimento familiar e social, ou institucional, se for o caso. Que a vida lhes sorria sempre. Aos que já partiram, que o Senhor lhes dê o eterno descanso e intercedam por nós junto de Deus.
A Assembleia da República Portuguesa, em 3 de abril de 2003, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição da República, que nos termos do artigo 67.º define a família como elemento fundamental da nossa sociedade, resolveu, a pedido de várias pessoas e instituições, instituir esse dia 26 de julho de cada ano como Dia Nacional dos Avós. No projeto de resolução n.º 142/IX, pelo qual instituiu esse Dia Nacional dos Avós, a Assembleia da República realça a importância dos avós como agentes de equilíbrio de relações afetivas em família, pelo seu papel na transmissão de valores sociais e de valores da família, pelo seu importante papel na educação dos netos, já que os pais estão ausentes em grande parte do dia, bem como pela sua troca de saberes e de experiências em família e na sociedade, permitindo a continuidade.
O Papa Francisco, este ano, instituiu, a nível da Igreja Católica, o Dia Mundial dos Avós, a celebrar sempre no Domingo mais próximo do dia 26 de julho, dia litúrgico de Santa Ana e São Joaquim. Neste primeiro Dia Mundial dos Avós, a Igreja manifesta a sua solidariedade com todos os avós e idosos, dizendo a cada um: a Igreja “preocupa-se contigo, ama-te e não quer deixar-te abandonado”. Esta afirmação da Igreja é feita pela voz do Papa Francisco. Ele recorda a cada um a promessa que o Senhor fez aos discípulos antes de subir ao Céu: «Eu estou contigo todos os dias» (cf. Mt 28, 20).
Lembrando o anjo que veio animar e incutir esperança ao avô materno de Jesus em hora menos boa da sua vida, Francisco afirma que “mesmo quando tudo parece escuro, como nestes meses de pandemia, o Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão, repetindo-nos: «Eu estou contigo todos os dias». Di-lo a ti, di-lo a mim, a todos. Está aqui o sentido deste Dia Mundial que eu quis celebrado pela primeira vez precisamente neste ano, depois dum longo isolamento e com uma retoma ainda lenta da vida social: oxalá cada avô, cada idoso, cada avó, cada idosa – especialmente quem dentre vós está mais sozinho – receba a visita de um anjo! Este anjo, algumas vezes, terá o rosto dos nossos netos; outras vezes, dos familiares, dos amigos de longa data ou conhecidos precisamente neste momento difícil. Neste período, aprendemos a entender como são importantes, para cada um de nós, os abraços e as visitas, e muito me entristece o facto de as mesmas não serem ainda possíveis em alguns lugares”.
Acentuando também a importância da Palavra de Deus em nos ajudar a entender o que o Senhor nos pede em cada estação da vida, acrescenta: “Eu mesmo posso dar testemunho de que recebi a chamada para me tornar Bispo de Roma quando tinha chegado, por assim dizer, à idade da aposentação e imaginava que já não podia fazer muito de novo. O Senhor está sempre junto de nós – sempre – com novos convites, com novas palavras, com a sua consolação, mas está sempre junto de nós. Como sabeis, o Senhor é eterno e nunca vai para a reforma. Nunca”.
E no contexto do mandato que o Senhor nos deu de ir e ensinar, o Papa lembra aos idosos que a sua vocação “é salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos. Atenção! Qual é a nossa vocação hoje, na nossa idade? Salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos. Não vos esqueçais disto. Não importa quantos anos tens, se ainda trabalhas ou não, se ficaste sozinho ou tens uma família, se te tornaste avó ou avô ainda relativamente jovem ou já avançado nos anos, se ainda és autónomo ou precisas de ser assistido, porque não existe uma idade para aposentar-se da tarefa de anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir as tradições aos netos. É preciso pôr-se a caminho e, sobretudo, sair de si mesmo para empreender algo de novo”. Há “uma renovada vocação, também para ti, num momento crucial da história. Perguntar-te-ás: Mas, como é possível? As minhas energias vão-se exaurindo e não creio que possa ainda fazer muito. Como posso começar a comportar-me de maneira diferente, quando o hábito se tornou a regra da minha existência? Como posso dedicar-me a quem é mais pobre, se já tenho tantas preocupações com a minha família? Como posso alongar o meu olhar, se não me é permitido sequer sair da residência onde vivo? Não é um fardo já demasiado pesado a minha solidão? Quantos de vós se interrogam: Não é um fardo já demasiado pesado a minha solidão? O próprio Jesus ouviu Nicodemos dirigir-Lhe uma pergunta deste tipo: «Como pode um homem nascer, sendo velho?» (Jo 3, 4). Isso é possível – responde o Senhor –, abrindo o próprio coração à obra do Espírito Santo, que sopra onde quer. Com a liberdade que tem, o Espírito Santo move-Se por toda a parte e faz aquilo que quer”.
Repetindo que ninguém se salva sozinho e que desta crise jamais sairemos iguais, o Papa diz a cada avó, avô, idoso ou idosa, que cada um é necessário “para se construir, na fraternidade e na amizade social, o mundo de amanhã”, todos devemos ser «parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas». E apresenta três de entre vários pilares que os idosos deverão sustentar nesta nova construção: “os sonhos, a memória e a oração”.
Recordando a passagem bíblica de Joel: «Os vossos anciãos terão sonhos e os jovens terão visões», Francisco diz que “o futuro do mundo está nesta aliança entre os jovens e os idosos. Quem, senão os jovens, pode agarrar os sonhos dos idosos e levá-los por diante? Mas, para isso, é necessário continuar a sonhar: nos nossos sonhos de justiça, de paz, de solidariedade reside a possibilidade de os nossos jovens terem novas visões e, juntos, construirmos o futuro. É preciso que testemunhes, também tu, a possibilidade de se sair renovado duma experiência dolorosa. E tenho a certeza de que não será a única, pois, na tua vida, terás tido tantas e sempre conseguiste triunfar delas. E, dessa experiência que tens, aprende como sair da provação atual. Nisto se vê como os sonhos estão entrelaçados com a memória. Penso como pode ser de grande valor a memória dolorosa da guerra, e quanto podem as novas gerações aprender dela a respeito do valor da paz. E, a transmitir isto, és tu que viveste a tribulação das guerras. Recordar é uma missão verdadeira e própria de cada idoso: conservar na memória e levar a memória aos outros”. E volta à sua vivência pessoal: “Penso também nos meus avós e naqueles de vós que tiveram de emigrar e sabem quanto custa deixar a própria casa, como fazem muitos ainda hoje à procura dum futuro. Talvez tenhamos algum deles ao nosso lado a cuidar de nós. Esta memória pode ajudar a construir um mundo mais humano, mais acolhedor. Mas, sem a memória, não se pode construir; sem alicerces, tu nunca construirás uma casa. Nunca. E os alicerces da vida estão na memória”.
Aliada aos sonhos e à memória, está a oração, afirma Francisco: “A tua oração é um recurso preciosíssimo: é um pulmão de que não se podem privar a Igreja e o mundo. Sobretudo neste tempo tão difícil para a humanidade em que estamos – todos na mesma barca – a atravessar o mar tempestuoso da pandemia, a tua intercessão pelo mundo e pela Igreja não é vã, mas indica a todos a serena confiança de um porto seguro”.
+ Antonino Dias
Bispo dePortalegre-Castelo Branco, 23-07-2021.

