Blog da Militia Sanctæ Mariæ - Cavaleiros de Nossa Senhora um instrumento na evangelização do mundo contemporâneo // Blog created by Militia Sanctæ Mariæ, whose purpose is to be an instrument in the evangelization of the contemporary world // Blog de la Militia Sanctæ Mariæ et dont le but est d'être un instrument dans l'évangélisation du monde contemporain // Blog der Militia Sanctæ Mariæ, die sich zum Ziel gesetzt haben, ein Werkzeug bei der Evangelisierung der heutigen Welt zu sein
quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
O FIM DA NOSSA CULTURA
" Se a Cristandade desaparecer é toda a nossa cultura que desparece"
“ Se la Cristianita’ scompare tutta la nostra cultura se ne va..”
“If Christianity goes, the whole of our culture goes.”
Thomas S. Eliot
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
A NOSSA FALTA DE MEMÓRIA
A nossa falta de memória
em tempos
DE « AFECTOS
VOLÁTEIS»
« Parce qu'un
homme sans mémoire est un homme sans vie, un peuple sans mémoire est un peuple sans avenir… »
(Maréchal Foch)
Foch, foi um dos brilhantes oficias de
França .Comandou as forças Aliadas , na frente Oeste , durante a Primeira
Guerra Mundial, onde se destacou de tal modo que acabou por ser nomeado
Marechal de França, do Reino Unido e da Polónia. Além disso pertenceu à
Academia Francesa, sociedade científica e cultural de entrada muito selectiva e
que, ainda hoje , acolhe a elite intelectual francesa. Foch não é , um francês
qualquer. Foch pertence ao património da França e da Europa. À nossa memória
colectiva.
Como sábio que era e Homem experiente,
patriota exemplar, sabia que se cada um de nós, na sua Família , na sua terra,
no seu país não tivesse memória , perderia o seu rumo. Não teria futuro. É o
meu grande receio, a perda de memória familiar e colectiva que atinge
ferozmente o nosso tempo. Basta ouvirmos e falarmos com os nossos concidadãos
mais novos ( não necessariamente jovens!) para percebermos logo que se perdeu a
memória. Memória familiar. Memória da nossa Pátria.
Um provérbio africano diz que “ se não
sabes para onde vais, lembra-te, ao menos de onde vens “. Na realidade o nosso
tempo está cheio de rapazes, raparigas, homens e mulheres que ignoram , não
sabem de todo , por perda de memória, as suas origens, o percurso social,
económico, cultural e espiritual da sua Família e de Portugal. O Papa S. João
Paulo II, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal “ Ecclesia in Europa “ afirma: “
… quero recordar a crise da memória e herança cristã “ … “ muitos europeus (
dão ) a impressão de viver sem substrato espiritual e como herdeiros que
delapidaram o património que lhes foi entregue pela história . “ ( nº7 ). E citando
o actual Papa : “ A falta de memória histórica é um defeito grave da sociedade
. É a mentalidade imatura do «já está ultrapassado». Conhecer e ser capaz de
tomar posição perante acontecimentos passados é a única possibilidade de
construir um futuro que tenha sentido. Não se pode educar sem memória . “ (
Amoris laetitia, nº193).
Há falta de memória individual, familiar e
colectiva! Uma gravíssima falta de memória.
O Marechal Foch tinha razão quando afirmou
: “Porque um homem sem memória é um homem sem vida , um povo sem memória é um
povo sem futuro.”, frase com que iniciei este curto artigo.
Nesta sociedade dos “ afectos voláteis”,
expressão que uso para caracterizar o meu tempo de agora em que tudo se esfuma ,os afectos, mesmo
aqueles que parecem e deviam ser sustentados se volatilizam sem rasto.
Sociedade descartável. Do efémero. Do “ se não dá lucro , se não tenho prazer
com… deito fora “, onde as memórias se volatilizam sem deixar raízes, onde ao
hoje não se permite ganhar raízes, onde o ontem foi descartado … Teremos futuro
sem saber nem querer saber de onde vimos sem, igualmente, não sabermos para
onde vamos ? Talvez seja por isso que anda tanta gente deprimida e alienada no
ruído ( o Cardeal Sarah chama-lhe a ditadura do barulho ) e no consumo que
provoca amnésia… Talvez. Talvez seja por isso que tantos jovens andam perdidos
sem saber nem querer saber de onde vêm, porque os mais velhos os impediram de
ter memória mas também , como não poderia deixar de ser, não os ajudaram a
querer saber para onde vão ou como vão ,mas deixam –nos ir sem rumo , com rota
desconhecida para futuro incerto.
As novas redes de comunicação , tão cheias
de interesse, acabam por preencher as cabeças e as vidas vazias, vazias
completamente de memória e de relações reais e concretas entre as pessoas
quebrando a riqueza da inter -
pessoalidade do e no concreto , tornam-se indivíduos amnésicos. Usando um conceito actual e novo ,
sem GPS.
Carlos Aguiar Gomes
domingo, 27 de janeiro de 2019
Achegas da Academia de estudos litúgicos
ACADEMIA INTERNACIONAL DE ESTUDOS
LITÚRGICOS
Algumas regras de respeito a observar no interior das igrejas
1.As igrejas
são espaços sagrados que merecem respeito por parte de quem as frequenta,
crentes ou não. Ainda que muitas igrejas sejam espaços de grande beleza e
repositório de obras de arte ímpares, não são museus! Também não são meras
salas de espectáculos ou de concertos.
2. A entrada
em templos de outras religiões têm igualmente normas que são cumpridas com
rigor e em muitos casos, até, com severidade, o que não sucede nos templos
católicos!
A Igreja Católica deseja, igualmente, que os
seus templos sejam respeitados, mesmo quando não decorrem actos de culto.
3. O modo de
vestir , de homens e senhoras, deverá respeitar a sacralidade do lugar. Para os
católicos, uma igreja é, como já se referiu , um lugar sagrado.
Uma
igreja não é o lugar para exibições despudoradas, com roupas demasiado curtas,
decotadas ou transparentes. Os homens devem ter a cabeça descoberta e não
deverão usar roupa pouco digna da sacralidade do lugar (uma igreja não é uma
praia nem um parque de campismo).
4 . Na
visita de uma Igreja Católica, os crentes deverão saber que o lugar mais
sagrado é o sacrário, onde está realmente Jesus Cristo, por isso, a primeira
atenção e oração terá de ser para o Santíssimo Sacramento. Tal como fazemos ao
entrar em casa de um amigo em que este é sempre o primeiro a ser cumprimentado
e saudado. Depois, a atenção / devoção poderá ser para Nossa Senhora ou algum
santo, cujas imagens estão colocadas à veneração dos fiéis.
5. Uma
igreja é, antes de tudo e acima de tudo, um lugar de oração. Por isso, o
silêncio deve ser mantido e as conversas, indispensáveis, devem respeitar o
lugar e os cristãos que estão em oração e não devem ser distraídos.
6. Durante
os actos de culto, não devem os visitantes, sobretudo turistas ou simples
curiosos, passearem-se pelo templo. Devem respeitar os crentes que estão em
oração. Os telemóveis devem estar desligados e não devem tirar fotos, a não ser
que tenham sido autorizados por quem direito e cumpram as normas que foram
comunicadas.
