Blog da Militia Sanctæ Mariæ - Cavaleiros de Nossa Senhora um instrumento na evangelização do mundo contemporâneo // Blog created by Militia Sanctæ Mariæ, whose purpose is to be an instrument in the evangelization of the contemporary world // Blog de la Militia Sanctæ Mariæ et dont le but est d'être un instrument dans l'évangélisation du monde contemporain // Blog der Militia Sanctæ Mariæ, die sich zum Ziel gesetzt haben, ein Werkzeug bei der Evangelisierung der heutigen Welt zu sein
sábado, 31 de dezembro de 2022
Requiescat in pace, Papa
UMA FAMÍLIA NO HORIZONTE DE MUITAS OUTRAS
UMA FAMÍLIA NO HORIZONTE DE MUITAS OUTRAS
Sendo a mais pequenina e a mais antiga das sociedades humanas, a família, constituída entre homem e mulher, seus ascendentes e descendentes, apesar dos solavancos que enfrenta e sofre, continua a ser a instituição que mais estabilidade e esperança oferece ao mundo prenhe de feridas e divisões. É a mais influente das instituições, no presente e no futuro da humanidade. É nela que a pessoa nasce, cresce e amadurece, em princípios e valores, em solidariedade e fraternidade, em bons e menos bons momentos. Se, porém, a família está doente, a sociedade doente está! Por isso, tudo quanto cada família possa fazer em prol de si mesma, tudo quanto possa ser feito por quem tem o dever de promover e defender a família, tudo isso, por mais que seja e se eleve à mais alta potência, é sempre muito pouco para enaltecer a família e lhe agradecer por tudo o que ela é, significa e faz. Cuidar da família devia ser a prioridade das prioridades, o ponto de honra de qualquer sociedade que se presa de o ser. A força e a vitalidade de cada país dependem da vitalidade e da força das suas famílias. É na família, diz Bento XVI, que “se plasma o rosto de um povo; é nela que os seus membros adquirem os ensinamentos fundamentais. Nela aprendem a amar, enquanto são amados gratuitamente; aprendem o respeito por qualquer outra pessoa, enquanto são respeitados; aprendem a conhecer o rosto de Deus, enquanto recebem a sua primeira revelação de um pai e de uma mãe cheios de atenção. Sempre que falham estas experiências basilares, a sociedade no seu conjunto sofre violência e torna-se, por sua vez, geradora de múltiplas violências” (AM42-46).
Em vésperas do Dia Mundial da Paz, também é bom lembrar que a família é, sem dúvida, o lugar propício para a aprendizagem e a prática da cultura do perdão, da paz e da reconciliação. “Numa vida familiar sã, experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs, a função da autoridade manifestada pelos pais, o serviço carinhoso aos membros mais débeis porque pequenos, doentes ou idosos, a mútua ajuda nas necessidades da vida, a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoá-lo. Por isso a família é a primeira e insubstituível educadora para a paz”.
Defender a família, não é, não pode ser, sabemos que não é apenas policiar as cidades, as vilas e aldeias, as ruas e os bairros para prender quem maltrata e mata. A defesa da família está a montante, está na formação dos jovens, nas políticas que se implementam, nos serviços que se lhe prestam, no apreço que por ela se tem e manifesta. E se a formação dos jovens para construir família começa, de facto, no seio da família pelo testemunho dos avós e dos pais, se outras instituições também se preocupam com a promoção, proteção e defesa da família e vão fazendo a sua parte, também a preocupação do Estado se deveria fazer sentir de forma mais eficiente e eficaz, para que, naturalmente, o tecido social de paz, harmonia e progresso fosse alicerçado em rocha firme.
