sábado, 16 de agosto de 2025

 

ACADEMIA MARIANA “THEOTOKOS”

Curta Reflexão XIX
PAX





A Assunção de Nossa Senhora – Catedral de Chartres

(mármore de Carrara, fins do séc. XVIII)

“44. Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à Virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta Mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial.
45. Pelo que, se alguém, o que Deus não permita, ousar, voluntariamente, negar ou pôr em dúvida esta nossa definição, saiba que naufraga na fé divina e católica.”
(Papa Pio XII, Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, 1.XI.1950)


Poema: Na Festa da Assunção

Carlos Aguiar Gomes, in “Suite Lusitana” (2003)

Aquela que partiu
Cumprindo a vida
Não subiu,
Foi levada
Por Anjos
Numa tarde de sol
Quente e brilhante,
De puro oiro.

Foi ter com o Filho,
O Sol de Justiça,
Por isso, foi levada
Por Anjos
Numa tarde de sol
Quente e brilhante,
De puro oiro.

Quando, exausta da lida
De todos os dias,
Velhinha, adormeceu
Numa esteira,
Celestes mensageiros
Cobriram-Na de seda
E em silêncio cantado
Foi levada
Numa tarde de sol
Quente e brilhante,
De puro oiro.


Nota final

Esta Solenidade que a Igreja celebra a 15 de Agosto é, também, de forma muito vincada, a solenidade maior da Militia Sanctae Mariae – Cavaleiros de Nossa Senhora.

Não tivesse a sua primeira erecção canónica na antiquíssima Catedral de Chartres e, por isso, celebra os seus Capítulos Gerais sempre a terminar no dia 15 de Agosto, com a participação na procissão que a catedral carnutense realiza todos os anos sob a presidência do Bispo local.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

extrait d’un sermon de Saint Bernard, sur l’Assomption

Il est un homme et une femme qui nous ont fait bien du mal ; mais grâce à Dieu, il y eut aussi un homme et une femme pour tout réparer et même avec de grands avantages ; il n’en est point de la grâce comme du péché, et la grandeur du bienfait que nous avons reçu dépasse de beaucoup la perte que nous avions faite. En effet, dans sa prudence et clémence extrêmes, l’ouvrier qui nous a faits n’a point achevé de rompre le vase déjà fêlé, mais il le répara complètement, et si bien, que de l’ancien Adam, il nous en fit un nouveau, et tranvasa Eve dans Marie.

Sans doute, nous avons un médiateur aussi fidèle que puissant entre Dieu et les hommes, dans l’homme qui s’appelle Jésus-Christ, mais la majesté divine nous en impose en lui. Il nous faut un médiateur pour arriver au Médiateur, et je n’en vois pas de plus utile que Marie.

Nous avons eu une cruelle médiatrice dans Eve, par qui l’antique serpent a fait pénétrer jusqu’à l’homme même son virus empesté, mais Marie est fidèle, et est venue verser l’antidote du salut à l’homme et à la femme en même temps.

L’une a prêté son concours à une œuvre de séduction, l’autre a donné le sien à une œuvre de propitiation ; l’une suggéra à l’homme une pensée de prévarication, et l’autre lui apporta la rédemption.

Pourquoi la faiblesse humaine craindrait-elle de s’approcher de Marie ?

Il n’y a rien d’austère, rien de terrible en elle, elle est toute douceur et ne nous offre à tous que le lait et la laine.

Parcourez attentivement toute la suite de l’histoire évangélique, et si vous trouvez en Marie un mot de reproche, une seule parole dure, la plus petite marque d’indignation, je veux bien que vous la soupçonniez pour le reste, et que vous ayez peur d’approcher d’elle.

