DECLARAÇÃO DE FÉ do Cardeal Muller
Declaração de
Fé
“Não se
perturbe o vosso coração!” (Jo 14, 1)
Diante
de uma confusão cada vez mais generalizada no ensino da fé, muitos bispos,
sacerdotes, religiosos e leigos da Igreja Católica pediram-me para dar
testemunho público da verdade da Revelação. A tarefa dos pastores é guiar os
homens que lhes são confiados pelo caminho da salvação, e isso só pode
acontecer se tal caminho for conhecido e se eles forem os primeiros a
percorrê-lo. A esse respeito, o Apóstolo advertiu: “Transmiti-vos, em primeiro
lugar, o que eu próprio recebi” (1Cor 15, 3). Hoje, muitos cristãos nem sequer
conhecem os fundamentos da fé, com um crescente perigo de não encontrarem o
caminho que leva à vida eterna. No entanto, a tarefa própria da Igreja continua
a ser levar as pessoas a Jesus Cristo, a luz dos gentios (cf. LG 1). Nesta
situação, alguém se pergunta como encontrar a orientação correta. Segundo João
Paulo II, o Catecismo da Igreja Católica representa uma “norma segura para o
ensino da fé” (Fidei Depositum IV). Foi escrito para fortalecer os irmãos e
irmãs na fé, uma fé posta à prova pela “ditadura do relativismo”[1].
1. Deus uno e trino, revelado em Jesus Cristo
O
epítome da fé de todos os cristãos reside na confissão da Santíssima Trindade.
Nós tornamo-nos discípulos de Jesus, filhos e amigos de Deus, através do
Batismo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. A diferença das três
pessoas na unidade divina (254) marca uma diferença fundamental na fé em Deus e
na imagem do homem em relação às outras religiões. Reconhecido Jesus Cristo, os
fantasmas desaparecem. Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, encarnado no
ventre da Virgem Maria pela obra do Espírito Santo. O Verbo feito carne, o
Filho de Deus é o único Salvador do mundo (679) e o único mediador entre Deus e
os homens (846). Por esta razão, a primeira carta de João refere-se àquele que
nega a sua divindade como o anticristo (1Jo 2, 22), visto que Jesus Cristo,
Filho de Deus, desde a eternidade é um único ser com Deus, seu Pai (663). É com
clara determinação que é necessário enfrentar o reaparecimento de antigas
heresias que em Jesus Cristo viam apenas uma boa pessoa, um irmão e um amigo,
um profeta e um exemplo de vida moral. Ele é, antes de tudo, a Palavra que estava
com Deus e é Deus, o Filho do Pai, que tomou a nossa natureza humana para nos
redimir e que virá para julgar os vivos e os mortos. Só a Ele adoramos em união
com o Pai e o Espírito Santo como o único e verdadeiro Deus (691).
2. A Igreja
Jesus
Cristo fundou a Igreja como sinal visível e instrumento de salvação, que
subsiste na Igreja Católica (816). Ele deu à sua Igreja, que “nasceu do coração
trespassado de Cristo morto na cruz” (766), uma estrutura sacramental que
permanecerá até ao pleno cumprimento do Reino (765). Cristo, cabeça, e os
crentes como membros do corpo são uma pessoa mística (795), por essa razão a
Igreja é santa, visto que Cristo, o único mediador, a estabeleceu na terra como
um organismo visível e continuamente a apoia (771). Por meio dela, a obra
redentora de Cristo torna-se presente no tempo e no espaço com a celebração dos
Santos Sacramentos, especialmente no Sacrifício Eucarístico, a Santa Missa
(1330). Com a autoridade de Cristo, a Igreja transmite a revelação divina, “que
se estende a todos os elementos da doutrina, incluindo a moral, sem a qual as
verdades salvíficas da fé não podem ser guardadas, expostas ou observadas”
(2035).
3. A Ordem sacramental
A
Igreja é em Jesus Cristo o sacramento universal da salvação (776). Ela não se
reflecte a si mesma, mas a luz de Cristo, que resplandece no rosto, e isso só
acontece quando o ponto de referência não é a opinião da maioria, nem o
espírito dos tempos, mas a verdade revelada em Jesus Cristo, que confiou à
Igreja Católica a plenitude da graça e da verdade (819): Ele mesmo está
presente nos Sacramentos da Igreja.
A
Igreja não é uma associação criada pelo homem, cuja estrutura pode ser
modificada pelos seus membros à vontade: é de origem divina. “O próprio Cristo
é a origem do ministério na Igreja. Ele instituiu-a, deu-lhe autoridade e
missão, orientação e fim” (874). A admoestação do Apóstolo ainda é válida hoje,
segundo a qual é amaldiçoado alguém que proclama outro Evangelho, “nós mesmos,
ou um anjo do céu” (Gl 1, 8). A mediação da fé está intrinsecamente ligada à
credibilidade humana dos seus pregadores: em alguns casos, abandonaram aqueles
que lhes haviam sido confiados, perturbando-os e prejudicando seriamente a sua
fé. Para eles cumpre-se a palavra da Escritura: “virão tempos em que o
ensinamento salutar não será aceite, mas as pessoas acumularão mestres que lhes
encham os ouvidos, de acordo com os próprios desejos” (2 Tm 4,3-4).