Educar é muito mais do que ensinar. Implica objetivos definidos e claros, implica o testemunho e a coerência de quem educa, implica rejeitar colonizações ideológicas e preconceitos sem sentido, implica não desconstruir a linguagem nem distorcer o conceito de matrimónio e de família. Desvalorizar a maternidade, banalizar o aborto, descartar os mais frágeis, promover o divórcio sem pensar, inclusive, nas tristes e sofridas consequências para os filhos, tantas vezes fazendo deles objeto de disputa como se de partilhas de propriedade se tratasse, criar uma ‘nova ética’ em nome de saltos civilizacionais apadrinhados por egoísmos e quejandos, tudo isso acaba por conduzir ao endurecimento do coração, à cultura do provisório, do usa e deita fora, avilta a consciência, desumaniza. É certo que nas famílias nem tudo é linear. É certo que não se podem negar as crises e os problemas com múltiplas causas e origens. É certo que não se deve esconder ou relativizar a sua importância, prejudicando a comunicação. É certo que pode haver casos que se foram enrolando e crescendo e se manifestam agora de difícil superação, sim, é certo. No entanto, quando, nos tempos felizes e calmos, marido e esposa aprendem a verdadeira arte de comunicar, acabam por reconhecer que “cada crise é como um novo ‘sim’ que torna possível o amor renascer reforçado, transfigurado, amadurecido, iluminado” (AL238).
Celebramos a Festa da Sagrada Família. A todas, mas sobretudo às famílias cristãs, o Papa Francisco lembra que cada família “tem diante de si o ícone da família de Nazaré, com o seu dia-a-dia feito de fadigas e até de pesadelos, como quando teve que sofrer a violência incompreensível de Herodes, experiência que ainda hoje se repete tragicamente em muitas famílias de refugiados descartados e inermes. Como os Magos, as famílias são convidadas a contemplar o Menino com sua Mãe, a prostrar-se e adorá-Lo. Como Maria, são exortadas a viver, com coragem e serenidade, os desafios familiares tristes e entusiasmantes, e a guardar e meditar no coração as maravilhas de Deus. No tesouro do coração de Maria, estão também todos os acontecimentos de cada uma das nossas famílias, que Ela guarda solicitamente. Por isso pode ajudar-nos a interpretá-los de modo a reconhecer a mensagem de Deus na história familiar (AL30).
O amor entre homem e mulher insere-se na Aliança definitiva entre Deus e o seu povo. Foi plenamente selada no sacrifício da cruz. Não sendo obra de um momento, mas um projeto paciente de toda uma vida, a família é chamada a viver diariamente o amor de Cristo, sem esquecer que é “um instrumento privilegiado da presença e missão da Igreja no mundo”. Sempre renovada com a força da Palavra de Deus e dos Sacramentos, será cada vez mais Igreja doméstica que educa para a fé e para a oração. Será cada vez mais berço de vocações ao matrimónio, à vida consagrada, ao ministério ordenado, escola natural de virtudes e de valores éticos, célula viva e basilar da sociedade. A Igreja convida todas as famílias a contemplar “a Família de Nazaré, que teve a alegria de acolher a vida e exprimir a sua piedade na observância da Lei e das práticas religiosas do seu tempo”. Convida-as a pôr “os olhos nesta Família que viveu também a provação da perda do Menino Jesus, a aflição da perseguição, da emigração e da dura labuta diária”. Convida-as a que ajudem os seus filhos “a crescerem em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens” (cf. EinMO58-59).
+ Antonino Dias
Bispo de Portalegre-Castelo Branco, 30-12-2022.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
SILERE nº 18
« O direito a procurar a verdade implica também um dever: nada esconder do que reconhecemos como verdadeiro» ( pensamento de Albert Einstein inscrito numa lápida da Academia Nacional de Washington )
SILERE NON POSSUM
(Não me posso calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.” (Alexandre
Soljenitsyne)
Carta aos meus
amigos – nº 18
BRAGA – 29 de
DEZEMBRO de 2022
+
PAX
Meus caros Amigos:
«Quando
virdes que alguma coisa não está bem, não é justa, não é honesta, tendes a
obrigação moral de dizer algo, de fazer alguma coisa» ( John Lewis, membro do Congresso Americano)
Celebrou-se ontem, dia 28, a festa dos
Santos Inocentes, aquelas crianças que o ódio e a inveja de Herodes mandou
massacrar para, pensava ele, assim, eliminar Jesus Menino que lhe poderia vir a
fazer concorrência!