sábado, 24 de julho de 2021

Como cuidamos dos nossos avós?

 

Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

Como cuidamos dos nossos avós?

A crise sanitária do Covid-19 mostrou o sofrimento de muitos anciãos nas nossas instituições de geriatria. Sem desejo de generalizar, e sem menosprezar o altruísmo de certas instituições – algumas delas religiosas –, constatamos que certos lares nasceram como simples negócio. Publicou-se, inclusive, que alguns pertencem a fundos “abutre”, que estão cotados em bolsa e poupam quanto podem.

Alguns dos nossos maiores morreram literalmente abandonados. Outros morreram sozinhos, numa cama de hospital, sem o calor de um familiar, atendidos por uma máquina ou, no melhor dos casos, por um agente de saúde que, além de fazer bem o seu trabalho, praticava as obras de misericórdia.

Disse-se que os lares eram espaços ideais que os maiores escolhiam porque preferiam uma vida solucionada, comida a horas e cama feita… Mas descobrimos que, em muitos casos, não era assim. De facto, a nossa sociedade opulenta e do bem-estar, ligada ao decréscimo da natalidade, à cultura urbana e à emancipação das gerações jovens, foi rompendo o ciclo natural da solidariedade geracional. Esta rutura levou, muitas vezes, a que se confinassem os nossos maiores em lares, depois de deles se ter tirado o máximo.

Trata-se de uma questão muito delicada. Na vida das famílias nunca se sabe com o que se vai deparar realmente. Por vezes, chegam doenças repentinas e torna-se muito difícil encontrar os caminhos mais adequados. Há pessoas dependentes que, geralmente, depois de grandes renúncias e sofrimentos, a única alternativa viável que se lhes apresenta é entrar num lar.

Mas, desgraçadamente, também há avós com boa mobilidade de corpo e mente que são levados para os lares, porque se considera que é a melhor solução, a melhor que a família inventa, simplesmente para conseguir um maior grau de uma mal denominada “liberdade”. Nesses casos, aprisiona-se o ancião longe dos seus familiares jovens, sem que se lhe possa oferecer apoio e conselho, fruto da sabedoria e experiência acumuladas com os anos. Mas também há avós a quem muito lhes custa aconselhar os mais jovens, acostumados que estão a mandar, dirigir ou impor os seus critérios.

Por tudo isto, seria conveniente uma revisão profunda da situação. Precisamos de recuperar o ciclo de solidariedade entre avós, pais e filhos, e não deixar os maiores mal arrumados no armazém de um lar. «O futuro do mundo está nesta aliança entre os jovens e os idosos», escreve o papa Francisco na mensagem para o I Dia Mundial dos Avós e Idosos (25 de julho de 2021).

Já Platão, na sua obra “A República”, afirmava que é na velhice que o ser humano desenvolve plenamente as suas virtudes morais, como a prudência e a sabedoria. Acrescentava que os jovens deveriam instruir-se virtuosamente, o que compreende um profundo respeito pelos maiores, que deviam, inclusive, ser tidos em conta para o governo da cidade.