A
tarefa do Magistério da Igreja para com o povo de Deus é “protegê-lo de desvios
e falhas” para que possa “professar sem erro a fé autêntica” (890). Isto é
especialmente verdadeiro em relação aos sete sacramentos. A Sagrada Eucaristia
é “a fonte e o cume de toda a vida cristã” (1324). O Sacrifício Eucarístico, em
que Cristo nos envolve no sacrifício da cruz, visa a união mais íntima com Ele
(1382). Por isso, a Sagrada Escritura alerta para as condições para receber a
Sagrada Comunhão: “Assim, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do
Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor” (1Cor 11, 27) e,
em seguida, “Quem está ciente de que cometeu um pecado grave, deve receber o
sacramento da Reconciliação antes de receber a Comunhão” (1385). Da lógica
subjacente ao sacramento percebe-se que os divorciados e recasados
civilmente, cujo casamento sacramental diante de Deus ainda é válido, bem
como todos aqueles cristãos que não estão em plena comunhão com a fé católica e
também todos aqueles que não estão devidamente preparados, não recebem a
Sagrada Eucaristia frutiferamente (1457), porque deste modo não os leva à
salvação. Realçá-lo, corresponde a uma obra de misericórdia espiritual.
O
reconhecimento dos pecados na Santa Confissão, pelo menos uma vez por ano, é um
dos preceitos da Igreja (2042). Quando os crentes já não confessam os seus
pecados recebendo a absolvição, a salvação trazida por Cristo torna-se vã, pois
Ele fez-se homem para nos redimir dos nossos pecados. O poder do perdão, que o
Ressuscitado conferiu aos Apóstolos e aos seus sucessores no Episcopado e no
Sacerdócio, restaura os pecados graves e veniais cometidos depois do Baptismo.
A prática actual da confissão mostra que a consciência dos crentes não está
suficientemente formada. A misericórdia de Deus é-nos dada para que possamos
cumprir os seus Mandamentos para nos conformarmos à sua santa vontade e não
para evitar o chamamento à conversão (1458).
“É o
sacerdote que continua a obra da redenção na terra” (1589). A ordenação, que
confere ao sacerdote “um poder sagrado” (1592), é insubstituível porque,
através dele, Jesus torna-se sacramentalmente presente na sua ação salvadora.
Os sacerdotes escolhem voluntariamente o celibato como “um sinal dessa nova
vida” (1579). Trata-se da entrega de si para o serviço de Cristo e do Seu Reino
vindouro. A fim de conferir a ordenação validamente nos três graus do
Sacramento, a Igreja reconhece-se como limite para a escolha feita pelo próprio
Senhor, “por esta razão a ordenação de mulheres não é possível” (1577). A este
respeito, falar de discriminação contra as mulheres demonstra claramente uma
incompreensão deste Sacramento, que não diz respeito a um poder terrestre, mas
à representação de Cristo, o Esposo da Igreja.
4. A lei moral
Fé e
vida são inseparáveis, porque a fé sem as obras feitas no Senhor é morta
(1815). A lei moral é o trabalho da sabedoria divina e leva o homem à beatitude
prometida (1950). Consequentemente, a “lei divina e natural mostra ao homem o
caminho a seguir para fazer o bem e alcançar o seu objetivo” (1955). A sua
observância é necessária para que todas as pessoas de boa vontade alcancem a
salvação eterna. De facto, aquele que morre em pecado mortal sem arrependimento
permanecerá para sempre separado de Deus (1033). Isto implica consequências
práticas na vida dos cristãos, entre as quais é oportuno recordar aquelas que
hoje são mais frequentemente negligenciadas (cf. 2270-2283; 2350-2381). A lei
moral não é um fardo, mas faz parte dessa verdade libertadora (cf. Jo 8, 32),
através da qual o cristão caminha no caminho da salvação e não deve ser
relativizada.
5. Vida Eterna
Muitos
hoje perguntam porquê a Igreja ainda existe se os próprios bispos preferem agir
como políticos, em vez de mestres da fé e proclamar o Evangelho. O olho não se
deve deter em questões secundárias, mas é mais necessário do que nunca para a
Igreja assumir a sua própria tarefa. Todo o ser humano tem uma alma imortal,
que na sua morte é separada do corpo, mas com a esperança da ressurreição dos
mortos (366). A morte toma a decisão do homem a favor ou contra Deus. Todos
terão que enfrentar o juízo pessoal imediatamente após a morte (1021): ou será
necessária uma purificação ou o homem irá diretamente para a felicidade
celestial e será permitido contemplar Deus face-a-face. Mas há também a
terrível possibilidade de que uma pessoa, até ao fim, permaneça em contradição
com Deus: rejeitando definitivamente o seu amor, “chorará imediatamente para
sempre” (1022). “Deus, que nos criou sem nós, não nos quis salvar sem nós”
(1847). A eternidade da punição do Inferno é uma realidade terrível, que, de
acordo com o testemunho das Sagradas Escrituras, diz respeito a todos aqueles
que “morrem em estado de pecado mortal” (1035). O cristão atravessa a porta
estreita, “porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e
muitos são os que seguem por ele” (Mt 7, 13).