Creio não dizer nenhum disparate que estas
crianças foram as primeiras vítimas, os primeiros mártires, massacrados por
causa de Jesus.
Nesta civilização decadente em que nos é dado
viver, assistimos, tantas e tantas vezes, em silêncio complacente e com o nosso
voto inconsequente face ao massacre dos bebés por nascer. É um verdadeiro massacre
dos inocentes que ouso comparar aos inocentes massacrados por Herodes. Como
posso calar e deixar passar em silêncio o Aborto promovido a um direito e que
se quer instituir como direito humano
universal! Até já há fortes pressões para inscrever nas Constituições de vários
países ( p.ex. Espanha e França) o Aborto como um direito que não pode ser
contestado!
Já o tenho dito e escrito inúmeras vezes, que
há o DIREITO À
VIDA mas não o DIREITO A MORRER, como não tenho o direito a ter
um Jaguar ou joias de elevado preço ou um castelo no vale do Loire, apesar de
todos, um dia, morrermos, não por direito mas pela própria natureza de sermos
seres vivos. Um direito não é um desejo!
Com razão, o Bispo de Portland ( EUA), em
26.VII.22,num vídeo, defendeu que se reconheça que “ o aborto é uma crueldade humana comparável inumana aos assassinos massivos cometidos por nazis e
comunistas no século XX”. O mesmo Bispo disse, nessa comunicação:” Condenados com razão os nazis pelos cerca
de 6 milhões de judeus que mataram. Denunciamos os milhões de assassínios
ocorridos nos regimes comunistas. Não creio que muitas pessoas saibam que (…)
63 milhões de bebés por nascer nos EUA perderam a vida por causa do aborto”.
Entre nós, que valor tem a matança dos
inocentes? Entretanto, os políticos que têm passado pelo Governo, bloquearam a
criação dos “ CENTROS DE APOIO À VIDA”, cuja lei e decreto regulamentar já
existem há muitos anos. Estes equipamentos sociais foram pensados para apoiar
grávidas com dificuldades e que poderiam ser tentadas/aconselhadas a abortar.
Como os DENTROS DE APOIO À VIDA poderiam e deveriam ser “ tendas de campanha”
para tantas e tantas mulheres feridas por egoísmos! E como estamos de centros
de “ CUIDADOS PALIATIVOS”? Quantas pessoas em fim de vida são abandonadas à sua
sorte ou estão mal acompanhadas? Há sobre estes centros de apoio à via por
nascer ou em fim de vida um desprezo total por parte dos nossos governantes.
Espantoso, não é?
Legisla-se, alarga-se e promove-se o aborto
gratuito …Legisla-se, para já de forma “ soft”, a eutanásia e as campanhas para
a sua aplicação é uma constante nos media… Como seria útil conhecer a triste
realidade do que ocorre diariamente na Bélgica, na Holanda ou no Canadá países
que qualquer razão como depressão ou crise económica dá acesso directo a ser-se
eutanasiado. Nestes países o número de crianças, jovens e adultos eutanasiados
não pára de aumentar ( o meu amigo-leitor pode consultar o sítio ieb-eib.org onde encontra muita informação actual e
fidedigna).
A defesa e promoção do DIREITO À VIDA desde a
concepção, pois é aí que começa cada um dos seres humanos, cada um de nós ou no
final de vida quando estamos mais desprotegidos e vulneráveis, é um falhanço total!
E, em nome dos Direitos Humanos, cujo centralidade é precisamente, o DIREITO À
VIDA. Depois, lamentamo-nos da quebra da natalidade ! Hipócritas.