7. Os fiéis
, já que crêem na presença real ,devem
fazer os gestos de adoração prescritos nos momentos apropriados ( de joelhos na
consagração ou , antes de comungarem, inclinar a cabeça ou fazer uma genuflexão, como sinal exterior de
adoração, tal como está prescrito superiormente, se receberem a comunhão de
pé).Quando passarem à frente do sacrário, devem fazer uma genuflexão, gesto de
adoração, com toda a reverência e , assim, devem ser evitados gestos menos
dignos como uma “ quase genuflexão” ou outras atitudes sem dignidade,
verdadeiros simulacros do que deve ser a genuflexão.
Não se deve
fazer do chamado “ abraço da paz” um momento de barafunda e de indisciplina.
Cumprimente-se somente os fiéis que estão mais próximos ( um à direita e outro
à esquerda ).Em muitos locais, instaurou-se, abusivamente, o chamado “ canto da
Paz”, costume recente que deve ser abolido, por quebrar e demorar o ritmo da
celebração.Em 8 de Junho de 2014, o Santo Padre Francisco, aprovou e confirmou
uma “ Carta Circular: significado ritual
do dom da paz “ , Congregação para o
culto divino e disciplina dos sacramentos que merece uma leitura e
aplicação imediata.
8. Não ter
pressa em sair logo que acabe a celebração da Santa Missa. Esperar pelo cântico
final e pela saída do celebrante).Este tempo de espera deverá ser tempo de
adoração e de diálogo com Jesus que se acabou de receber.
9. Nas
celebrações festivas dos sacramentos do Baptismo ou do Matrimónio, manter a
compostura e o silêncio que nos ajudarão a perceber e receber melhor aqueles.
Os fiéis / profissionais de captação de imagens deverão acatar as normas
vigentes e de que podem e devem informar-se antes.
10. A
participação dos fiéis em actos de culto, sobretudo na administração de um
sacramento ( Baptizado, Casamento ou outro ) deverá ater-se rigorosamente às
normas prescritas. Nunca deverão esquecer que não estão num espectáculo. Assim,
por exemplo, o hábito recente de se bater palmas, deve ser banido totalmente. A
igreja não é um circo ou teatro. Nela não há actores ou espectadores. Há, ou deve haver, somente,
adoradores do “ Deus vivo e verdadeiro “.
ACADEMIA DE ESTUDOS LITÚRGICOS S. GREGÓRIO MAGNO
CUIDAR DA TERRA, NOSSA CASA COMUM
CRISTÃOS PELO AMBIENTE - Arbutus unedo
A
Via-Sacra do vosso Filho prolonga-se no grito da nossa mãe Terra, que é ferida
nas suas entranhas pela contaminação da atmosfera, a esterilidade dos seus
campos, o lixo das suas águas, e se vê espezinhada pelo desprezo e o consumo
enlouquecido que ignora razões. ( Papa Francisco, Panamá, 25.I.2019)
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
CUIDAR DA TERRA, NOSSA CASA COMUM
" Já ao contrário, por exemplo, se silenciou completamente o nº 120 da encíclica ( LAUDATO SI): " Uma vez que tudo está relacionado, também não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto. Não parece viável um percurso educativo para acolher os seres mais frágeis que nos rodeiam(...) quando não se dá protecção a um embrião humano ainda que a sua chegada seja causa de incómodos e dificuldades." ( Dom Nuno Brás, in " Cenas de Deus", ed Lucerna,
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
Na FESTA DOS FUNDADORES DE CISTER
“ Laetare felix Cistercium! “ - Alegra-te oh feliz Cister!
Alegrem-se os filhos de Cister em 26 de Janeiro!
Sim, é de grande alegria cantar o nascimento da Ordem de
Cister, filha de S. Bento, onde brilhou, como sol, o nosso Pai S. Bernardo,
comemorando os seus três santos fundadores: Albérico, Roberto e Estevão. São
estes santos que celebramos a 26 deste mês de Janeiro. Com eles, a Regra de S.
Bento passa a ser vivida de uma forma mais fielmente austera.
Stos Albérico, Roberto e Estevão deram início a uma das mais
célebres e decisivas reformas do modo beneditino de viver a Regra do Santo Pai
e Padroeiro da Europa. Deixando Molesmes, em 1098, procuraram, na austeridade, aprofundar o
carisma de S. Bento num lugar inóspito chamado cistercium, Cister. Assim, pela pobreza e simplicidade de vida, que
era e é visível na brancura original da lã, na ausência da cor negra por se
recusarem a tingir o tecido dos hábitos, ou na pureza dos Ofícios litúrgicos,
nasceu Cister. Esta reforma beneditina cedo se implantou em toda a Europa. De
Norte a Sul e de Nascente a Poente, todo o território ficou marcado pela
presença dos monges brancos, os cistercienses, mais tarde, graças à influência
decisiva e notável de um jovem, Bernardo, S. Bernardo de Claraval, passaram,
também a ser conhecidos por “ monges bernardos”.
Portugal nasce com os “ bernardos” cuja presença mais
marcante foi o mosteiro de Alcobaça, alfobre de sábios, artistas ou
historiadores. Só o crime de 1834,28 de Maio, com a chamada lei do “
Mata-frades”, os cistercienses foram apagados da nossa paisagem espiritual. Na
actualidade somente uma pequena comunidade de monjas de Cister estão entre nós,
junto a S. Bento da Porta Aberta ( Rio Caldo- Terras de Bouro ) .
Inseridos nesta espiritualidade
cisterciense, desde 1975, estão em Portugal os freires da Militia Sanctae
Mariae- cavaleiros de Nossa Senhora, leigos que seguem uma espiritualidade
vincadamente mariana e beneditino-bernardiana.
“ Laetare felix
Cistercium! “ - Alegra-te oh feliz Cister! Assim, em 26 de Janeiro, podem e devem cantar
os filhos dos Santos Albérico, Roberto e Estevão, herdeiros e co-continuadores
do legado de S. Bento de Núrsia com outros carismas fundados na Regra do Santo
Patriarca, Pai do monaquismo do Ocidente.
Carlos Aguiar Gomes
sábado, 19 de janeiro de 2019
DOS 24, 17 TINHAM MAIS DE 80 etc. etc. etc.
Não é de estranhar que as pessoas se mantenham saudáveis e durem mais. A melhor alimentação, os cuidados prestados, a boa resposta aos fármacos, tudo, tudo constitui uma espécie de arjão a escorar a vida por entre as alegrias e as tristezas desta Casa Comum. Casa Comum onde se continua a tagarelar com a mafiosa serpente e a cair na esparrela de querer ser como Deus; onde se continua a teimar e a ensinar que o melhor e muito necessário é trepar ao fruto da árvore proibida; onde os Cains, os fingidos, os corruptos e os agentes do suborno surgem onde menos se espera com a justiça a ter dois pesos e duas medidas; e onde, porque já não há sequer azémolas categóricas como a jumenta de Balaão a fazer arrepiar caminho aos mais renitentes, sim, porque até disso já não há, a torre de Babel continua a crescer, gerando cada vez mais confusão entre nós, os bípedes, sempre insatisfeitos na busca do espetacular, do poder e da riqueza, mesmo que seja fantasiando, roubando, esmagando ou matando. O Senhor, que veio por causa disso e para o que era Seu, embora muitos dos Seus não O tenham reconhecido nem O queiram reconhecer, preveniu-nos disso, e a História confirma-o: quando Deus é abandonado, logo se instala o egoísmo, a indiferença, o desprezo do homem pelo homem com todo o seu cortejo de funestas consequências.