Manter em silêncio estas e outras verdades da fé ou ensinar o oposto é o pior
engano contra o qual o Catecismo adverte vigorosamente. Esta representa a
última prova da Igreja, ou “uma impostura religiosa que oferece aos homens uma
solução aparente para os seus problemas, ao preço da apostasia da verdade”
(675). É o engano do Anticristo, que vem “com todo o tipo de seduções de
injustiça para os que se perdem, porque não acolheram o amor da verdade para
serem salvos” (2Ts 2, 10).
Apelo
Como
trabalhadores na vinha do Senhor, todos nós temos a responsabilidade de
recordar estas verdades básicas que se agarram ao que nós mesmos recebemos.
Queremos dar coragem para percorrer o caminho de Jesus Cristo com determinação,
a fim de obter a vida eterna seguindo os Seus mandamentos (2075).
Pedimos
ao Senhor que nos deixe saber quão grande é o dom da fé católica, através do
qual a porta para a vida eterna é aberta. “Pois quem se envergonhar de mim e
das minhas palavras entre esta geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem
se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai, com os santos anjos”
(Mc 8, 38). Portanto, estamos comprometidos em fortalecer a fé confessando a
verdade que é o próprio Jesus Cristo.
O
aviso que Paulo, o apóstolo de Jesus Cristo, dá ao seu colaborador e sucessor
Timóteo é dirigido particularmente a nós, bispos e padres. Ele escreveu:
“Diante de Deus e de Cristo Jesus, que há-de julgar os vivos e os mortos,
peço-te encarecidamente, pela sua vinda e pelo seu Reino: proclama a palavra,
insiste em tempo propício e fora dele, convence, repreende, exorta com toda a
compreensão e competência. Virão tempos em que o ensinamento salutar não será
aceite, mas as pessoas acumularão mestres que lhes encham os ouvidos, de acordo
com os próprios desejos. Desviarão os ouvidos da verdade e divagarão ao sabor
de fábulas. Tu, porém, controla-te em tudo, suporta as adversidades, dedica-te
ao trabalho do Evangelho e desempenha com esmero o teu ministério” (2Tm 4,
1-5).
Que
Maria, Mãe de Deus, implore a graça de nos apegarmos à confissão da verdade de
Jesus Cristo sem vacilar.
Unidos
na fé e na oração,
Gerhard
Cardeal Müller
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé entre 2012 e 2017
[1]
Os números que aparecem no texto correspondem ao Catecismo da Igreja Católica.
Declaración de fe «¡No se
turbe vuestro corazón!» (Juan 14,1) - Cardenal Müller – Versão espanhola
«¡No se turbe
vuestro corazón!» (Juan 14,1)
Ante la creciente
confusión en la enseñanza de la doctrina de la fe, muchos obispos, sacerdotes,
religiosos y laicos de la Iglesia Católica, me han pedido dar testimonio
público de la verdad de la Revelación. Es tarea de los pastores guiar a los que
se les ha confiado por el camino de la salvación. Esto sólo puede tener éxito
si se conoce este camino y ellos mismos siguen adelante. Acerca de esto la
palabra del apóstol nos indica: «Porque sobretodo os he entregado lo que yo
también recibí» (1 Co 15,3). Hoy en día muchos cristianos ya no son conscientes
ni siquiera de las enseñanzas básicas de la fe, por lo que existe un peligro
creciente de apartarse del camino que lleva a la vida eterna. Pero sigue siendo
tarea propia de la Iglesia conducir a las personas a Jesucristo, luz de las
naciones (cf. LG 1). En esta situación se plantea la cuestión de la
orientación. Según Juan Pablo II, el Catecismo de la Iglesia Católica es una
«norma segura para la doctrina de la fe» (Fidei Depositum IV). Fue escrito con
el objetivo de fortalecer a los hermanos y hermanas en la fe, cuya fe es
ampliamente cuestionada por la «dictadura del relativismo»1.
1. El Dios uno y trino, revelado en Jesucristo
La personificación
de la fe de todos los cristianos se encuentra en la confesión de la Santísima
Trinidad. Nos hemos convertido en discípulos de Jesús, hijos y amigos de Dios
por el bautismo en el nombre del Padre y del Hijo y del Espíritu Santo. La
diferencia de las tres personas en la unidad divina (254) marca una diferencia
fundamental con respecto a otras religiones en la creencia en Dios y en la
imagen del hombre. En la confesión a Jesucristo los espíritus se dividen. Él es
verdadero Dios y verdadero hombre, engendrado según su naturaleza humana por el
Espíritu Santo y nacido de la Virgen María. El Verbo hecho carne, el Hijo de
Dios, es el único redentor del mundo (679) y el único mediador entre Dios y los
hombres (846). En consecuencia, la Primera Carta de san Juan describe como
Anticristo al que niega su divinidad (1 Juan 2,22), ya que Jesucristo, el Hijo
de Dios, es desde la eternidad un ser con Dios, su Padre (663). La recaída en
antiguas herejías, que veían en Jesucristo sólo a un buen hombre, a un hermano
y amigo, a un profeta y a un moralista, debe ser combatida con clara
determinación. Él es ante todo el Verbo que estaba con Dios y es Dios, el Hijo
del Padre, que asumió nuestra naturaleza humana para redimirnos y que vendrá a
juzgar a los vivos y a los muertos. Lo adoramos sólo a Él como el único y
verdadero Dios en unidad con el Padre y el Espíritu Santo (691).
