S. JOÃO PAULO II,
MAGNO (6)
SAMEIRO – 1982 -2022
15 de Maio
Se
hoje revisitarmos o texto da homilia que S. João Paulo II Magno fez naquele
memorável dia 15 de Maio de 1982 e o lermos compaginando-o com a famosa e
eterna Exortação Apostólica de 22 de Novembro de 1981, dia da Solenidade de
Cristo Rei, a “ Familiaris consortio” vê-se, com muita clareza, que o Papa
segue fielmente esta. Aliás não seria de esperar outra coisa deste Papa, firme,
claro e coerente consigo e com a Doutrina Social da Igreja e com o magistério
da Igreja de todos os tempos no concernente à Família e à vida. Até ao fim da
sua vida, o Papa nunca fez desvios de conveniência ou para agradar a quem quer
que fosse. Nunca cedeu às pressões internas nem, muito menos, às externas que
navegavam e navegam noutros mares! Temos de estar gratos a este Papa pela clareza, sempre sem palavras ambíguas,
no anúncio do Evangelho da Vida e da Família.
No homilia do Sameiro, S. João Paulo II
Magno, tal como já o havia feito na Exortação Apostólica “ Familiaris
consortio”,dedica um capítulo ao que chamou ( e
tem de ser) « A solicitude maternal da Igreja nos casos difíceis» que na
referida Exortação lhe dá o título « Pastoral familiar nos casos difíceis». Era
uma preocupação do Papa os casais em “
situações difíceis”. No ponto 27 da “ Familiaris consortio”, o Papa diz: « (…) é pedido para aquelas famílias que –
muitas vezes independentemente da própria vontade ou pressionadas por outras
exigências de natureza diversa – se encontram objectivamente difíceis» « Um empenho pastoral ainda mais generoso,
inteligente e prudente, na linha do Bom Pastor» . E o Papa analisa diversas
situações” difíceis”:
1-
Casamentos
mistos;
2-
Casamentos
à experiência;
3-
Uniões
livres de facto;
4-
Católicos
unidos só em casamento civil;
5-
Separados
e divorciados que não se casam de novo;
6-
Divorciados
que se casam de novo;
7-
Os
sem família.
Para cada situação, o Papa,
avalia a situação à luz do Evangelho com Misericórdia e Justiça. No Sameiro faz
um percurso mais sintético, dado que estava a fazer uma homilia, mas
genericamente, não esquece ninguém e diz: «Cada
um dos homens: portanto também aquele ou aquela que se encontra a braços com um
casamento que fracassou. Deus não deixa de amar os que se separam, nem mesmo os
que iniciaram uma nova relação irregular. Ele continua a acompanhar tais
pessoas com a imutável fidelidade do seu amor, chamando continuamente a
atenção para a santidade da norma violada e, ao mesmo tempo, convidando a não
abandonarem a esperança.» ( o
sublinhado é meu). Na realidade S. João
Paulo II Magno não faz mais do que recordar
a doutrina de sempre. Como lembrava recentemente o Arcebispo Salvatore Cordileone
de S. Francisco – EUA ( cf. catholicnewsagency.com em 16 -4-22):« O
ensinamento de Cristo não tem tempo. Não está vinculado a uma geração, a uma
época ou a uma cultura. É universal, aplica-se em todos os tempos, lugares e
culturas.» .Mas, apesar da clareza e a propósito destas situações difíceis,
é frequente ouvir-se esta pergunta: «Não poderia haver também a ajuda dos
sacramentos, inclusive o acesso à comunhão?». E o Papa , no Sameiro, foi claro:« Reflectindo de algum modo, o amor de
Deus, também a Igreja não excluí da sua preocupação pastoral os cônjuges
separados e novamente casados: pelo contrário , põe à sua disposição os meios
de salvação . Embora mantendo a prática, fundada na Sagrada Escritura , de
não admitir tais pessoas à comunhão eucarística, ( …)» ( sublinhado
meu). Aqui o Papa repete, mais uma vez, o que disse, por exemplo do “
Familiaris consortio”( nº84): « A
Igreja, contudo, reafirma a sua disciplina, fundada na Sagrada Escritura, de
não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união (…)
» e logo a seguir afirma: «A
reconciliação pelo sacramento da
penitência – que abriria o caminho ao sacramento eucarístico – pode ser
concedida só aqueles que, arrependidos de ter violado o sinal da Aliança e da
fidelidade a Cristo , estão sinceramente dispostos a uma forma de vida que não
contradiga a indissolubilidade do matrimónio (…)». O que acabo de transcrever
não é da minha autoria. São palavras claras do Papa quer na “ Familiaris
consortio” quer na homilia do Sameiro! Como tão claramente disse o Arcebispo de
S. Francisco, D. Salvatore Cordileone ( cf. acima): « O ensinamento de
Cristo não tem tempo» nem vai com
modas ou pressões e opiniões por mais qualificadas que sejam. «Mesmo
chamando o mal, pelo nome e
opondo-se-lhe decididamente, Cristo vem sempre ao encontro da fraqueza
humana. Procura a ovelha tresmalhada. Cura as feridas das almas. Consola o
homem com a sua cruz (…)» ( Sameiro – o sublinhado é meu)). O mal é o mal e não pode ser tomado como
bem. Sim, sim! Não, não!
Que clareza, que coragem e que fidelidade à
doutrina que ninguém pode alterar sem
trair Cristo expôs toda a sua vida S. João Paulo II Magno! ( Continua)
Carlos Aguiar Gomes