Mas voltemos à vaca das cordas, como se diz e faz em Ponte de Lima, e não fiquem a pensar que estou pessimista. Não, não estou nem sou, estou de bem com Deus, com os outros e com a vida. E se há na seara algum joio, o trigo é muito muito muitíssimo mais. Há muita gente boa e coisas muito bem feitas, há muita gente solidária e a lutar desinteressadamente pelo bem dos outros e pela sua qualidade de vida, há muita gente que sempre soube dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E como dizia o Padre Américo do Gaiato, recordo também que não há rapazes maus, mesmo que tenham comportamentos arrapazados. A ocasião é que faz o ladrão, diz a sabedoria popular, faz o ladrão, faz o corrupto, faz o que suborna, faz o que... e o que...
O Salmo 90 diz-nos que a vida das pessoas são setenta anos, se robustos, uns oitenta, mas tal fasquia há muito foi ultrapassada. A prová-lo está, por exemplo, um ilustre Senhor meu amigo, lá para os lados da Sertã, que fez 103 anos no dia 9 do corrente mês. Fez-me um telefonema na véspera do Ano Novo. Eu fiz-lhe outro no dia do seu aniversário. Em ambos os telefonemas, desafiamo-nos para, pelo menos, tomarmos um café juntos, lá pela vila da Sertã, para cavaquearmos um pouco e pormos a conversa em ordem. Há dias, depois de ele ter vindo de junto dos parentes na Cova da Piedade, onde foi festejar o aniversário, lá fui, feliz e de surpresa, cumprir a promessa, mas o homem já não estava no sítio que eu julgava. Após a Eucaristia, onde até lhe cantaram os parabéns, esgueirou-se no seu carro para o café. Fui lá, já de lá tinha zarpado. Fui a sua casa, ficou feliz, não queria acreditar no eu a visitá-lo! Após um caloroso abraço, logo ele puxa pela gola do casaco, escondida debaixo de um outro agasalho, e pede-me para ler o que estava escrito num pin de lapela: “não tenho 103, tenho 18 e 85 de experiência”. Ah, grande homem e sempre bem-disposto!... Como gosta de ler, lá, sobre a mesa junto de outros, deixei-lhe o livro “Dá mais Vida aos meus anos”, de Luigi Guglielmoni e Fausto Negri. Saímos, e lá fomos ao café, na esperança de que o tempo fosse longo, mas, nesta alegria de estar e ouvir com prazer, foi muito curtinho. Na nossa missão de proximidade com as populações, sempre encontramos gente com idade muito avançada. Uma, mais abatida, sim, mas outra, muito reguila, a querer saber e a querer contar, a reclamar tempo para ser ouvida até ao fim. Mas encontrar pessoas como o Senhor Manuel, isso não, não é fácil encontrar, é ave rara e a saber voar alto! Apresenta-se ali para as encruzilhadas da vida, a desafiar os mais novos e apaparicados, direitinho e ativo, sem ilusões, muito devoto de Nossa Senhora dos Remédios e sem vontade de colocar quaisquer entraves à Providência divina, a quem se sente muito reverente e agradecido pela sua vida escorreita, em muita alegria e paz, numa família que o estima, numa sociedade envolvente que o aprecia e lhe agradece toda a colaboração que ainda lhe presta.
Em 2017, em Termas de Monfortinho, fui ajudar à festa de um casal que fazia oitenta e dois anos de matrimónio, ele com 103, ela com 101, dois amores na alegria e dinâmica do amor, um orgulho de familiares e vizinhos. Despedi-me sensibilizado e afortunado. Foi bonito e admirável, foi lição de vida, por vidas sacrificadas e lutadoras, mas sempre amorosas e agradecidas.
E falar disto porquê e para quê? Porque, há dias, numa das listas concorrentes aos Órgãos Sociais da Irmandade de uma Santa Casa da Misericórdia desta Diocese - a Diocese tem quarenta Misericórdias -, entre vinte e quatro pessoas constantes dessa lista concorrente, dezassete tinham mais de oitenta anos, dois destes, oitenta e sete; seis, mais de setenta; o mais novo contava sessenta e seis anos. Uma maravilha, dirão os promotores da estratégia nacional para o envelhecimento ativo e saudável. Uma preocupação quanto ao futuro da instituição, dirão os que já deram o corpo ao manifesto e sabem quantas cambalhotas e insónias aquele serviço lhes fez dar. Bué da fixe, dirão aqueles que não se querem comprometer com nada e jogam sorrateiramente no relvado da má-língua.
Tudo isto teria a sua graça, sim, se não tivesse acontecido, penso eu, por artimanha de alguém muito convencido da vitória, o que não aconteceu! Mesmo que tenha sido por isso, também o é pelas circunstâncias deste interior envelhecido, sem gente, sem jovens e a esvair-se em direção ao vazio, sempre na esperança de que o último, confiante no calcitrin, apague a luz, desande a taramela do postigo, feche a porta e deixe a chave na caixa do correio. É verdade que, de quando em vez, rasgam-se nos céus uns momentos de inflamado entusiasmo sobre a necessidade de reverter a situação. Salta de lá um punhado de gente importante e sábia no falar, de mangas arregaçadas e sapatos envernizados, a dizer que agora é que vai ser. Sabemos, porém, que não vai ser nada: tudo como dantes no quartel de Abrantes. Podem existir as melhores intenções, podem até ter aquela visibilidade divertida de sachola nas mãos sob o olhar esticado e sorridente de grande comitiva de agrossilvicultores da mais alta ciência e luzidia sociedade no sector, como convém. Não adiantará muito! Tal como no pinhal do Rei Lavrador, também aqui os “sobreiros” irão secar: falta água, falta húmus, faltam partículas minerais, falta persistência, falta confiança, faltam braços para o trabalho, já quase tudo falta neste jardim de amores fingidos e paixões desencontradas! As autoridades locais, por mais que se esfolem, como, aliás, o vão fazendo, já pouco ou nada conseguirão fazer sozinhas, com a população restante. Só um sério e nacional investimento político, económico e estrutural, fruto da melhor vontade e das melhores ideias e iniciativas, será capaz de repor tanta população quanta baste para o normal funcionamento do mínimo exigível à qualidade de vida de quem aguarda pacientemente melhores dias, que, mesmo assim, se demorarem muito, só na eternidade serão possíveis!