2. La Iglesia
Jesucristo fundó la
Iglesia como signo visible e instrumento de salvación, que subsiste en la
Iglesia Católica (816). Dio una constitución sacramental a su Iglesia, que
surgió «del costado de Cristo dormido en la Cruz» (766), y que permanece hasta
su consumación (765). Cristo Cabeza y los fieles como miembros del Cuerpo son
una persona mística (795), por eso la Iglesia es santa, porque el único
mediador la ha establecido y mantiene su estructura visible (771). A través de
ellos, la obra de la redención de Cristo se hace presente en el tiempo y en el
espacio en la celebración de los santos sacramentos, especialmente en el
sacrificio eucarístico, la Santa Misa (1330).
La Iglesia
transmite en Cristo la revelación divina que se extiende a todos los elementos
de la doctrina, «incluida la doctrina moral, sin la cual las verdades de la
salvación de la fe no pueden ser salvaguardas, expuestas u observadas» (2035).
3. El orden sacramental
La Iglesia en
Jesucristo es el sacramento universal de salvación (776). Ella no se refleja a
sí misma, sino a la luz de Cristo que brilla en su rostro. Esto sucede sólo
cuando no la mayoría ni el espíritu de los tiempos sino la verdad revelada en
Jesucristo se convierte en el punto de referencia, porque Cristo ha confiado a
la Iglesia católica la plenitud de la gracia y de la verdad (819): Él mismo
está presente en los sacramentos de la Iglesia.
La Iglesia no es
una asociación fundada por el hombre cuya estructura es votada por sus miembros
a voluntad. Es de origen divino. «El mismo Cristo es la fuente del ministerio
en la Iglesia. Él lo ha instituido, le ha dado autoridad y misión, orientación
y finalidad» (874). La amonestación del apóstol sigue siendo válida hoy en día
para que cualquiera que predique otro evangelio sea maldecido, «aunque seamos
nosotros mismos o un ángel del cielo» (Gal 1,8). La mediación de la fe está
indisolublemente ligada a la credibilidad humana de sus mensajeros, que en
algunos casos han abandonado a los que les fueron confiados, los han perturbado
y han dañado gravemente su fe. Aquí la palabra de la Escritura va dirigida a
aquellos que no escuchan la verdad y siguen sus propios deseos, que adulan a
los oídos porque no pueden soportar la sana enseñanza (cf. 2 Tim 4,3-4).
La tarea del
Magisterio de la Iglesia es «proteger al pueblo de las desviaciones y de las
fallas y garantizarle la posibilidad objetiva de profesar sin error la fe
auténtica» (890). Esto es especialmente cierto con respecto a los siete
sacramentos. La Eucaristía es «fuente y cumbre de toda la vida cristiana»
(1324). El sacrificio eucarístico, en el que Cristo nos implica en su
sacrificio de la cruz, apunta a la unión más íntima con Cristo (1382). Por eso,
las Sagradas Escrituras, con respecto a la recepción de la Sagrada Comunión,
advierten: «’El que come del pan y bebe de la copa del Señor indignamente, es
reo del Cuerpo y de la Sangre del Señor’ (1 Co 11,27). Quien tiene conciencia
de estar en pecado grave debe recibir el sacramento de la Reconciliación antes
de acercarse a comulgar» (1385). De la lógica interna del sacramento se
desprende que los fieles divorciados por lo civil, cuyo matrimonio sacramental
existe ante Dios, los otros Cristianos, que no están en plena comunión con la
fe católica como todos aquellos que no están propiamente dispuestos, no reciben
la Sagrada Eucaristía de manera fructífera (1457) porque no les trae la
salvación. Señalar esto corresponde a las obras espirituales de misericordia.
La confesión de los
pecados en la confesión por lo menos una vez al año pertenece a los
mandamientos de la iglesia (2042). Cuando los creyentes ya no confiesan sus
pecados ni reciben la absolución, entonces la redención cae en el vacío, ya que
ante todo Jesucristo se hizo hombre para redimirnos de nuestros pecados. El
poder del perdón que el Señor Resucitado ha conferido a los apóstoles y a sus
sucesores en el ministerio de los obispos y sacerdotes se aplica también a los
pecados graves y veniales que cometemos después del bautismo. La práctica
actual de la confesión deja claro que la conciencia de los fieles no está
suficientemente formada. La misericordia de Dios nos es dada para cumplir sus
mandamientos a fin de convertirnos en uno con su santa voluntad y no para
evitar la llamada al arrepentimiento (1458).
