segunda-feira, 30 de junho de 2025

 

O Declínio do Ocidente: Entre o Colapso e a Resistência

A Travessia da Meia-Noite



À medida que avançamos para o segundo semestre de mais um ano marcado por instabilidade, muitos de nós — conscientes, atentos, fiéis — sentem o peso de um tempo estranho. O que parecia sólido começa a ruir. As verdades inegociáveis são agora chamadas “discursos de ódio”. A beleza, a moral, a ordem e o sentido espiritual cederam lugar ao ruído, à inversão e à apatia.
Vivemos a travessia da meia-noite da civilização ocidental.

E a pergunta impõe-se com força:
Se o Ocidente continuar neste caminho, quanto tempo falta até o colapso total?
A resposta não se limita a um número de anos. O colapso pode ser lento, abrupto ou invisível — mas os sinais são inegáveis. E o mais importante: não é inevitável. Onde há fé, há resistência.


1. Os Pilares do Ocidente: O que Está a Cair?

A civilização ocidental, tal como a conhecemos, ergueu-se sobre três grandes heranças:

  • A razão grega, que nos deu o amor pela verdade e a busca pela sabedoria;

  • O direito romano, que nos legou a noção de justiça, cidadania e ordem;

  • A fé cristã, que enraizou no coração do homem o valor da vida, da dignidade humana e da caridade.

Hoje, esses fundamentos estão a ser sistematicamente corroídos.

a) A Razão Silenciada

O pensamento racional deu lugar à “sensação”. Já não importa o que é verdadeiro, mas o que é “sentido como verdade”. O debate é substituído pela censura; a ciência, pela ideologia.
Pensadores clássicos são cancelados. A linguagem é policiada. E os jovens são ensinados a não pensar criticamente, mas a repetir slogans.

b) O Direito Corrompido

A lei, outrora fundada em princípios naturais e universais, tornou-se instrumento de engenharia social.
Hoje, legisla-se para desfazer a moral tradicional, para perseguir consciências, para proteger perversões e punir virtudes. O Estado não se limita mais à ordem e à justiça, mas assume o papel de reeducador moral — à imagem de um Leviatã ideológico.

c) A Fé Esquecida

A Europa — outrora berço da Cristandade — tornou-se terra missionária. As igrejas estão vazias, os seminários desertos, os jovens afastados.
O cristianismo foi substituído por pseudo-religiões: ambientalismo fanático, culto do corpo, políticas de identidade, progressismo messiânico.
Deus foi “expulso” da vida pública — e com Ele foi-se o sentido da Vida, da Morte, do Amor, do Sacrifício.


2. Sinais do Colapso: O Relógio Avança

a) A Crise Demográfica

Nenhuma civilização sobrevive quando deixa de se reproduzir.
A taxa de natalidade em Portugal, Itália, Espanha, Alemanha e França está muito abaixo da reposição. Em muitos casos, já é demograficamente irreversível.
Sem filhos, não há futuro. E para manter o sistema, recorre-se à imigração em massa — frequentemente desordenada, sem assimilação cultural e com tensões explosivas.

b) A Fragmentação Social

A sociedade está em guerra consigo própria. A polarização política cresce. Famílias dividem-se por opiniões.
Os conceitos de bem e mal são invertidos. A educação ensina a odiar o próprio passado.
A nova linguagem política e mediática usa termos como “fascismo”, “ódio” e “opressão” de forma abusiva e estratégica, para silenciar qualquer pensamento dissidente.

c) A Crise Económica e Moral

O Ocidente vive acima das suas possibilidades. Dívidas astronómicas, impressão descontrolada de moeda, inflação, desaparecimento da classe média.
Ao mesmo tempo, perdeu-se o sentido da Honra, do Dever, do Trabalho e da Poupança.
Consumimos sem limites. Endividamo-nos por futilidades. Queremos tudo imediato — e sem esforço.

d) O Totalitarismo Digital

O novo poder já não precisa de polícias secretas.
Hoje, somos vigiados pelos nossos próprios telemóveis, algoritmos e plataformas sociais. A censura é subtil, mas eficaz. O “pensamento permitido” é imposto pelo consenso mediático.
Quem pensa diferente é silenciado, rotulado ou banido.


3. Que Tipo de Colapso? Três Possibilidades

I. Colapso Lento (20-50 anos)

Sem grandes explosões, como Roma. A cultura morre por dentro. O Ocidente torna-se irreconhecível, submisso, fragmentado.
Religiões estrangeiras ocupam o vazio espiritual. Valores contrários à tradição cristã tornam-se norma.
Neste cenário, o Ocidente não morre com uma guerra, mas com um suspiro.

II. Colapso Abrupto (5-15 anos)

Um gatilho acelera tudo:

  • Guerra mundial (EUA–China, por exemplo);

  • Nova pandemia e autoritarismo sanitário;

  • Colapso económico ou energético;

  • Revoltas sociais em massa.

Aqui, a ordem desaparece. Estados entram em estado de exceção. As democracias morrem de medo. A violência explode. A religião verdadeira é perseguida abertamente.

III. Colapso Silencioso (já em curso)

É o mais assustador: ninguém repara.
As pessoas adaptam-se. Cedem. Desistem.
As crianças já não aprendem o que é belo, verdadeiro e sagrado. Crescem num mundo onde tudo é permitido… excepto o Bem.
Aqui, o colapso é cultural, espiritual e invisível. E já começou.


4. Resistência: O Que Podemos Fazer?

Apesar do cenário sombrio, a História mostra que toda decadência pode ser interrompida por um pequeno grupo fiel.
Foi assim com os monges que salvaram a cultura clássica após a queda de Roma. Foi assim com os cavaleiros que defenderam a Cristandade contra o Islão. Foi assim com padres e famílias que resistiram ao Comunismo.

Hoje, mais do que nunca, precisamos de:

a) Formar núcleos fortes de verdade e fé

Famílias sólidas, católicas, férteis e BEM PREPARADAS — espiritual, cultural e moralmente — serão os últimos redutos da civilização.

b) Viver com coerência

Ser católico a sério. Ir à Missa. Rezar o terço. Ensinar os filhos. Dizer a verdade mesmo quando custa. Recusar pactuar com a mentira, a inversão e a decadência.

c) Desconectar-se da máquina

Reduzir a dependência dos meios digitais. Voltar ao livro, à música verdadeira, à terra, à oração.
A resistência começa pela alma.

d) Criar novas redes

Comunidades, escolas, círculos de estudo, iniciativas locais — onde se preserve a cultura, a fé e o bem.
Muitas vezes clandestinas, pequenas, mas mais fortes que o Império decadente.


Conclusão: O Colapso Não é o Fim

O Ocidente talvez não possa ser salvo enquanto sistema. Mas a Civilização pode ser reconstruída.