Este é um verdadeiro” KAIROS” para a defesa da VIDA HUMANA. Podemos calar e
ficar indiferentes face ao ataque constante e bem dirigido contra a VIDA
HUMANA?
«SE
NOS CALARMOS, AS PEDRAS GRITARÃO» (cf. Lc 19, 40).
SILERE
NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes, 29
de Dezembro de 2022
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
DIA 28 - SANTOS INOCENTES - AUMENTA O NÚMERO DE BEBÈS ABORTADOS
Un día antes de los Santos Inocentes se publican los datos estadísticos de los abortos perpetrados en España.
En 2021 debieron nacer en España 427.569 bebés, solo llegaron a reír y llorar 337.380, los otros 90.189 concebidos fueron abortados, lo que supone un aumento respecto a 2020 en el que fueron abortados 88.269 niños.
O lo que es lo mismo, que el 21,1% de los niños concebidos es abortado, o lo que es lo mismo, que más de 1 de cada cinco niños no nace por voluntad de su madre y de una sociedad que lo consiente. Casi medio punto más (0,44) que en 2020.
El 90,98% de los abortos (82.056) se produjeron a petición de la mujer, lo que no les quita la maternidad, les convierte en madres de un hijo muerto; el 5,58% porque la salud y la vida de la embarazada corría un «grave riesgo», aunque ningún procedimiento médico exige la eliminación del bebé; el 3,12% por riesgo de graves anomalías en el feto y el 0,29 por anomalías fetales incompatibles con la vida o enfermedad extremadamente grave e incurable.
La mayor parte de los homicidios de los niños concebidos tiene lugar durante las primeras semanas del embarazo. Así, el 72,42% (65.316) de los mismos se registraron antes de la octava semana de gestación, mientras que sólo el 0,16% se produjo más allá de la vigésimo tercera semana.
Por comunidades autónomas, Cataluña es la región con la tasa más elevada de abortos por cada mil mujeres entre 15 y 44 años (13,42), seguida de la Comunidad de Madrid (11,90), Baleares (11,56), Asturias (11,50), Murcia (11,46), Andalucía (11,18) y Canarias (10,61).
Las regiones con menor tasa en 2021 fueron Ceuta y Melilla (1,79), Galicia (5,37), La Rioja (6,17), Extremadura (7,10), Castilla y León (7,17), Navarra (8,39), Cantabria (8,68), Aragón (8,79), Castilla-La Mancha (8,90), Comunidad Valenciana (9,02) y País Vasco (10,39).
Respecto a la edad de las mujeres, 312 eran menores de 15 años, 9.076 tenían entre 15 y 19 años, 18.753 entre 20 y 24 años, 19.227 entre 25 y 29 años, 18.641 entre 30 y 34 años, 16.187 entre 35 y 39 años, 7.309 entre 40 y 44 años y 684 eran mayores de 44 años. El 53,97% eran trabajadoras por cuenta ajena, el 34,63% tenían bachillerato y ciclos de FP equivalentes, el 47,69% no tenía hijos y el 65,35 no había tenido ningún aborto previo.
Una vuelta de tuerca más
Hace pocos días el Congreso aprobaba la ley de socialistas y comunistas que rebaja a los 16 años el aborto sin permiso paterno, elimina la reflexión y persigue la objeción
La ley expulsará a los médicos objetores al aborto de los comités clínicos que deciden sobre la vida del concebido. Para perseguir la objeción de conciencia la norma crea un registro de profesionales médicos objetores de conciencia. También elimina el plazo de reflexión de tres días que existe actualmente, así como la obligatoriedad de recibir información sobre los recursos y las ayudas disponibles en caso de continuar con el embarazo.