Fala-se na necessidade da implementação de projetos e empresas. E bem! Mas quem vai investir sabendo que não há mão-de-obra para movimentar tais empresas e projetos? Fala-se no desenvolvimento dos produtos endógenos, com qualidade. E bem! Mas quem os vai desenvolver e produzir se não há quem trabalhe? Fala-se na implementação do turismo porque a paisagem é única, o artesanato é interessante, o património é ímpar, a culinária é boa e os locais a visitar são importantes. E bem! Mas… quê dê se os monumentos estão sem cuidados e fechados, se os restaurantes e afins estão quase todos encerrados ao fim de semana, se os promotores do turismo não encontram dinâmicas atrativas e capazes ao nível local? E dir-me-ão: e por que cargas d’água os restaurantes hão de estar abertos ao fim de semana, para quê dinamizar eventos, implementar projetos e criar empresas se aquém não há gente que o justifique e alimente? E dir-lhes-ei: porque a gente d’além sabe que, aquém, os monumentos, os restaurantes e os cafés estão fechados, que não há nada que seduza a vir e estar um pouco, que não há projetos nem empresas nem emprego… Fala-se em... e em... E bem, é conveniente falar, embora o falar e o escrever seja sempre muito mais fácil! Mas como concretizar se... e se... e se? Tive um professor que, quando o seu saber já não tinha grande pano para as mangas, logo arrematava com um trio de etc. etc. etc. que ele, sob o júbilo da catraiada irreverente, prenunciava adecétera adecétera adecétera.
Sempre pensei que os ingleses eram mais polidos no debate de ideias, no ouvir e no falar. Mas não é assim, acho que não são exemplo para ninguém, mesmo que aquilo seja só para inglês ver. No entanto, enquanto eles gritam como desalmados naquele amontoado e frenético parlamento a exigir que, mesmo após o brexit, possam continuar a ter sol na eira e chuva no nabal, nós, enquanto o naufrágio acontece, não deixemos de, pelo menos, de viver felizes ao som do violino, não o do telhado, mas o daquela história épica, de romance e drama, etc. etc. etc....
Antonino Dias - Bispo de Portalegre-Castelo Branco
Portalegre-Castelo Branco, 18-01-2019.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
A EUTANÁSIA e a RAMPA DESLIZANTE(2)
A
EUTANÁSIA e a “ RAMPA DESLIZANTE”
Estamos já em plena campanha eleitoral. É um facto.
Ouvimos, vemos e lemos que os grandes temas em debate, propostas,
promessas e juramentos andam todos à volta de taxas, impostos, aumentos,
aeroporto, comboios, metro, etc e etc. Quantos destes projectos sem certezas
reais de serem concretizados?
E está bem que se vejam, oiçam e leiam propostas de futuro. Que o bem -
estar, direitos e “ regalias” nos sejam propostos com tempo. Sobretudo no
concernente às eleições legislativas, pois têm a ver com a escolha dos
deputados que vão legislar nos próximos tempos.
Mas, intencionalmente, por razões de estratégia dolosa, se não
vejam, oiçam e leiam as propostas sobre os chamados “ temas fracturantes”,
aqueles que mexem com os valores civilizacionais e que já sabemos que vão ter
prioridade absoluta na próxima legislatura.
Como não estou vinculado a nenhum Partido, e muito menos pertenço ao
PARTIDO DO PENSAMENTO ÚNICO que impera e domina, não poderei deixar de me referir pela enésima vez a temas
que destroem a nossa Cultura, a nossa civilização, caso sejam aprovados.
Sendo mais explícito. O que está em jogo e não tem merecido reflexão e
debate, pelo contrário, tem imperado a omissão e o silêncio matreiro, como quem
diz que o efeito surpresa sempre será melhor e os eleitos assumem o campo
livre…
Então, o que está em jogo de vital para a destruição da nossa Cultura?
1.A EUTANÁSIA, ou seja a morte a pedido praticada em hospitais ou,
talvez mesmo, ao domicílio, tudo em nome de «uma morte digna e assistida», como se
alguém quisesse ter uma morte indigna e solitária, sem sentir uma mão amiga e
um coração solidário e próximo. Como seria bom que se divulgasse o que se passa
nos países onde de legalizou a Eutanásia, como na Bélgica, onde se cometem
homicídios à revelia dos pacientes, crianças, deficientes, velhos ou
deprimidos. O caso recente conhecido como o «
caso Mortier» em que uma senhora,
Godelieve De Troyer, eutanasiada à revelia da família, quando o dita senhora
sofria de depressão recorrente e, portanto, não podia, em liberdade, decidir
sobre o seu futuro. O caso está agora, no Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos. O Relatório da Commission d`Evaluation de l`Euthanasie ( 2016-2017 )
informa-nos de que foram eutanasiadas : « 23 pessoas sofredoras de perturbações
de humor ( depressão, bipolares, etc ); 24 pessoas com perturbações mentais ( demência,
Alzheimer,…) … »Mas também autistas, esquizofrénicos, etc. Ou seja, a morte a
pedido , afinal será a pedido de estranhos. É a tal «RAMPA DESLIZANTE» que tudo
leva a crer vai ser legalizada sem nos ouvirem.
2. A PMA, ou traduzindo, Procriação medicamente assistida, que permite,
por exemplo negar a identidade do pai ( ou da mãe) a uma criança. Ou que se
manipule o conceito natural de maternidade e de paternidade, levando a que se
simule que um bebé possa ser filho de duas «mães». E que fazer dos embriões
congelados que deixaram de ter «projecto parental»? E dos excedentários? Afinal
de contas, tratam-se de seres humanos tratados como coisas, objectos. Não se
pode admitir a que uma criança seja sonegado o direito de saber quem é o seu
PAI e a sua MÃE.
3. BARRIGAS DE ALUGUER ou, de forma mais suave, gravidez de
substituição, privando uma criança de ser amada e sentir-se amada por aquela
que o traz no ventre, dando lugar, não logo no início da entrada em vigor da
lei a ser aprovada, ao negócio de exploração de mulheres vulneráveis/pobres. Um
filho nunca pode ser visto e desejado como um objecto que se compra numa
qualquer loja… Ninguém tem o hoje chamado “ direito a ter um filho”.
Estes sim, são os grandes problemas que se vão colocar na próxima
legislatura. Podemos ficar indiferentes e votar à toa?
Ficou muito por dizer. Não vou desistir. SE DEUS QUISER!
Carlos Aguiar Gomes
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
Cardeal Patriarca - DO LADO DE DEUS , PARA BEM DE TODOS
Do lado de Deus, para o bem de todos
(Homilia no início do Ano Judicial - 15 .Janeiro. 2019)
1. Uma saudação amiga, antes de mais,
a todos vós aqui reunidos pela abertura do novo Ano Judicial. Quisestes vir a esta catedral e
abrir a Deus a vossa vida e profissão numa altura importante. Ficai certos de
que a vossa atitude e disposição serão absolutamente atendidas, tanto mais
quanto é isso mesmo que Deus pretende e espera.
Como diz o Ressuscitado no
Apocalipse: «Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir
a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo» (Ap 3, 20). Ou como lemos na Epístola de
Tiago: «Aproximai-vos de Deus e Ele aproximar-se-á de vós» (Tg 4, 8).
Tudo fica assim mutuamente garantido:
a vossa abertura a Deus, aqui demonstrada; e, sobretudo, a disposição divina de
vir até cada um de vós, para irradiar depois no vosso exercício judicial.
2. Deus já veio ao vosso encontro na
Palavra que escutámos.
E com grande incidência no que vos traz aqui, em prol da Justiça, sempre mais e
melhor Justiça.
- Que ouvimos na 1ª Leitura? Ouvimos
um trecho da Epístola aos Hebreus, com palavras assim, sobre os verdadeiros
protagonistas do futuro definitivo, como hão de ser os homens: «Não foi aos
anjos que Deus submeteu o mundo futuro de que falamos. Alguém afirmou numa
passagem da Escritura: “Que é o homem para que Vos lembreis dele, o filho do
homem para dele Vos ocupardes? Vós o fizestes um pouco inferior aos anjos, de
honra e glória o coroastes, tudo submetestes a seus pés».