Mais au contraire, si vous la trouvez en toute occasion, comme vous la trouverez en effet, plutôt pleine de grâce et de bonté, remplie de miséricorde et de douceur, rendez-en grâces à Celui Qui, dans son infiniment douce miséricorde, vous a donné une médiatrice telle que vous n’ayez jamais rien à redouter en elle.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

 Sérgio Carvalho | Dez ideias para uma pastoral católica dos anciãos e idosos




1. Ministério da escuta e partilha de vida
Criar espaços regulares de escuta fraterna, onde os idosos possam partilhar suas histórias, sofrimentos, alegrias e sabedoria. Pode ser em encontros mensais ou rodas de conversa com espiritualidade.
2. Missas temáticas e sacramentos regulares
Promover celebrações mensais dedicadas aos idosos, com a possibilidade de receber a Unção dos Enfermos, a Confissão e a Eucaristia. Cuidar da acessibilidade física e sensorial do ambiente.
3. Voluntariado do tempo e da sabedoria
Estimular os idosos a colocarem os seus dons a serviço da paróquia:
catequese para crianças, visita a doentes, costura de alfaias litúrgicas, acompanhamento de famílias ou ensino de ofícios.
4. Escola de Fé e Esperança
Oferecer formação bíblica, catequética e espiritual adaptada aos idosos: temas como o fim da vida, a esperança cristã, a misericórdia, a comunhão dos santos, os salmos e a oração pessoal.
5. Pastoral do consolo e do luto
Criar grupos de apoio espiritual para viúvos, viúvas e idosos que perderam entes queridos. Oferecer acompanhamento, Missas pelos falecidos e momentos de oração e escuta.
6. Integração com outras gerações
Promover encontros com crianças e jovens, como o “Dia dos Avós na Fé”, onde se partilhem histórias de vida, ensinamentos religiosos, orações e tradições familiares.
7. Romarias e peregrinações acessíveis
Organizar visitas a santuários, igrejas e lugares espirituais com estrutura adequada (curta duração, transporte, assistência). Integrar momentos de oração e convivência.
8. Oficinas de arte, memória e fé
Atividades manuais com sentido espiritual e comunitário: pintura, costura, artesanato religioso, escrita de memórias, culinária tradicional cristã. Servem também como terapia e missão.
9. Evangelização do lar e do bairro
Formar idosos como missionários no seu edifício ou rua: visitas a outros idosos, partilha da Palavra, oração em pequenos grupos, bênçãos das casas, entrega de folhetos ou imagens.
10. Celebração do “Dom precioso da velhice”
Instituir um Dia do Idoso na Comunidade, com Missa solene, bênção dos avós, almoço partilhado, apresentações, entrega de lembranças e testemunhos sobre a alegria de envelhecer na fé.

 Sérgio Carvalho | Dez ideias para uma pastoral católica das peregrinações



1. Escola de peregrinos

Criar espaços de formação espiritual, litúrgica e prática para os que

se preparam para peregrinar. Incluir temas como: o sentido cristão

da peregrinação, santos peregrinos, oração no caminho, e ética do

peregrino.

2. Missas de envio e acolhimento

Organizar celebrações litúrgicas específicas para envio dos

peregrinos (com bênção e entrega de símbolos) e para acolhimento

ao regressarem (com ação de graças e partilha de testemunhos).

3. Pastoral dos caminhos locais

Valorizar os pequenos caminhos espirituais da região: calvários,

vias-sacras, capelas, ermidas e nichos marianos. Criar roteiros,

sinalização e momentos de oração comunitária nesses espaços.

4. Acompanhamento espiritual no caminho

Garantir que haja padres, diáconos, religiosos ou leigos preparados

para oferecer acompanhamento espiritual durante as

peregrinações. Incluir propostas de confissão, meditação e direção

espiritual.

5. Oficinas de canto, símbolos e liturgia da estrada

Ensinar cânticos tradicionais de peregrino, símbolos devocionais

(bordão, concha, terço), e orações próprias da estrada. Preparar

liturgias simples e adaptadas ao contexto de caminhada.

6. Peregrinações com intenção social e eclesial

Associar a caminhada a causas eclesiais e sociais: pela paz, pelas

vocações, pelos doentes, pelos migrantes, pela ecologia integral, ou

pela Igreja local. Isso dá um sentido comunitário à fé em

movimento.