No hay mucha esperanza en la clase política española, el Partido Popular con la mayoría absoluta más grande en todas las instituciones lo único que hizo fue una reformita para el permiso paterno a los 16 años. Ellos presentaron «su ley» del aborto que no solo permite el exterminio de niños con discapacidad, lo mantenía como un derecho. Eso, el Partido Popular. También, y especialmente, el de Feijóo. ( INFOCATOLICA - 27.XII-22)
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
SILERE nº17
Presépio - séc.XVIII ( Basílica da Estrela – Lisboa)
(Não me posso
calar – Sto AgostinhO)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.”
Carta aos meus
amigos – nº 17
BRAGA – 22 de DEZEMBRO de 2022
+
PAX
Caros
Amigos:
“A beleza deste
Evangelho não cessa de tocar o nosso coração: uma beleza que é esplendor da
verdade. Não cessa de nos comover o facto de Deus Se ter feito menino, para que
nós pudéssemos amá-Lo, para que ousássemos amá-Lo, e, como menino, Se coloca
confiadamente nas nossas mãos. Como se dissesse: Sei que o meu esplendor te
assusta, que à vista da minha grandeza procuras impor-te a ti mesmo. Por isso
venho a ti como menino, para que Me possas acolher e amar.”
( Papa Bento XVI, 25.XII.2012)
… É este o verdadeiro
sentido do Natal, o Amor, que se manifesta em movimento para o outro, do “
Totalmente Outro para o outro”, “ encarnou” neste Menino que vem a mim e a
todos para que, na sua riqueza pobre nos possamos tornar pobres ricos ao e para O acolher e o centrar no nosso
coração, na nossa vida. Infelizmente, perdemos o Amor feito Menino que “
natalizou” para nós.
Hoje, e cada vez mais, “ destalalizamos” o
Natal, o nascimento do Menino porque não O queremos acolher e amar. Será porque
já não o conhecemos?
--- Por isso, “desnatalizaram” o
Natal! Substituímos o Menino por ídolos.
Não sei se o verbo “ desnatalalizar”
existe nem isso me preocupa. Sempre se
criaram neologismos e não vejo nenhum mal nisso.
“Desnatalizar” significa, para mim,
descaracterizar o Natal, retirar dele e do seu significado a sua essência
fundadora : celebrar o “ Nascimento de Jesus “, o “ Hodie “ ( hoje ) sempre
eterno. E esta celebração que era festa
perdeu o seu significado profundo . O Hoje deu lugar ao hoje e agora
de ruído , de efémero e de
consumo desenfreado. Fomos invadidos por velhos decrépitos vestidos de vermelho
e carregados de sacos cheios de
inutilidades. Já nem as renas os puxam em trenós . De “popotas” desajeitadas e bamboleantes. De
leopoldinas avestrúzicas e de outras quimeras cuja função é
convidar-nos ao consumo desenfreado… Até
os cânticos de Natal ,tão belos que
tantos pareciam ter sido criados por anjos ( lembra-se os leitores de, por
exemplo, o “ Adeste fideles “ ou outros mais populares que todos sabíamos de
cor ? ).
Lembram-se do orgulho em ir colher à
horta, na tarde daquele dia , “ aquelas” tronchudas ( pencas ) tenras e macias
que a geada havia “ massacrado”? E
lembram-se das magníficas e saborosas batatas, as melhores da colheita do ano,
que naquela noite todos apreciavam?
Lembram-se da azáfama nas cozinhas na preparação daquela ceia mágica que tinha
sempre, em cada família ,doces próprios e que só nesta quadra se faziam?
Lembram-se de que na lareira de cada família ardia lenha escolhida a que nunca
faltava um grande e grosso toro de carvalho ou sobro para arder até tarde?
Lembram-se de como se rezava o Terço a que todos se associavam, mesmo aqueles
que pouco praticavam ao longo do ano? Lembram-se que naquela noite estavam presentes
os vivos mas se não esqueciam os familiares já falecidos, em verdadeira
comunhão entre vivos e mortos?