É já e inteiramente a revelação da
dignidade humana, princípio essencial de qualquer discurso, base indispensável
da Justiça. Revelação espantosa, que faz de cada pessoa quase um anjo, e de
cada gesto quase um sacramento. O ser humano, com o que cada um transporta e
pode ser, é verdadeira manifestação da glória divina, ou seja, do poder criador
de Deus.
Assim disse Santo Ireneu, logo no
segundo século cristão: «A glória de Deus é o homem vivo», acrescentando que «a
vida do homem é a visão de Deus». Compreende-se: Sendo tão divino por criação,
o homem só poderá realizar-se em Deus, que o culmina e sacia.
Justiça que realmente o queira ser
terá de admitir em cada pessoa a consistência que o trecho bíblico apresentou:
quase um anjo, coroado de glória e honra, acima de tudo o mais. É excelente
afirmação da dignidade humana. É exigente requisição da nossa correspondência,
tanto mais quanto pouco óbvio em tantíssimos casos, por miséria alheia e por
cegueira nossa.
A esta luz, a Justiça ganhará outra
intensidade. O Catecismo da Igreja Católica define-a assim: «A justiça é a
virtude moral que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao
próximo o que lhes é devido. A justiça para com Deus chama-se “virtude da
religião”. Para com os homens, a justiça leva a respeitar os direitos de cada
qual e a estabelecer, nas relações humanas, a harmonia que promove a equidade
em relação às pessoas e ao bem comum» (CIC,
nº 1807).
Vale a pena insistir no enunciado.
Para com Deus, a Justiça trouxe-vos aqui. Para com os homens, a Justiça leva-nos
a respeitar os direitos de cada qual. Direito à vida, que suporta tudo o mais,
em todo o curso da existência humana, da conceção à morte natural,
decididamente respeitada e solidariamente acompanhada, em cada homem ou mulher,
em igual dignidade e respetiva alteridade. Direito a tudo o que a vida requer,
da família em que se nasce à sociedade em que se convive, da instrução à saúde,
do trabalho ao lazer, do ficar ao migrar.
- Tantas são hoje as fronteiras da
Justiça quantas as necessidades humanas a corresponder! Do plano universal a
nacional, do local ao particular. Nunca ultrapassável este, no que respeita à
dignidade pessoal.
3. Tudo isto acontece em tempo
comunicacional intenso, que requer à Justiça e aos seus servidores uma atenção
muito particular. Em
si mesma, a comunicação é um bem, um grande bem, pelo que permite de mais informação
e partilha. Na prática, depende do sentido de Justiça que realmente se tenha,
quer da parte de quem informa, quer da parte de quem recebe a informação.
Aos primeiros requer-se honestidade,
não deturpando factos, não julgando a priori,
não recolhendo fraudulentamente os dados, nem os manipulando depois. Aos
segundos, que somos nós todos, requer-se sentido crítico e cuidado, muito
cuidado, na aceitação do que nos é dado como certo e tantas vezes o não é, e
vai eliminando reputações pelo caminho.
A este respeito diz-nos também o
Catecismo da Igreja Católica: «A informação mediática está ao serviço do bem
comum. A sociedade tem direito a uma informação fundada na verdade, na
liberdade, na justiça e na solidariedade». Para continuar, citando o Vaticano
II: «O uso reto deste direito requer que a comunicação seja, quanto ao objeto,
sempre verídica, e, quanto ao respeito pelas exigências da justiça e da
caridade, completa; quanto ao modo, que seja honesta e conveniente, quer dizer,
que na obtenção e difusão das notícias, observe absolutamente as leis morais,
os direitos e a dignidade do homem» (CIC,
nº 2494).
Reconheçamos que este é um ponto
determinante na sociedade que somos e, sobretudo, queiramos ser, em termos de
Justiça essencial. Nada se constrói tendo por base a desconfiança geral, fruto
duma comunicação negativa, segundo o famigerado lema “boa notícia não é
notícia”.
No Evangelho que escutámos, Jesus
deparou-se com alguém possuído por um mau espírito, que também informava a
despropósito. Ouvimos a continuação: «Jesus repreendeu-o, dizendo: “Cala-te e
sai desse homem!”. O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte
grito e saiu dele».
O Espírito de Cristo nos levará a
fazer o mesmo, para nos libertamos a todos com uma comunicação justa e sadia. Como
insiste o Catecismo: «A solidariedade é consequência duma comunicação
verdadeira e justa e da livre circulação das ideias que favorecem o
conhecimento e o respeito pelos outros» (CIC,
nº 2495).
Para dar a cada um o que lhe é
devido, a Justiça como virtude básica e como prática judicial tem de incidir
particularmente na qualidade da comunicação, de que afinal todos somos agentes,
ativos ou passivos. Para que em tudo se respeite a todos e ninguém saia lesado.
Mesmo quando for preciso denunciar o mal – e infelizmente não faltam ocasiões
para isso – tenhamos em conta que se trata de pessoas, que nunca perdem a
dignidade essencial que as qualifica.
No campo do Direito, muito evoluímos
nos últimos séculos, como sucessivas Declarações o manifestam. No campo
prático, a aplicação demora e a benevolência escasseia. Essa mesma benevolência
com que nos assemelharíamos a Deus, que, mesmo perante o mal, não deixa de
esperar o bem. Como neste trecho da profecia de Ezequiel, quando também não
faltavam motivos de reprovação: «Porventura me hei de comprazer com a morte do
pecador – oráculo do Senhor Deus – e não com o facto de ele se converter e
viver?» (Ez 18, 23).
Deste lado quereis estar, do lado de
Deus para o bem de todos. E assim mesmo se aplicará a cada um de vós a
bem-aventurança de Cristo: «Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque
serão saciados» (Mt 5, 6).
Sé de Lisboa, 15 de janeiro de 2019
+ Manuel, cardeal-patriarca
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
SANTO AMARO
Fresco, em SUBIACO ,representando S. Bento com os meninos AMARO e PLÁCIDO
SANTO
AMARO
15 de Janeiro
A Igreja celebra a 15 de Janeiro a memória de dois meninos, primeiros
discípulos do nosso Santo Patriarca, S. Bento. Estes meninos foram entregues
pelos seus pais, tal como nos refere S. Gregório Magno, primeiro biógrafo de S.
Bento, e era costume na época, para serem por ele educados. Sabemos que
seguiram a Regra como monges, daí serem sempre representados, quando adultos,
como tal.
Sabemos muito pouco sobre estes santos, um dos quais, Santo Amaro
(também conhecido por S. Mauro), é muito querido e venerado pelos portugueses,
festejado, tal como S. Plácido, a 15 de Janeiro.
Focar-me-ei, neste curto apontamento, em Sto Amaro. A sua vida escrita
cerca do ano 860 com o título original de VITA MAURI ( A Vida de Amaro ), por
ordem de outro monge beneditino, Odão de
Glanfeuil e atribuída a outro beneditino, Fausto, companheiro de Sto Amaro.
Esta obra merece algumas críticas, mas é a mais próxima , no tempo, de Sto
Amaro.