«El sacerdote
continúa la obra de redención en la tierra» (1589). La ordenación sacerdotal
«le da un poder sagrado» (1592), que es insustituible, porque a través de él
Jesucristo se hace sacramentalmente presente en su acción salvífica. Por lo
tanto, los sacerdotes eligen voluntariamente el celibato como «signo de vida
nueva» (1579). Se trata de la entrega en el servicio de Cristo y de su reino
venidero. En cuanto a la recepción de la consagración en las tres etapas de
este ministerio, la Iglesia se reconoce a sí misma «vinculada por esta decisión
del Señor. Esta es la razón por la que las mujeres no reciben la ordenación»
(1577). Asumir esto como una discriminación contra la mujer sólo muestra la
falta de comprensión de este sacramento, que no se trata de un poder terrenal,
sino de la representación de Cristo, el Esposo de la Iglesia.
4. La ley moral
La fe y la vida
están inseparablemente unidas, porque la fe sin obras está muerta (1815). La
ley moral es obra de la sabiduría divina y conduce al hombre a la
bienaventuranza prometida (1950). En consecuencia, «el conocimiento de la ley
moral divina y natural es necesario para hacer el bien y alcanzar su fin»
(1955). Su observancia es necesaria para la salvación de todos los hombres de
buena voluntad. Porque los que mueren en pecado mortal sin haberse arrepentido
serán separados de Dios para siempre (1033). Esto lleva a consecuencias
prácticas en la vida de los cristianos, entre las cuales deben mencionarse las
que hoy se oscurecen con frecuencia: (cf. 2270-2283; 2350-2381). La ley moral
no es una carga, sino parte de esa verdad liberadora (cf. Jn 8,32) por la que
el cristiano recorre el camino de la salvación, que no debe ser relativizada.
5. La vida eterna
Muchos se preguntan
hoy por qué la Iglesia está todavía allí, aunque los obispos prefieren
desempeñar el papel de políticos en lugar de proclamar el Evangelio como
maestros de la fe. La visión no debe ser diluida por trivialidades, pero el
proprium de la Iglesia debe ser tematizado. Cada persona tiene un alma
inmortal, que es separada del cuerpo en la muerte, esperando la resurrección de
los muertos (366). La muerte hace definitiva la decisión del hombre a favor o
en contra de Dios. Todo el mundo debe comparecer ante el tribunal
inmediatamente después de su muerte (1021). O es necesaria una purificación o
el hombre llega directamente a la bienaventuranza celestial y puede ver a Dios
cara a cara. Existe también la terrible posibilidad de que un ser humano
permanezca en contradicción con Dios hasta el final y, al rechazar
definitivamente su amor, «condenarse inmediatamente para siempre» (1022). «Dios
que te ha creado sin ti, no te salvará sin ti» (1847). El castigo de la eternidad
del infierno es una realidad terrible, que -según el testimonio de la Sagrada
Escritura- atrae hacia sí a todos aquellos que «mueren en estado de pecado
mortal» (1035). El cristiano pasa por la puerta estrecha, porque «ancha es la
puerta y espacioso el camino que lleva a la perdición, y son muchos los que
entran por ella» (Mt 7,13).
Ocultar estas y
otras verdades de fe y enseñar a la gente en consecuencia, es el peor engaño
del que el Catecismo advierte enfáticamente. Representa la prueba final de la
Iglesia y lleva a la gente a un engaño religioso de mentiras, al «precio de su
apostasía de la verdad» (675); es el engaño del Anticristo. «Él engañará a los
que se pierden por toda clase de injusticia, porque se han cerrado al amor de
la verdad por la cual debían ser salvados» (2 Tesalonicenses 2,10).
Invocación
Como obreros de la
viña del Señor, tenemos todos la responsabilidad de recordar estas verdades
fundamentales adhiriéndonos a lo que nosotros mismos hemos recibido. Queremos
animar a la gente a caminar por el camino de Jesucristo con decisión para
alcanzar la vida eterna obedeciendo sus mandamientos (2075).
Pidamos al Señor
que nos haga saber cuán grande es el don de la fe católica, que abre la puerta
a la vida eterna. «Porque quien se avergüence de mí y de mis palabras en esta
generación adúltera y pecadora, también el Hijo del hombre se avergonzará de él
cuando venga en la gloria de su Padre con los santos ángeles» (Mc 8, 38). Por
lo tanto, estamos comprometidos a fortalecer la fe, en la que confesamos la
verdad, que es el mismo Jesucristo.
Estas palabras
también se dirigen en particular a nosotros, obispos y sacerdotes, cuando
Pablo, el apóstol de Jesucristo, da esta amonestación a su compañero de armas y
sucesor Timoteo: «Te conjuro en presencia de Dios y de Cristo Jesús que ha de
venir a juzgar a vivos y muertos, por su Manifestación y por su Reino:
»Proclama la Palabra, insiste a tiempo y a destiempo, reprende, amenaza,
exhorta con toda paciencia y doctrina. Porque vendrá un tiempo en que los
hombres no soportarán la doctrina sana, sino que, arrastrados por sus propias
pasiones, se harán con un montón de maestros por el prurito de oír novedades;
apartarán sus oídos de la verdad y se volverán a las fábulas. Tú, en cambio,
pórtate en todo con prudencia, soporta los sufrimientos, realiza la función de
evangelizador, desempeña a la perfección tu ministerio. (2 Tim 4,1-5).