Cada geração tem a missão de manter acesa a Chama — mesmo quando tudo em volta é escuridão.
E essa chama é a Verdade, é Cristo, é a Fé que venceu o Mundo.

O colapso pode vir em 5, 15 ou 50 anos. Mas o que fizeres hoje pode durar séculos.
Resistir não é recuar: é avançar contra a corrente, com coragem, oração e fidelidade.

Tu és chamado a resistir.
Tu és chamado a ser luz.
Tu és chamado a manter viva a chama da Civilização.
Tu és chamado a ser 
"Uma candeia acesa no meio da escuridão.” 

sábado, 28 de junho de 2025

 

A Normalização do Macabro em Brinquedos Infantis: O Caso Labubu e Pazuzu




Nos últimos anos, temos assistido a uma tendência preocupante no mundo dos brinquedos infantis: a crescente normalização de elementos macabros, grotescos e até ocultistas, muitas vezes disfarçados sob o rótulo da "arte pop" ou da "estética alternativa". Entre os casos mais emblemáticos está o boneco Labubu, uma figura popular entre colecionadores, que levanta sérias questões quanto ao simbolismo que transmite — sobretudo ao ser comparado à conhecida estátua de Pazuzu, o demónio associado ao filme O Exorcista.

Labubu e a Estética Grotesca

Criado pela artista Kasing Lung, Labubu é um boneco de vinil com olhos grandes e negros, dentes salientes, sorriso sinistro e um corpo estranho, entre o bicho-papão e o diabrete. Apesar da aparência excêntrica, a personagem é muitas vezes vendida como "fofa", "peculiar" ou "diferente", numa tentativa de suavizar as suas características evidentemente inquietantes.

O problema não está apenas na sua forma, mas na forma como as crianças e pais são levados a aceitá-la como inofensiva. Esta aceitação despreocupada abre caminho à banalização do grotesco, tornando o que antes era assustador, ou claramente malicioso, em algo supostamente divertido ou até adorável.

Pazuzu: De Demónio Antigo a Ícone do Terror

A comparação entre Labubu e Pazuzu não é descabida. Pazuzu é uma antiga figura demoníaca da mitologia mesopotâmica, representado com corpo de homem, cabeça de leão ou cão, garras, cauda de escorpião e asas. Embora na antiguidade fosse usado para afastar outros demónios, tornou-se mundialmente conhecido como o espírito que possui a jovem Regan no filme O Exorcista (1973). A sua estátua — conhecida como The Exorcist Pazuzu Statue — é icónica pelo seu aspeto ameaçador e pela aura de profanação que carrega.

Quando se coloca uma imagem do Labubu ao lado da estátua de Pazuzu, as semelhanças são impressionantes. Não se trata apenas de estética: trata-se da transmissão de uma mesma energia inquietante, que o olhar mais atento reconhece imediatamente como perturbadora.

Uma Cultura que Desarma o Instinto

A banalização do macabro em brinquedos e cultura visual infantil desarma o instinto natural da criança (e dos pais) de rejeitar o que é disforme ou malévolo. A linha entre o inofensivo e o perigoso torna-se turva. Com isso, cria-se um espaço cultural onde o estranho, o feio, o ameaçador — mesmo que subtil — deixa de causar repulsa e passa a ser acolhido como "expressão artística" ou "criatividade alternativa".

Não se trata de histeria moral, mas de bom senso e discernimento espiritual. A infância é o tempo da beleza, da luz, do verdadeiro encanto. Não há lugar, neste tempo precioso, para símbolos que remetem à morte, ao medo ou ao oculto. A introdução desses elementos, ainda que revestidos de plástico colorido e marketing moderno, não é inocente.


Chamar a atenção para estes fenómenos não é exagero nem teoria da conspiração. É simplesmente recusar o adormecimento das consciências. Quando se vende o grotesco como brinquedo, o que está verdadeiramente a ser comercializado é a normalização do obscuro — e com isso, abre-se a porta a realidades que não pertencem ao universo da infância.

Como pais, educadores e adultos responsáveis, é legítimo — e necessário — perguntar: Que tipo de imaginação estamos a alimentar nas crianças? E que tipo de mundo estamos a construir ao aceitar, sem crítica, que demónios antigos e figuras disformes sejam apresentados como adoráveis?

 Reflexão sobre a Ruína dos Mosteiros



Há um silêncio que fere mais do que o grito da guerra: é o silêncio das pedras caladas, que em tempos cantaram louvores e hoje jazem em ruínas. É o eco morto do incenso que já não se eleva, o vazio deixado por monges expulsos, livros queimados, sinos calados. Quem caminha pelas ruínas de Glastonbury, Whitby ou Tintern Abbey, na Inglaterra, ou entre as pedras dispersas de Cluny, na França, não passeia apenas por monumentos antigos, mas por testemunhos de um mundo que foi profundamente ferido — um mundo cujos alicerces espirituais foram derrubados pelo poder secular.

A Cristandade medieval — apesar das suas imperfeições humanas — erguera, pedra sobre pedra, uma civilização onde Cristo era o centro e os mosteiros, os corações pulsantes. A oração dos monges sustentava o mundo. O canto do Ofício Divino unia o Céu à Terra. Nas suas bibliotecas, preservou-se o saber da Antiguidade. Nos seus campos, ensinou-se a trabalhar com dignidade. Nos seus hospitais, serviu-se os pobres. Nos seus claustros, forjaram-se almas santas.

Mas veio a tempestade.

:: Dissolução dos Mosteiros- Golpe no Corpo Místico ::

Na Inglaterra do século XVI, sob Henrique VIII, esse corpo foi ferido de forma profunda e calculada. A chamada "Dissolução dos Mosteiros" (1536–1541), orquestrada por Thomas Cromwell, foi mais do que uma reforma religiosa: foi uma expropriação, uma pilhagem, uma desconsagração. Em duas resoluções parlamentares — uma em 1536, outra em 1539 —, a Coroa apropriou-se de todos os bens da Igreja: edifícios, terras, bibliotecas, altares e obras de arte. Muitos locais foram simplesmente destruídos; outros, vendidos a nobres em troca de apoio político.

Porque o rei desejava controlar a Igreja? Por dinheiro, por poder, por orgulho. O Ato de Supremacia de 1534 declarou Henrique VIII como "Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra", rompendo com Roma e suprimindo a autoridade espiritual do Papa. Para legitimar o novo regime, era necessário apagar a memória do antigo: os mosteiros, sendo centros de fidelidade a Roma, eram os primeiros alvos. E eram também ricos: as suas terras, rendas e bibliotecas tornaram-se cobiçadas.