Sem ir mais longe, a organização da Igreja primitiva, à imitação das comunidades judaicas, foi formulada em torno dos chamados “conselhos de anciãos”. Daqui vem precisamente a palavra “presbítero”, que, proveniente do grego, significa “ancião”.


 

A partir de texto de D. Joan Planellas i Barnosell
Arcebispo de Tarragona, Espanha
In SIC
Trad./edição: Rui Jorge Martins
Imagem: zurijeta/Bigstock.com
Publicado em 24.07.2021

domingo, 18 de julho de 2021

18 de JULHO - festa de S. BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES

 

                         S. Bartolomeu dos Mártires a DOUTOR DA IGREJA!

 

   Quando andava no Liceu, talvez no 4º ano, “conheci” Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, a partir de extractos  que continha a Selecta Literária ( o livro de leitura- literatura de Português) da “ Vida do Arcebispo” de Frei Luís de Sousa. Talvez um página desta obra. Mas uma página que me marcou até hoje e me fez admirar imenso este Arcebispo de Braga de quem nunca ouvira falar até essa altura. E fiquei fascinado… Um Arcebispo de Braga, a cavalo de uma mula, no rigor do Inverno transmontano, calcorreava caminhos ínvios à procura de aldeias pobres, negras, analfabetas e ignorantes das “ coisas” de Deus ! Não levava séquito pomposo nem abundância de víveres. Ia pobre como os pobres que ia visitar e ensinar. Pobremente morreu, partilhando sempre tudo, que era pouco por sua vontade, com quem nada tinha.

 Vivia pobremente. E, por exemplo, disse directamente ao Papa que a baixela de prata em que eram servidas as refeições não ficavam bem e logo se comprometeu , e cumpriu, de lhe enviar um serviço de porcelana.  

   Adolescente, achava espantoso como um Senhor, Arcebispo de Braga, se deslocava assim, vivia assim e dava o exemplo a todos de uma vida austera mais consentânea com a sua condição de cristão. Mas era um intelectual do mais elevado gabarito, tanto quanto a sua humildade.

  Ficou-me gravada na memória a figura de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, um lisboeta ( baptizado na hoje Basílica dos Mártires) que tinha optado pela vida frugal e desprendida dos dominicanos e que muito contrariado aceita a insistência da Rainha para ser o Arcebispo de Braga.

  Os meus leitores, que sabem muito mais do que eu sobre a vida e a obra deste grande Arcebispo de Braga, perdoar-me-ão de aqui exarar alguns dados conhecidos de todos

  O Concílio de Trento, grande acontecimento da vida da Igreja, teve, além do Papa , como grande protagonista o “ Bracarense”, como era conhecido. A sua obra “ Estímulo de Pastores” que escreveu para si, teve um sucesso enorme na altura e no II Concílio do Vaticano, quatrocentos anos depois, foi distribuído a todos os Padres conciliares. Ficou célebre o seu “ Catecismo” que os párocos deveriam explicar aos Domingos a todos os fregueses, dada a suma ignorância destes e dos seus paroquianos!

  O “ Bracarense” ( como os actuais e futuros bracarenses se deveriam orgulhar deste epíteto dado ao mais extraordinário Arcebispo de Braga – não refiro os brilhantíssimos Antístites de Braga que deixaram marcas profundas. Dom Frei Bartolomeu dos Mártires atingiu outro patamar de santidade!), foi  “ canonizado” pelo povo, sobretudo entre os mais pobres da “ Viana da Foz do Lima”, finalmente, a Igreja canonizou-o de facto em 10 de Novembro de 2019, pelo Papa Francisco, na Basílica de S. Pedro.

… Mas será preciso divulgar muito mais a vida e o exemplo deste grande Arcebispo de Braga, sobretudo, hoje, em que uma crise profunda abala os fundamentos da sociedade e a que a Igreja não escapa.

S. Frei Bartolomeu dos Mártires é exemplo de humildade, de sobriedade, de caridade, de justiça, de tolerância, de sabedoria que não se aloja em mentes egoístas …

 Como já escrevi acima, desde a minha adolescência que Dom Frei Bartolomeu dos Mártires me fascina.

 Que riqueza  hoje praticamente inexplorada é a sua obra escrita!

 Que exemplo é a sua vida!

 Carlos Aguiar Gomes

sexta-feira, 16 de julho de 2021

The body of Sainte Bernadette of Lourdes, by Fr. Andre Ravier, S.J.

Based on documents in the archives of the convent of Saint-Gildard, of the diocese and the city of Nevers. Original article published by Eternal Word Television Network

Very fine wax masks were laid over the face and hands of St. Bernadette's body in 1925 to disguise the sunken eyes and nose and the blackish tinge to the face and hands. During the first exhumation (1909) the face had been "a dull white" and the hands "perfectly preserved" but the nose was already "dilated and shrunken". The eyes were not noted as having yet sunk. She died on April 16, 1879. Her body has not been embalmed or specially treated in any way.

On April 16, 1879, Bernadette—or Sister Marie-Bernard, as she was known within her order—died in the Sainte Croix (Holy Cross) Infirmary of the Convent of Saint-Gildard. She was thirty-five.