Acredita-se que seu pai o teria entregue aos doze anos, com já disse
acima, Equizio, um importante romano que desempenhava as funções
de senador, para ser educado por S. Bento.
Sto Amaro teria sido Diácono e nomeado Prior de Montecassino por S.
Bento, o que mostra o apreço em que era tido pelo Santo Patriarca. Sabemos que
era muito piedoso e dedicado a jejuar mais do que impõe a Regra.
Mais tarde, não se sabe ao certo, foi enviado para França como Abade de
um mosteiro, levando, como era costume quando algum monge ia fundar um novo mosteiro, com seus
companheiros, levou consigo algumas relíquias e a Regra. Simplício,
Constantino, António e Fausto, entre outros foram os seus companheiros nesta
viagem sem regresso. Ter-se-iam fixado em Saint-Maurice d`Aguano, onde fez
inúmeros milagres. Depois deslocou-se para Sant Germain. Depois, graças ao
apoio de um grande senhor de nome Floro, amigo do Rei Teodoberto, foi-lhe
oferecido um terreno onde foi construída a ainda hoje célebre Abadia de Saint-
Maur ( Santo Amaro).
Morreu de idade muito avançada, talvez em 584. Foi sepultado com uma
relíquia de Sto Estevão e um pergaminho que atestava ser aquele o corpo de
Amaro, do nosso Santo Amaro.
O monge companheiro de Sto Amaro, Fausto, morreu na Abadia italiana de
S. João de Latrão, onde escreveu a vida de Sto Amaro.
Carlos Aguiar Gomes
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
ORDEM E REVOLUÇÃO
La revolución es incompatible con el cristianismo |
Me pregunto si el concepto de revolución encuentra acogida en la Doctrina social de la Iglesia, teniendo en cuenta que durante mucho tiempo los pontífices, en sus encíclicas sociales, condenaron el uso de esa expresión.
La revolución es contraria al concepto de orden, en el sentido de que la revolución conlleva siempre la destrucción de un orden. Ya sea una revolución doctrinal o política o de otro tipo, la revolución destruye el orden precedente al que, a veces, quiere sustituir por otro nuevo. ¿Por qué digo “a veces” y no siempre? Porque en la revolución hay un elemento que le impide pararse en un cierto orden nuevo, pero que la obliga a destruir cualquier orden. Una revolución coherente con su propia lógica no se sacia nunca. La revolución, de hecho, no es contraria a este orden, sino al orden. La revolución no tiene motivos sensatos para destruir este orden, porque siendo este -incluso en sus deficiencias- un orden, contiene en sí algo de lógico, de sensato, de racional, de justo. No existe un orden completamente equivocado porque entonces sería un desorden. La revolución, en cambio, lo considera completamente equivocado, sin sentido, ilógico: toda revolución está en contra de la lógica y de la verdad y, como consecuencia, se opone a todo orden, al orden en sí. El rechazo de la naturaleza humana, de moda hoy, no es el rechazo de un cierto orden antropológico, sino del orden antropológico como tal.
El orden nos pisa los talones y regula nuestro camino hacia adelante poniéndose, por tanto, también como final. Negar que tenemos un orden detrás comporta también negar que tenemos un fin delante. El orden que hay que alcanzar delante no puede contradecir el orden que está detrás, porque de ese recibe la dirección para poder ser, a su vez, un orden. La revolución rompe la relación entre el orden que nos precede y el orden que está delante: destruye el primero y reduce el segundo a puro arbitrio. Pero en el arbitrio no hay límite y, de hecho, no existen revoluciones que no hayan sido traicionadas. La revolución, por tanto, no instaura un nuevo orden sino un nuevo orden arbitrario, establecido por sus líderes, artificial, engañoso y destinado, a su vez, a ser destruido. Los regímenes que nacen de la revolución se derrumban como un castillo de naipes.
En cada revolución hay un alma gnóstica. La gnosis, de hecho, presenta sobre todo este carácter: no acepta ningún orden que la preceda porque limitaría la libertad y, por tanto, quiere destruir cada principio de realidad para remodelarlo según la autodeterminación. La gnosis no acepta la creación y la naturaleza y quiere dar vida a una nueva creación y a una nueva naturaleza. Todos los movimientos milenaristas, quiliásticos y mesiánicos han sido, a lo largo de la historia, revolucionarios en ese sentido. Al fin y al cabo, todas las herejías son revoluciones gnósticas. Todos los mecanismos políticos tienen un alma religiosa gnóstica. Toda la política moderna responde a estos criterios.
El concepto de revolución tiene un símil aparentemente más moderado: el progresismo. Este no quiere cambiar el orden de golpe, sino paso a paso. Su alma es, de todas formas, la misma que la de la revolución. También el progresismo funda el cambio sobre el rechazo de un orden que preceda y acabe por considerar mejor el nuevo, entendido cronológicamente. El progresismo es cronolátrico porque al no admitir un orden que dé sentido a nuestras intervenciones y que sea, por lo tanto, precedente y "finalístico", cada momento es como una pequeña revolución: el progresismo es una sucesión de micro-revoluciones cuyo sentido no se basa en construir un orden, sino en destruir el orden precedente y cada orden en cuanto precedente. Ello comporta también la destrucción de cada fin, dado que el fin nace de un orden precedente. El fin no nace a lo largo del recorrido, como querrían todas las formas de historicismo, sino que tiene que ser contenido en el orden precedente y por él indicado. Pensar que el fin surge a lo largo del recorrido es el alma del progresismo, pero también su principal refutación: el progresismo no sabe juzgar cuándo un paso hacia delante es verdaderamente un paso hacia adelante y cuando no. Más bien lo aprende a medida que se desarrolla, pero en base a criterios que son sólo operativos. La práctica como verdad es, por consiguiente, la última razón (no-razón) del progresismo.
No hay duda de que la idea de revolución, como también de progresismo, ha penetrado con profundidad en la teología católica. Hoy esta presencia está centrada, sobre todo, en la prioridad de la pastoral respecto a la doctrina. Con todos los peligros que esto acarrea. Creo que podemos afirmar que el concepto de revolución no puede encontrar acogida en la Doctrina social de la Iglesia.
Stefano Fontana ( Osservatorio Internazionale Cardinal Van Thuân, Newsletter, 14.I.2019)
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sábado, 12 de janeiro de 2019
NÃO VOS ESQUEÇAIS, BAPTIZAI AS CRIANÇAS
Este apelo, em título, é do Papa Francisco, na sua Catequese sobre o Batismo, em abril de 2018. E hoje, a pretexto da Festa do Batismo do Senhor, e seguindo de perto o Catecismo da Igreja Católica e, sobretudo, o livro “Batismo e Crisma” do Cardeal José Saraiva Martins, publicado pela Universidade Católica, vou recordar algo sobre o Batismo das crianças. Há quem coloque em causa a legitimidade desta prática, levantando dificuldades “de ordem bíblica, teológica, antropológica, sociológica e missionária”. Defendem que a pregação dos Apóstolos era dirigida apenas aos adultos, que o Batismo reclama a fé e as crianças são incapazes de a professar, que é um atentado à sua liberdade pois lhes impõe obrigações religiosas para o futuro, que o Batismo não faz sentido numa sociedade heterogénea, pluralista, com grande instabilidade de valores e inúmeros conflitos ideológicos, que o Batismo das crianças é fruto de uma pastoral de impulso missionário mais preocupada em administrar sacramentos do que em suscitar a fé e promover o empenhamento evangélico... E mais se dirá, por convicção, por desconhecimento ou por preconceitos.