:: A Peregrinação da Graça: Resistência e Martírio ::

O povo do norte, mais fiel à velha fé, resistiu. Em 1536, dezenas de milhares participaram na "Peregrinação da Graça" — um protesto pacífico pela restauração da Igreja Católica e dos mosteiros. A resposta da Coroa foi brutal. Os líderes foram enforcados, as esperanças esmagadas. O abade de Glastonbury, Dom Richard Whiting, foi executado por se recusar a entregar o seu mosteiro. Muitos outros seguiram o mesmo destino.

A violência não foi apenas contra homens e edifícios, mas contra o próprio Espírito que animava aquela sociedade. A alma católica da Inglaterra foi desfigurada. Os mosteiros eram mais do que propriedades: eram fontes de caridade, de educação, de cultura, de fé. Com a sua extinção, os pobres ficaram desamparados, os peregrinos sem abrigo, os enfermos sem cuidados. E a paisagem inglesa, antes adornada de torres, claustros e hortos monásticos, passou a ostentar esqueletos de pedra e cinzas sagradas.

:: França e a Revolução: Um Eco Infernal ::

Séculos depois, em solo francês, assistiu-se a uma tragédia paralela. Durante a Revolução Francesa (1789–1799), a fúria anticlerical levou à destruição de milhares de igrejas, conventos e mosteiros. A catedral de Notre-Dame foi transformada em “Templo da Razão”; o que restava de Cluny foi vendido como material de construção. Milhares de religiosos foram expulsos ou mortos. Tal como em Inglaterra, a fé foi substituída por ideologias políticas, e o altar de Deus por tronos efémeros de homens.

:: Portugal: A Herança Esquecida ::

Também em Portugal, a ferida foi profunda. Em 1834, com a extinção das ordens religiosas pelo governo liberal, todos os mosteiros e conventos foram confiscados pelo Estado. Foi uma desolação nacional, que empobreceu espiritualmente o país. Muitos edifícios sagrados foram entregues ao abandono, vendidos, destruídos ou adaptados a funções profanas. O Mosteiro de São Bento, em Lisboa, tornou-se o Parlamento. A estação de São Bento, no Porto, ergue-se sobre as fundações de um antigo mosteiro de beneditinas. Os serviços camarários de Braga instalaram-se num convento de Agostinhos. O Mosteiro de Pitões das Júnias, outrora abrigo de monges cistercienses, jaz hoje como ruína silenciosa entre as montanhas. E, mais tarde, com a implantação da República em 1910, a perseguição intensificou-se, numa política laicista que atingiu altares, escolas e corações.

Os claustros outrora cheios de oração tornaram-se corredores administrativos. As bibliotecas sagradas foram dispersas. As relíquias de santos desapareceram. E com os monges expulsos, perderam-se também os ritmos de oração que sustentavam a pátria invisivelmente.

:: Consequências - O Vazio Espiritual da Europa::

Hoje, caminhamos entre ruínas. E não falo apenas das pedras, mas das almas. A Europa, outrora farol da Cristandade, tornou-se o continente do laicismo, do relativismo, do esquecimento do sagrado. As igrejas esvaziam-se, as vocações rareiam, a fé é relegada ao privado ou ridicularizada. Ao mesmo tempo, cresce o Islão, não por conversão espiritual autêntica, mas pelo vácuo deixado pela nossa apostasia.

É o castigo anunciado por tantos santos: quando os altares são destruídos, os demónios regressam. Quando a fé é traída, o mundo oscila.

:: Oração pelas Ruínas e Reconstrução da Fé:: 

É fácil chorar sobre as ruínas. Difícil é reconstruir com oração, penitência, sacrifício e fidelidade. Que a contemplação destas pedras feridas nos leve ao propósito de sermos nós próprios "pedras vivas" (1Pe 2,5) — fiéis, constantes, preparados para servir a Deus com toda a alma, como templos vivos do Espírito Santo.

Que a Militia Sanctae Mariae, e todos os que amam a Santa Igreja, vejam nestas ruínas não apenas uma tragédia passada, mas um apelo urgente à vigilância e à coragem espiritual. Porque cada mosteiro destruído grita por monges. Cada altar profanado clama por adoradores em espírito e verdade. E cada pedra caída espera por mãos que saibam rezar e reconstruir.

 

quinta-feira, 26 de junho de 2025

 26 JUN 2000 | Papa João Paulo II revela o terceiro segredo de Fátima



No dia 26 de junho do ano 2000, o então Papa João Paulo II, por meio da Congregação para a Doutrina da Fé, tornou público o conteúdo do chamado Terceiro Segredo de Fátima, encerrando décadas de especulação, temor e interpretações desencontradas sobre a mensagem entregue por Nossa Senhora aos pastorinhos, na Cova da Iria, em 1917.
Para a Igreja, para o mundo e especialmente para nós, portugueses e consagrados a Maria, este momento representou mais do que uma revelação: foi a confirmação do papel central de Fátima na história do século XX, e a prova de que, mesmo em tempos sombrios, o Céu não nos abandona.

:: Fátima: Mensagem para o Século do Sangue ::

Desde as aparições de 1917, a Mensagem de Fátima tem sido fonte de luz e conversão. Enquanto o mundo mergulhava na guerra e depois no comunismo ateu, Nossa Senhora anunciava a necessidade urgente de oração, penitência e consagração ao seu Imaculado Coração.
Os três segredos confiados a Lúcia, Francisco e Jacinta falavam de visões do inferno, da devoção ao Coração Imaculado de Maria e de acontecimentos futuros — incluindo a perseguição à Igreja, o sofrimento do Santo Padre e o martírio dos fiéis.
Os dois primeiros segredos foram divulgados em 1941. O terceiro permaneceu selado por ordem da Santa Sé, até que, por vontade de João Paulo II, fosse revelado ao mundo no limiar do novo milénio.

:: O Terceiro Segredo: Visão e Interpretação ::

O conteúdo revelado a 26 de junho de 2000 descreve uma visão simbólica: um anjo com uma espada flamejante, a destruição de uma cidade, e um “Bispo vestido de branco” caminhando entre os escombros e corpos de mártires, até ser ele próprio morto. A interpretação oficial, dada pelo então cardeal Joseph Ratzinger (futuro Bento XVI), esclarece que a visão não é uma previsão literal, mas uma representação dos sofrimentos da Igreja no século XX, especialmente sob os totalitarismos.
A figura do Bispo de branco é identificada com o próprio João Paulo II, vítima do atentado de 13 de maio de 1981 — data da primeira aparição de Fátima. O Papa acreditava que foi Nossa Senhora que desviou a bala, salvando-lhe a vida, e ofereceu a bala à imagem de Maria no Santuário de Fátima, onde hoje se encontra incrustada na coroa da Virgem.