Born into a humble family which little by little fell into extreme poverty, Bernadette had always been a frail child. Quite young, she had already suffered from digestive trouble, then after having just escaped being a victim of the cholera epidemic of 1855, she experienced painful attacks of asthma, and her ill health almost caused her to be cut off for ever from the religious life. When asked by Monsignor Forcade to take Bernadette, Louise Ferrand, the Mother Superior of the Sisters of Nevers, replied: "Monsignor, she will be a pillar of the infirmary".

At least three times during her short life-time, she received the last Sacraments. She was gradually struck by other illnesses as well as asthma: among them, tuberculosis of the lung and a tubercular tumour on her right knee. On Wednesday, April 16, 1879, her pain got much worse. Shortly after eleven she seemed to be almost suffocating and was carried to an armchair, where she sat with her feet on a footstool in front of a blazing fire. She died at about 3.15 in the afternoon.

The civil authorities permitted her body to remain on view to be venerated by the public until Saturday, April 19. Then it was "placed in a double coffin of lead and oak which was sealed in the presence of witnesses who signed a record of the events". Among the witnesses were "inspector of the peace, Devraine, and constables Saget and Moyen".

The nuns of Saint-Gildard, with the support of the bishop of Nevers, applied to the civil authorities for permission to bury Bernadette's body in a small chapel dedicated to Saint Joseph which was within the confines of the convent. The permission was granted on April 25, 1879, and on April 30, the local Prefect pronounced his approval of the choice of the site for burial. Immediately they set to work on preparing the vault. On May 30, 1879, Bernadette's coffin was finally transferred to the crypt of the chapel of Saint Joseph. A very simple ceremony was held to commemorate the event.

First "Identification Of The Body" September 22, 1909

In the autumn of 1909 the work of the episcopal commission looking into Bernadette's reputation for saintliness, virtue and miracles with a view to canonisation was complete. The next step was the first "identification of the body" as it is called, which implies identification in accordance with both civil and canon law and verification of the state of the corpse.

The body was exhumed for the first time on Wednesday, September 22, 1909. The official records, which are kept in the Archives of Saint Gildard, enable us to follow the identification proceedings virtually step by step.

Monsignor Gauthey, Bishop of Nevers, and the church tribunal, entered the main chapel of the convent at 8.30 a.m. A table had been placed at the entrance to the sanctuary. On it were the Holy Gospels. One by one, the three witnesses (Abbe Perreau, the Mother Superior of the order, Marie-Josephine Forestier, and her deputy), the doctors (Doctors Jourdan and David), the stonemasons, Gavillon and Boue, and the carpenters, Cognet and Mary, swore an oath to tell the truth. The party then moved on to the chapel of Saint Joseph. The mayor and the deputy mayor insisted on carrying out the legal formalities in person. Once the stone had been lifted from the vault the coffin was immediately visible. It was carried to the room prepared for it and placed on two trestles covered with a cloth. On one side was a table covered with a white cloth. The body—or, if applicable, the bones—of Bernadette were to be placed on this table. The wooden coffin was unscrewed and the lead coffin cut open to reveal the body of Bernadette in a state of perfect preservation. There was not the slightest trace of an unpleasant smell. The Sisters who had buried her thirty years earlier noted only that her hands had fallen slightly to the left. But the words of the surgeon and the doctor, who were under oath, speak for themselves:

«The coffin was opened in the presence of the Bishop of Nevers, the mayor of the town, his principal deputy, several canons and ourselves. We noticed no smell. The body was clothed in the habit of Bernadette's order. The habit was damp. Only the face, hands and forearms were uncovered.

The head was tilted to the left. The face was dull white. The skin clung to the muscles and the muscles adhered to the bones. The sockets of the eyes were covered by the eye-lids. The brows were flat on the skin and stuck to the arches above the eyes. The lashes of the right eyelid were stuck to the skin. The nose was dilated and shrunken. The mouth was open slightly and it could be seen that the teeth were still in place. The hands, which were crossed on her breast, were perfectly preserved, as were the nails. The hands still held a rusting rosary. The veins on the forearms stood out.

Like the hands, the feet were wizened and the toenails were still intact (one of them was torn off when the corpse was washed). When the habits had been removed and the veil lifted from the head, the whole of the shrivelled body could be seen, rigid and taut in every limb. It was found that the hair, which had been cut short, was stuck to the head and still attached to the skull—that the ears were in a state of perfect preservation—that the left side of the body was slightly higher than the right from the hip up.

The stomach had caved in and was taut like the rest of the body. It sounded like cardboard when struck. The left knee was not as large as the right. The ribs protruded as did the muscles in the limbs. So rigid was the body that it could be rolled over and back for washing. The lower parts of the body had turned slightly black. This seems to have been the result of the carbon of which quite large quantities were found in the coffin.

In witness of which we have duly drawn up this present statement in which all is truthfully recorded.

Nevers, September 22, 1909

Drs. Ch. David, A. Jourdan.»

The nuns washed the body and replaced it in a new coffin lined with zinc and padded with white silk. In the few hours in which it had been exposed to the air the body had started turning black. The double coffin was closed, soldered, screwed down and sealed with seven seals.