Que María, la Madre
de Dios, nos implore la gracia de aferrarnos a la verdad de Jesucristo sin
vacilar.
Unido en la fe y en
la oración
Gerhard Cardenal
Müller
Prefecto de la Congregación para la Doctrina de la Fe, desde 2012-2017
Versão francesa
Manifeste pour la foi « Que votre cœur ne soit pas
bouleversé » (Jn 14, 1)
Face à la confusion
qui se répand dans l’enseignement de la foi, de nombreux évêques, prêtres,
religieux et fidèles laïcs de l’Eglise catholique m’ont demandé de rendre
témoignage publiquement à la vérité de la Révélation. Les Pasteurs ont
l’obligation de guider ceux qui leur sont confiés sur le chemin du Salut. Cela
n’est possible que si cette voie est connue et qu’ils la suivent. A ce sujet,
voici ce que l’Apôtre affirme : « Avant tout, je vous ai transmis ceci, que
j’ai moi-même reçu » (1 Co 15, 3). Aujourd’hui, beaucoup de chrétiens ne
sont même plus conscients des enseignements fondamentaux de la foi, de sorte
qu’ils risquent toujours plus de s’écarter du chemin qui mène à la vie
éternelle. Pourtant, la mission première de l’Eglise est de conduire les hommes
à Jésus-Christ, la Lumière des nations (cf. Lumen Gentium, 1). Une telle
situation pose la question de la direction qu’il faut suivre. Selon Jean-Paul
II, le « Catéchisme de l’Église catholique » est une « norme sûre pour
l’enseignement de la foi » (Fidei Depositum, IV). Il a été publié
pour renforcer la fidélité de nos frères et sœurs chrétiens dont la foi est
gravement remise en question par la « dictature du relativisme ».
1. Le Dieu unique et
trinitaire, révélé en Jésus-Christ
La confession de la
Très Sainte Trinité se situe au cœur de la foi de tous les chrétiens. Nous
sommes devenus disciples de Jésus, enfants et amis de Dieu, par le baptême au
nom du Père et du Fils et du Saint-Esprit. La distinction entre les trois
Personnes dans l’unité du même Dieu (254) établit une différence fondamentale
entre le christianisme et les autres religions tant au niveau de la croyance en
Dieu que de la compréhension de ce qu’est l’homme. Les esprits se divisent
lorsqu’il s’agit de confesser Jésus le Christ. Il est vrai Dieu et vrai homme,
conçu du Saint-Esprit et né de la Vierge Marie. Le Verbe fait chair, le Fils de
Dieu, est le seul Rédempteur du monde (679) et le seul Médiateur entre Dieu et
les hommes (846). Par conséquent, la première épître de saint Jean présente
celui qui nie sa divinité comme l’Antichrist (1 Jn 2, 22), puisque
Jésus-Christ, le Fils de Dieu, est de toute éternité un seul et même Etre avec
Dieu, son Père (663). La rechute dans les anciennes hérésies, qui ne voyaient
en Jésus-Christ qu’un homme bon, un frère et un ami, un prophète et un
moraliste, doit être combattue avec une franche et claire détermination.
Jésus-Christ est essentiellement le Verbe qui était avec Dieu et qui est Dieu,
le Fils du Père, qui a pris notre nature humaine pour nous racheter, et qui
viendra juger les vivants et les morts. C’est Lui seul que nous adorons comme
l’unique et vrai Dieu dans l’unité du Père et de l’Esprit Saint (691).
2. L’Eglise
Jésus-Christ a fondé
l’Église en tant que signe visible et instrument du Salut. Cette Eglise est
réalisée dans l’Église catholique (816). Il a donné une constitution
sacramentelle à son Église, qui est née « du côté du Christ endormi sur la
croix » (766), et qui demeure jusqu’au plein achèvement du Royaume (765).
Le Christ-Tête et les fidèles de l’Eglise en tant que membres du Corps,
constituent le « Christ total » (795) ; c’est pourquoi l’Église est sainte,
parce que le seul et unique Médiateur a constitué et soutient continuellement
sa structure visible (771). Par l’Eglise, l’œuvre de la Rédemption du Christ
est rendue présente dans le temps et dans l’espace dans la célébration des
sacrements, en particulier dans le Sacrifice eucharistique, la Sainte Messe
(1330). Par l’autorité du Christ, l’Église transmet la Révélation divine qui
s’étend à tous les éléments qui composent sa doctrine, « y compris morale,
sans lesquels les vérités salutaires de la foi ne peuvent être gardées,
exposées ou observées » (2035).
3. L’ordre
sacramentel
L’Église est le
sacrement universel du Salut en Jésus-Christ (776). Elle ne brille pas par
elle-même, mais elle reflète la lumière du Christ qui resplendit sur son
visage. Cette réalité ne dépend ni de la majorité des opinions, ni de l’esprit
du temps, mais uniquement de la vérité qui est révélée en Jésus-Christ et qui
devient ainsi le point de référence, car le Christ a confié à l’Église
catholique la plénitude de la grâce et de la vérité (819) : Lui-même est
présent dans les sacrements de l’Église.