:: Um Chamado Contínuo à Conversão ::

A revelação do terceiro segredo não encerra a mensagem de Fátima. Pelo contrário, recorda-nos que a verdadeira chave para compreender estas palavras celestes está no apelo à conversão, na recitação diária do terço, na vivência dos sacramentos e na reparação ao Imaculado Coração de Maria.
A perseguição à Igreja, o sofrimento dos justos e o ódio ao Santo Padre são realidades vividas ainda hoje. Fátima não é uma relíquia do passado, mas um guia espiritual para os tempos presentes e futuros, especialmente para os soldados da Militia Sanctae Mariae, chamados a lutar espiritualmente pela restauração da Cristandade.
No dia 26 de junho de 2000, São João Paulo II abriu o selo de silêncio sobre o Terceiro Segredo de Fátima, não para criar sensacionalismo, mas para nos recordar que o coração da profecia é sempre o chamado à fidelidade a Deus e à confiança em Maria.
A última palavra, dizia o Papa, não é o sofrimento nem a perseguição — é a promessa: Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará.
Confiantes nesta certeza, como cavaleiros consagrados à Mãe de Deus, sigamos firmes na batalha da fé, com o Rosário na mão, o Escapulário ao peito, e o olhar fixo no Céu. Porque Fátima é também nossa missão.

terça-feira, 24 de junho de 2025

Natividade de S. João Baptista, Precursor do Senhor e Patrono da Cavalaria (24 de junho)

A Regra dos Cavaleiros de Santa Maria, Capítulo VIII, Das Festas da Ordem, no seu parágrafo primeiro, define que hoje a MSM celebra uma das suas cinco festas maiores, a Natividade de S. João Baptista, Precursor do Senhor e Patrono da Cavalaria.

São João Baptista era filho de Zacarias e de Santa Isabel. Chamava-se "Baptista" pelo facto de pregar um batismo de penitência (cf. Lucas 3,3).

A Igreja celebra, hoje, a solenidade da Natividade de São João Batista e, dia 29 de agosto, celebrará a memória do seu martírio. São João Baptista é, assim, o único Santo do qual se comemora o nascimento, porque marcou o início do cumprimento das promessas divinas: João, cujo nome significa "Deus é propício", veio à luz em idade avançada de seus pais (cf. Lucas 1,36). Parente de Jesus, foi o precursor do Messias. 

É João Baptista que aponta Jesus, dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Dele é que eu disse: Depois de mim, vem um homem que passou adiante de mim, porque existia antes de mim" (João 1,29ss.). De si mesmo deu este testemunho: "Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai os caminhos do Senhor ..." (João 1,22ss.).

São Lucas, no primeiro capítulo de seu Evangelho, narra a conceção, o nascimento e a pregação de João Baptista, marcando assim o advento do Reino de Deus no meio dos homens. A Igreja celebra-o desde os primeiros séculos do cristianismo. 

É o único santo cujo nascimento (24 de junho) e martírio são evocados em duas solenidades pelo povo cristão. O seu nascimento é celebrado pelo povo com grande júbilo: cantos e danças folclóricas, fogueiras e quermesses fazem da sua festa uma das mais populares e queridas da nossa gente.

No fundo, o próprio Jesus disse: “Em verdade vos digo que entre os nascidos de mulher não há ninguém maior do que João Batista” (cf. Mt 11,11); João Baptista é o último dos grandes Profetas de Israel e é o primeiro a dar testemunho de Jesus e a iniciar o batismo para o perdão dos pecados, sendo neste contexto que ele batizou Jesus.






segunda-feira, 23 de junho de 2025

 

O Profeta Elias no Monte Carmelo e o alerta espiritual para o nosso tempo


O mundo antigo está longe de estar enterrado. Apesar da nossa era tecnológica e científica, os velhos deuses parecem reaparecer — não sob estátuas de pedra, mas por meio de ideologias e práticas que, muitas vezes, cultivam a morte, o ego absoluto e a destruição da ordem natural. O culto a Baal, deus cananeu da fertilidade e da tempestade, foi severamente condenado pelos profetas bíblicos, em especial Elias, que o enfrentou no Monte Carmelo com coragem e fé. Terá esse episódio algo a dizer-nos hoje? Estará Baal, sob novos nomes, a regressar ao mundo moderno?

Quem foi o Profeta Elias?

Elias (do hebraico Eliyahu, que significa “O Senhor é o meu Deus”) foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento. Viveu no século IX a.C., no Reino do Norte de Israel, durante o reinado de Acab e Jezabel. Foi enviado por Deus num tempo de grande apostasia, quando Israel abandonava a aliança com o Senhor para seguir falsos deuses, sobretudo Baal e Aserá.

Homem de oração, austeridade e coragem, Elias é recordado não apenas pelos seus milagres, mas pela sua fidelidade absoluta a Deus, mesmo diante de perseguições. Viveu a maior parte do tempo em retiro, no deserto ou em locais isolados, e foi alimentado milagrosamente por corvos e por uma viúva em Sarepta. Segundo a tradição bíblica, não morreu: foi arrebatado ao céu num carro de fogo (2 Reis 2,11), o que o tornou símbolo escatológico da vinda do Messias. No Novo Testamento, Elias aparece com Moisés na Transfiguração de Jesus e é considerado uma prefiguração de João Batista.

O contexto do confronto no Monte Carmelo

O episódio do Monte Carmelo (1 Reis 18) ocorre num tempo de grave decadência espiritual em Israel. O rei Acab, influenciado pela sua esposa fenícia Jezabel, introduziu o culto a Baal e Aserá, promovendo o sincretismo e afastando o povo do Deus de Israel (YHWH). Elias surge então como uma voz solitária mas fiel, chamando o povo ao arrependimento.

O desafio no Monte Carmelo

Elias propôs uma prova decisiva: cada lado ofereceria um sacrifício, mas sem acender fogo. O Deus que respondesse com fogo do céu seria reconhecido como o verdadeiro. Os 450 profetas de Baal clamaram, dançaram, mutilaram-se — tudo em vão. Elias, com simplicidade, reconstruiu o altar do Senhor, encharcou o sacrifício com água e orou. Deus respondeu com fogo que consumiu o altar inteiro, e o povo caiu por terra, exclamando: “O Senhor é Deus!”.

Significado espiritual

O episódio simboliza muito mais do que uma competição religiosa. Elias representa a coragem profética, a fidelidade inabalável ao Deus único e o combate à corrupção espiritual. Jezabel, por outro lado, personifica a aliança entre poder político e idolatria, a perversão da moral e o domínio estrangeiro sobre o coração do povo. A vitória no Carmelo foi, sobretudo, uma restauração da aliança espiritual com Deus.