The workmen once again bore Bernadette's body into the vault. It was 5.30 p.m. by the time everything had been completed.

The fact that Bernadette's body was perfectly preserved is not necessarily miraculous. It is well known that corpses decompose less in certain kinds of soil and gradually mummify. It should be noted, however, that in the case of Bernadette this mummified state is quite astounding. Her illnesses and the state of her body when she died, the humidity in the vault in the chapel of Saint Joseph (the habit was damp, the rosary rusty and the crucifix had turned green) would all seem to be conducive to disintegration of the flesh. We should be glad, therefore, that Bernadette benefited from a fairly rare biological phenomenon. But this is not a "miracle" in the strictest sense of the word.

Second "Identification Of The Body" April 3, 1919

On August 13, 1913, Pope Pius X, in consequence of a decision of the Congregation of Rites, authorised the introduction of the cause of beatification and canonisation of Bernadette Soubirous and signed the decree of venerability. War broke out and it was impossible to take up the case again immediately. This was not done until 1918, at which time Monsignor Chatelus was bishop of Nevers.

This made another identification of the body of the venerable Bernadette necessary. Doctor Talon and Doctor Comte were asked to undertake the examination. It took place on April 3, 1919, in the presence of the Bishop of Nevers, the police commissioner, representatives of the municipalities and members of the church tribunal.

Everything was just the same as at the time of the first exhumation. Oaths were sworn, the vault was opened, the body transferred to a new coffin and reburied, all in accordance with canon and civil law. After the doctors had examined the body, they retired alone in separate rooms to write their personal reports without being able to consult each other.

The two reports coincide perfectly with each other and also with Doctor Jourdan and Doctor David's report of 1909. There is one new element as regards the state of the body. This is the existence of "patches of mildew and a layer of salt which seems to be calcium salt," and which were probably the result of the body's having been washed the first time it was exhumed. We will quote only the first few lines of Dr. Comte's report:

"When the coffin was opened the body appeared to be absolutely intact and odourless. '' (Dr. Talon was more specific: "There was no smell of putrefaction and none of those present experienced any discomfort.") The body is practically mummified, covered with patches of mildew and quite a notable layer of salts which appear to be calcium salts. The skeleton is complete, and it was possible to carry the body to a table without any trouble. The skin has disappeared in some places, but it is still present on most parts of the body. Some of the veins are still visible. "

At 5 p.m. that evening the body was reburied in the chapel of Saint Joseph in the presence of the Bishop, Mother Forestier and the police commissioner.

Third "Identification Of The Body" April 18, 1925

On November 18, 1923, the pope pronounced the authenticity of Bernadette's virtues and the path to beatification was open.

A third and final identification of the body was required for the proclamation of beatification. The relics, which were to go to Rome, Lourdes, or houses of the Order, were to be taken during this exhumation.

Doctor Talon and Doctor Comte were once again asked to examine the body and Doctor Comte, who was a surgeon, was to remove the relics.

The ceremony took place on April 18, 1925 forty-six years and two days after Bernadette's death. The ceremony was private as is required by canon law when beatification has not yet been pronounced. Present were the nuns from the community, the Bishop, the vicars general, the church tribunal, two "instrumental" witnesses, the two doctors, Mabille, the commissioner of police, and Leon Bruneton, representing the municipal authorities.

At 8.30 a.m. in the chapel of the convent the two doctors, whose task it was to examine the body for the official identification, and the masons and carpenters who were to open the vault and take out the coffin swore the usual oaths on the gospels.

"I swear and promise to faithfully accomplish the task with which I have been entrusted", declared the doctors, "and to tell the truth in the replies I make to questions put to me and in my written statements on the examination of the body of the Venerable Servant of God, Sister Marie-Bernard Soubirous, and on the removal of the relics. This, I promise and swear. So help me God and the Holy Gospels." And each of the workmen took an oath: "With my hand on God's gospels I swear and promise to faithfully accomplish the task with which I have been entrusted. So help me God and the Holy Gospels."

The group then fetched the coffin of Bernadette from the chapel of Saint Joseph in procession and carried it to the chapel of Saint-Helen.

Here are some passages from Doctor Comte's report:

«At the request of the Bishop of Nevers I detached and removed the rear section of the fifth and sixth right ribs as relics; I noted that there was a resistant, hard mass in the thorax, which was the liver covered by the diaphragm. I also took a piece of the diaphragm and the liver beneath it as relics, and can affirm that this organ was in a remarkable state of preservation. I also removed the two patella bones to which the skin clung and which were covered with more clinging calcium matter.

Finally I removed the muscle fragments right and left from the outsides of the thighs. These muscles were also in a very good state of preservation and did not seem to have putrefied at all. " Doctor Comte continues: "From this examination I conclude that the body of the Venerable Bernadette is intact, the skeleton is complete, the muscles have atrophied, but are well preserved; only the skin, which has shrivelled, seems to have suffered from the effects of the damp in the coffin. It has taken on a greyish tinge and is covered with patches of mildew and quite a large number of crystals and calcium salts; but the body does not seem have putrefied, nor has any decomposition of the cadaver set in, although this would be expected and normal after such a long period in a vault hollowed out of the earth.»