7. Peregrinação digital para quem não pode caminhar


Criar propostas de “peregrinação espiritual” para pessoas idosas,

doentes ou com mobilidade reduzida: usando roteiros simbólicos,

vídeos, transmissões, orações, cartas ou velas acesas por intenção.

8. Itinerários com paradas de oração e missão

Nas rotas, incluir momentos de oração com as comunidades locais,

gestos missionários (visita a lares, bênção de casas, partilha com

necessitados), e valorização do patrimônio religioso.

9. Jornada paroquial da fé

Organizar anualmente uma peregrinação local paroquial (a pé, de

bicicleta ou em comboio), com momentos catequéticos e

celebrações, reforçando a identidade da comunidade como “povo

de Deus em marcha”.

10. Arquivo e memória das peregrinações

Criar um registo fotográfico, textual e espiritual das peregrinações

da comunidade. Isso pode virar um “Livro do Peregrino” paroquial,

ajudando a formar a memória espiritual e pastoral da comunidade.

Reflexão sobre a Fé e a Vocação

Hoje em dia estamos até mesmo um pouco mal acostumados com a letargia da Fé, sendo que esta muitas vezes nos é apresentada como um fator social pró-forma para preencher uma lacuna da vida das pessoas — uma Fé que se apresenta de forma bastante diluída em um mundo bastante morno ou já bastante frio com relação à grandeza da revelação divina e da ação do Espírito Santo no mundo.

Se a Fé muitas vezes nos é apresentada como um "calmante", tendemos a não ter maiores anseios, maiores adesões, até mesmo maiores questões ao que nos revela a Fé, diminuindo-a diante de nós e diminuindo-nos diante dela.

A adesão a Cristo deve ser pensada de maneira ousada e nos requer um empenho total, a tempo ou a contratempo, em momento oportuno ou inoportuno, mas deve ser total e buscar humildemente o sentido de tal adesão e aceitação e, a partir disso, iluminados pela conversão que o Espírito de Deus nos propicia, caminharmos livres e decididos na estrada da Igreja.

E, de um ambiente ao outro, a leitura do prólogo da Regra dos Cavaleiros de Santa Maria me foi um golpe — um golpe de espada — em um momento em que o ambiente nos despertava muitas vezes à leveza da Fé, sendo esta quase sempre insuportável de ser sustentada.

Por isso, compartilho com os que aqui passarem este trecho que foi o começo do meu caminho na MSM:

> "Cristão que te preparas para ler esta Regra, liberta por um instante o teu espírito das preocupações terrestres, e mergulha o teu olhar no mistério de Deus. É nas perspectivas divinas que és convidado a escolher um novo gênero de vida, caracterizado pela fidelidade absoluta ao Senhor. Porque este livro não interessa somente à tua inteligência, mas também à tua vontade, o teu corpo, os teus atos. Se aceitas o programa que ele te propõe, ser-te-á preciso tornares-te um outro homem, um cavaleiro pronto a sustentar duros combates pela honra de Deus, decidido a construir um mundo cristão conforme ao desígnio divino. Se temes o esforço e procuras a tua própria tranquilidade, se aceitas sem revolta o reino da mediocridade, da hipocrisia e do vício, este livro não é para ti: fecha-o e continua na tua falsa paz. Se não, recolhe-te, e escuta."

Na terra, Deus nos chama mais para os desafios do que para a satisfação de nossos desejos. Esta é a troca que fizemos, para que a vontade de Deus e seus desígnios sejam amorosamente assumidos e que os nossos desejos e vontades sejam cuidadosamente tratados a fim de mais e melhor servir à vontade de Jesus Cristo, Nosso Senhor, sempre seguros nas mãos de Santa Maria.

Mas ainda nem é fácil pensar e seguir isso; parece haver um embate constante entre o homem velho e o homem novo. O homem velho, quando ameaçado de ser abandonado, parece propor-se a lutar com audácia; se não nos faz morrer, acaba por tornar o homem novo melhor.