Atualidade e paralelos contemporâneos

Hoje, os deuses mudaram de nome, mas os sacrifícios persistem. Que dizer das nações que legalizam o aborto como um direito absoluto? Da eutanásia promovida como solução final? Das guerras orquestradas por interesses obscuros? Tudo isto nos recorda os sacrifícios humanos oferecidos a Baal e Moloque. Sob o manto da “liberdade” ou da “ciência”, muitos voltaram a oferecer os mais fracos no altar do poder e do prazer.

Assistimos ao renascimento simbólico de Baal também através de movimentos que glorificam o caos, a inversão da ordem natural, e até mesmo o culto a Saturno — identificado por muitos autores antigos como uma forma do mesmo Baal. Por detrás da fachada cultural ou filosófica, há frequentemente uma rebelião espiritual contra Deus e contra a vida.


O Monte Carmelo não é apenas uma memória do passado — é um apelo ao presente. Elias convida-nos, hoje como ontem, a escolher a quem queremos servir. Devemos ter a coragem de enfrentar os falsos deuses do nosso tempo, mesmo que isso nos torne vozes solitárias. A vitória de Elias mostra que Deus responde ao clamor sincero dos fiéis e que o fogo do céu ainda pode descer quando se defende a verdade, a vida e a justiça.

O Retorno de Baal?

Uma crítica contemporânea ao monoteísmo, à luz do paganismo antigo e das suas sombras 


Durante milénios, civilizações do Antigo Oriente Próximo ergueram-se sob a égide de deuses como Baal — senhor das tempestades, fertilidade e da vida que renasce. Contudo, a história que chegou até nós, especialmente através das páginas da Bíblia, apresenta Baal não como um salvador, mas como um

monstro, um rival abominável do Deus de Israel, a quem os cananeus teriam oferecido o sacrifício de crianças — especialmente primogénitos.

A ascensão de Yahweh e o desaparecimento de Baal marcaram não apenas uma mudança religiosa, mas uma verdadeira revolução espiritual e civilizacional. Hoje, alguns autores e pensadores contemporâneos resgatam essa memória antiga com uma inquietação provocadora: teria a longa dominação de Yahweh — o Deus bíblico — corrompido a própria ideia de divindade? Estaríamos prontos, num mundo fragmentado e desiludido, para considerar o regresso simbólico de deuses antigos?

Baal, na tradição ugarítica e cananeia, era um deus da fertilidade, da chuva e da vitória sobre a morte. O seu culto estava profundamente ligado aos ciclos agrícolas, à vida natural e às forças primordiais. Era amado como “príncipe da paz” e celebrado como protector da comunidade. Contudo, a sua imagem

sofreu um golpe irreversível quando os escritores bíblicos o retrataram como rival perverso de Yahweh.

No livro dos Reis, por exemplo, o profeta Elias enfrenta os sacerdotes de Baal no Monte Carmelo, onde se dá a vitória do Deus de Israel. Mas as críticas mais severas apontadas ao culto de Baal concentram-se numa prática hoje inaceitável e brutal: o sacrifício de crianças. As Escrituras acusam os baalistas de oferecerem os seus próprios filhos em holocausto — algo que, se historicamente verdadeiro, configuraria uma das práticas mais hediondas de toda a Antiguidade.

De facto, escavações arqueológicas em sítios como Cartago (associada a cultos fenício-baalistas) revelaram restos de crianças em urnas funerárias, sugerindo rituais de oferenda — ainda hoje debatidos entre arqueólogos quanto à sua frequência e finalidade.

Com o declínio das cidades cananeias — possivelmente devido às invasões dos chamados “Povos do Mar” —, Baal perdeu o seu poder. A vitória simbólica de Yahweh marca então o nascimento do monoteísmo ético que moldaria o judaísmo, o cristianismo e o islão.

Contudo, o texto que analisamos hoje defende que este domínio absoluto ransformou Yahweh num déspota divino. O autor, inicialmente ateu, relata um encontro com os chamados “Filhos de Baal” nas montanhas da Síria e do Líbano — uma comunidade que alegadamente guarda há milénios a fé num

deus esquecido. Para esses crentes, os deuses vivem do culto humano: à medida que os antigos deuses foram abandonados, teriam definhado como sombras, enquanto Yahweh continua a “sustentar-se” da oração de bilhões.

A analogia é poderosa — e perigosamente sedutora. Baal é aqui retratado como uma vítima esquecida, uma divindade bondosa e reprimida por uma divindade ciumenta e autoritária. Porém, este romantismo ignora ou minimiza os elementos mais sombrios do seu culto, nomeadamente o sacrifício ritual de crianças. Por mais que o autor simpatize com a alegria pagã, não se pode escamotear o peso histórico e ético desses actos.

A proposta de reabilitar Baal — ou qualquer divindade ancestral — exige muito mais do que resgatar uma estética exótica ou recuperar rituais esquecidos. Exige, acima de tudo, encarar o lado sombrio desses cultos e reconhecer o papel civilizacional do monoteísmo ao estabelecer limites éticos e morais para a relação entre o homem e o sagrado.

Nos últimos anos, temos assistido ao renascimento dissimulado de um culto à morte, em que se enaltece, de forma cada vez mais pública, o caos, a violência, o sacrifício dos inocentes — tudo em nome da autonomia, do progresso ou da ciência. O que dizer, então, do aborto legalizado, da eutanásia promovida como ato de compaixão, das guerras perpetuadas por interesses ocultos? Não são estes, em essência, os mesmos sacrifícios humanos dos antigos cultos idolátricos?

Baal é hoje invocado sob outros nomes — Saturno, Moloque, "liberdade pessoal", "direito de escolha" — mas os frutos continuam os mesmos: morte, destruição da inocência, dissolução da ordem natural, e adoração do próprio homem como deus.

Ao invés de regressar aos deuses do passado, talvez a verdadeira questão seja outra: como preservar o sagrado sem cair no fanatismo, e como venerar sem violentar? A longa história entre Baal e Yahweh não é apenas um conflito entre deuses — é um espelho da alma humana, sempre dividida entre Luz e as Trevas, entre Liberdade e Sacrifício, entre o BEM e o Mal.




:: O Culto a Baal e os Sacrifícios Humanos no Antigo Israel: Um Conflito entre Vida e Morte ::


    A luta espiritual e cultural entre o monoteísmo israelita e os cultos pagãos cananeus marcada por rituais de fertilidade e sacrifícios extremos




A história religiosa do Antigo Israel é marcada por um profundo confronto entre a fé monoteísta em Yahweh e a influência dos cultos pagãos vizinhos, especialmente o culto a Baal. Este último, amplamente difundido nas regiões cananeias, associava-se a rituais ligados à fertilidade, à natureza e, infelizmente, a práticas extremas de sacrifício humano, incluindo o de crianças.

Este texto procura analisar essas práticas, seus impactos sociais e espirituais, e o esforço dos profetas israelitas para afastar seu povo dessas formas de idolatria que chocavam profundamente a ética judaica.