L’Église n’est pas
une association créée par l’homme, dont la structure serait soumise à la
volonté et au vote de ses membres. Elle est d’origine divine. « Le Christ
est Lui-même la source du ministère dans l’Église. Il l’a instituée, lui a
donné autorité et mission, orientation et finalité » (874). L’avertissement
de l’Apôtre, selon lequel « soit anathème quiconque annonce un Evangile
différent, y compris nous-mêmes ou un ange du ciel » (Ga 1,8), est
toujours d’actualité. La médiation de la foi est indissociablement liée à la
fiabilité de ses messagers qui, dans certains cas, ont abandonné ceux qui leur
avaient été confiés, les ont déstabilisés et ont gravement abîmé leur foi. A ce
propos, la Parole de la Sainte Ecriture s’adresse à ceux qui ne se conforment
pas à la vérité et, ne suivant que leurs propres caprices, flattent les
oreilles de ceux qui ne supportent plus l’enseignement de la saine doctrine
(cf. 2 Tm 4, 3-4).
La tâche du Magistère
de l’Église est de « protéger le peuple des déviations et des défaillances,
et lui garantir la possibilité objective de professer sans erreur la foi
authentique » (890). Cela est particulièrement vrai en ce qui concerne les
sept sacrements. La Sainte Eucharistie est « la source et le sommet de toute
la vie chrétienne » (1324). Le Sacrifice eucharistique, dans lequel le
Christ nous unit à son Sacrifice accompli sur la Croix, vise à notre union la
plus intime avec le Christ (1382). C’est pourquoi, au sujet de la réception de
la sainte Communion, la Sainte Ecriture contient cette mise en garde : « Celui
qui mange le pain ou boit à la coupe du Seigneur d’une manière indigne devra
répondre du Corps et du Sang du Seigneur » (1 Co 11, 27). « Celui qui
est conscient d’un péché grave doit recevoir le sacrement de la Réconciliation
avant d’accéder à la communion » (1385). Il résulte clairement de la
logique interne du Sacrement que les chrétiens divorcés civilement, dont le
mariage sacramentel existe devant Dieu, de même que les chrétiens qui ne sont
pas pleinement unis à la foi catholique et à l’Église, comme tous ceux qui ne
sont pas aptes à communier, ne reçoivent pas avec fruit la Sainte Eucharistie
(1457) ; en effet, celle-ci ne leur procure pas le Salut. Affirmer cela fait
partie des œuvres spirituelles de miséricorde.
L’aveu des péchés dans la sainte confession, au moins une fois par an, fait
partie des commandements de l’Eglise (2042). Lorsque les croyants ne confessent
plus leurs péchés et ne font plus l’expérience de l’absolution des péchés,
alors la Rédemption tombe dans le vide, car Jésus-Christ s’est fait homme pour
nous racheter de nos péchés. Le pouvoir de pardonner, que le Seigneur
ressuscité a conféré aux apôtres et à leurs successeurs dans le ministère des
évêques et des prêtres, s’applique autant aux péchés graves que véniels que
nous commettons après le baptême. La pratique actuelle de la confession montre
clairement que la conscience des fidèles n’est pas suffisamment formée. La
miséricorde de Dieu nous est offerte afin qu’en obéissant à ses commandements,
nous ne fassions qu’un avec sa sainte Volonté, et non pas pour nous dispenser
de l’appel à nous repentir (1458).
« Le prêtre
continue l’œuvre de la Rédemption sur la terre » (1589). L’ordination
sacerdotale « lui confère un pouvoir sacré » (1592), qui est
irremplaçable, parce que par elle Jésus-Christ devient sacramentellement
présent dans son action salvifique. C’est pourquoi les prêtres choisissent
volontairement le célibat comme « signe d’une vie nouvelle » (1579). En
effet, il s’agit du don de soi-même au service du Christ et de son Royaume à
venir. Pour conférer les trois degrés de ce sacrement, l’Eglise se sait « liée
par le choix du Seigneur lui-même. C’est pourquoi l’ordination des femmes n’est
pas possible » (1577). Ceux qui estiment qu’il s’agit d’une discrimination
à l’égard des femmes ne font que montrer leur méconnaissance de ce sacrement,
qui n’a pas pour objet un pouvoir terrestre, mais la représentation du Christ,
l’Epoux de l’Eglise.