Assim, caminhamos diante de tal propósito; às vezes nos é o caso de baixar a cabeça e pensar "será que consigo?", "será que posso?". A estas perguntas o tempo nos dirá a resposta, mas a verdade é que o chamado a esta vocação me parece tanto ou mais insistente do que as minhas limitações e fraquezas.

Estou de pé, cuidando para não cair.

Salvai-nos em Cristo, ó Santíssima Virgem Maria!

Pax et Fides!

Eu, João, o menor dos cavaleiros de Santa Maria.

A SIMPLICIDADE NA UNIÃO COM DEUS

Pe. Frei Mario José Petit de Murat, O.P.

Há três classes de advento, mas hoje vamos falar de nosso advento até Deus, não do advento de Deus até nós, que se realiza sempre. Somos nós os que devemos ir a Deus. Quando nos renderemos? Estamos longe de Deus e de nós mesmos à medida em que estamos inclinados à criatura.

Deixemo-nos ser absorvidos por Deus. Deus nos ama com um amor tão ardente! É tão grande o transbordamento do seu amor até nós, que sacrificou seu Filho único, o objeto de suas complacências, para nos salvar. Ele está nos chamando. Em cada dia, em cada momento, está nos chamando pelo nome e dizendo: “filho meu, que posso fazer por ti que não já tenha feito”. E o Filho, lacerado, desfeito, do alto da Cruz exclama: “tenho sede!”, de que? “De ti, criatura, tenho sede do teu amor!”. É tão grande esse amor, que Deus se colocou aos nossos pés, fez-se nosso escravo para nos atrair a Si. Abramo-nos a Ele. O verdadeiro advento se cumpre quando nos abrimos a Deus, que anseia vir a nós e fazer em nós sua morada. A criatura tem que aquietar-se à voz do Pai que diz: “Não temas, quero acolher-te, te amo”.

Deixemos as preocupações: “o amanhã trará as suas próprias preocupações”. O futuro vem dia a dia. A graça de hoje é a preparação para a graça de amanhã. Sejamos avaros do nosso tempo; e não digo de nossos dias, mas de nossos minutos. Cada minuto é um convite de Deus. Não damos a nossos dias o tremendo valor que têm porque os vemos chegar a nós muito facilmente. Vêm com tanta facilidade porque são dons de Deus, mas em cada um deles estamos forjando a eternidade.

Nossa vida é um arco ogival. Temos que ser como os arcos das Catedrais góticas: duas linhas curvas que se encontram em cruz para abrir-se até em cima, abarcando o céu indefinidamente, num abraço formado por duas vontades: a de Deus e a nossa.

A realidade não é mais que o presente. Não faças, deixa fazer. Abra-te como uma flor ao orvalho e deixa que o Senhor se derrame em ti. “Bem-aventurados os pobres de espírito”, não só em sentido material, mas também no espiritual; isto é, aqueles que não se atam aos seus próprios gostos e critérios, mas que em uma grande pobreza e desnudez se apresentam a receber o Senhor por inteiro, Suas graças e Seus dons.

As mães não devem pensar se este filho será isso ou aquilo no futuro, mas formar a alma dele a cada dia, em cada minuto, e coloca-la à disposição de Deus.

Amar o silêncio, pois ali fala Deus à criatura. Marta é o protótipo das criaturas que esperam o advento de Cristo dizendo: “virá? Já está chegando?” Maria, pelo contrário, é o exemplo de nosso advento ao Senhor. Ela sai ao encontro dEle, vai busca-lo, e aos Seus pés, escuta-o em silêncio.

“Coloca no Senhor tuas feridas, e Ele te curará”. Grande sensibilidade. Quando notamos uma imperfeição ou uma falha, coloquemo-nos na Sua misericórdia; o fogo de Seu amor consumirá nosso pecado. Repousemos em Deus que nos ampara, que cuida de nós, que tem mais cuidado conosco que nós mesmos. É preciso ocupar-nos das coisas, mas não nos preocupar. E assim nos colocaremos na presença de Deus em silêncio.