Lembram-se dos jogos de cartas, dos pinhões para o “ rapa - tira-deixa- põe ) ou do “ par ou
pernão”? Lembram-se do anel enfiado num mais ou longo fio ( consoante o número
de jogadores ) e da lenga-lenga “ Babona que estás no meio …”? Lembram-se das
estórias que se contavam naquela noite, e muitas só naquela noite se contavam
, que era de lazer para a família
somente preocupada em fruir da presença aconchegante dos presentes e da saudade
dos ausentes ? Não se fiava a lã ou linho. Não se lia qualquer livro de distração. Não de fazia
renda. Estava-se ali. Juntos. Numa alegre saudade e nostalgia. Mesmo se fora de casa o vento soprava forte e
a geada se formava e forrava o chão e as ervas, lá dentro, dentro de cada casa
que tinha alma, cheiro e sons únicos , havia vida tantas vezes , noutros dias,
tão sofrida pelas agruras da vida.
Entretanto, normalmente a partir do
dia 8 , dia grande da Imaculada, Senhora, Madrinha, Mãe e Rainha de Portugal ( havia tantas Maria da Conceição! ) começava
a preparar-se o presépio em lugar de destaque e que fosse visto e admirado por
todos, sobretudo naquela noite que tinha uma magia vinda do céu, a noite de 24
de Dezembro. Os mais novos traziam musgo.
Musgo verdadeiro e verdadeiramente verde . Muito. Construía-se uma
cabana , se não já a havia de outros anos . Iam-se buscar as figuras , nunca
faltando a Sagrada Família, centro de onde irradia(va) a centralidade daquela
festa. Depois, de acordo com as possibilidades de cada família, podia haver
pastores, Reis Magos, Anjo com um dístico, em latim ( “ Gloria in excelsis
Deo!) que todos sabiam o que queria dizer. Por vezes não faltava o moleiro, a
lavadeira de roupa , o rapaz que trepava um mastro para ir buscar um bacalhau
miniatura bem em cima… Era à volta deste presépio ou à sua volta que se “
botava “ o Terço naquela noite.
E havia presentes. Para as crianças.
Poucos, que a vida era difícil . Poucos, sim ,
mas enchiam de alegria os miúdos que só os recebiam na manhã do dia
seguinte, gritando exclamações de espanto por aquilo, tão simples, que o Menino
Jesus tinha deixado. Sim, era o Menino Jesus que ali tinha estado, mal eles
sabiam que os Pais eram e se assumiam como o Menino Jesus.
Desde a noite anterior que sabiam que
o Menino iria a sua casa e por isso, no final do Terço, com a dezena final já
tão ritmada pelo cabecear do sono, beijavam a imagem de Jesus com ternura e imaginação !
Hoje ainda há Natal?
O consumo prima sobre tudo. Em muitas
casas já não se constrói o presépio. O Terço foi abandonado. As crianças são “
atafulhadas” de brinquedos a que tantas vezes já não dão qualquer valor ou
atenção.
Saneamos Jesus, o Menino Jesus, das
nossas casas. Se ainda se põe algum lembrete de que estamos no Natal, só o
vemos na árvore num canto da sala e nos “ quilos “ de papel amarrotado que, no
final da noite, é preciso arrumar. A magia da cozinha desapareceu. Compra-se
tudo feito. O amor de confeccionar as rabanadas, os mexidos ou os sonhos e
outros doces natalícios foi varrido por incómodo.
Desnatalizaram o Natal!
Desnatalizámos o Natal!
Deixamo – nos invadir por esta onda
cristianófoba. E sem memória. Consumista hiperbolicamente. Cheia de regras de
higiene fiscalizada e de almas sem higiene nenhuma.
Tenho pena da “ desnatalização “ do
Natal . Tenho saudades do Natal.
Varremos da nossa vida esta grande festa, hino à beleza que é esplendor da verdade.
Para todos os meus
Amigos-leitores e suas famílias, desejo um SANTO NATAL!