Three years later, in 1928, Doctor Comte published "report on the exhumation of the Blessed Bernadette" in the second issue of the Bulletin de l'Association medical de Notre-Dame de Lourdes.

«I would have liked, [he  wrote,] to open the left side of the thorax to take the ribs as relics and then remove the heart which I am certain must have survived. However, the trunk was slightly supported on the left arm, it would have been rather difficult to try and get at the heart without doing too much noticeable damage. As the Mother Superior had expressed a desire for the Saint's heart to be kept together with the whole body, and as Monsignor the Bishop did not insist, I gave up the idea of opening the lefthand side of the thorax and contented myself with removing the two, right ribs which were more accessible. [The surgeon was particularly struck by the state of preservation of the liver:]

What struck me during this examination, of course, was the state of perfect preservation the skeleton, the fibrous tissues of the muscles (still supple and firm), of the ligaments and of the skin, and above all the totally unexpected state of the liver after 46 years. One would have thought that this organ, which is basically soft and inclined to crumble, would have decomposed very rapidly or would have hardened to a chalky consistency. Yet when it was cut it was soft and almost normal in consistency. I pointed this out to those present, remarking that this did not seem to be a natural phenomenon.»

Once the surgical part was over, Doctor Comte had the body swathed in bandages leaving only the face and hands free. Bernadette's body was then put back into the coffin, but left uncovered. At this point a precise imprint of the face was moulded so that the firm of Pierre Imans in Paris could make a light wax mask based on the imprints and on some genuine photos. It was feared that, although the body was mummified, the blackish tinge to the face and the sunken eyes and nose would make an unpleasant impression on the public.

Imprints of the hands were also taken for the same reasons. Care was taken not to alter their position in the coffin in any way.

The body was left in the chapel of Saint-Helen, but the doors to the chapel were closed and sealed and no one could get in. The nuns who wished to pray close to the body of Bernadette could only see her through a glass partition.

On June 14, 1925, Pope Pius XI officially proclaimed Bernadette Blessed. But, as the shrine being made in the workshops of the firm of Armand Caillat Cateland in Lyons was not finished, it was not possible to place Bernadette's body in position in its shrine until July 18. The ceremony when the day came was a very simple one. Once the ecclesiastical authorities had satisfied themselves that everything in Saint-Helen's Chapel was as it had been left on April 18, the nuns dressed Bernadette's body in a new habit. The sculptor took the light wax masks which had been made on the basis of the imprints and placed them on the face and hands. Then the body was carried on a white stretcher to the novices' hall. The chant for the Office of the Virgins was sung and then the body was finally placed in its shrine.

On the evening of August 3, the shrine was ceremonially transferred from the novices' hall to the chapel of the convent of Saint-Gildard. On August 4, 5 and 6, ceremonial masses were said in Bernadette's honour.

It was in August 1925 that the long pilgrimage of friends of Saint Bernadette began. Among them are many tourists, who come out of plain curiosity; there are even sceptics among the praying throng.

"But is this really Bernadette's body?" they ask. "If it really is her body, then wasn't it embalmed?"

Sufficient answer to these questions can be found in the medical reports on the three exhumations, in the presence each time of the civil and church authorities, and in the strictness of canon law. Yes, it is Bernadette's body—intact—which is in the shrine. It looks "as if it is mummified", to quote the doctors. Only some relics have been removed. Very fine wax masks have been laid over the face and hands moulded from imprints taken directly from the body and backed up by authentic photographic documents. Anyone who were to dispute this state, however wonderful it may appear, would be questioning the sincerity of people whose word is normally considered to be authoritative; doctors, policemen, sworn witnesses, and members of the church tribunal.

Yes, this is the body of Bernadette in the attitude of meditation and prayer which it adopted in its first coffin This is the face which was lifted eighteen times to the "Lady of Massabielle", these are the hands which fingered the rosary before and during the apparitions, these are the fingers which scratched the earth and made the miraculous spring appear, these are the ears which heard the message and these the lips which repeated the Lady's Name to Father Peyramale; "I am the Immaculate Conception." This is the heart, too, which bore so much love for Jesus Christ, the Virgin Mary and sinners. One only has to look at the body in the shrine to be present at the wonderful events of Lourdes. Something of the grace of Massabielle strikes the soul.

Inscribed in the metal around the shrine are the words "The Virgin."

But was it necessary? A silent voice reaches out to our innermost being from the slight, fragile body which seems to be absorbed in God. Here Bernadette is present. Here Bernadette is praying. Here Bernadette bears witness. Dare we say it: here in some way Bernadette lives on. And her messages bursts forth as clearly as on the first day: here Bernadette is carrying on day by day in the presence of each pilgrim the work which the "Immaculate Conception" gave her in the name of God. She reminds us that God is Love and that he never stops calling us to pass from the night of our sin to his wondrous Light.