A porta de entrada para Deus é a fé: aceitar de maneira vivente tudo o que foi revelado. A fé não possui imagens. “Sei, Senhor, que estais aqui; sei, Senhor, que estais me amando neste instante!” As verdades da fé são intuitivas, não discursivas. “Estás aqui, Senhor!” E já não se diz mais nada. À medida com que quero vê-lo, desaparece a fé. Entrar nele esquecido de si. O meio que nos une a Deus é a inteligência vivificada com a fé (não a sensibilidade). Basta que nos desapeguemos de uma coisa para que esta coisa se nos dê. Não estejamos entregues à nossa sensibilidade. Vivamos de fé. Os animais dormiam; por isso os pastores escutaram o canto dos anjos. Os animais representam nossa sensibilidade, nossa parte animal; quando esta se cala, o espírito domina e se ouve a voz dos anjos.

Somos uma porção do Verbo e temos que ser verbo. Temos que ser uma gema preciosa, um resplendor de Cristo. É uma falsa humildade pensar que não somos mais que um pouco de barro. Somos barro, sim, mas enxertados em Cristo, e com Cristo precisamos ir ao Pai.

Como se simplifica nossa vida quando afrouxamos nossos nervos em tensão para descansar em Deus! Aquietemos nossa imaginação; não nos ocupemos em tentar compreender cada acontecimento de nossa vida. Sabemos que é nosso Pai quem os envia. Entreguemo-nos a Ele totalmente, todo o nosso ser: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra”.

A esperança é a virtude que nos entrega a Onipotência divina. “O amado te apoiou com sua mão esquerda e te abraçou com sua destra”. A esquerda representa a humanidade de Cristo, com ela nos apoiou; e a destra representa a divindade de Deus, com ela nos abraça. Cristo nos sustenta e Deus nos abraça com sua divindade.

Jesus não dorme. Jamais temamos. Não duvidemos. Jesus vela. A Igreja é isso: Cristo erigido e velando. A visitação de Deus é para dar-nos seu gozo inextinguível, não o gozo dos anjos, mas o mesmo gozo de Deus.

A maneira de vencer não é fugir. Não temer o mundo, mas desprezá-lo e vencê-lo “consagrados à verdade”. Ter sede apaixonada pela verdade. O que tiver necessidade de sabedoria, peça ao Senhor com humildade.

A vinda de Deus a nós é para provocar-nos a ir a Ele. Temos que responder todos os dias. Desde o despertar, ir a Deus; fazer esse advento de nós a Ele. Pouco importa o que sinto, basta o querer de minha vontade. Olhar a Deus por cima de mim e do mar de coisas que influenciam a sensibilidade (identificar sempre sensibilidade e “nervos” com animalidade). Triunfam os que tudo esperam dele e esperam contra toda esperança. Quando nada nos perturba, já somos filhos de Deus. Entregamos totalmente a Ele. Esta entrega em seus braços dará a nossas almas uma paz que nada poderá mudar e uma alegria profunda, uma alegria sem limites, sem amarras e verdadeira, apesar de todos os sofrimentos que vierem. “Que me importa o que acontecer se estou unido a meu Deus e Ele me ama com tão imenso amor?”

Os meios mais imediatos para unir-se a Deus são a Fé e a Esperança, mas pela caridade, já estamos em Deus. “Deus é caridade”. O que está no amor, em Deus permanece e Deus permanece nele. A caridade tem três aspectos: respeito a Deus, respeito ao próximo, e respeito a nós mesmos.

A paternidade de Deus é a que dá razão de ser ao primeiro aspecto. Deus é Pai e vivemos em sua paternidade. A misericórdia de Deus nos precede e nos segue. É uma ingratidão, a maior de todas, o sentimento de orfandade, o sentirmo-nos sós. A homenagem que transpassa a Deus é a homenagem de seus filhos, de sentir-se verdadeiramente filho, e de confiar plenamente nele.

Neste mundo não há penas de castigo, apenas penas de melhoramento. “Porque te amo, repreendo-te e te castigo”, diz o Apocalipse. Deus não fala com palavras, mas com as coisas e com os sucessos.