Carlos Aguiar Gomes , para o Natal de
2022
domingo, 25 de dezembro de 2022
Sto ODON - oração para o Natal
ORAÇÃO DE
SANTO ODÃO de Cluny para o Natal *
«Ó Senhora e Mãe de Misericórdia, Vós, que nesta noite, deste à luz o
Salvador, dignai-Vos na Vossa bondade
interceder por mim com as Vossas
orações ¸ eu me refugio na Vossa gloriosa e única gravidez, Mãe boníssima.
Inclinai também os ouvidos da Vossa bondade para as minhas orações. Temo
tanto que a minha vida desagrade a Vosso Filho! E já que foi por Vós, minha
Senhora, que ele se manifestou ao mundo, graças a Vós também, eu suplico-Vos
que Ele tenha piedade de mim sem demora.»
Amen.
·
Monge
beneditino do Mosteiro de Cluny (França) de que foi o 2º Abade, dando origem
aos beneditinos Negros (de hábito preto). Este Mosteiro está na origem do
ramo cluniacense, mais conhecidos só por
beneditinos. Nasceu em 878(?) e faleceu com 64 anos a 18 de Novembro de 942.
Santo Odão ( Odon) de Cluny
quinta-feira, 22 de dezembro de 2022
segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
TENDÊNCIAS PARA ENTORNAR O CALDO...
TENDÊNCIAS PARA ENTORNAR O CALDO...
domingo, 18 de dezembro de 2022
18 de Dezembro - festa DE NOSSA SENHORA DO Ó
Hino a Nossa Senhora do Ó
Expectante, estais Senhora!
No sacro ventre trazeis a Vida
Desde sempre prometida.
Expectante, estais Senhora!
Expectante, estais Senhora!
Humilde Serva do Senhor,
Doce Mãe do Salvador.
Expectante, estais Senhora!
Expectante, estais Senhora!
Sempre e sempre pura
Mãe da suprema ternura .
Expectante , estais Senhora !
Expectante, estais Senhora !
D`Anunciação ao Advento
Esperando o Nascimento
Expectante, estais Senhora !
Expectante, estais Senhora!
Nossa Senhora do Ó!
Expectante, estais Senhora!
Nossa Senhora do Ó!
Carlos Aguiar Gomes,
na preparação da festa de Nossa Senhora do Ó, 2014
sábado, 17 de dezembro de 2022
SILERE nº 16
SILERE NON POSSUM
(Não me posso calar
–
Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.” (
Alexandre Soljenitsyne)
Carta aos meus
amigos – nº 16
BRAGA – 15 de
DEZEMBRO de 2022
+
PAX
Caros
Amigos:
All human lives matter!
Nossa
Senhora da Expectação ou do Ó, uma invocação da `THEOTOKOS, a Santa Mãe de Deus que aguarda o
nascimento do Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma devoção antiquíssima.
Talvez anterior ao século X. Em Toledo, naquele século, já se celebrava a festa
da Expectação do Parto. Depois difundiu-se por toda a Cristandade. Entretanto
foi caindo em esquecimento mas manteve-se em Toledo e em Braga onde fazia parte
do calendário litúrgico do Rito Bracarense. Nesta Arquidiocese portuguesa
manteve-se até à última revisão do seu
Próprio de onde foi eliminada. Recentemente, e a propósito da Benção de
Grávidas promovida pela ASSOCIAÇÃO FAMÍLIAS no dia 28 de Abril, festa de Sta
Joana Beretta Molla, o Prelado da época, Dom Jorge Ortiga, falando com este
vosso amigo sugeriu que a mesma bênção também se fizesse na Sé Catedral , ideia
que aplaudi imediatamente tendo sugerido o dia 18 de Dezembro, dia de Nossa Senhora
do Ó . O Senhor Arcebispo concordou plenamente mas levantou a hipótese de se
celebrar no Domingo mais próximo do dia 18. E ficou o 3º Domingo do Advento
para, assim, se poder contar com mais mães grávidas e suas famílias. Assim
ficou e permanece tendo o Cabido mandado fazer uma cópia de uma imagem do
século XVIII ,guardada no Tesouro da Sé, de grande beleza e que durante dois ou
três anos esteve ao culto para a bênção das grávidas. Agora, a réplica, durante
o ano, está no Claustro da Sé onde é muito venerada. Assim, foi retomada a
celebração, modificada, a Nossa Senhora do Ó.