To know more about the true Bernadette, read:
Bernadette Soubirous: Personal notes.
Saint Gildard: Some of Bernadette's sayings.
Fr. John Moloney: Bernadette speaks.
R. Laurentin: Bernadette of Lourdes.
Nevers: Along the pathways of Faith lead us.
A. Ravier: Bernadette and her Rosary.—Bernadette, the saint of poverty and of light.—Les ecrits de Sainte Bernadette et sa voie spirituelle.

terça-feira, 13 de julho de 2021

Homélie pour le 15e dimanche,

 

Homélie pour le 15e dimanche, année B, Marc 6, 7-13

10 Jul 2021 07:27 AM PDT

 


Notre-Seigneur Jésus-Christ envoie les apôtres en mission. Cette mission apostolique, elle est poursuivie par les prêtres tout au long de l'histoire de l'Eglise. Autrement dit, les consignes données aux apôtres par Notre-Seigneur sont valables pour tout ministère apostolique. Et ce que firent les apôtres lors de cette mission, c'est ce que doivent encore faire les prêtres de nos jours.

Jésus demande d'abord de rien prendre de superflu pour la route: pas de pain, pas d'argent, une seule tunique, des sandales. Notre-Seigneur demande donc à ses prêtres la simplicité, la sobriété, la pauvreté. Dans leur ministère, ils ne doivent pas compter sur les moyens humains, comme le pouvoir, le savoir ou l'argent, mais uniquement sur la grâce et la puissance de Dieu. Ce qui rend fécond le ministère sacerdotal c'est la prière, l'humilité, l'obéissance à l'Eglise et la confiance en Dieu seul. Comme le pape François, Notre-Seigneur veut une Eglise pauvre pour les pauvres.

Au XIIe siècle, alors que le monde avait bien besoin d'être évangélisé, saint François a envoyé ses missionnaires, vêtus de sandales et d'une seule tunique, sans argent et vivant de mendicité. Au XIXe siècle, le curé d'Ars a opéré des prodiges de conversion, sans être un savant selon le monde, étant au contraire un prêtre pauvre et saint.

Notre-Seigneur demande aussi aux prêtres de ne pas changer de maison et de demeurer là où on les accueille. Au sens spirituel, cela veut dire que le prêtre ne doit pas fluctuer dans ses idées, mais rester fermement établi dans la doctrine de l'Eglise, telle qu'il l'a reçue. 

Enfin Notre-Seigneur demande parfois à ses prêtres d'accepter humblement l'échec dans leurs entreprises pastorales. Nous ne sommes rien. Dieu seul est tout. Et il faut avoir cette humilité devant l'échec humain, en abandonnant à Dieu cet échec, car Lui seul est assez puissant pour tirer le bien du mal et féconder mystérieusement notre apostolat, selon ses vues à Lui.

Qu'on fait les apôtres dans cette mission? Ils ont prêché la pénitence. Cela reste le point primordial de la prédication de l'Eglise: exhorter les âmes à reconnaître leur péché, en demander pardon, se convertir, revenir au Seigneur et mener une vie selon l'Evangile. 

Les apôtres aussi ont chassé les démons et guéri les malades. Le prêtre en effet combat le mal sous toutes ses formes. Son ministère est de libérer les âmes de la puissance du mal, des passions et de guérir les blessures de l'âme. Le prêtre est là pour purifier les consciences, guérir les cœurs meurtris et libérer les âmes de leur passé mauvais. Prions beaucoup pour eux. 

Simon Noel OSB

quarta-feira, 7 de julho de 2021

palabras que engañan

 

El indulto de palabras que engañan

A todos se nos reclama esa fidelidad a la coherencia de una posición católica que no aísla ni empeñece, que no excluye ni enfrenta, y fidelidad a una historia labrada generosamente por enteras generaciones que durante siglos han construido pluralmente España. Es la misma enseñanza que no hace tanto tiempo dimos los obispos españoles hablando de la unidad de nuestro pueblo como un bien moral.

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Andamos a vueltas con cuestiones que nos tienen perplejos, y que nos dejan un trasfondo de extrañeza cuando con palabras que expresan realidades de gran nobleza vemos que pueden ser utilizadas de muchas maneras, incluso torticeras. Esta es la calculada ambigüedad con la que en estos días vemos que se trata el asunto de unos indultos que tienen toda una profunda carga de complejidad. Porque los indultos que un gobierno puede estudiar y, eventualmente, conceder tienen un itinerario que es claro en nuestro ordenamiento jurídico dentro de un Estado de derecho como es España. Y no se pueden arbitrariamente conceder o negar desde un caprichoso uso y un interesado cálculo que no tiene que ver con las palabras manidas en este festival de una extraña piedad, apelando a sentimientos sagrados y enormemente delicados, para venir a la postre a tapar los verdaderos motivos que se exhiben impudorosamente desde una pretendida magnanimidad.

Tener un corazón magnánimo no es señal de debilidad, sino de la más grande fortaleza. El que gasta la mezquindad en sus latidos se hace rehén y sumiso de sus entretelas más cicateras, quizá presas del miedo que atenaza o del rencor resentido que te hiela. Estamos en una época en la que las palabras son continuamente robadas para volcar una verborrea vacía que de tanto repetirla ya no nos dice nada. Es una suerte de encantamiento para serpientes ingenuas que se dejan llevar por palabras sin verdad con una trama que engaña. Son un ‘flatus vocis’, como decían los clásicos, y que en la tradición medieval indicaba la acción de emitir palabras huecas y sin sentido, en un hablar por hablar, parloteando para no decir absolutamente nada a sabiendas.