Se a reflexão teológica católica sempre se ocupou e ocupa desta problemática, também a reflexão teológica protestante o faz. E foi acesa a controvérsia entre os protestantes em meados do século passado. O teólogo Karl Barth, partindo de considerações de ordem exegética e pastoral, era contra o Batismo das crianças. Pretendia “elaborar uma teologia do Batismo autenticamente bíblica; evitar todo o automatismo no sacramento; e, por fim, opor a uma Igreja “de multidões” ou de massas, uma Igreja viva, ‘profitens’, consciente da própria fé”. Mesmo que as intenções fossem aceitáveis, outros teólogos protestantes, como Oscar Culmann e Flemington, anglicano, acharam que as razões apresentadas para não batizar as crianças eram insustentáveis à luz da fé e da história. Por isso, combateram-nas, consideraram-nas fruto da moda e a contradizer a tradição das suas Igrejas. Entre os católicos, o que acho salutar, também houve e haverá, com certeza, pensares diferentes, o que só aguça o apetite para refontalizar, aprofundar e caminhar na fidelidade à Igreja, o que realmente interessa.
De facto, se aprofundarmos esta questão à luz da Revelação e da Tradição viva da Igreja, verificamos que a Igreja, apesar das discussões, sempre considerou o Batismo das crianças como algo de normal. A sua prática é imemorável, remonta aos primórdios da Igreja. “É certo que nos Atos dos Apóstolos e nos outros escritos do Novo Testamento não se encontram testemunhos, pelo menos explícitos, acerca do batismo das crianças”. Mas podemos encontrar indícios, como, por exemplo, as palavras de Jesus a Nicodemos (Jo 3, 5), a universalidade do preceito missionário (Mc 16, 16), a bondade de Jesus para com os pequeninos (Mc 10, 14), o Batismo da família de Cornélio (At 10, 48) o Batismo do Carcereiro e de todos os seus (At 16, 33), o Batismo de Lídia e de toda a sua família (At 16, 15), o Batismo de Crispo com toda a sua família (At 18, 8), o Batismo de Estéfanas e de toda a sua família (1Cor 1, 16). Os testemunhos do século II apresentam essa prática como normal e não como coisa nova. Santo Ireneu fala da presença “de recém-nascidos e crianças” batizadas, ao lado de adolescentes, jovens e mais velhos. A Tradição Apostólica de Hipólito, dos princípios do século III, e que constitui o ritual mais antigo de que temos conhecimento, prescreve: “Batizai, em primeiro lugar, as crianças: todos aqueles que possam falar por si, que falem; para aqueles que, ao contrário, não podem falar por si mesmos, que falem os progenitores ou alguém de sua família”. São Cipriano afirma que “não se pode negar a misericórdia e a graça de Deus a nenhum homem que chega à existência”, seja qual for “o seu estatuto e idade”. E estabelece que se podem batizar as crianças “logo no segundo ou terceiro dia após o nascimento”. Orígenes refere tal prática como de tradição apostólica: “A Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição de conferir o Batismo também às crianças”. Santo Agostinho faz eco do mesmo. Nos séculos III e IV, a Igreja torna-se exigente na preparação dos adultos para o Batismo, com catecumenatos prolongados e sério empenhamento moral. As crianças, porém, continuam a ser batizadas sem qualquer hesitação e sem qualquer tipo de contestação, também com o sentido de purificação e de ingresso no novo povo de Deus. Pessoas que só foram batizadas em idade adulta, como São Basílio, São Gregório de Nisa e Santo Agostinho, reagiam contra estes atrasos e pediam que não se retardasse o Batismo das crianças. Outros, como Santo Ambrósio e São João Crisóstomo, insistiam para que o primeiro sacramento da iniciação cristã fosse administrado também às crianças. O Concílio de Cartago, em 418, o Concílio de Viena em 1312, o Concílio de Florença em 1431, o Concílio de Trento em 1546, falam positivamente no porquê e necessidade do Batismo também das crianças. Paulo VI, referindo-se aos seus antecessores, declarou que “o Batismo deve ser conferido também às crianças que não podem ainda ser culpadas de qualquer pecado pessoal, a fim de que elas, nascidas privadas da graça sobrenatural, renasçam pela água e pelo Espírito Santo para a vida divina em Jesus Cristo”. O Magistério da Igreja não se tem cansado de falar de tal temática, entendendo que as crianças não devem ser privadas desta graça que não supõe méritos humanos, é Dom gratuito de Deus. Sabemos que o Batismo surge intimamente ligado à pregação da Palavra e à fé e as crianças não escutam a Palavra nem professam a fé. Mas também sabemos que o Batismo é celebrado na fé da Igreja. “É a Igreja que batiza na sua própria fé. É a Igreja, comunhão dos santos, que crê pelas crianças, que, por elas, professa a fé; do mesmo modo que é a Igreja” e não tanto quem as traz nos braços, “que, propriamente falando, as conduz à pia batismal, oferecendo-as aí ao Pai e, enquanto mãe fecunda, as gera espiritualmente”. Assim, embora seja a fé dos pais ou dos padrinhos que leva a batizar as crianças, as crianças são batizadas na fé da Igreja. A fé de quem as apresenta tem valor enquanto representa e incarna a fé e a ação da própria Igreja, e as crianças que não creem por si sós, com um ato pessoal, creem através destas pessoas que as apresentam mediante a “fé da Igreja que lhes é comunicada”. Este ensinamento também consta no novo ritual do Batismo. O ministro do sacramento pede aos pais e padrinhos para professarem a fé da Igreja “na qual as crianças são batizadas”. É da fé da Igreja que depende a eficácia do sacramento.
Sendo o Batismo o sacramento da fé, a fé tem necessidade da comunidade dos crentes. Só na fé da Igreja é que cada um dos fiéis pode crer e desenvolver a sua fé. E se toda a comunidade eclesial tem uma parte de responsabilidade no desenvolvimento e defesa da graça recebida no Batismo dos seus membros, também é muito importante a ajuda dos pais. Importante é também o papel do padrinho e da madrinha, que devem ser pessoas de fé sólida, capazes e preparados para ajudar a pessoa batizada no seu caminho de vida cristã (cf. CIgC 1255).
“Não vos esqueçais, batizai as crianças”, apela o Papa Francisco. O Batismo dá acesso à verdadeira liberdade, é um bem essencial, assegura à criança a vida nova em Cristo.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 11-01-2019.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
EUTANÁSIA - A RAMPA DESLIZANTE na Bélgica
Mortier vs Belgium : premier dossier d’une euthanasie belge à la CEDH
09/01/2019 - Fin de vie
Alors que le rôle de l’Etat est aussi de protéger les personnes vulnérables, l’Etat belge aurait-il été négligent en ne réagissant à l’euthanasie d’une personne très fragilisée par 20 longues années de dépression ? Le cas est celui de Godelieve De Troyer, euthanasiée en 2012 par le Prof. Wim Distelmans, oncologue et président de la Commission d’évaluation de l’euthanasie. Après que ce médecin ait provoqué la mort de la patiente, l’hôpital avait contacté son fils, Tom Mortier, lui apprenant que sa mère venait d’être euthanasiée la veille, et qu’il fallait maintenant “venir régler les aspects pratiques”.