Em Portugal muitas capelas e altares foram
dedicadas a Nossa Senhora do Ó. Ó passou a nome próprio ( p.ex. Maria do Ó) e ,
também a apelido de família.
Esta invocação de Nossa Senhora, com as
Antífonas cantadas em Vésperas, antes e depois do Magnificat, até ao Natal, de
17 a 23 de Dezembro, as chamadas Antífonas em Ó, porque todas começam pelo vocativo
Ó e devem ter tido início no século VII/VIII. Ei-las:
O Sapientia |
17 de dezembro |
Die 18 Decembris |
18 de dezembro |
Die 19 Decembris |
19 de dezembro |
Die 20 Decembris |
20 de dezembro |
Die 21 Decembris |
21 de dezembro |
Die 22 Decembris |
22 de dezembro |
Die 23 Decembris Domine Deus noster. |
23 de dezembro |
Esta festa, que urge recuperar, quando o valor e dignidade da
vida humana se relativizou e se vai transformando em mercadoria descartável.
Aliás, a celebração desta (grande) festa remete-nos para a defesa da vida
humana desde a sua concepção, sem restrições. Nossa
Senhora do Ó é um grito contra o Aborto. Venerar Nossa Senhora com esta
invocação antes e depois do Natal, é fazermos presente o mistério da Encarnação
do Filho de Deus e cada criança concebida, desde esse momento, que tem o
direito inalienável a ser defendido. O DIREITO À VIDA é o primeiro e mais
importante direito humano! O DIREITO À VIDA, desde o início prolonga-se por
toda a vida até à morte natural.
Por isso, também a Eutanásia não pode ser
aceite numa civilização que invoca , a torto e a eito, os direitos humanos.
Sim, All
human lives matter!, toda a vida humana interessa e tem de ser
defendida.
Que Nossa Senhora do Ó interceda por nós e,
sobretudo, por todas as crianças por nascer e dê força às mães para deixarem
nascer todos os seus filhos.
UM SANTO NATAL!
SILERE NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes, ao entrar no tempo das Antífonas em Ó de 2022
P.S.
Dia negro para o DIREITO À VIDA, dia 9 de
Dezembro de 2022: o Parlamento voltou a aprovar a “ despenalização” da
Eutanásia. Mais uma machadada tremenda na Cultura da Vida e este atentado
contra a Vida Humana foi aprovado na véspera de se comemorar o DIA
INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS ( 10 de Dezembro)!
Caro Amigo leitor: já se informou se o seu
voto contribuiu para este desaforo contra a VIDA HUMANA?
O ACTO
DE MATAR passou a um chamado “ direito a morrer com dignidade”! Para onde
caminhamos? … Uma Cultura do descartável…Uma Civilização da Morte…Um Povo sem “
substrato”… Sem Alma?
No
Canadá, por exemplo, onde a política pró-eutanásia vai de “vento em popa”, o
número de pessoas eutanasiadas no último ano foram …10 000. O Professor Tim
Stainton, Director do Instituto Canadiano para a inclusão e cidadania da
Universidade da Colômbia Britânica,
descreveu a lei canadiana, cuja primeira versão é muito idêntica à nossa, como:
‘
provavelmente a maior ameaça existencial para os deficientes desde o programa
nazi da Alemanha nos anos 30 ( do século XX)»
Lamento e protesto com toda a minha força contra esta
indignidade que uma maioria parlamentar , em Portugal, aprovou recentemente (
9.XII.22).
La situation en Syrie/ A SITUAÇÃO NA SÍRIA
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