Cuando se invocan el diálogo, la magnanimidad, la reconciliación, la tolerancia, las medidas de gracia, no siempre se quiere decir lo que esas palabras significan en su recta comprensión verbal, e incluso en la genuina tradición cristiana, sino que a veces pueden señalar algo ambiguo, escurridizo y falaz. Es extraño invocar el diálogo con los que no quieren hablar, o tener magnanimidad con quienes la van a usar y tirar, o empeñarse en la reconciliación con los que siguen insidiando con saña y dividiendo sin rubor, o abogar por la tolerancia con quienes no renuncian a la violencia, o apelar a medidas de gracia para beneficio de los que ni las piden ni las merecen por su amenazante actitud de reincidencia. Digo que es extraño y también culpable, porque no resulta un atrevimiento ingenuo, ni una bondadosa inocencia.

Suele esconder una estrategia que tiene pretensiones inconfesadas, y unos objetivos buscados tras la tramoya que tiene pagadores que te los financian. Pero lo que se oculta con ardid retorcido, se descubre sin especial dificultad a la corta o a la larga. Y los beneficios maquillados y trucados son fácilmente reconocibles y dan la cara. Cuando todo esto resulta una maquinación política, una más que nos acerca la ralea de quienes han hecho su propio cortijo de la gobernanza de un pueblo, entonces se descubre la actitud tramposa de unos modales en las formas y la aptitud perversa de unos intereses sin entraña.

Más difícil resulta calificar la actitud y la aptitud cuando no hay siglas políticas detrás, sino simplemente un buenismo irresponsable que se alinea con ellas sin más, repitiendo como un mantra los argumentos prestados y asumidos en canal, cuando más bien cabría esperar un juicio moral que se deriva de la rica doctrina social de la Iglesia que ahonda en su sabiduría y bebe de su experiencia que con logros y fallos hemos ido escribiendo como preciosa aportación serena a la sociedad. Cabría también esperar un amor a la verdad que descarta enjuagues con la ambigüedad engañosa, una audacia templada que sabe medir bien los tiempos sin precipitarse y sin fugarse cuando hay que hablar y actuar ponderando las consecuencias para todos y no sólo para una parte. Esto sería un buen testimonio desde una conciencia ética cristiana y desde una pedagogía paciente que no hace extraña su responsabilidad dentro de la Iglesia.

Pero son estos los tiempos que corren, no aquellos de los que no tenemos malsana nostalgia, ni tampoco los tiempos que vendrán sin tener hoy noticia apresurada. Son estos tiempos, los nuestros, donde hemos de librar la batalla cultural dando razón de nuestra esperanza y leyendo adecuadamente nuestra centenaria historia. Como ciudadanos todos y como cristianos los creyentes, tanto en las coyunturas civiles así como en las eclesiásticas, a todos se nos reclama esa fidelidad a la coherencia de una posición católica que no aísla ni empeñece, que no excluye ni enfrenta, y fidelidad a una historia labrada generosamente por enteras generaciones que durante siglos han construido pluralmente España. Es la misma enseñanza que no hace tanto tiempo dimos los obispos españoles hablando de la unidad de nuestro pueblo como un bien moral, capaz de valorar lo que nos distingue y, al mismo tiempo, lo que nos enriquece complementariamente, cuando no hacemos de las distinciones un arma arrojadiza cainita y letal.

Porque parece que se indultan solamente las mascarillas que nos embozaban, cuando a alguien se le ha ocurrido distraernos con tamaña concesión de gracia. Se indultan los oscuros derroteros para perpetuarse un rato más en unas poltronas y cetros con los que seguir construyendo el alibí gaseoso de una pompa llena de la nada que tiene en la mentira su recurrente herramienta política más esmerada. Se indultan los intereses construidos desde el diseño egoísta e insolidario de quien se aprovecha tan sólo de su propia causa engañando, forzando, manipulando, insidiando y dividiendo. Pero no se indulta la vida del no nacido a cuyo asesinato en el seno de su madre se aspira a que sea un derecho, ni la vida del enfermo o anciano terminal al que se permite acabar con su vida eutanásicamente en lugar de cuidarla con respeto, cariño y consuelo con las medidas paliativas y espirituales, ni la educación de nuestros más jóvenes sustrayendo ideológicamente la responsabilidad de sus padres.

‘Flatus vocis’, voces de aire que no dicen nada, las digan quienes las digan. Nosotros seguiremos clamando y defendiendo la vida en todos sus tramos, la verdad que nos hace libres, la convivencia plural y pacífica, la comunión fraterna que nos une y complementa, la educación que no manipula. Todo eso que responde a las promesas de Dios y a los deseos de los hombres, a nuestras preguntas que encuentran correspondencia en sus respuestas.

Jesús Sanz Montes, arzobispo de Oviedo

Publicado no diário espanhol ABC de 24.VI.2021

La situation en Syrie/ A SITUAÇÃO NA SÍRIA

  En raison de l’actualité en Syrie, nous avons interrogé Benjamin Blanchard, directeur général de   SOS Chrétiens d’Orient   : Après une ré...