Mas é necessário que amemos o Pai e aprendamos a ir a Ele. Se só conhecemos e amamos a Jesus, nós paramos na metade do caminho. Temos que ir ao Pai. Cristo vive só em razão do Pai e toda sua vida é um só impulso para Ele. Quando nos detemos no Coração de Jesus, em Cristo, estamos defraudando a Cristo, porque Ele veio não para atrair-nos a Si como fim último, mas como Mediador, para unir-nos ao Pai: “Filho meu – nos está dizendo – escolha o Pai!”

O Filho de Deus disse ao Pai: “Dai-me esse barro putrefato, esse desfeito que é o mundo, e Eu vos entregarei transformado, convertido em algo precioso”. E Cristo se uniu à nossa miséria; para levantar-nos, tomou-nos a todos nós, tudo aquilo que desprezávamos, desposou-se com nossas dores antes mesmo que nós a padecêssemos, e as converteu em graças de redenção. Mas em tudo se referia ao Pai: “Eu não falo senão o que aprendi do Pai”. “Felipe, tanto tempo faz que estou convosco e tu não me conheceu? Quem me viu, viu o Pai; não crês que eu sou um com o Pai?”. “As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras”.

“Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós. Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis. E naquele dia, conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós”. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”. “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.” “Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste. Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer. Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti, antes que o mundo fosse criado”. “Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste. Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lhes manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.”

Quando conseguimos sair de nossos sentidos e entrar em nossas almas, somos sutis e ágeis para segui os movimentos de Deus e entregar-nos a Ele.

Conhecemos a Caridade ao próximo quando a ira se converte em lágrimas. Quando estamos em Cristo, não pedimos, mas damos; já não somos mendigos. A Caridade não opera precipitadamente.

A Caridade é o que consola na verdade, ainda que esta seja dolorosa. Este é o paradoxo de Cristo: o ter colocado o gozo sem limites na dor.

Enquanto vemos nossos irmãos como a um estranho, então não somos o que Deus quer que sejamos. Sejamos todos um. Cristo se fez pecado por nós para pagar pelos pecados que são nossos. Quando o sacerdote levanta a Hóstia Santa, apresentamos ao Senhor nossos pecados e os pecados dos nossos irmãos: “Pai, aqui está o pagamento por todos os meus pecados! (pelos meus pecados e pelos dos meus irmãos).

“A única ambição legítima é a de ser santo”. “Filho, nunca te acostumes com apenas ‘dizer’ a Missa!”

sábado, 2 de agosto de 2025

 

… Perante o descalabro do primeiro e fundamental direito humano, o
DIREITO À VIDA, que se vive em Portugal, o IIFC/IFCI não pode ficar
indiferente. Temos a obrigação de reagir e denunciar.
Alguns meios de comunicação social ( cf JN de 29.VII.25, capa) deram a
notícia de que cada mulher que aborte, isto é, mate um filho ao abrigo da
lei, gratuitamente e no SNS, recebe um subsídio de 1000 euros entre
outros benefícios!Que pouca vergonha paga por todos nós: matar um
filho, afinal, rende dinheiro!Matar, pelos vistos, compensa.E, sobretudo,
quando for um ser humano indefeso, que não pediu para vir ao mundo,

não poder gritar por socorro e fugir!Não está em causa a legalidade do
acto (convém nunca esquecer que “nem tudo o que é legal é moral” – os
campos de extremínio nazis ou soviéticos eram legais!). O que está em
causa e deve ser posto em causa é a moralidade de um acto hediondo
que se promove abertamente e se paga por se consumar.
O IFCI/IFCI não pode calar esta malvadez: matar um bebé e ser pago por
isso.
A VIDA HUMANA não tem preço e não podemos deixar que, qualquer
que seja a razão, se mate e, ainda por cima, se “premeie” quem tal faz!
Não é assim que se promove a natalidade!
Pela VIDA HUMANA, sempre!

O Presidente do IIFC/IFCI


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