Baal era um dos deuses centrais do panteão cananeu, frequentemente identificado como deus da tempestade, fertilidade e da agricultura. Por isso, era adorado como um responsável pelo ciclo da vida, pela chuva e pelo crescimento das colheitas. Acompanhado por sua consorte Aserá, Baal representava a força vital da natureza e, nesse contexto, cultos a ele frequentemente envolviam rituais para garantir fartura e proteção.

Porém, apesar dessas funções aparentemente positivas, os cultos a Baal incluíam práticas macabras que chocavam profundamente o povo de Israel e seus profetas. Os textos bíblicos, como em Juízes 2:13, 1 Reis 16:31-32 e 2 Reis 23:10, denunciam explicitamente os sacrifícios humanos, sobretudo o

sacrifício de crianças no fogo, como parte das cerimônias pagãs. Este tipo de ritual não era apenas um ato de devoção, mas também uma tentativa extrema de obter o favor do deus, uma barganha cruel em que se oferecia o bem mais precioso — a vida dos filhos — em troca de prosperidade ou proteção.

O conflito cultural entre o monoteísmo israelita e o politeísmo cananeu pode ser visto na figura do profeta Elias, que no Monte Carmelo desafiou os sacerdotes de Baal, numa tentativa de restaurar a fé no Deus único e combater o sincretismo e as práticas idolátricas (1 Reis 18). A persistente atração dos israelitas por cultos como Baal-Peor, conforme narrado em Números 25, demonstra como essas práticas continuavam a exercer forte influência, muitas vezes associadas a crises sociais e pragas, vistas como punições divinas.

Arqueologicamente, há evidências que confirmam a existência desses sacrifícios. Escavações em locais cananeus revelam altares e inscrições que sugerem rituais de sacrifício infantil, confirmando que tais práticas não eram meras invenções literárias, mas realidades cruéis da antiguidade.


Concluímos portante que culto a Baal e os sacrifícios humanos a ele associados revelam um dos lados

mais sombrios da história religiosa do Antigo Oriente Próximo e de Israel. A busca desesperada por poder, fertilidade e proteção levou povos antigos a práticas de sacrifício que hoje consideramos abomináveis, mas que na época tinham um sentido ritual e simbólico profundamente enraizado.

Este confronto entre a religião da vida — simbolizada pelo monoteísmo em Yahweh — e a religião da morte — representada pelos cultos pagãos de Baal — reflete uma luta espiritual que influenciou profundamente a formação da identidade e da moralidade israelita. A rejeição desses cultos cruéis não foi apenas uma questão de fé, mas um avanço civilizacional no entendimento do valor da vida humana.

Ainda hoje, ao analisar esses episódios, percebemos que a sede por poder e controle, muitas vezes alimentada pelo medo e pela superstição, pode levar a sacrifícios terríveis — não apenas literais, mas simbólicos — e que a história serve como um alerta para que essas práticas nunca mais se repitam.

sábado, 21 de junho de 2025

CURTA REFLEXÃO XI

 

            MILITIA SANCTAE MARIAE – Cavaleiros de Nossa Senhora

                       Academia Mariana “ THEOTOKOS”

                                                   +

                                                PAX

                                      Curta reflexão XI                                           

                                                  


                        (Nossa Senhora – obra em mármore de Henri Charlier- séc. XX)

« Indiscutablement, Henri Charlier mérite de prendre place dans la lignée des Rodin, des Maillot et des Despiau… ». Paul Claudel

 

 

 

   Tive o grande privilégio de em 1969 ter visto, com grande prazer visual e espiritual, uma exposição de esculturas de Henri Charlier, em Lausane, na Suiça. Fiquei deslumbrado. Maravilhado. E pensei e penso como a Arte contemporânea, que não seja assim chamado aquilo que é simples descontrução daquela, a disformidade e desarmonia ou vulgaridade, nos faz mergulhar no mundo artístico de sempre.

  Henri Charlier é um escultor francês do século XX (1883-1975) que se notabilizou pelas suas magníficas obras de Arte que, além do escultor, incluiu igualmente soberbas pinturas (não foi por acaso que foi o escolhido por Rodin para executar uma encomenda do Governo Francês) e que o poeta Claudel o comparou a este grande escultor gaulês que foi Rodin

  Charlier (Henri), um convertido ao catolicismo soube, como poucos, interpretar o sentido espiritual da escultura.A sua obra era uma verdadeira diaconia do Belo como só homens de uma grande fé o sabem fazer.

   Na imagem que encima esta Curta Reflexão, uma escultura de Charlier,pode inferir-se o quão elevado era o seu sentimento religioso. Paul Claudel, outro convertido, escreveu que “ Henri Charlier é um grande escultor de imagens,um desses artistas que seguem o coração de Deus (…)”. Nesta escultura, Nossa Senhora, está representada com Jesus Menino ao colo e o nosso olhar converge para Este, apesar de ser de pequenas dimensões, e não para a representação de Maria, a “ Theotokos”, a Santa Dei Genitrix, a Santa Mãe de Deus. O olhar da Virgem Maria, aliás bem significativo da Sua vida, convida-nos a olhar para Aquele que é a figura central da escultura, o nosso Salvador e como que passa despercebida a Sua figura de traços depurados para não nos afastar da essência: Jesus.

    Charlier nesta obra, esculpe no mármore um verdadeiro tratado mariológico.Parafraseando Claudel, Charlier deixou-se guiar por Deus na busca e no serviço do Belo!

    O convite de Maria foi, é e será sempre o de nos indicar, apontar, o caminho para Aquele que disse: “ Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.

    “ A Maria por Jesus” como nos ensinou e ensina S. Luís Maria de Montfort, poderia ser a legenda desta escultura magnífica.

 

    Sub tuum praesidium…

 

Carlos Aguiar Gomes, na memória de Maria, Mãe da Igreja de 2025

 

 

 

 

" CARTA" de Carlos Acutis

 

Carta de Carlo Acutis a un profesor confundido

Carlo Acutis durante una caminata al aire libre con mochila y gafas de sol Carlo Acutis
 | 

Por Monseñor Alberto González Chaves

Querido profesor Andrea Grillo:

¡Paz y alegría en Cristo resucitado! Le saludo desde el Paraíso, donde las discusiones sobre liturgia suenan un poco distintas, créame. He visto que se ha tomado usted la molestia de hablar sobre mí y sobre la manera en que yo vivía mi fe eucarística. Le agradezco el interés. Pero, si me permite decírselo con la sinceridad de un chico que no tenía miedo de quedar mal con tal de defender a Jesús, hay en sus palabras —y en algunas de sus enseñanzas— cosas que me duelen. No por mí, sino por Él.Según usted, yo soy víctima de una “mala educación eucarística”: una de una visión arcaica y milagrera de la Eucaristía. Y me fijo más en lo “inesencial” que en “el cuerpo eclesial”. ¡Simpático! Mire, profesor: yo era muy normal. Me gustaban los videojuegos, me encantaba comer pizza y ver a mis amigos. Pero había una diferencia: Jesús Eucaristía era el centro de mi vida. Y me daba cuenta de que muchos no lo sabían. ¿Cómo no iba a hacer todo lo posible para mostrarlo? Si tuviera que nacer otra vez, haría lo mismo. Porque uno no se guarda el secreto del cielo cuando lo ha encontrado. Supe que «la Eucaristía era mi autopista al Cielo», la tomé y… aquí estoy, animando a otros a tomar la misma ruta.