4. La loi morale
La foi et la vie sont
inséparables, car la foi privée des œuvres accomplies dans le Seigneur est
morte (1815). La loi morale est l’œuvre de la Sagesse divine et elle mène
l’homme à la Béatitude promise (1950). Ainsi, « la connaissance de la loi
morale divine et naturelle montre à l’homme la voie à suivre pour pratiquer le
bien et atteindre sa fin » (1955). Pour obtenir le Salut, tous les hommes
de bonne volonté sont tenus de l’observer. En effet, ceux qui meurent dans le
péché mortel sans s’être repentis sont séparés de Dieu pour toujours (1033). Il
en résulte, dans la vie des chrétiens, des conséquences pratiques, en
particulier celles-ci qui, de nos jours, sont souvent occultées (cf. 2270-2283;
2350-2381). La loi morale n’est pas un fardeau, mais un élément essentiel de
cette vérité qui nous rend libres (cf. Jn 8, 32), grâce à laquelle le chrétien
marche sur le chemin qui le conduit au Salut ; c’est pourquoi, elle ne doit en
aucun cas être relativisée.
5. La vie éternelle
Face à des évêques
qui préfèrent la politique à la proclamation de l’Évangile en tant que maîtres
de la foi, beaucoup se demandent aujourd’hui à quoi sert l’Eglise. Pour ne pas
brouiller notre regard par des éléments que l’on peut qualifier de
négligeables, il convient de rappeler ce qui constitue le caractère propre de
l’Eglise. Chaque personne a une âme immortelle, qui, dans la mort, est séparée
de son corps ; elle espère que son âme s’unira de nouveau à son corps lors de
la résurrection des morts (366). Au moment de la mort, la décision de l’homme
pour ou contre Dieu, est définitive. Immédiatement après sa mort, toute
personne doit se présenter devant Dieu pour y être jugée (1021). Alors, soit
une purification est nécessaire, soit l’homme entre directement dans le
Béatitude du Ciel où il peut contempler Dieu face à face. Il y a aussi la
terrible possibilité qu’un être humain s’obstine dans son refus de Dieu
jusqu’au bout et, en refusant définitivement son Amour, « se damne
immédiatement pour toujours » (1022). « Dieu nous a créés sans nous, Il
n’a pas voulu nous sauver sans nous » (1847). L’existence du châtiment de
l’enfer et de son éternité est une réalité terrible qui, selon le témoignage de
la Sainte Ecriture, concerne tous ceux qui « meurent en état de péché mortel
» (1035). Le chrétien préfère passer par la porte étroite, car « elle est
grande, la porte, il est large, le chemin qui conduit à la perdition ; et ils
sont nombreux, ceux qui s’y engagent » (Mt 7,13).
Garder le silence sur
ces vérités et d’autres vérités de la foi, et enseigner avec cette disposition
d’esprit, est la pire des impostures au sujet de laquelle le « Catéchisme »
nous met en garde avec vigueur. Elle fait partie de l’épreuve finale de
l’Église et conduit à une forme d’imposture religieuse de mensonge, « au
prix de l’apostasie de la vérité » (675) ; c’est la duperie de
l’Antichrist.
« Il séduira avec
toute la séduction du mal, ceux qui se perdent du fait qu’ils n’ont pas
accueilli l’amour de la vérité, ce qui les aurait sauvés» (2 Th 2, 10).
Appel
En tant qu’ouvriers
envoyés dans la vigne du Seigneur, nous tous avons la responsabilité de
rappeler ces vérités fondamentales en adhérant fermement à ce que nous-mêmes
avons reçu. Nous voulons encourager les hommes de notre temps à suivre le
chemin de Jésus-Christ avec détermination afin qu’ils puissent obtenir la vie
éternelle en obéissant à ses commandements (2075).
Demandons au Seigneur de nous faire connaître la grandeur du don de la foi
catholique, qui nous ouvre la porte de la vie éternelle.
« Car celui qui a
honte de moi et de mes paroles dans cette génération adultère et pécheresse, le
Fils de l’homme aussi aura honte de lui, quand il viendra dans la gloire de son
Père avec les saints anges » (Mc 8,38).
Par conséquent, nous
nous engageons à renforcer la foi en confessant la vérité qui est Jésus-Christ
Lui-même.
Nous, évêques et
prêtres, nous sommes plus particulièrement interpellés par cet avertissement
que saint Paul, l’Apôtre de Jésus-Christ, adresse à son collaborateur et
successeur Timothée :
« Devant Dieu, et
devant le Christ Jésus qui va juger les vivants et les morts, je t’en conjure,
au nom de sa Manifestation et de son Règne : proclame la Parole, interviens à
temps et à contretemps, dénonce le mal, fais des reproches, encourage, toujours
avec patience et souci d’instruire. Un temps viendra où les gens ne
supporteront plus l’enseignement de la saine doctrine ; mais, au gré de leurs
caprices, ils iront se chercher une foule de maîtres pour calmer leur
démangeaison d’entendre du nouveau. Ils refuseront d’entendre la vérité pour se
tourner vers des récits mythologiques. Mais toi, en toute chose garde la
mesure, supporte la souffrance, fais ton travail d’évangélisateur, accomplis
jusqu’au bout ton ministère » (2 Tm 4, 1-5).
Que Marie, la Mère de
Dieu, implore pour nous la grâce de demeurer fidèles à la vérité de
Jésus-Christ sans vaciller.
Unis dans la foi et
la prière.
Rome, le 10 février
2019
Gerhard Cardinal
Müller
Préfet de la
Congrégation pour la Doctrine de la Foi de 2012 à 2017