Tom Mortier est choqué et ébranlé; sa vie familiale en subit les conséquences et ses jeunes enfants ne comprennent pas. Il réagit et entame des procédures en Belgique, estimant que le médecin n’aurait jamais dû provoquer la mort d’une personne atteinte profondément dans son psychisme, et de ce fait, vulnérable et influençable.(Bulletin du 30/01/2013).
N’ayant pas été suivi par les tribunaux belges (Bulletin du 05/02/2018), Tom Mortier n’a eu d’autre recours que de se tourner vers la Cour Européenne des Droits de l'Homme (CEDH) à Strasbourg. Celle-ci a étudié attentivement la requête et a décidé que le cas était assez sérieux. Les juges de la CEDH se pencheront donc sur ce dossier d’euthanasie belge. C’est une première.
Le ministère de la Justice belge a reçu l’interpellation des juges de la CEDH, et dispose d'un délais pour réagir jusqu’à mi-avril. Le processus est donc enclenché dans ce dossier Mortier vs Belgique.
Cet événement intervient au moment-même, où trois médecins, pour un autre cas d'euthanasie, celui de Tine Nys (Bulletin du 23/11/2018), comparaissent actuellement devant la Cour d'assises de Gand. Il s’agit, là aussi, de la mort d’une jeune-femme atteinte d’une maladie psychologique. Le nom de la psychiatre Lieve Thienpont revient dans ces deux dossiers.
Dans le cas Mortier, la question est donc de savoir si l’Etat belge a failli à son devoir de protéger la vie de ses citoyens les plus vulnérables surtout s’ils sont atteints de maladies qui altèrent leur jugement et leur perception des choses lors de maladies psychiatriques. Pour rappel, 77 personnes souffrant de troubles mentaux et de comportement ont été euthanasiées au cours de la période 2016-2017.
L'euthanasie pour souffrances psychiques est abordé dans le Flash Expert "Vers un débat sur l’euthanasie des malades psychiatriques ?"
On y lit que les psychaitres et psychologues ainsi que leurs associations respectives affichent des positions fort différentes.
Voir aussi : "Euthanasie pour troubles psychiatriques ou démence en Belgique : analyse des cas officiellement reportés"
Voir aussi : "Euthanasie pour troubles psychiatriques ou démence en Belgique : analyse des cas officiellement reportés"
Extrait de la synthèse du Rapport de la Commission d'Evaluation de l'Euthanasie 2016-2017 :
"Ont été ainsi euthanasiées : 23 personnes souffrant de troubles d’humeur (dépression, bipolarité,...); 24 personnes souffrant de troubles mentaux organiques (démence, Alzheimer, ...); 6 personnes souffrant de troubles de la personnalité et du comportement (cela concerne surtout des patients de moins de 40 ans); 8 personnes souffrant de troubles névrotiques, troubles liés à des facteurs de stress et troubles somatoformes; 4 personnes souffrant de schizophrénie, troubles schizothypiques et troubles délirants; 7 personnes souffrant de troubles complexes, et 5 personnes de troubles mentaux organiques comme l’autisme."
Contact IEB : +32 477 042 367
Para os leitores que não conhecem a origem desta notícia: Institut Européen de Bioéthique- ieb-eib.org
Este é um sítio notável sobre a Vida. Difundir este sítio é um imperativo.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
O BEM E O BARULHO
"O bem não faz barulho e o barulho
não faz bem."
É célebre este pensamento de S.
Francisco de Sales , um santo da transição dos séculos XVI/XVII , padroeiro dos
jornalistas, fundador de ordens religiosas e que nos legou várias obras entre outras ,a outrora muito lida e meditada “ Introdução à
Vida Devota “ que hoje passou de moda,
porque a moda hoje é fluida, gasosa e efémera e , a pobre, toda se arrepia
quando se lhe põe pela frente escritos imorredoiros, profundos e sérios como os
que S. Francisco de Sales nos legou. E é pena.
Mas indo à frase, ao pensamento, que
encima este meu pobre escrito. Na realidade , em tempo de ditadura do ruído, do
barulho que só nos traz o mal em
catadupa, que esconde o muito de bem e de bom que , apesar de tudo, se vai
fazendo pelo mundo. O barulho esconde, tapa e abafa o Bem e o Bem não faz
barulho. Esta ideia é magistralmente abordada na extraordinária obra do Cardeal
Sarah – “ A Força do Silêncio contra a Ditadura do Barulho “ ( Lucerna,
Cascais, 2017 ). Bem sei que o Cardeal Sarah está “ excomungado” pelas forças
poderosas do política e religiosamente correcto! Também sei que ao fazer a
apologia deste magnífico livro já caí nas unhas dos excomungadores da moda que
ressumam ódio contra este Cardeal guineense, vestindo aquele, o ódio , de amor do progresso, do diálogo e da
modernidade … Paciência. Nunca deixei de
pensar pela minha cabeça e de fazer as minhas opções de vida. Não me arrependo,
mesmo que esta “ casmurrice” me tenha trazido olhares de soslaio e de repúdio
como se vivesse na Idade Média e fosse leproso.
… Mas é um facto que o barulho nunca faz
bem. Nunca! Também é verdade que o Bem não faz barulho e raramente é notícia e
muito menos notícia de primeira página ou de abertura de telejornais. E é neste
mundo do barulho que Deus nos colocou como um desafio à nossa capacidade de
encontrar e saber fazer silêncio, útero do Bem. Ou se se quiser, de encontrar
Deus, o sumo Bem.
Olhe-se à nossa volta, e não teremos de
ir muito longe nem andar de lanterna na mão , para ver como a malvadez, a
mentira, o menosprezo pelas nossas crenças, a calúnia, o ódio, o desprezo e
ataque cerrado à vida humana, ao eugenismo que elimina bebés que não
correspondam aos padrões em voga ( trata-se de um neo-hitlerismo aceite e
promovido com imenso barulho) ou as
manobras cavilosas para destruir o que ainda vai havendo de bem, bom e belo que
fazem barulho e correm céleres nas
chamadas “ redes sociais “, muitas vezes “ travestidas “ de um insidioso “ ouvi
dizer”, “ “ alguém me disse … “ e outras expressões do mesmo condomínio
lexical! Como é lamentável este barulho destruidor!...
E tantas vezes o Bem, o Belo e o Bom,
têm vergonha de se mostrar e , assim, animar, aqueles que tentam destruir pelo
barulho do mal e seus parentes próximos e que se sentem desanimados ou a
caminho de recolherem aos seus chinelos de quarto, ensimesmando-se … É assim
que se derrota o bem, por incúria e desatenção dos que acreditam que o bem é
que salva o mundo e não o ruído. O barulho das palavras, das ideias em moda
imposta pelo barulho acobertado pelos media, o barulho que nos impõe como
ambiente de vida e até, muito frequentemente, de oração ( onde está o silêncio
propicio à oração em tantas e tantas das nossas igrejas? ).
Volto ao cabeçalho deste escrito:
“ O barulho não faz bem e o bem não faz barulho “!
Carlos Aguiar Gomes
( O autor não escreve de acordo com o
chamado AO )
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