Desde aquí, donde todo se ve a la luz del Amor eterno, no puedo evitar una sonrisa —de esas que aquí no se borran— al conocer sus recientes palabras sobre mí y sobre mi humilde trabajo para dar a conocer los milagros eucarísticos, que dio lugar a una exposición internacional con decenas de casos documentados, apoyada por obispos y aprobada por la Iglesia. ¡Quién me hubiera dicho que un joven nerd de los ordenadores acabaría metido en una polémica litúrgica! Aquí en el cielo todo se ve con una claridad y una paz inmensas: no hay espacio para la confusión. Todo se comprende a la luz del Amor, ese Amor que es Verdad, Belleza y Fidelidad. El cielo no está hecho de opiniones humanas, sino de la fidelidad a la Verdad revelada.

Le confieso que me hace gracia ver cómo un pobre chico de zapatillas y mochila puede convertirse en objeto de tanta atención. ¡Y eso que lo único que quise fue ayudar a otros a descubrir lo que yo encontré tan joven y tan claro! Verá usted, yo no pretendí fundar escuelas ni agitar el “espíritu del concilio”. Solo me enamoré de la Eucaristía. Me bastó una Hostia consagrada para entender que ahí está todo: el misterio, la belleza, la Iglesia entera. Yo no entendía muchas cosas… pero eso sí lo entendí. Créame: nunca quise imponer nada, solo compartir lo que había descubierto como el centro de mi vida: Jesús Eucaristía. Él es el motor, el destino y el corazón palpitante de la Iglesia. Todo lo demás —las formas, las ideas, incluso nuestras queridas discusiones teológicas— solo tienen sentido si nos llevan a Él. Estoy seguro de que, si le dejamos un poco de lado nuestras agendas, nuestras categorías y nuestros filtros, volveremos todos a poner a Cristo en el centro. Porque, al final, ¿de qué nos sirve la mejor teoría litúrgica si olvidamos que es Dios mismo quien se hace presente?

Usted ha estudiado, tiene voz, tiene influencia. Pero, por favor, use ese don para confirmar en la fe, no para sembrar dudas. No necesitamos una Iglesia “más moderna”, sino más santa. El mundo no tiene hambre de experimentos teológicos, sino de verdad, de consuelo, de salvación. Si usted dice que la transubstanciación contradice la metafísica, o promueve bendiciones para uniones contrarias al plan de Dios, o sugiere reemplazar el concepto de indisolubilidad del matrimonio por el de “vínculo indisponible”, o aboga por la legitimidad moral de los anticonceptivos, o niega que la Iglesia tenga autoridad definitiva sobre moral sexual, o reivindica el diaconado para las mujeres, o habla de cambios litúrgicos que vacían de contenido el misterio… está usted arriesgándose mucho.

Jesús no vino a dialogar con las modas del mundo, vino a salvarnos del pecado. Y ese Salvador está realmente presente en cada Santa Misa. Quizá hoy se discute tanto sobre los signos que se olvida al Significado. Aquí arriba he aprendido que todo lo verdadero, lo bello y lo bueno se resume en un encuentro personal con Cristo. La liturgia no es campo de batalla, sino umbral del cielo. Jesús en la Santa Misa no es un símbolo ni una memoria piadosa. ¡Es Él mismo, con su Cuerpo, su Sangre, su Alma y su Divinidad! No lo dice un adolescente milanés apasionado por los milagros eucarísticos: lo dice el mismo Señor, lo ha dicho la Iglesia siempre, lo proclamaron los mártires y lo enseñó el Concilio de Trento, el Vaticano II y todos los santos que me han hecho compañía en esta aventura del cielo.

Le pido que no me vea como un símbolo, sino como un simple chico enamorado de la Eucaristía. Espero que algún día podamos reírnos juntos de todo esto… ¡delante de Jesús! Le prometo mi oración, profesor. Le aseguro que aquí arriba se reza también por los teólogos (y mucho). Yo, si me deja, le encomiendo especialmente para que su corazón sienta con fuerza la dulzura de Jesús Eucaristía y un día celebremos juntos, cara a cara, la Liturgia celestial, donde no hay rúbricas que valgan más que el Amor.

Con afecto sincero, y mi oración por usted

Carlo Acutis, el eternamente “maleducado eucarístico”

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Beato Francisco Pacheco - (1626-2025)



Hoje, passados que estão 399 anos sobre a sua morte (1626-2025), recordamos Beato Francisco Pacheco, presbítero e mártir, Patrono do Preceptorado de Ponte de Lima da Militia Sanctae Mariae Portugal, nascido em Ponte de Lima em 1565, sobrinho de um mártir do Japão, ficou de tal forma entusiasmado com a história do tio que fez voto de ser também mártir, tendo apenas 10 anos.

Numa das suas últimas cartas escrevia: “Estamos todos já muito cansados e cortados, dos trabalhos desta perseguição; porém, as esperanças de nos caber alguma boa sorte de martírio nos animam e fazem continuar e fazer da fraqueza forças, esperando nessa hora em que nos caiba a ditosa sorte”.




BEATO FRANCISCO PACHECO - Celebrado na Paróquia de S. Miguel de Cabaços, Ponte de Lima



Em 20 de Junho de 1626, em Nagasáqui, o Padre Francisco Pacheco foi martirizado a fogo lento juntamente com dezassete companheiros da Companhia de Jesus. O seu martírio e culto foi já um dos temas dos cestos do Samiguel de Cabaços, o que possivelmente será de novo retomado no Samiguel de 2026, na celebração dos 400 anos do martírio do “santinho de Ponte de Lima”.

Francisco Pacheco era natural de Ponte de Lima e procedia de nobre linhagem. Era filho de Garcia Lopes Pacheco e Maria Borges de Mesquita.

Em 1585, ingressou na Companhia de Jesus e, dois anos depois, partiu para a Índia, de onde passou ao Japão. Sobreveio às perseguições ocorridas em 1614, tendo sido desterrado para Macau, após o que, mudando o trajo, introduziu-se disfarçadamente no Japão, tendo sido nomeado governador do bispado e Superior dos religiosos da Companhia de Jesus que prosseguiam clandestinamente a sua atividade missionária no Japão.

Em 1625, na sequência de denúncia, foi preso e encarcerado em Timabara, tendo posteriormente sido conduzido a Nagasáqui onde foi queimado vivo.

Pio IX procedeu à sua beatificação em 7 de julho de 1867.

(Texto de Padre Paulo Emanuel Martins Dias)

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Prière en l’honneur de la Nativité de Notre Seigneur, par le Père Antoine Chevrie

 

Ô Jésus qui avez poussé l’amour de la pauvreté jusqu’à vouloir naître dans une étable, n’ayant pour berceau qu’une misérable crèche et qu’un peu de paille pour couchette, accordez-moi la grâce d’aimer la pauvreté et de mépriser tous les biens de la terre pour ne plus m’attacher qu’aux biens impérissables du ciel. Faites que je comprenne bien cette parole de votre Evangile : « Bienheureux les pauvres en esprit, parce que le royaume des Cieux est à eux ! »

Ô Marie ! Ô la plus pauvre des servantes du seigneur, priez pour moi afin que mon cœur se détache des biens de la terre et qu’étant bien vide de toutes les choses de ce monde, il puisse s’enrichir des trésors de la grâce et se remplir de toutes les vertus.

Et vous, bienheureux Saint Joseph qui préparez avec amour le berceau de l’enfant Jésus dans cette pauvre étable, aidez-moi à préparer mon cœur qui est destiné à être la demeure du divin Enfant et que je supplée ainsi par ma ferveur et mon amour à mon dénuement et à ma pauvreté.

Puissé-je à l’exemple des bergers, être toujours prêt à venir dans cette étable bénie pour y reconnaître et y adorer Celui que les anges adorent et contemplent dans le Ciel. Puissé-je aussi, à l’exemple des rois mages, être fidèle à la grâce de Dieu, surmonter avec courage les difficultés qui s’opposent à mon union avec Lui et apporter comme eux au divin Enfant les présents de mon esprit par la foi, de mon cœur par l’amour, de mon corps par l’obéissance.

Et vous, Saint Enfant Jésus, que j’aime à vous voir, à vous contempler dans ce pauvre lieu ! Comme vous avez bien fait de naître dans cette étable ! Là, votre accès est facile, tout le monde a le droit de venir vous visiter et vous le voulez ainsi pour recevoir tout le monde. Si vous naissez ainsi pauvre, c’est pour m’apprendre que le premier pas dans la vie parfaite est la pauvreté. Je l’embrasse donc avec joie et amour. Cette belle pauvreté, je veux en faire ma vertu chérie. Ce sera la première de mes vertus. Puisque c’est par elle que vous venez à moi, c’est aussi par elle que je veux aller à vous.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Prière du Jeudi de l’Octave de la Pentecôte, donnée par le Père Dominique Bouix (1808-1870)


Ô Seigneur, comment comprendre cette Grâce, comment La reconnaître ? C'est Vous, le Dieu Éternel, Vivant et Bienheureux, le Seigneur et le Créateur de toutes choses, qui nous adoptez pour Vos enfants, nous, pauvres hommes, créatures basses et abjectes, avilies encore par le péché. La cause formelle de cette adoption, c'est la Grâce Sanctifiante ; et la fin à laquelle Elle tend, est la Gloire Éternelle.  
Ô Divin Esprit, par Lequel et dans Lequel j'ai reçu l'Adoption Divine, fortifiez et vivifiez en moi l'Être Spirituel que Vous m'avez donné. Qu'Il domine tout, qu'Il absorbe tout, que les motifs humains et imparfaits n'aient plus de part dans mon âme ; mais le seul désir d'accomplir la Volonté de Dieu et de Lui plaire. Que ce ne soit plus mon propre sens qui me gouverne, mais Vous seul, Saint et Divin Esprit, qui êtes un même Dieu avec le Père et le Fils.

domingo, 8 de junho de 2025

CURTA REFLEXÃO - MARIA ,MÃE DA IGREJA

 

            MILITIA SANCTAE MARIAE – Cavaleiros de Nossa Senhora

                       Academia Mariana “ THEOTOKOS”

                                      Curta reflexão X

                                 


              (A VIRGO PARITURA, cópia da imagem da cripta de Chartres,que está na Sala Capitular da MSM em Braga)

 

                            MONSTRA TE ESSE MATREM

   Já no século IV, Sto Ambrósio, Bispo de Milão, invocava Maria como Mãe da Igreja. Contudo, foi o Papa Paulo Vi, durante o II Concílio do Vaticano, que proclamou, de forma clara,que Maria é a “ Mãe da Igreja”.A partir de 2018 esta memória foi introduzida  no Caléndáio Romano para ser celebrada na Missa e Ofício na 2ª feira imediata ao Pentecostes.

   A nossa comunidade, profundamente mariana, não pode deixar de assinalar a festa de “ MARIA,MÃE DA IGREJA”.Assim, convidam-se os nossos leitores a rezar, em espírito de louvor, o versículo que o nosso Fundador nos recomenda no capítulo XIV da Regra que nos legou e que esteve em uso na Sagrada liturgia durante séculos e que nunca foi nem podia ser banido:

   DIGNARE ME LAUDARE TE, VIRGO SACRATA!

   DA MIHI VIRTUTEM CONTRA HOSTES TUOS.

   Nesta súplica dirigida à Theotokos, à Santa Mãe de Deus,em verdadeiro sentimento de humildade, pede-se para que Ela nos dê as forças necessárias para combater o Inimigo que nos cerca e rodeia com tentações constantes para sermos fiéis às promessas do nosso Baptismo.

   Maria é a Mãe de Deus. É nossa Mãe. É Mãe da MSM.É Mãe da Igreja. Como Mãe que nos foi dada, como a todas as mães da Terra a quem amamos, peçamos-Lhe que interceda por nós “ agora e na hora da nossa morte”. Que Ela, nossa Mãe, oiça sempre as nossas orações e as leve a Seu Filho, único Salvador “ontem, hoje e sempre”.” Monstra Te esse matrem” (mostra que és Mãe) como teria suplicado S. Bernardo, enlevado, no cântico “ AVE MARIS STELLA”, cântico que ainda hoje se reza/canta em Vésperas.

   SUB TUUM PRAESIDIUM…

 

Braga, na Festa de “Maria, Mãe da Igreja” de 2025

Carlos Aguiar Gomes

  

   

     

 

10 enseñanzas valiosas para todos los católicos.

  Cada 11 de julio, la Iglesia Católica celebra la  festividad de San Benito  de Nursia,  patrono de Europa  y maestro en la búsqueda de Dio...